Com tom otimista, autor diz que Brasil será EUA no futuro

08/10/2012 Geral POR: Folha Online
Brasil e Estados Unidos vão inverter posições neste século. Enquanto o Brasil aproveitará suas vantagens relativas para se tornar, já nas próximas décadas, o que a América foi no século passado, os Estados Unidos afundarão sob o peso de dívidas gigantescas.

É essa, em síntese, a tese de James Dale Davidson no livro "Brazil Is the New America" (O Brasil é a Nova América), publicado nos EUA e ainda não lançado aqui.

É uma tese controversa, como admite o próprio autor, um investidor e empresário que, segundo sua biografia oficial, lançou empreendimentos que, somados, valem mais de US$ 3 bilhões.

As vantagens do Brasil teriam a ver sobretudo com a natureza e a demografia.

Davidson registra a recente ampliação da classe média e o fato de o Brasil ter passado sem maiores sustos pela crise econômica mundial iniciada em 2008.

Mas isso, diz, não é fundamental para o país atingir a liderança que ele projeta.

Mais importante, para o autor, é a profusão de recursos cada vez mais escassos no mundo. Ele cita a água e a energia. A água será crescentemente exportada na forma de alimentos que ela irriga.

Quanto à energia, além das imensas reservas de petróleo, o Brasil continuará contando com o etanol e com fontes alternativas.

A demografia também será decisiva, em sua avaliação. O fato de o país ter, na média, uma população jovem é altamente positivo.

Tal vantagem alcançará o auge em 2022, quando os adultos serão economicamente responsáveis por menos crianças e idosos do que em qualquer outra época, antes ou depois. Davidson cita a previsão de que só esse bônus demográfico se traduzirá em crescimento adicional do PIB de 2,5% por ano.

O tom otimista do autor não o impede de mencionar os problemas que o Brasil teria que enfrentar para que a projeção se cumprisse.

Basicamente, trata-se do conhecido custo-Brasil: os gargalos de infraestrutura, a corrupção, a burocracia.


Premissas

A exposição da tese de Davidson, porém, fica prejudicada por sua insistência em defender premissas pouco sustentáveis.

Em relação ao Brasil, ele acha que o país, sendo tropical, vai se beneficiar com o resfriamento do planeta.

Ao contrário dos cientistas mais sérios, ele endossa a visão de que a menor atividade do sol, prevista para os próximos anos, esfriará a Terra e que o homem não tem impacto sobre o clima.

O autor chega a acusar o democrata Al Gore de ser movido por escusos interesses comercias em sua campanha mundial contra o aquecimento global. Nesse caso, a retórica é mais afiada que o argumento.

Em relação aos EUA, ele carrega nas tintas ao associar a derrocada do império ao que chama de "debitismo", a construção de dívidas que ele considera uma degeneração do capitalismo.

Em vez de fazer uma crítica relevante sobre os déficits americanos, no entanto, Davidson demonstra apenas certa nostalgia pelo padrão-ouro, que garantiu o valor do dólar até o início da década de 1970.