Produtor questiona o uso de nitrogênio foliar

24/05/2019 Agronegócio POR: Revista Canavieiros
Por: Marino Guerra


Pode-se dizer que o respeito do mundo canavieiro ao produtor de Campo Florido-MG, Daine Frangiosi, cresceu na mesma proporção em que ele tirou seu canavial, de 4,4 mil hectares, de uma produtividade de 62,4 t/ha e 9,1 t de açúcar por hectare na safra 09/10 para chegar nas 111,09 t/ha e 14,97 toneladas de açúcar no ciclo 18/19.

Para chegar nesse patamar, o agricultor precisou abrir a cabeça e aprender a escolher e desenvolver técnicas inovadoras. Dentre elas estão a adoção do manejo varietal em constante atualização e relacionado com a ambiência de cada talhão; o plantio em cantosi respeitando as épocas favoráveis da cultura; a adoção da matriz de colheita baseada no terceiro eixo e o planejamento estratégico de adubação e defesa, sempre observando as respostas de cada talhão e tendo a sanidade como premissa.

Quando se fala em saúde da cana-de-açúcar logo se associa a  folhas verdes e limpas e foi nesse ponto que Frangiosi entrou no grande ponto de discussão de sua apresentação -a adubação complementar foliar. Ele se posiciona totalmente reverso ao uso de nitrogênio e indica o molibdênio como nutriente substituto.

Como argumentação, Frangiosi faz uma explicação teórica dizendo que o uso do nitrogênio via foliar permite o acesso de fungos nas plantas e mostrou fotos de comparativos onde em um talhão a adubação complementar foi à  base de N, enquanto que em outro foi feito o uso de molibdênio. O resultado é amplamente favorável ao segundo nutriente, tanto em tamanho da planta como na limpeza da folha.
Outro ponto de observação provado em sua tese é o surgimento de pulgão na folha. Segundo o agricultor, isso é o resultado do excesso de açúcar estimulado pelo uso de nitrogênio.

Para finalizar sua argumentação, ele também citou a questão do RenovaBio, programa que estimulará a redução do uso do nitrogênio. O elemento químico degradado no solo gera um gás altamente nocivo à camada de ozônio, fazendo com que as produções que forem mais econômicas em seu uso, aumentem a nota de eficiência energética proporcionalmente à possibilidade de ganhar mais com a venda dos certificados, denominados CBios.

Com certeza, existem diversas opiniões contrárias e igualmente respeitáveis sobre o tema. O importante é manter o debate e as argumentações para que as conclusões sejam mais assertivas, principalmente levando em consideração variedades e ambientes. Por ora, vale para o produtor analisar o desempenho do seu canavial e fazer as contas, observando custo e produtividade do cenário com cada um dos nutrientes citados e até mesmo, sem nenhum deles.