O1º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio recebeu mais de 700 congressistas de 20 estados brasileiros na Capital paulista, no final de outubro, reunindo a ala feminina de todo o Brasil. Organizado pela Transamérica Expo Center, o evento teve como objetivo trazer informações de diversas fontes que cercam o universo da mulher "do e no" agronegócio, principalmente as agricultoras, pecuaristas, profissionais da indústria, executivas de corporações do setor, herdeiras, sucessoras de propriedade agropecuária, consultoras e comunicadoras do segmento. O desenvolvendo, as oportunidades e as dificuldades na era da eficiência e sensibilidade, aspectos ligados à gestão e empreendedorismo, formação profissional, o papel da mulher no agronegócio, discriminação, isonomia, família e outros temas de grande interesse do campo foram debatidos nos dois dias do evento, conduzidos por 35 palestrantes.
“A agricultura foi uma criação de mulheres que cuidavam das sementes, do plantio, enquanto os homens caçavam. As mulheres sempre foram fundamentais na produção de alimentos ao longo de toda história humana”, afirmou José Luiz Tejon Megido, da TCA International, conselheiro Fiscal do CCAS (Conselho Científico Agricultura Sustentável) e diretor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM, que fez a abertura do congresso, destacando a importância do papel da mulher no segmento. “O futuro do agro será cada vez mais humanizado, ao mesmo tempo em que está tecnológico. Será cheio de sensores que irão medir tudo, por isso ampliarão a dimensão sensitiva e sensorial de produtores de alimentos e dos consumidores. Esse novo agro será cada vez mais uma porta aberta para o talento feminino, com sua sensibilidade acentuada”, disse ele, que na oportunidade apresentou seu livro “Guerreiros Não Nascem Prontos”, mostrando que o caminho para a realização não chega sem obstáculos.
A abertura do evento contou ainda com explanação Luiz Cornacchioni, diretor da ABAG, seguido de Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV-EESP, embaixador especial da FAO para o Cooperativismo e ex-ministro da Agricultura.
Em seguida, a realidade das mulheres integrantes do agronegócio, vivências e opiniões foram expostas durante mesa redonda com gestoras femininas de todo o Brasil. Participaram do painel Teresa Cristina Vendramini, presidente do NFA (Núcleo Feminino do Agronegócio); Anita Souza Dias Gutierrez, engenheira agrônoma do Ceagesp; Teresa Sanches Ferreira, diretora da Academia Employer Recursos Humanos; Carmen Perez, produtora; Marilene Iamauti, diretora de Assuntos Corporativos da Dow AgroSciences Brasil; Vera Ondei, editora chefe na Dinheiro Rural, e Ana Lucia Iglesias, sócia do Grupo Rubaiyat. Ladislau Martin Neto, diretor executivo de P&D da Embrapa, foi um dos palestrantes do congresso e falou, na oportunidade, sobre a 3ª Onda do agronegócio. “O Brasil tem um modelo de agricultura sustentável e competitivo e é pioneiro no apoio a programas para reduzir as emissões de gases com efeito estufa na agricultura”, disse ele, completando “O sistema de pesquisa e inovação tem necessidade de ser integrado por uma rede de conhecimento reunindo organizações de todo o país e precisará estar preparado para responder às demandas por uma produção agropecuária cada vez mais complexa e exigente”, afirmou.
O representante da Embrapa pontuou ainda que o país se manterá competitivo no agro viabilizando a revolução agro-sócio-ambiental com a intensificação sustentável dos sistemas de produção; investindo em ciência e inovação; com a cooperação político privada, aberturas de novos mercados e investimentos em infraestrutura e logística, entre outros.
Sobre este último tema, considerado um dos grandes gargalos do agronegócio, palestrou também Edeon Vaz Ferreira, diretor executivo do Movimento Pró - Logística de Mato Grosso, mostrando os entraves e soluções para o escoamento da safra agrícola.
