Endereçamento, energia e segurança

20/06/2019 Agronegócio POR: Revista Canavieiros
Por: Diana Nascimento


O primeiro dia da Agrishow contou ainda com o lançamento de vários programas voltados para o agro e realizados pelo governo estadual, pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e pela iniciativa privada.

O secretário da pasta, Gustavo Junqueira, explicou sobre o primeiro projeto apresentado, o Rotas Rurais, um programa em conjunto com a parceria privada. “A Anfavea e outros patrocinadores apoiarão o projeto que visa digitalizar e mapear todas as estradas rurais do Estado de São Paulo. São cerca de 200 mil km de estradas que levam a produção das fazendas até os centros urbanos de consumo”, disse.

Além de mapear as estradas, o projeto levará cidadania ao campo. “Daremos aos cidadãos que vivem nas áreas rurais um endereço e sua geolocalização. Hoje não é possível realizar as entregas de produtos nessas fazendas, pois não se sabe o endereço. E, caso a polícia seja chamada, ela não tem o endereço para chegar até o local, sendo necessário o produtor explicar todo o caminho até chegar à propriedade. Isso será um grande avanço e até o final do ano teremos mapeado grande parte do Estado de São Paulo, mais da metade dessas estradas. Os endereços serão concedidos em trabalho conjunto com os prefeitos das municipalidades”, enfatizou Junqueira.

Outra iniciativa importante, feita com a ajuda do secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, é em relação aos javalis, que têm afetado a produção agropecuária e levado doenças para a população. Preocupados com isso, os secretários assinaram uma resolução conjunta que define o javali como espécie de peculiar interesse do Estado.

Dessa forma, o javali passa a ser considerado como um animal invasor que possui legislação específica para que possa ser caçado, controlado e abatido. “Agora o combate passa a ser controlado pelo sistema do Ibama. O ministro Ricardo Salles editou uma instrução normativa há algumas semanas e já havíamos negociado com todos os Estados para que aderissem a isso. O sistema é muito simples, basta o cidadão se cadastrar no site do Ibama e o governo do Estado usará o mesmo sistema”, explicou Junqueira.
A razão de integração entre as duas pastas é que o javali não é apenas uma praga que afeta as lavouras e que destrói a produção agropecuária, mas destrói também a biodiversidade. O javali é um animal exótico, sem predadores e que tem entrado nas nascentes, nas áreas de proteção permanente e é transmissor de doenças não só humanas, mas que também afetam a pecuária de maneira geral.
“O sistema nacional será monitorado por nós para fazermos o controle de maneira mais efetiva e sem a política equivocada que havia anteriormente. Isso nos dá agilidade para fazermos o controle de maneira efetiva, além de dar apoio a todos os produtores que podem auxiliar nesse combate”, frisou Junqueira.

A união entre as secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura e Abastecimento permitiu ainda o anúncio do programa Cidades Sustentáveis. "A Usina Cocal produzirá gás metano com a sobra da cana-de-açúcar, como a vinhaça e torta de filtro, produtos rejeitados que serão transformados pela usina em gás metano, em parceria com a Gás Brasiliano. A distribuição será feita desde Narandiba até Presidente Prudente e as indústrias dessas cidades poderão ser abastecidas por gás metano, uma energia de transição entre a fóssil e a energia limpa, dando segurança e previsibilidade à indústria na produção”, destacou o secretário Penido.

Ele mencionou ainda que estão sendo realizados estudos para a substituição do diesel, o que permitirá uma nova alternativa de energia sustentável e limpa, colaborando para a mudança do clima e para o desenvolvimento dos setores de gás e sucroalcooleiro.

O programa, segundo o secretário, estimula a economia circular, pois o produtor sucroalcooleiro tem mais uma fonte de energia para oferecer à indústria, além da opção de mudança de um modal de transporte extremamente poluente para um limpo.
“O que está se lançando hoje é uma semente. O que a usina Cocal e a Gás Brasiliano estão fazendo é uma amostra do que pode ser feito no Estado de São Paulo. Neste exemplo são produzidos 67 mil m3/dia e se pensarmos em todas as indústrias existentes no oeste paulista, temos 12 milhões de m3 de gás que podem ser produzidos por dia. Podemos ter uma nova geração de energia, de empregos e de divisas não só para as indústrias, mas para todos os municípios”, apontou Penido.

Recado ao MST
Após a assinatura dos decretos que instituíram os projetos e do protocolo de intenções entre o Estado de São Paulo, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e a Fapesp, visando o fortalecimento da agropecuária paulista por meio do incentivo ao desenvolvimento científico, o governador João Dória salientou a importância da feira e do agro.

“A Agrishow deve terminar a edição com mais de R$ 3 bilhões em negócios realizados, o que é um número histórico, recorde para o país que tem o agro como um importante setor, sobretudo no Estado de São Paulo, onde 20% de sua economia são fundamentadas no agro”.

Dória aproveitou a oportunidade para anunciar medidas na área de segurança pública. Ao lado do General Campos, secretário de Segurança do Estado de São Paulo, o governador informou que estará novamente na cidade de Ribeirão Preto no mês de outubro para inaugurar o BAEP (Batalhão Especial da Polícia Militar do Estado de São Paulo) com policiais treinados no padrão Rota e, ao lado deles, veículos e motocicletas, armamentos novos e quatro drones de alta tecnologia para ajudar e auxiliar na fiscalização e na obtenção de imagens do plano rural de toda a região no entorno de Ribeirão Preto. “Será uma ação integrada com a Guarda Municipal e sob o comando da Polícia Militar”, disse.

O segundo anúncio foi sobre a implantação do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) em Ribeirão Preto. “A nossa expectativa é que ele seja inaugurado em julho de 2020. Teremos um centro integrado que envolverá a defesa civil, os bombeiros, a polícia militar e, dependendo dos entendimentos finais com o prefeito, a guarda municipal”, explicou Dória.

O governador salientou ainda que o tema de segurança pública é uma de suas prioridades e deu um recado para o MST e outros "t": “Esse governo não admite invasão de propriedade, nem pública e nem privada, nem no campo e nem na metrópole. Não tem negociação com invasor, invasão é crime e será tratado como tal”, afirmou.