Uma jornada cumprida com maestria

26/07/2019 Agronegócio POR: Revista Canavieiros
Por: Carla Rossini e Fernanda Clariano


Um contraditório sentimento de pesar e de esperança traduz a emoção que nos domina: pesar pela perda de um homem admirável e esperança pela certeza de que não foi vã a vida que tão corajosamente soube viver. Manoel Carlos de Azevedo Ortolan ficará para sempre na memória não só pelo grande líder que foi - que sempre atuou de forma leal e honesta, norteado pelos valores cooperativistas -, mas também por ter sido uma pessoa do bem. Trilhou o seu caminho de forma exemplar deixando um legado de inúmeras e memoráveis vitórias, conquistas, sucesso e escreveu seu nome na história. Sua partida no dia 11 de junho de 2019, por causa de uma leucemia descoberta em março deste ano, nos deixou uma sensação de grande consternação.

Sua trajetória
Ortolan foi uma das personalidades mais respeitadas do setor sucroenergético. No entanto, tamanha projeção não o fez deixar de lado sua simplicidade e nem a dedicação ao trabalho e ao fornecedor independente de cana. A paixão pela agronomia foi despertada ainda quando criança ao acompanhar o pai e o avô nas propriedades da família, em Sertãozinho e Ribeirão Preto.

“Sempre que podia estava junto do meu pai. Fui crescendo com isso e convivendo com as culturas de cana, milho e algodão. Daí veio meu interesse em estudar nessa área”, contava. Em 1965, Ortolan ingressou na Escola Superior de Agronomia “Luiz de Queiroz”, Esalq-USP, em Piracicaba, uma das mais conceituadas do país.

Formou-se em 1969 e começou a trabalhar na Copersucar, na Fazenda Experimental de Sertãozinho, antiga Fazenda Boa-Fé, onde permaneceu até fevereiro de 1972, quando surgiu a oportunidade de trabalhar como agrônomo na Canaoeste. “Eu tinha um desejo muito grande de trabalhar com os fornecedores de cana, prestar assistência, estar mais junto deles”, dizia. Nessa função permaneceu por seis meses.

Deixou a associação para assumir a gerência de uma propriedade da família, em Goiás, cujas atividades eram a cultura de arroz e pecuária. Lá, permaneceu até julho de 1975, quando retornou à Canaoeste e assumiu a gerência do Departamento Técnico.

Em 1999, com a morte repentina de Fernando dos Reis, era preciso encontrar uma nova liderança que aceitasse a missão de dar sequência aos avanços. Um ano mais tarde a presidência da Canaoeste foi entregue a Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, que despontava como uma referência no setor. Sua experiência e liderança marcaram sua trajetória na associação, que conta hoje com cerca de 2.000 associados e é uma das maiores do Brasil.

Manoel Ortolan assumiu o cargo de presidente da Canaoeste, em março de 2000, e também nessa época começou a integrar a diretoria da Copercana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo), e da Sicoob Cocred (Cooperativa de Crédito). Em março de 2001, foi eleito presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), momento que, para ele, “foi o mais especial de sua trajetória”.

“Eu estava na presidência da Canaoeste há apenas um ano e meio quando um grupo de diretores e presidentes de associações chamou-me para ser candidato a presidente da Orplana. Eu estranhei porque não estava ainda muito envolvido com o setor. Fiquei meio sem entender o porquê do convite e isso representou muito para mim. Abracei com muito carinho, com muita determinação para corresponder a expectativa que eu sabia que havia por parte dos produtores e aí começamos o nosso trabalho”, relembrava.
Manoel conduziu a Canaoeste e a Orplana no período de maior mudança tecnológica na história da produção canavieira do país – a mecanização que não provocou apenas impactos agrícolas, mas nas formas de gestão.

Em 2004, Ortolan foi reeleito presidente da Orplana, cargo que ocupou até 2007. O bom desempenho o fez voltar a presidi-la em 2013, num mandato que foi até 2016.
Em março de 2018, Ortolan passou a ocupar o cargo de diretor presidente executivo da Copercana. “Vou dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela diretoria para manter a rota de crescimento que a Copercana vivenciou até agora”, falou, na ocasião. 

Reconhecimento
O bom relacionamento no setor, sua participação em entidades e sua dedicação podem ser, segundo ele, os motivos que o fizeram ser escolhido como profissional do ano de 2008 pela AEAARP (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto). “Sempre procurei levar meu trabalho com seriedade e carrego comigo o pensamento de que tudo deve ser feito da melhor forma possível. Dediquei-me muito e isso deve ter sido observado pelas pessoas do setor”, recordava.
Em 2014, Manoel Ortolan foi homenageado pela AEASP (Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo) durante a 43ª edição do Prêmio “Deusa Ceres” com a medalha “Fernando Costa” na categoria Cooperativismo. Premiação que reconhece os trabalhos dos engenheiros agrônomos que contribuíram para o desenvolvimento do setor agrícola.