Já a presidente da UNICA (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), Elizabeth Farina, deu um panorama sobre o setor sucroenergético, elucidando sobre a crise enfrentada e a evolução ocorrida no setor, como a implantação da mecanização e a exigência de mão-de-obra especializada, citando o Programa de Requalificação de Trabalhadores de cana-de-açúcar, criado pela UNICA e Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo) com participação da Fundação Solidaridad, Iveco, Case IH, FMC e Syngenta, através do qual foram treinados cerca de sete mil pessoas. Além de ter potencializado programas mantidos pelas unidades produtoras, treinando no total quase 30 mil trabalhadores. Elizabeth indicou também os pilares da estratégia para o futuro do segmento canavieiro, que é baseado em políticas públicas e plano de longo prazo; implementação do Acordo de Paris; ganhos de produtividade e de competitividade e gestão; treinamento e qualificação de mão-de-obra.
Já Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa (Instituto Brasileiro para Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio) e presidente do Conselho da ABAG RP, explanou sobre Gestão, Governança, Cooperativismo e Empreendedorismo. “De uma maneira geral, as mulheres têm ampliado a sua participação no mercado de trabalho como também no agro. Os exemplos que estamos vendo aqui são extraordinários, eu não imaginava que o congresso tivesse uma aceitação desse tamanho e fica cada vez mais notável que ainda faltam espaços para que a mulher exponha suas ideias, para que elas se manifestem e mostrem o que está fazendo”, afirmou, citando ainda a presença significativa das cooperativas de todo o Brasil no evento.
Mônika é uma referência da competência da gestão feminina em um ambiente predominantemente masculino. Ela foi a primeira e única mulher a comandar a SAA (Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo) em mais de 100 anos da pasta. “Logo que assumi senti alguma resistência, eles querem te testar para saber até que ponto você afina, mas depois, com a convivência, sempre muito respeitosa, muito positiva, isso passa. Ali existem pessoas muito competentes que fazem muito bem o seu trabalho independente da troca de governos, e a pesquisa paulista vem se desenvolvendo extraordinariamente, prova maior é o sucesso que é São Paulo no agronegócio”, constatou.
Outra representante da ala feminina a dar sua visão sobre a atuação das mulheres no agro foi Zénia Aranha da Silveira, presidente da comissão de produtoras rurais, da Farsul (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rio Grande do Sul), que mostrou a experiência feminina gaúcha no campo. Fez parte da programação, além das plenárias, workshops simultâneos, com palestras técnicas, como a de Ivan Wedekin, diretor geral da Wedekin Consultoria, que abordou a questão da utilização prática da política agrícola, comercialização e cooperativismo.
"573 contratos de crédito rural, no valor de R$ 16 bilhões, foram fechados por mulheres no período de outubro de 2015 a setembro de 2016. Isso mostra o aumento do uso do CPF da mulher para compor o crédito da família”, refletiu o consultor.
Uma palestra de Luiz Carlos Correa Carvalho, presidente da ABAG (Associação
Brasileira do Agronegócio) encerrou o evento.
Importância do encontro é destacada por participantes
“A mulher é extremamente importante, isso não é um chavão. Se você olhar a estrutura de tomada de decisão ela passa pela mulher, nenhum investimento é feito, nenhuma melhoria é feita dentro de qualquer atividade que não tenha o apoio e a decisão da mulher. Ela está envolvida no processo, mesmo que os homens não gostem de admitir isso, essa é a realidade”, afirmou Paulo Herrmann, presidente da John Deere para suas operações no Brasil e vice-presidente de Marketing e Vendas para a América Latina, nos bastidores do evento.
Segundo o executivo, a mulher é mais detalhista, tem uma visão mais periférica, mais ampla, portanto traz mais qualidade à atividade. “No que diz respeito a John Deere, nós temos um público feminino que está crescendo e também várias iniciativas de incentivo neste sentido”, disse, elogiando o evento, que “enriquece e traz mais qualidade ao processo de tomada de decisão”. A John Deere foi uma das patrocinadoras do evento, ao lado da Syngenta, Premium e Top. Opinião compartilhada com Maria Luiza Barbosa, diretora da TerraGrata Consultoria em Sustentabilidade.
“Cada vez mais as mulheres ocupam cargos estratégicos no setor e as dificuldades enfrentadas antigamente estão se enfraquecendo, prova disso é que hoje nas grandes incorporações a maioria dos funcionários é composta de mulheres e eu acho que elas estão realmente tomando conta muito bem do mercado do agronegócio”, alegou, parabenizando a organização do congresso pelo alto nível do debates e depoimentos.
