No dia 10 de novembro, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, anunciava que a liberação de crédito rural para a safra 2015/2016, que se iniciou em 1.º de julho e deve somar o recorde de 219,9 milhões de toneladas de grãos, “fluía bem”. Segundo ele, havia dinheiro suficiente e a demanda dos produtores estava sendo atendida.
Para o atual ciclo, foram ofertados pelo governo federal R$ 187,7 bilhões, volume 20,2% superior aos R$ 156,1 bilhões da safra anterior. Embora recursos maiores num ano de restrição orçamentária tenham sido comemorados inicialmente pelo setor produtivo, a principal reclamação agora é a exigência para a liberação do dinheiro por parte dos bancos.
Reclamações. No Primeiro Levantamento da Safra Brasileira de Grãos 2015/2016, de outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) relatou os problemas enfrentados em várias regiões em relação ao crédito rural.
Em Goiás, por exemplo, os agricultores indicavam que a oferta de crédito de custeio foi tardia na maior parte dos municípios. “Houve maiores restrições quanto ao acesso ao crédito, principalmente exigências de mais garantias, e em algumas regiões não houve liberação do précusteio.” Já em Mato Grosso, o maior Estado produtor de soja, “foi observada dificuldade de acesso ao crédito de custeio, em razão das exigências por parte dos bancos. Há informações de atraso na liberação do crédito”.
“O crédito está mais caro e difícil não apenas para o agronegócio”, confirma o superintendente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi. “Em função do momento do País, financiamentos foram dificultados para todos os setores da economia”, continua. “Há mais exigências do que nos anos anteriores. No agronegócio, por exemplo, os bancos pedem penhor de safra, hipoteca e seguro agrícola, além de taxas mais elevadas”.
Diante da situação, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de MT (AprosojaMT), Ricardo Tomczyk, diz que algumas regiões produtoras de grãos estão utilizando recursos próprios para o financiamento da safra de verão. “Há dinheiro sobrando nos bancos, tamanho foi o aperto de crédito, o que obriga o produtor a racionalizar o crédito”.
Assimetria. Para o sóciodiretor da consultoria Agroconsult, André Pessôa, o problema é assimétrico e atingiu principalmente o grande produtor, que normalmente tem um histórico de investimentos pesados em ampliação de área e aquisição de máquinas e fazendas. Muitos deles estão endividados em dólar, informa. “Já para os pequenos e médios produtores, o crédito rural oficial, cujo limite é de R$ 1,2 milhão por CPF, é suficiente para as despesas”, argumenta. “Um pequeno produtor do Sul do Brasil certamente usou linhas de repasse do BNDES e tem dívidas em reais. Quanto mais ao sul e mais próximo da cooperativa e do crédito rural, menor foi o impacto.
Já os grandes produtores recorreram a recursos mais caros e tiveram de usar boa parte do lucro da safra anterior para evitar ir aos bancos”, diz Pessôa. O consultor lembra, porém, que podem também ter reduzido o uso de tecnologia ao não contrair crédito de investimento – em máquinas, por exemplo –, o que se refletirá na produtividade na atual safra.
Boia, não âncora. Ainda que os números apontem para o crescimento do agronegócio em 2015, o setor não tem força para ser o driver da recuperação econômica, acreditam analistas. “O agronegócio está mais para boia do que para âncora do PIB”, compara Pessôa. Para 2016, em relação ao crédito, a situação pode até ser pior. “Eu acredito que vá ter mais escassez e encarecimento do crédito tradicional rural. É um recurso que passa pela caneta do Planejamento, e o ambiente é de ajuste fiscal e redução de gastos”.
Cientes disso, os produtores se preparam para na próxima safra financiar sua própria atividade, aumentando o número de fornecedores e diversificando fontes. “Apesar da perspectiva de safra rentável, o resultado não vai para o investimento, mas para cobrir escassez de crédito. O lucro que estaria sendo usado em tecnologia irá para bancar a próxima safra. Sem crédito, o produtor não vai expandir ou comprar tratores. Há uma ilusão de que eles ganharão dinheiro, mas os recursos serão direcionados para cobrir a falta de crédito”, diz. Fonte: O Estado de São Paulo
Preço do etanol hidratado sobe nos postos de 19 Estados
Etanol
01.12.2015
Os preços do etanol hidratado, que é usado diretamente no tanque dos veículos, voltaram a subir ao consumidor da maior parte do Estados entre 22 e 28 de novembro na comparação com a semana anterior, conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
O preço médio do biocombustível subiu em 19 Estados, sendo que as maiores valorizações foram observadas em Roraima (7,24%), Pernambuco (4,34%), Goiás (3,48%) e Amazonas (5,7%). Em São Paulo, maior centro consumidor de combustíveis do país, o preço médio do litro do hidratado subiu 1,43%, a R$ 2,539. Em quatro semanas, essa valorização acumulada é de 5,66%, conforme a ANP.