Família
Nessa sua trajetória de sucesso, a família sempre foi sua grande inspiração. “Meus pais começaram do zero. Sempre trabalharam muito. Não tinha geada, não tinha inverno. E conseguiram pelo trabalho um bom patrimônio. São um grande exemplo de determinação”, dizia.
Segundo Ortolan, as mesmas qualidades foram encontradas em Sandra Mara Bernardi Ortolan, sua esposa. “Sandra me lembra muito minha mãe pelo dinamismo, pela força interior e também por ter construído, com muito trabalho, uma trajetória de muito valor como profissional na área de educação”. Eles têm quatro filhos (Patrícia, Rodrigo, Érica e Vanessa) e nove netos (Lorena, David, Nicole, Gabriela, Murilo, Alícia, Manuela, Vander e Maitê). “Eles são meu orgulho”, contava.
Quando questionado sobre quais eram os projetos para o futuro, respondia: “meu desejo é ver minha família unida e feliz. Quero fazer a Copercana e a Canaoeste crescerem juntas. Estou feliz com o que faço, trabalhando com minha equipe e sempre buscando fortalecer os produtores de cana, estar junto deles. Se eu puder encerrar minha carreira desse jeito, estarei satisfeito”, respondia.

Os amigos...
Em nossa trajetória encontramos pessoas incríveis que vão se tornando verdadeiros amigos e como diz o cantor Milton Nascimento, “amigo é coisa pra se guardar”, e com certeza as lembranças de “Maneco” (apelido carinhoso com que era chamado pelos seus amigos) serão para sempre guardadas.

Depoimentos
“O Manoel representou uma vida dentro da cooperativa para mim, fomos parceiros por 40 anos e essa perda repentina deixa bastante saudade. O ‘Maneco’ sempre foi uma pessoa muito séria, um profissional que cumpriu com as suas obrigações com muito respeito. Fez um grande trabalho coordenando os agrônomos dentro da Copercana, o cuidado com a fazenda de mudas, ele foi um técnico que deu muitos resultados tanto para o fornecedor quanto para a cooperativa. Foi diretor comigo pela Copercana e depois eleito diretor-presidente, cargo que acabou ocupando por apenas um ano e nos deixou tristes porque não era isso que estávamos pensando, o que esperávamos, mas a vida não é do jeito que queremos, e sim como Deus quer. A nós restou muita saudade e a lembrança da lisura com que ele cuidava das coisas, da responsabilidade e da humildade que ele tinha.O que nos deixa bastante à vontade é saber que ele foi uma pessoa que cumpriu a sua obrigação na terra e deu exemplo para muita gente, e quem dá exemplo para muita gente não pode ser esquecido”.  Antonio Eduardo Tonielo – presidente do Conselho de Administração da Copercana

 “Falar sobre o Manoel Ortolan para mim é muito fácil. Eu conheço o ‘Maneco e militei com ele no sistema Copercana há mais de 30 anos. Logo que ele assumiu a Canaoeste  me convidou para ser tesoureiro e aceitei de pronto porque além de competente, de ser importante para o setor, ele era uma reserva moral que tínhamos. Pessoa apaziguadora, ética, habilidosa no trato com as pessoas e com certeza vai fazer falta. Eu poderia ficar o dia inteiro falando dele, mas em suma é isso, uma pessoa que deixa um vazio que será difícil ser preenchido. Vamos tentar seguir adiante cumprindo com os propósitos dele, pelo menos com o sonho que ele tinha e as idealizações de um setor mais unido, mais compenetrado, mais eficiente”. Francisco Cesar Urenha – diretor presidente executivo da Copercana

 “Tenho lembranças muito boas, inclusive quando ‘Maneco’ começou a trabalhar na Canaoeste por volta de 1972/1973 através do meu pai, que tinha um carinho muito grande por ele. Iniciou como agrônomo e foi crescendo dentro da associação e junto com ela, veja o tamanho da estrutura hoje. Com a estruturação da Canaoeste em 2015, fui convidado a compor a diretoria como vice-presidente, condição essa que me deixou muito honrado e feliz. Tenho um carinho especial por essa organização, inclusive em relação a todo o histórico dela com a história do meu pai. O  ‘Maneco’ seguiu com a Canaoeste, em decorrência ao falecimento do meu pai, até então presidente da Canaoeste. Perder o Manoel Ortolan não foi fácil, contudo, ele conseguiu formar um processo de gestão e uma equipe muito competente em que confio muito, e sei que posso contar com eles nessa missão de continuar seguindo os passos traçados por ele”. Fernando dos Reis Filho – presidente da Canaoeste.