“A minha expectativa é que cada dia a mulher possa ser mais valorizada porque isso só vem a somar”, afirmou Noemia Maria de Carvalho Cabral, produtora rural há mais de 30 anos, com fazenda em Montes Claro - GO, onde cria gado de leite e tem plantações de soja, milho e milheto.
Ela era uma das 40 integrantes da Cooperativa COMIGO (Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano) a participar do congresso, o qual considerou muito significativo oferecendo um panorama geral do agronegócio.
Congresso divulga pesquisa sobre atuação das mulheres do agro
A pesquisa inédita “Mulheres no Agronegócio Brasileiro” encomendada pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) e o IEAg (Instituto de Estudos do Agronegócio), realizada pela Fran6 Pesquisa e Biomarketing Consultoria & Agência e viabilizada pelo Transamérica Expo Center e PWC, foi apresentada na ocasião, pelo prof. José Luiz Tejon Megido, e Adélia Franceschini, diretora de Market Intelligence na FRAN6, juntamente com outros profissionais envolvidos no projeto.
O levantamento, feito com 301 mulheres, mostrou que, mesmo sendo o predomínio masculino evidente no agronegócio, as mulheres vêm ganhando espaço no setor; são mais preparadas, conectadas, comunicativas, abertas à inovação tecnológica e possuem uma visão mais abrangente do negócio. Indicou também que 60% das representantes do sexo feminino que atuam no campo têm curso superior, 25% possuem pós-graduação e 88% são independentes financeiramente.
A pesquisa constatou uma maior presença feminina na produção de grãos: 48% que atuam no campo estão no segmento de soja; 42% no de milho; 31% em hortifruti; e 13% em arroz. Por atividade, 42% atuam na agricultura; 25% na pecuária; 20% na agropecuária e 13% na agroindústria.
O estudo revelou também que 13% dos gestores que atuam em empreendimentos agropecuários ativos são do gênero feminino e que 83% das gestoras do agro participam de mais de uma organização de integração ou articulação socioeconômica, como cooperativas, sindicatos e associações profissionais ou setoriais. Outro dado que chama atenção é que 71% das entrevistadas já tiveram alguma experiência de discriminação na atividade pelo fato de ser mulher. Entre as principais dificuldades apontadas por elas estão: não serem obedecidas pelos funcionários (43%) e resistência da família quando manifestam interesse pelo negócio (41%). Em relação ao uso de ferramentas da internet, o levantamento apontou que 69% acessa a web todos os dias – na população brasileira o percentual é de 48% – e que 80% delas usam redes sociais.
Os dados apontaram ainda que as mulheres gestoras do agro equacionam melhor a sucessão familiar, pois treinam mais os filhos para gerenciar os negócios, enquanto os homens costumam deixar isso um pouco de lado. As entrevistadas disseram também que não necessitam tocar o negócio da mesma forma que era no passado; entendem que os benefícios devem gerar bons resultados para proprietários, trabalhadores, meio ambiente, animais e o planeta.
Além disso, a maioria (60%) respondeu que as demandas do trabalho no campo não interferem na vida pessoal. Outro dado comportamental é que as mulheres que atuam no agronegócio são otimistas em relação ao futuro. Na agricultura, o percentual das otimistas chega a 85% e na pecuária alcança a casa de 97%, superando em muito a média dos brasileiros otimistas, que não passa de 58%.
Sugestões para o futuro do agro
Uma carta com sugestões para eliminar obstáculos e dificuldades do setor do agronegócio foi redigida no final do evento e posteriormente encaminhada ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi.
No documento foram indicadas cinco prioridades para melhorar a situação do agro, sendo elas: logística: melhoramento dos modais de transporte para escoamento da produção agrícola, o que resultará na diminuição dos custos dos fretes; crédito rural: desburocratização, projetos por produção e redução de juros; implantação de uma eficaz política de Seguro Agrícola; Reforma da Legislação Trabalhista Rural e Direito de Propriedade – necessidade de segurança jurídica nas propriedades e cumprimento, pelos Estados, das reintegrações de posse.