Na semana entre 22 e 28 de novembro, abastecer com etanol hidratado em vez de gasolina foi viável economicamente apenas em Mato Grosso. Essa relação existe quando o preço do hidratado equivale a menos de 70% do preço da gasolina nos postos. Em Mato Grosso, essa relação foi de 67% na última semana, conforme a ANP.
Já na usina no Estado de São Paulo, os preços do etanol hidratado vêm recuando. Na última semana, caíram 0,70%, a R$ 1,7191 o litro, conforme o indicador semanal Cepea/Esalq para o produto. No acumulado de quatro semanas, no entanto, o saldo é de valorização de 0,91%.
No dia 10 de novembro, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, anunciava que a liberação de crédito rural para a safra 2015/2016, que se iniciou em 1.º de julho e deve somar o recorde de 219,9 milhões de toneladas de grãos, “fluía bem”. Segundo ele, havia dinheiro suficiente e a demanda dos produtores estava sendo atendida.
Para o atual ciclo, foram ofertados pelo governo federal R$ 187,7 bilhões, volume 20,2% superior aos R$ 156,1 bilhões da safra anterior. Embora recursos maiores num ano de restrição orçamentária tenham sido comemorados inicialmente pelo setor produtivo, a principal reclamação agora é a exigência para a liberação do dinheiro por parte dos bancos.
Reclamações. No Primeiro Levantamento da Safra Brasileira de Grãos 2015/2016, de outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) relatou os problemas enfrentados em várias regiões em relação ao crédito rural.
Em Goiás, por exemplo, os agricultores indicavam que a oferta de crédito de custeio foi tardia na maior parte dos municípios. “Houve maiores restrições quanto ao acesso ao crédito, principalmente exigências de mais garantias, e em algumas regiões não houve liberação do précusteio.” Já em Mato Grosso, o maior Estado produtor de soja, “foi observada dificuldade de acesso ao crédito de custeio, em razão das exigências por parte dos bancos. Há informações de atraso na liberação do crédito”.
“O crédito está mais caro e difícil não apenas para o agronegócio”, confirma o superintendente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi. “Em função do momento do País, financiamentos foram dificultados para todos os setores da economia”, continua. “Há mais exigências do que nos anos anteriores. No agronegócio, por exemplo, os bancos pedem penhor de safra, hipoteca e seguro agrícola, além de taxas mais elevadas”.
Diante da situação, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de MT (AprosojaMT), Ricardo Tomczyk, diz que algumas regiões produtoras de grãos estão utilizando recursos próprios para o financiamento da safra de verão. “Há dinheiro sobrando nos bancos, tamanho foi o aperto de crédito, o que obriga o produtor a racionalizar o crédito”.
Assimetria. Para o sóciodiretor da consultoria Agroconsult, André Pessôa, o problema é assimétrico e atingiu principalmente o grande produtor, que normalmente tem um histórico de investimentos pesados em ampliação de área e aquisição de máquinas e fazendas. Muitos deles estão endividados em dólar, informa. “Já para os pequenos e médios produtores, o crédito rural oficial, cujo limite é de R$ 1,2 milhão por CPF, é suficiente para as despesas”, argumenta. “Um pequeno produtor do Sul do Brasil certamente usou linhas de repasse do BNDES e tem dívidas em reais. Quanto mais ao sul e mais próximo da cooperativa e do crédito rural, menor foi o impacto.
Já os grandes produtores recorreram a recursos mais caros e tiveram de usar boa parte do lucro da safra anterior para evitar ir aos bancos”, diz Pessôa. O consultor lembra, porém, que podem também ter reduzido o uso de tecnologia ao não contrair crédito de investimento – em máquinas, por exemplo –, o que se refletirá na produtividade na atual safra.
Boia, não âncora. Ainda que os números apontem para o crescimento do agronegócio em 2015, o setor não tem força para ser o driver da recuperação econômica, acreditam analistas. “O agronegócio está mais para boia do que para âncora do PIB”, compara Pessôa. Para 2016, em relação ao crédito, a situação pode até ser pior. “Eu acredito que vá ter mais escassez e encarecimento do crédito tradicional rural. É um recurso que passa pela caneta do Planejamento, e o ambiente é de ajuste fiscal e redução de gastos”.
Cientes disso, os produtores se preparam para na próxima safra financiar sua própria atividade, aumentando o número de fornecedores e diversificando fontes. “Apesar da perspectiva de safra rentável, o resultado não vai para o investimento, mas para cobrir escassez de crédito. O lucro que estaria sendo usado em tecnologia irá para bancar a próxima safra. Sem crédito, o produtor não vai expandir ou comprar tratores. Há uma ilusão de que eles ganharão dinheiro, mas os recursos serão direcionados para cobrir a falta de crédito”, diz.