Congresso de Aviação Agrícola apresenta tecnologias para aplicação de defensivos

25/08/2021 Noticias POR: Eddie Nascimento

Crédito Foto: Castor Becker Júnior/Sindag

 

As mais novas tecnologias para a aplicação de defensivos agrícolas através de aeronaves foram apresentadas durante o Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (AVAG) realizado durante os dias 20 e 22 de julho de maneira on line.

Foram realizadas lives, encontros e debates apresentando o que há de mais recente no setor de aviação agrícola que, somente no ano passado, registrou um crescimento de 3,16% na frota de aviões no Brasil -  chegando a 2352 unidades, segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SIndag).

Os aviões, helicópteros e drones são tecnologias que auxiliam o produtor na pulverização da lavoura e têm crescido nos últimos anos favorecendo o agronegócio brasileiro. Através deles, é possível aplicar defensivos de maneira efetiva com mais qualidade e segurança.

O processo não é tão simples. A pulverização corresponde à geração de gotas produzidas com diâmetros adequados a cada necessidade de cobertura. Para isso existem bicos específicos para cada aplicação. Nesse processo são levadas em consideração a absorção e a retenção das plantas. Para isso são feitos cálculos com relação ao volume previsto de produto e suas características.

Para uma boa aplicação, são importantes os fatores como o clima, a fisiologia da planta, a posição da aeronave em relação ao alvo, o momento certo "timing" da aplicação - errar em algum desses dados interfere no resultado final.

Utilitários mais tradicionais, os aviões são os mais usados para pulverização e atualmente recebem novos itens para agilizar esse processo. Nos Estados Unidos, por exemplo, já existem bicos de aplicação com a tecnologia PWN - (Pulse Width Modulation), que em tradução livre significa “Modulação por Largura de Pulso” ou ‘Sistema de Pulso’. O equipamento oferece uma aplicação ainda mais efetiva, dando melhor cobertura dos alvos. Essa tecnologia, segundo especialistas, pode ser a principal aposta do produtor de cana-de-açúcar com relação à aplicação aérea.

“O grande ponto de desenvolvimento para essa cultura é o sistema de aplicação PWN, já que usamos na cana, em cem por cento das vezes, os bicos hidráulicos, ou seja, o bico CT. Esses bicos hidráulicos sofrem grande efeito da pressão de trabalho do espectro de gotas, então hoje, como tecnologia inovadora para cana-de-açúcar, seria esse sistema de pulso para manter a mesma pressão independente da faixa de aplicação”, comenta engenheiro agrônomo e PhD, Henrique Campos.

Essa foi uma das principais tecnologias analisadas por Henrique Campos durante a live “O futuro da tecnologia de aplicação”. Campos juntamente com o presidente da GarrCo Produts, John Garr, mostraram as diferentes tecnologias utilizadas nas lavouras dos Estados Unidos.

Por lá, são usados equipamentos que fazem com que as gotas (geradas e liberadas pelos bicos de pulverização durante o voo) sejam controladas de acordo com dados meteorológicos atualizados em tempo real, facilitando dessa maneira o trabalho do piloto. "Essa tecnologia que permite mudar o tamanho de gota de acordo com informações meteorológicas ajuda a criar um espectro de gotas ideal. Sendo assim, temos tecnologia suficiente para fazer um voo noturno”, destaca Campos. Diferente do Brasil, onde a aplicação via de regra é realizada durante o dia, nos Estados Unidos existe dificuldade em realizar esse tipo de pulverização por conta dos trabalhadores na lavoura durante o dia, por conta disso, a tecnologia americana evoluiu nesse sentido.

"São tomadas de decisão que estão se tornando cada vez mais automáticas", relembra Campos, citando que as aeronaves se adequam de acordo com dados meteorológicos. "Essas ferramentas que mudam a taxa de aplicação são importantes para que a gente de adeque a cada condição meteorológica. Toda essa tecnologia vem para nos ajudar em uma tomada de decisão rápida", frisa.

Durante a apresentação, John Garr mostrou como funciona o processo de pulverização que visa à retenção foliar da lavoura. O CEO destaca que é importante observar nesse processo se a ‘deriva’ (termo usado para destacar o movimento de um produto no ar durante ou depois da aplicação da pulverização) não seja grande. "A aplicação que demonstramos não é uma algo que funciona somente aqui nos Estados Unidos e sim em qualquer outro país como Brasil ou África do Sul. A principal dificuldade que temos que analisar nesse processo é reduzir a deriva e aumentar a retenção das folhas" destaca.

Mesmo que o processo possa ser igual, a tecnologia usada pelos americanos na questão de pulverização através de aeronaves é diferente do que é empregado no Brasil. Durante a palestra foi apresentado um sistema que melhorando o rendimento da aplicação.

 Henrique Campos durante palestra presencial antes da pandemia - Crédito Foto: Castor Becker Júnior/Sindag

 

Tecnologia é bom como auxílio, não como regra!

Ao falar sobre tecnologias, é cada vez mais comum em alguns processos a exclusão quase que total do ser humanos, sendo eles totalmente automatizados.

Na visão de Henrique Campos, nem tudo deve ser colocado dessa forma. Segundo o engenheiro, todo o monitoramento feito através de um equipamento tecnológico deve SER seguido por um piloto como base de informação, mas não totalmente ‘à risca’. “Não estamos criando pilotos de aplicativo. Temos que criar pilotos que usem a ferramenta, mas foquem na qualidade da aplicação. Por isso, é importante não somente acompanhar esses dados, mas ter conhecimento sobre processos como o tamanho de gota, a altura de voo. Sendo assim, o profissional completa o mapa", destaca. "Todas essas tecnologias são para nos ajudar em uma tomada de decisão mais rápida e tudo isso vem ao encontro com o futuro da tecnologia de aplicação”, finaliza Campos.