O1º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio recebeu mais de 700 congressistas de 20 estados brasileiros na Capital paulista, no final de outubro, reunindo a ala feminina de todo o Brasil. Organizado pela Transamérica Expo Center, o evento teve como objetivo trazer informações de diversas fontes que cercam o universo da mulher "do e no" agronegócio, principalmente as agricultoras, pecuaristas, profissionais da indústria, executivas de corporações do setor, herdeiras, sucessoras de propriedade agropecuária, consultoras e comunicadoras do segmento. O desenvolvendo, as oportunidades e as dificuldades na era da eficiência e sensibilidade, aspectos ligados à gestão e empreendedorismo, formação profissional, o papel da mulher no agronegócio, discriminação, isonomia, família e outros temas de grande interesse do campo foram debatidos nos dois dias do evento, conduzidos por 35 palestrantes.
“A agricultura foi uma criação de mulheres que cuidavam das sementes, do plantio, enquanto os homens caçavam. As mulheres sempre foram fundamentais na produção de alimentos ao longo de toda história humana”, afirmou José Luiz Tejon Megido, da TCA International, conselheiro Fiscal do CCAS (Conselho Científico Agricultura Sustentável) e diretor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM, que fez a abertura do congresso, destacando a importância do papel da mulher no segmento. “O futuro do agro será cada vez mais humanizado, ao mesmo tempo em que está tecnológico. Será cheio de sensores que irão medir tudo, por isso ampliarão a dimensão sensitiva e sensorial de produtores de alimentos e dos consumidores. Esse novo agro será cada vez mais uma porta aberta para o talento feminino, com sua sensibilidade acentuada”, disse ele, que na oportunidade apresentou seu livro “Guerreiros Não Nascem Prontos”, mostrando que o caminho para a realização não chega sem obstáculos.
A abertura do evento contou ainda com explanação Luiz Cornacchioni, diretor da ABAG, seguido de Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV-EESP, embaixador especial da FAO para o Cooperativismo e ex-ministro da Agricultura.
Em seguida, a realidade das mulheres integrantes do agronegócio, vivências e opiniões foram expostas durante mesa redonda com gestoras femininas de todo o Brasil. Participaram do painel Teresa Cristina Vendramini, presidente do NFA (Núcleo Feminino do Agronegócio); Anita Souza Dias Gutierrez, engenheira agrônoma do Ceagesp; Teresa Sanches Ferreira, diretora da Academia Employer Recursos Humanos; Carmen Perez, produtora; Marilene Iamauti, diretora de Assuntos Corporativos da Dow AgroSciences Brasil; Vera Ondei, editora chefe na Dinheiro Rural, e Ana Lucia Iglesias, sócia do Grupo Rubaiyat. Ladislau Martin Neto, diretor executivo de P&D da Embrapa, foi um dos palestrantes do congresso e falou, na oportunidade, sobre a 3ª Onda do agronegócio. “O Brasil tem um modelo de agricultura sustentável e competitivo e é pioneiro no apoio a programas para reduzir as emissões de gases com efeito estufa na agricultura”, disse ele, completando “O sistema de pesquisa e inovação tem necessidade de ser integrado por uma rede de conhecimento reunindo organizações de todo o país e precisará estar preparado para responder às demandas por uma produção agropecuária cada vez mais complexa e exigente”, afirmou.
O representante da Embrapa pontuou ainda que o país se manterá competitivo no agro viabilizando a revolução agro-sócio-ambiental com a intensificação sustentável dos sistemas de produção; investindo em ciência e inovação; com a cooperação político privada, aberturas de novos mercados e investimentos em infraestrutura e logística, entre outros.
Sobre este último tema, considerado um dos grandes gargalos do agronegócio, palestrou também Edeon Vaz Ferreira, diretor executivo do Movimento Pró - Logística de Mato Grosso, mostrando os entraves e soluções para o escoamento da safra agrícola.
