Compromisso do Brasil na CoP¬21 é "âncora para o etanol"

04/12/2015 Etanol POR: Valor Econômico
Em meio a uma crise que se arrasta há mais de cinco anos entre as usinas de etanol do país, uma sinalização do governo brasileiro, ainda que perante a comunidade internacional, dá alguma esperança de que o setor canavieiro pode nos próximos anos voltar a crescer.
O Brasil apresentou nesta semana na 21ª Conferência do Clima, em Paris, uma das metas mais ambiciosas de redução de emissões de poluentes do mundo, delegando ao etanol e à bioeletricidade a partir da biomassa da cana um papel fundamental. Entre elas, a de aumentar para 16% a participação do etanol na matriz energética, o que significará elevar a produção do biocombustível dos atuais 28 bilhões de litros para 50 bilhões em 2030.
Mas como será essa virada, após uma crise que dura mais de cinco anos e levou ao fechamento de mais de 80 usinas de etanol no país desde 2007? A resposta não é fácil de ser dada, diz a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina.
Pelo menos desde o início do primeiro mandato de Dilma Roussef, em 2011, as usinas produtoras de etanol tentam fazer com que o governo defina qual é o papel a ser ocupado pelo setor e que políticas serão implementadas para isso. 
Como há tempos vem sendo defendido pelos porta vozes dessa indústria, a expectativa é que na base dessa política pública esteja uma diferenciação tributação que penalize os combustíveis fósseis, que emitem mais poluentes.
Mas quase tudo, até então, aconteceu exatamente ao contrário do que o setor esperava. O governo controlou nos últimos anos os preços da gasolina, espremendo as margens do etanol, reduziu os valores pagos pela energia vinda da biomassa da cana nos leilões do mercado regulado e zerou a Cide na gasolina em 2012 para tentar controlar a inflação.
Alguns ajustes pontuais foram feitos neste ano, como a retomada da Cide no derivado fóssil em R$ 0,10 centavos por litro, ainda muito aquém do que o setor defende, que é R$ 0,60 e o reajuste do produto na refinaria. Mas nada suficiente para dar segurança em retomar investimentos, avaliou Elizabeth.
Em resumo, para o país chegar a produzir 50 bilhões de litros de etanol, teriam que ser construídas 75 novas usinas (atualmente são 371), só possível com investimentos da ordem de US$ 40 bilhões, conforme levantamento feito pela Unica. Conforme Elizabeth, há condições técnicas para cumprir essa meta, o que falta é o país recuperar credibilidade para estimular os investimentos necessários.
“Se há alguma chance de se ter uma visão de longo prazo para o setor, ela está na CoP. É onde podemos nos ancorar ”, disse ao Valor a presidente da Unica.
Ainda que tudo até agora tenha sido feito ao contrário de uma política de longo prazo para o etanol, a visão da entidade é a de que quando o Brasil vai para uma negociação internacional com uma proposta, como é o caso agora com a CoP¬21, leva a sua estratégia de relações exteriores em mente. “O não cumprimento de acordos internacionais envolve punição de imagem e atrapalha futuras negociações. Existe um custo político e de imagem muito alto quando isso acontece”, afirmou.
Ela reconhece que, antes de o empresário voltar a tirar dinheiro do bolso para investir, será preciso que o governo recupere credibilidade, cenário ainda difícil de ser vislumbrado diante do atual cenário político e econômico do país.
De qualquer forma, além de um compromisso internacional, documentado pelo Brasil, a CoP¬21 também está mobilizando organizações, empresas e investidores interessados em monetizar o ativo ambiental. “Pode ser que o incentivo não venha imediatamente de dentro, mas venha do desenvolvimento do que vier de fora”.  
Em meio a uma crise que se arrasta há mais de cinco anos entre as usinas de etanol do país, uma sinalização do governo brasileiro, ainda que perante a comunidade internacional, dá alguma esperança de que o setor canavieiro pode nos próximos anos voltar a crescer.
O Brasil apresentou nesta semana na 21ª Conferência do Clima, em Paris, uma das metas mais ambiciosas de redução de emissões de poluentes do mundo, delegando ao etanol e à bioeletricidade a partir da biomassa da cana um papel fundamental. Entre elas, a de aumentar para 16% a participação do etanol na matriz energética, o que significará elevar a produção do biocombustível dos atuais 28 bilhões de litros para 50 bilhões em 2030.
Mas como será essa virada, após uma crise que dura mais de cinco anos e levou ao fechamento de mais de 80 usinas de etanol no país desde 2007? A resposta não é fácil de ser dada, diz a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina.
Pelo menos desde o início do primeiro mandato de Dilma Roussef, em 2011, as usinas produtoras de etanol tentam fazer com que o governo defina qual é o papel a ser ocupado pelo setor e que políticas serão implementadas para isso. 
Como há tempos vem sendo defendido pelos porta vozes dessa indústria, a expectativa é que na base dessa política pública esteja uma diferenciação tributação que penalize os combustíveis fósseis, que emitem mais poluentes.
Mas quase tudo, até então, aconteceu exatamente ao contrário do que o setor esperava. O governo controlou nos últimos anos os preços da gasolina, espremendo as margens do etanol, reduziu os valores pagos pela energia vinda da biomassa da cana nos leilões do mercado regulado e zerou a Cide na gasolina em 2012 para tentar controlar a inflação.
Alguns ajustes pontuais foram feitos neste ano, como a retomada da Cide no derivado fóssil em R$ 0,10 centavos por litro, ainda muito aquém do que o setor defende, que é R$ 0,60 e o reajuste do produto na refinaria. Mas nada suficiente para dar segurança em retomar investimentos, avaliou Elizabeth.
Em resumo, para o país chegar a produzir 50 bilhões de litros de etanol, teriam que ser construídas 75 novas usinas (atualmente são 371), só possível com investimentos da ordem de US$ 40 bilhões, conforme levantamento feito pela Unica. Conforme Elizabeth, há condições técnicas para cumprir essa meta, o que falta é o país recuperar credibilidade para estimular os investimentos necessários.
“Se há alguma chance de se ter uma visão de longo prazo para o setor, ela está na CoP. É onde podemos nos ancorar ”, disse ao Valor a presidente da Unica.
Ainda que tudo até agora tenha sido feito ao contrário de uma política de longo prazo para o etanol, a visão da entidade é a de que quando o Brasil vai para uma negociação internacional com uma proposta, como é o caso agora com a CoP¬21, leva a sua estratégia de relações exteriores em mente. “O não cumprimento de acordos internacionais envolve punição de imagem e atrapalha futuras negociações. Existe um custo político e de imagem muito alto quando isso acontece”, afirmou.

 
Ela reconhece que, antes de o empresário voltar a tirar dinheiro do bolso para investir, será preciso que o governo recupere credibilidade, cenário ainda difícil de ser vislumbrado diante do atual cenário político e econômico do país.

De qualquer forma, além de um compromisso internacional, documentado pelo Brasil, a CoP¬21 também está mobilizando organizações, empresas e investidores interessados em monetizar o ativo ambiental. “Pode ser que o incentivo não venha imediatamente de dentro, mas venha do desenvolvimento do que vier de fora”.