 “Comecei a trabalhar na cooperativa no início de 1976 e o ‘Maneco’ já estava na lá nessa época. Além de ser um profissional altamente capacitado, ético e do bem, eu conversava com ele de uma maneira muito espontânea. Além de um grande profissional, muito admirado por mim, ele foi meu amigo, uma pessoa que me entendia, eu conseguia sentar e explicar os problemas que tínhamos e ele sempre dava conselhos. Para mim foi uma perda muito grande”. Marcio Meloni – diretor comercial da Copercana

 “Eu me emociono ao falar do ‘Maneco’ porque foram 39 anos juntos, foi ele quem me contratou. Na época fez uma carta de apresentação que foi enviada para todos os fornecedores, inclusive para o meu pai (que guardou a carta por mais de 30 anos e a encontrei em uma pasta de documentos). Fui trabalhar em Serrana, pois naquela época ele tinha uma ideia de ampliar a nossa área de atendimento e começou comigo (atualmente a Canaoeste e a Copercana abrangem mais de 20 municípios), com um trabalho de assistência técnica. Com isso também, em 1982/83 começou o pagamento da cana por teor de sacarose e eu fui um braço junto com o Maneco no sentido de desenvolver esse pagamento de cana que hoje está todo oficializado e regulamentado. São muitas lembranças, muitas coisas boas junto ao ‘Maneco’ – a primeira viagem que fiz de avião ele estava presente, as trocas de informações, os ensinamentos. Ele sempre foi uma pessoa muito digna, honesta, um amigo que tem feito muita falta. Ainda não me acostumei com sua partida”. Augusto Cesar Strini Paixão – diretor administrativo da Copercana

 “O dr. Manoel foi uma pessoa muito especial, um profissional ético, honesto e sempre disposto a ajudar. Todos os seus sábios ensinamentos e os conselhos tão oportunos ficarão gravados em minha mente e coração, pois são muito valiosos. Obrigado por ter nos orientado e apoiado sempre que necessário e pelo verdadeiro companheirismo que sempre manifestou. Guardarei muitas lembranças boas e gratidão”.Giovanni Bartoletti Rossanez – diretor financeiro da Copercana
 
“Os nossos laços de coleguismo e amizade tiveram início após a formação universitária. Ele, sempre disciplinado, pouco se expunha e eu, como bolsista e precisando trabalhar, pouco nos víamos durante os bancos universitários. Logo após a formatura, encontrarmo-nos na Fazenda Boa-Fé - Copersucar, em Sertãozinho. Ele ficou pouco, pois foi gerenciar propriedade do cunhado em Goiás. Somente depois de 1975 é que iniciamos nossos contatos mais frequentes de coleguismo e profissionais, quando ele retornou para gerenciar as atividades de Cooperativismo e Assistencialismo na Copercana e Canaoeste, durante a gestão do então presidente Fernando Reis. Mas foi a partir de 2.000, após a sua ascensão à presidência da Canaoeste, que me convidou para continuar sua gerência técnica na associação, que os laços de amizade e companheirismo profissional se tornaram mais estreitos. Confiou-me, desde o início, a participação na Canatec, uma vez que, naquele mesmo ano, ele assumiria a participação efetiva no Consecana SP. Teve crescimento meteórico e respeitoso. ‘Maneco’ e eu mantínhamos frequentes diálogos e, às vezes, sérios mas respeitosos tête-à-tête. Sua inesquecível característica era até de se contrapor, mas sem expressar o não formal. Debatedor bem fundamentado e paciente aos apartes. Sempre deixando, porém, sua patente e contínua defesa da atividade sucroalcooleira e, a dos produtores de cana independentes (fornecedores). Sinceramente, para descrever tudo, talvez não coubesse num só livro. Diz-se que ninguém é insubstituível, mas para nós (a mim) e a todos que trilharam seus caminhos, ele deixa um grande vazio. Que falta!”. Oswaldo Alonso - consultor
 