Já a presidente da UNICA (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), Elizabeth Farina, deu um panorama sobre o setor sucroenergético, elucidando sobre a crise enfrentada e a evolução ocorrida no setor, como a implantação da mecanização e a exigência de mão-de-obra especializada, citando o Programa de Requalificação de Trabalhadores de cana-de-açúcar, criado pela UNICA e Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo) com participação da Fundação Solidaridad, Iveco, Case IH, FMC e Syngenta, através do qual foram treinados cerca de sete mil pessoas. Além de ter potencializado programas mantidos pelas unidades produtoras, treinando no total quase 30 mil trabalhadores. Elizabeth indicou também os pilares da estratégia para o futuro do segmento canavieiro, que é baseado em políticas públicas e plano de longo prazo; implementação do Acordo de Paris; ganhos de produtividade e de competitividade e gestão; treinamento e qualificação de mão-de-obra.
Já Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa (Instituto Brasileiro para Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio) e presidente do Conselho da ABAG RP, explanou sobre Gestão, Governança, Cooperativismo e Empreendedorismo. “De uma maneira geral, as mulheres têm ampliado a sua participação no mercado de trabalho como também no agro. Os exemplos que estamos vendo aqui são extraordinários, eu não imaginava que o congresso tivesse uma aceitação desse tamanho e fica cada vez mais notável que ainda faltam espaços para que a mulher exponha suas ideias, para que elas se manifestem e mostrem o que está fazendo”, afirmou, citando ainda a presença significativa das cooperativas de todo o Brasil no evento.
Mônika é uma referência da competência da gestão feminina em um ambiente predominantemente masculino. Ela foi a primeira e única mulher a comandar a SAA (Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo) em mais de 100 anos da pasta. “Logo que assumi senti alguma resistência, eles querem te testar para saber até que ponto você afina, mas depois, com a convivência, sempre muito respeitosa, muito positiva, isso passa. Ali existem pessoas muito competentes que fazem muito bem o seu trabalho independente da troca de governos, e a pesquisa paulista vem se desenvolvendo extraordinariamente, prova maior é o sucesso que é São Paulo no agronegócio”, constatou.
Outra representante da ala feminina a dar sua visão sobre a atuação das mulheres no agro foi Zénia Aranha da Silveira, presidente da comissão de produtoras rurais, da Farsul (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rio Grande do Sul), que mostrou a experiência feminina gaúcha no campo. Fez parte da programação, além das plenárias, workshops simultâneos, com palestras técnicas, como a de Ivan Wedekin, diretor geral da Wedekin Consultoria, que abordou a questão da utilização prática da política agrícola, comercialização e cooperativismo.
"573 contratos de crédito rural, no valor de R$ 16 bilhões, foram fechados por mulheres no período de outubro de 2015 a setembro de 2016. Isso mostra o aumento do uso do CPF da mulher para compor o crédito da família”, refletiu o consultor.
Uma palestra de Luiz Carlos Correa Carvalho, presidente da ABAG (Associação
Brasileira do Agronegócio) encerrou o evento.
Importância do encontro é destacada por participantes
“A mulher é extremamente importante, isso não é um chavão. Se você olhar a estrutura de tomada de decisão ela passa pela mulher, nenhum investimento é feito, nenhuma melhoria é feita dentro de qualquer atividade que não tenha o apoio e a decisão da mulher. Ela está envolvida no processo, mesmo que os homens não gostem de admitir isso, essa é a realidade”, afirmou Paulo Herrmann, presidente da John Deere para suas operações no Brasil e vice-presidente de Marketing e Vendas para a América Latina, nos bastidores do evento.
Segundo o executivo, a mulher é mais detalhista, tem uma visão mais periférica, mais ampla, portanto traz mais qualidade à atividade. “No que diz respeito a John Deere, nós temos um público feminino que está crescendo e também várias iniciativas de incentivo neste sentido”, disse, elogiando o evento, que “enriquece e traz mais qualidade ao processo de tomada de decisão”. A John Deere foi uma das patrocinadoras do evento, ao lado da Syngenta, Premium e Top. Opinião compartilhada com Maria Luiza Barbosa, diretora da TerraGrata Consultoria em Sustentabilidade.
“Cada vez mais as mulheres ocupam cargos estratégicos no setor e as dificuldades enfrentadas antigamente estão se enfraquecendo, prova disso é que hoje nas grandes incorporações a maioria dos funcionários é composta de mulheres e eu acho que elas estão realmente tomando conta muito bem do mercado do agronegócio”, alegou, parabenizando a organização do congresso pelo alto nível do debates e depoimentos.
