Convergência de preços consolida cenário favorável para açúcar no ano

04/04/2016 Açúcar POR: DCI
A atual antecipação na moagem de cana da safra 2016/ 2017 tem pressionado os preços internos do açúcar. Do outro lado, as previsões de déficit global da commodity dão fôlego para a alta das cotações internacionais. Com a entrada oficial do novo ciclo produtivo, em abril, a tendência é de uma convergência nos preços, ambos favoráveis para as usinas.
Uma análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), divulgada ontem (29), mostra que, enquanto a última média semanal do Indicador de Açúcar Cristal Cepea/Esalq foi de R$ 76,5 por saca em São Paulo, as cotações do contrato nº 11 da ICE Futures (Bolsa de Nova York), com vencimento para o mês de maio, equivaleriam a R$ 75,56 por saca, considerado o dólar a R$ 3,6415.
O presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, esclarece que os preços do mercado interno remuneram as usinas melhor do que a exportação e isso tem se mantido desde setembro do ano passado. "À medida que a safra [2016/ 2017] entra em ritmo, a projeção é que os índices domésticos caiam ligeiramente e os externos se mantenham. Daqui para frente, a gente deve caminhar para uma equivalência de valores entre os dois mercados", estima o especialista.
O analista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho, acrescenta que, de qualquer forma, o cenário é favorável para as usinas pois os valores praticados estão interessantes aqui e lá fora.
Uma vez atingida a convergência, outros fatores passam a definir o que é mais vantajoso para o usineiro. As unidades produtivas mais próximas do porto saem beneficiadas pelo custo do frete. Nesses casos, aproveitar a liquidez das exportações pode ser a melhor saída. Quando a distância aumenta, o consumo interno volta a ser atrativo. Para projetar a equilíbrio, a Datagro se fundamenta, geograficamente, no município paulista de Ribeirão Preto, um dos principais polos da cadeia, em relação ao porto de Santos, em São Paulo.
Mesmo com uma remuneração melhor, o Brasil ainda embarca, majoritariamente, a produção açucareira. "Você não consegue destinar quantidades muito grandes da commodity para dentro do País e [os usineiros] acabam recorrendo para fora", destaca o analista da INTL FCStone.
A exemplo disso, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016, o Brasil exportou 4,199 milhões de toneladas de açúcar, volume 22,4% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Sobe e desce
No spot (venda à vista) paulista, a pressão vem, principalmente, do início antecipado da moagem do próximo ciclo. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) estima que 120 unidades produtoras estejam em operação no Centro-Sul até o final de março, em comparação com as 75 do início deste mês. Além disso, pesquisadores do Cepea informam, em nota, que as chuvas têm sido rápidas, não interrompendo a colheita da cana por longos períodos. A demanda, por sua vez, segue relativamente baixa. Conclusão: queda de 3,23% na cotação parcial acumulada de março.
No mercado internacional, as altas têm sido impulsionadas pela menor produção mundial da commodity, em decorrência de problemas climáticos enfrentados principalmente por países asiáticos. A consultoria F.O. Licht elevou a previsão de déficit global do produto de 6,5 milhões para 7,2 milhões de toneladas. Na Datagro, este número fica em 4,37 milhões de toneladas para a temporada de 2015/ 2016.
Os embarques da Tailândia - segundo maior exportador global - nesta temporada devem ser 20% inferiores aos da safra passada, somando cerca de 7,1 milhões de toneladas, segundo o Escritório do Conselho de Cana e Açúcar do país.
Produção
No acumulado desde 1º de abril de 2015 até 16 de março de 2016, a moagem de cana no Centro-Sul atingiu 603,57 milhões de toneladas, aumento de 6,39% no comparativo com as 567,31 milhões contabilizadas na safra anterior.
De acordo com o levantamento mais recente da Unica, a produção de açúcar alcançou 30,76 milhões de toneladas no período, retração de 3,42% diante do ciclo 2014/2015 (31,84 milhões de toneladas). Já a fabricação de etanol atingiu 27,64 bilhões de litros, alta de 6,41%. "Para a safra que se inicia em abril, acreditamos que o mix deve continuar mais voltado para o etanol, mas a diferença entre o volume de cana para cada produto cairá", estima Botelho, da FCStone. 
 