 “Minha história profissional tem o ‘Maneco’ como um dos protagonistas, desde que iniciei na Canaoeste com meus 20 anos de idade. Poucos têm a honra de trabalhar, ter como mentor, orientador e, por que não amigo, uma autoridade, não no sentido de poder, mas de humildade, educação e companheirismo, a ser seguido. Se a presença material não nos é mais possível, suas contribuições estarão sempre presentes por onde ele fez diferença, além de instituições como Canaoeste e Copercana, temos também Orplana, Consecana, WABCG, Casa das Mangueiras, Lions, Maçonaria, entre outras, sobretudo na vida de pessoas, inclusive a minha! Eu tive esse grande mérito! Participamos juntos de inúmeras câmaras técnicas, simpósios, conferências, inclusive internacionais quando pude compreender que "meu mentor" era respeitado também fora do Brasil na comunidade de produtores de cana e beterraba açucareira. Absorvi ao máximo, tudo que ele me transmitia, inclusive a dedicação para cumprir com excelência o seu, o nosso objetivo maior: a preservação, desenvolvimento, eficiência e sustentabilidade dos nossos fornecedores de cana, como carinhosamente ‘Maneco’ sempre tratou os mais de 2.500 associados da Canaoeste. A palavra que fica é Gratidão”! Almir Torcato – gestor Corporativo da Canaoeste.

 “Em dezembro de 1993, um fato que para mim representou uma grande virada e é inspirador - até hoje cito e já citei em várias ocasiões com ele presente. Encontrei com o ‘Maneco’ e ele me ofereceu uma carona até um evento de variedades que seria realizado na Copersucar, em Piracicaba. Na ocasião, fomos conversando e fui relatando uma série de coisas que já estavam iniciadas, falando com entusiasmo dos temas do Grupo Fitotécnico, dos novos contatos, da reorganização do projeto de melhoramento que eu estava assumindo - tinha sido dada a mim a missão de reorganizar o programa de melhoramento e comecei a falar e ele ficou ouvindo. O Manoel era uma pessoa admirável, pois tinha o dom de ouvir, uma característica raríssima hoje nas pessoas, ele não apenas ouvia, assimilava e colocava em prática. Não era um ouvir educado apenas, era um ouvir com interesse, com uma capacidade de entender com sabedoria aquilo que estava sendo passado para ele. Então, ele retornava posteriormente as percepções dele. Na volta, ele me disse que havia pensado em algo que talvez seria útil a mim. Ele tinha um agrônomo novo na associação, o Gustavo Nogueira, que tinha à sua disposição um veículo e que precisava ser treinado. Como ele sabia que eu não tinha uma estrutura, não tinha um carro para as visitas, me propôs treinar o Gustavo e, em contrapartida, deixaria que eu utilizasse o carro e resolveria o problema. Quando ele me falou isso meus olhos brilharam. Foi uma grande mudança porque na sequência, nos meses posteriores, eu e o agrônomo visitamos todos os ensaios, instalamos alguns, fizemos as seleções no início de 94 e em maio fomos para a estação de Camamu, na Bahia, para fazer cruzamento. O ‘Maneco’ sempre nos acompanhou muito de perto até que chegou um dia que falei pra ele que eu havia conseguido comprar um carro, foi o primeiro veículo que conseguimos ter e graças à ação, ao apoio do Manoel, da Copercana e da Canaoeste que tivemos esse início.Eu sempre reservava um tempo na minha agenda para visitá-lo e trocarmos figurinhas, normalmente era no final do dia e batíamos longos papos. Ele já está fazendo falta pra mim”. Marcos Landell, pesquisador do IAC.

 “Gostaria neste pequeno espaço relatar um pouco do nosso relacionamento, onde tivemos a oportunidade de conviver de maneira muito intensa nestes últimos, pelo menos, vinte e cinco anos. Fácil pelo relacionamento supercordial que tivemos, mas, muito difícil por não estar mais entre nós. Dá um tremendo nó na garganta. Muitos anos de cumplicidade, amizade, ajuda mútua, confiança, dedicação, preocupação, batalhas, alegrias, tristezas e muito respeito. Pudemos exercitar na plenitude os termos que sempre tivemos como horizonte de vida que são o associativismo e o cooperativismo. Ele foi um dos meus melhores mestres. Quantos trabalhos realizados com afinco sempre na tentativa de busca do bem comum. Reuniões, seminários, viagens, troca de ideias, confissões, algumas discussões, mas, resultados extremamente positivos ao longo desta jornada. Como somos muito emotivos, não foram poucos os momentos em que as lágrimas vieram para contemplar nossos sentimentos de carinho e respeito. Que luta quando assumimos que nossas entidades deveriam estar mais próximas dos poderes públicos, pois sempre comungamos que este seria um dos caminhos, e ele foi magnífico neste trabalho. Com certeza, minha grande admiração e meu agradecimento vêm do fato de que elesempre estava pronto para colaborar comigo, principalmente nos momentos mais críticos. Acho que a mensagem que vem à cabeça e gostaria de dizer é um muito obrigado Maneco, por permitir participar da sua vida”.Ismael Perina – produtor rural