“A minha expectativa é que cada dia a mulher possa ser mais valorizada porque isso só vem a somar”, afirmou Noemia Maria de Carvalho Cabral, produtora rural há mais de 30 anos, com fazenda em Montes Claro - GO, onde cria gado de leite e tem plantações de soja, milho e milheto.
Ela era uma das 40 integrantes da Cooperativa COMIGO (Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano) a participar do congresso, o qual considerou muito significativo oferecendo um panorama geral do agronegócio.
Congresso divulga pesquisa sobre atuação das mulheres do agro
A pesquisa inédita “Mulheres no Agronegócio Brasileiro” encomendada pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) e o IEAg (Instituto de Estudos do Agronegócio), realizada pela Fran6 Pesquisa e Biomarketing Consultoria & Agência e viabilizada pelo Transamérica Expo Center e PWC, foi apresentada na ocasião, pelo prof. José Luiz Tejon Megido, e Adélia Franceschini, diretora de Market Intelligence na FRAN6, juntamente com outros profissionais envolvidos no projeto.
O levantamento, feito com 301 mulheres, mostrou que, mesmo sendo o predomínio masculino evidente no agronegócio, as mulheres vêm ganhando espaço no setor; são mais preparadas, conectadas, comunicativas, abertas à inovação tecnológica e possuem uma visão mais abrangente do negócio. Indicou também que 60% das representantes do sexo feminino que atuam no campo têm curso superior, 25% possuem pós-graduação e 88% são independentes financeiramente.
A pesquisa constatou uma maior presença feminina na produção de grãos: 48% que atuam no campo estão no segmento de soja; 42% no de milho; 31% em hortifruti; e 13% em arroz. Por atividade, 42% atuam na agricultura; 25% na pecuária; 20% na agropecuária e 13% na agroindústria.
O estudo revelou também que 13% dos gestores que atuam em empreendimentos agropecuários ativos são do gênero feminino e que 83% das gestoras do agro participam de mais de uma organização de integração ou articulação socioeconômica, como cooperativas, sindicatos e associações profissionais ou setoriais. Outro dado que chama atenção é que 71% das entrevistadas já tiveram alguma experiência de discriminação na atividade pelo fato de ser mulher. Entre as principais dificuldades apontadas por elas estão: não serem obedecidas pelos funcionários (43%) e resistência da família quando manifestam interesse pelo negócio (41%). Em relação ao uso de ferramentas da internet, o levantamento apontou que 69% acessa a web todos os dias – na população brasileira o percentual é de 48% – e que 80% delas usam redes sociais.
Os dados apontaram ainda que as mulheres gestoras do agro equacionam melhor a sucessão familiar, pois treinam mais os filhos para gerenciar os negócios, enquanto os homens costumam deixar isso um pouco de lado. As entrevistadas disseram também que não necessitam tocar o negócio da mesma forma que era no passado; entendem que os benefícios devem gerar bons resultados para proprietários, trabalhadores, meio ambiente, animais e o planeta.
Além disso, a maioria (60%) respondeu que as demandas do trabalho no campo não interferem na vida pessoal. Outro dado comportamental é que as mulheres que atuam no agronegócio são otimistas em relação ao futuro. Na agricultura, o percentual das otimistas chega a 85% e na pecuária alcança a casa de 97%, superando em muito a média dos brasileiros otimistas, que não passa de 58%.
Sugestões para o futuro do agro
Uma carta com sugestões para eliminar obstáculos e dificuldades do setor do agronegócio foi redigida no final do evento e posteriormente encaminhada ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi.
No documento foram indicadas cinco prioridades para melhorar a situação do agro, sendo elas: logística: melhoramento dos modais de transporte para escoamento da produção agrícola, o que resultará na diminuição dos custos dos fretes; crédito rural: desburocratização, projetos por produção e redução de juros; implantação de uma eficaz política de Seguro Agrícola; Reforma da Legislação Trabalhista Rural e Direito de Propriedade – necessidade de segurança jurídica nas propriedades e cumprimento, pelos Estados, das reintegrações de posse.