A atual antecipação na moagem de cana da safra 2016/ 2017 tem pressionado os preços internos do açúcar. Do outro lado, as previsões de déficit global da commodity dão fôlego para a alta das cotações internacionais. Com a entrada oficial do novo ciclo produtivo, em abril, a tendência é de uma convergência nos preços, ambos favoráveis para as usinas.
Uma análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), divulgada ontem (29), mostra que, enquanto a última média semanal do Indicador de Açúcar Cristal Cepea/Esalq foi de R$ 76,5 por saca em São Paulo, as cotações do contrato nº 11 da ICE Futures (Bolsa de Nova York), com vencimento para o mês de maio, equivaleriam a R$ 75,56 por saca, considerado o dólar a R$ 3,6415.
O presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, esclarece que os preços do mercado interno remuneram as usinas melhor do que a exportação e isso tem se mantido desde setembro do ano passado. "À medida que a safra [2016/ 2017] entra em ritmo, a projeção é que os índices domésticos caiam ligeiramente e os externos se mantenham. Daqui para frente, a gente deve caminhar para uma equivalência de valores entre os dois mercados", estima o especialista.
O analista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho, acrescenta que, de qualquer forma, o cenário é favorável para as usinas pois os valores praticados estão interessantes aqui e lá fora.
Uma vez atingida a convergência, outros fatores passam a definir o que é mais vantajoso para o usineiro. As unidades produtivas mais próximas do porto saem beneficiadas pelo custo do frete. Nesses casos, aproveitar a liquidez das exportações pode ser a melhor saída. Quando a distância aumenta, o consumo interno volta a ser atrativo. Para projetar a equilíbrio, a Datagro se fundamenta, geograficamente, no município paulista de Ribeirão Preto, um dos principais polos da cadeia, em relação ao porto de Santos, em São Paulo.

 
Mesmo com uma remuneração melhor, o Brasil ainda embarca, majoritariamente, a produção açucareira. "Você não consegue destinar quantidades muito grandes da commodity para dentro do País e [os usineiros] acabam recorrendo para fora", destaca o analista da INTL FCStone.
A exemplo disso, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016, o Brasil exportou 4,199 milhões de toneladas de açúcar, volume 22,4% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Sobe e desce
No spot (venda à vista) paulista, a pressão vem, principalmente, do início antecipado da moagem do próximo ciclo. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) estima que 120 unidades produtoras estejam em operação no Centro-Sul até o final de março, em comparação com as 75 do início deste mês. Além disso, pesquisadores do Cepea informam, em nota, que as chuvas têm sido rápidas, não interrompendo a colheita da cana por longos períodos. A demanda, por sua vez, segue relativamente baixa. Conclusão: queda de 3,23% na cotação parcial acumulada de março.
No mercado internacional, as altas têm sido impulsionadas pela menor produção mundial da commodity, em decorrência de problemas climáticos enfrentados principalmente por países asiáticos. A consultoria F.O. Licht elevou a previsão de déficit global do produto de 6,5 milhões para 7,2 milhões de toneladas. Na Datagro, este número fica em 4,37 milhões de toneladas para a temporada de 2015/ 2016.
Os embarques da Tailândia - segundo maior exportador global - nesta temporada devem ser 20% inferiores aos da safra passada, somando cerca de 7,1 milhões de toneladas, segundo o Escritório do Conselho de Cana e Açúcar do país.
Produção
No acumulado desde 1º de abril de 2015 até 16 de março de 2016, a moagem de cana no Centro-Sul atingiu 603,57 milhões de toneladas, aumento de 6,39% no comparativo com as 567,31 milhões contabilizadas na safra anterior.
De acordo com o levantamento mais recente da Unica, a produção de açúcar alcançou 30,76 milhões de toneladas no período, retração de 3,42% diante do ciclo 2014/2015 (31,84 milhões de toneladas). Já a fabricação de etanol atingiu 27,64 bilhões de litros, alta de 6,41%. "Para a safra que se inicia em abril, acreditamos que o mix deve continuar mais voltado para o etanol, mas a diferença entre o volume de cana para cada produto cairá", estima Botelho, da FCStone.