Copersucar dá “bye, bye Brazil” em seus novos negócios no etanol

03/10/2013 Etanol POR: Relatório Reservado
A Copersucar vai colocar em prática um plano de fuga do Brasil. Por "plano de fuga", entenda-se um substancial pacote de investimentos no exterior, que deverá superar o volume aportado pela companhia no país durante o mesmo período.
De acordo com o presidente de uma das usinas acionistas da cooperativa, o desembolso chegaria à marca de US$ 1,5 bilhão nos próximos três anos. O plano da Copersucar prevê a compra de terras, a construção de usinas e de centros de distribuição e a montagem de uma estrutura logística.
Os principais alvos são China, Índia, África do Sul, Ucrânia e Polônia – alguns destes países têm oferecido benefícios fiscais para atrair produtores de etanol. Em áreas com pouca disponibilidade de terra ou baixa produtividade, a empresa montaria uma estrutura industrial reduzida, que faria apenas a última etapa de beneficiamento de açúcar bruto ou de álcool combustível trazidos de outro país.
Oficialmente, a Copersucar nega o novo plano de investimentos no exterior. No entanto, segundo a mesma fonte, o projeto já conta com o apoio de aproximadamente 60% das usinas que integram a cooperativa. Pergunta que não quer calar: e o governo nessa história?
Uma vez confirmado, o projeto da Copersucar representará a exportação de um volume expressivo de investimentos justamente em um período de secura da indústria sucroalcooleira nacional. O governo? Ele que encontre soluções para conter a saída de divisas, o êxodo de empregos, a queda do superávit comercial, entre outros efeitos colaterais.
A Copersucar quer ir aonde a rentabilidade está, ainda que isso lhe traga um custo político. Todos os países escolhidos pela empresa têm apresentado taxas de aumento do consumo de etanol superiores às do Brasil. Além disso, os custos de produção são extremamente competitivos.
Em muitos países da Europa e da Ásia é mais vantajoso para a companhia investir na montagem de uma operação industrial local do que aumentar a produção no Brasil para atender às exportações. O projeto marcará o início da produção internacional.
Hoje, a Copersucar mantém apenas representações comerciais nos Estados Unidos, Ásia, Europa e África – no ano passado, foram criadas a Copersucar Asia, com sede em Hong Kong, e a Copersucar North America, fincada no Tennessee.
A direção da companhia trabalha com projeções ousadas. Em até cinco anos, um terço do faturamento do grupo viria das operações internacionais.