 “O agronegócio está triste. Perdemos Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, uma estrela que sai do nosso convívio e passa ao plano superior. Superior também foi como ele deixou nosso cooperativismo, nossas associações, nosso agronegócio. Seu estilo amigo, sensível e sua capacidade de escutar, compreender as diferenças e trabalhar pelo consenso olhando o futuro foi único. Sempre se dedicando às causas sociais, um brasileiro superior. Tive a oportunidade de trabalhar com ele por mais de dez anos e ele também me fez um pouco superior. Meu forte abraço à família maravilhosa que ele criou, força neste momento. Mané, uma pessoa superior, que fará muita falta a todos com quem conviveu”. Marcos Fava Neves – professor titular das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da FGV em São Paulo

 “Manoel Ortolan significou para mim uma mistura de oportunidade e desafio. Oportunidade de retornar para minha terra natal, Ribeirão Preto, quando ele me telefonou com seu jeito tão educado e ponderado de explicar sobre a decisão da Orplana em me contratar para assumir o desafio de implantar um planejamento estratégico visão de 10 anos. Desde o momento em que conversamos inicialmente e o momento em que por telefone ele ficou boa parte do dia verificando acertos finais, percebi a oportunidade de conviver com um homem tão transparente e apaixonado pelo que fazia. Ele estava tão ou mais feliz que eu, percebia-se em sua voz. Ter conseguido direcionar a Orplana para uma atuação mais profissionalizada era um de seus sonhos. Tive outra rica oportunidade de conviver com Manoel durante o primeiro ano de início de meus trabalhos e, convidado por ele, passei a ter um espaço na Canaoeste para fazer a transição do escritório de Piracicaba para Ribeirão Preto. Uma segunda oportunidade então de desfrutar de sua companhia, nosso bate-papo diário, discutindo visões, sendo constantemente indagado sobre como eu iria implantar o projeto, e sempre ele demonstrava sua grande generosidade em ouvir, analisar e subitamente apresentava uma conclusão tão iluminada e sábia. Nos primeiros dois anos de minha atuação junto à Orplana, o meu contato com Manoel foi constante e enriquecedor. Acredito que o melhor momento que convivi com elefoi quando conseguimos fazer o 1º Simpósio Internacional de Produtores de Agroenergia durante a Fenasucro de 2017, trazendo delegações de produtores de fora. Um desejo que ele tanto quis e que fora realizado. Homenageá-lo durante este evento foi no mínimo um sinal de agradecimento a tudo o que ele nos proporcionou e ainda proporciona como pessoas. Nosso amigo partiu, mas está tão presente. Converso com ele semanalmente pela lembrança, pela emoção”. Celso Albano – gestor executivo da Orplana
 
E deixou saudades...
Durante o IX Simpósio – Tecnologia de Produção de Cana-de-Açúcar, realizado em julho na cidade de Piracicaba, o Gape (Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão)prestou uma homenagem póstuma a Manoel Carlos de Azevedo Ortolan por seus anos de dedicação e contribuição ao setor sucroenergético. Os filhos de Ortolan, Rodrigo, Érica e Vanessa e o genro Danilo, participaram da homenagem e receberam uma placa das mãos do professor da Esalq/Usp,Godofredo Cesar Vitti. 

“Na Esalq e na República Jacaré Paguá, nosso pai deu início a uma trajetória de muitas realizações pessoais e profissionais, na qual ele foi muito feliz. Encontrou o conhecimento e aprendizagens para as bases de sua formação, fez muitos amigos e viveu muitas histórias. Além de respeito, sua conduta de vida nos ensinou muito sobre gratidão, sempre valorizando as pessoas e instituições que de alguma forma contribuíram, favoreceram ou simplesmente fizeram parte de suas realizações. E essa gratidão se mostra por ele sempre ter feito muita questão de estar próximo da Esalq e da Jacaré Paguá. Com muito orgulho viu a Esalq crescer e com ela também cresceu. E como cresceu! E quanto realizou!Deixou saudades e um imenso legado de boas lembranças, ensinamentos, valores, histórias pra se contar. Somos muito gratos pela homenagem que prestaram ao nosso pai. Atitudes como essa nos fortalecem e reforçam que ele foi e será sempre muito querido. Obrigado!”, disseram Rodrigo, Vanessa e Érica.