A economia brasileira deve encolher 4,3% este ano, a maior baixa entre as maiores economias, e a profunda recessão vai continuar também em 2017, projeta a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em relatório sobre as perspectivas econômicas globais que divulga hoje em Paris. Para a entidade, a enorme incerteza política e as revelações em curso de corrupção no Brasil estão minando a confiança dos consumidores e empresários e provocando a persistente contração da demanda doméstica.
As projeções são mais pessimistas que aquelas do Fundo Monetário Internacional (FMI), feitas em abril, que previam contração de 3,8% do PIB neste ano e variação zero em 2017. Nas duas previsões, o Brasil se destaca pelo pior desempenho entre as maiores economias do mundo. Somente a Rússia se aproxima um pouco, com contração de 1,7% este ano mas crescimento de 0,5% no ano que vem.
Por sua vez, outros emergentes continuam crescendo, como o México com 2,6%, a Colômbia com 2,4%, a Indonésia com 5,2%, a China com 6,5%, a Índia com 7,4% e a África do Sul com 0,7%.
"O panorama político tem um grande impacto no desempenho econômico, e o cenário político é muito difícil no Brasil, com muita incerteza e não temos ideia do que vai acontecer", afirma o economistachefe da divisão Brasil na OCDE, Jens Arnold.
Em relatório que coincide com a primeira participação do ministro José Serra num evento da entidade, em Paris, a OCDE avalia que as profundas divisões políticas afetam as chances de qualquer reforma no curto prazo no Brasil, enquanto a divida pública bruta continua crescendo. Para Arnold, o pacote já anunciado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é importante, mas a dúvida é sobre sua implementação. Ele estima que a melhora na confiança dependerá justamente da capacidade das autoridades em implementar um ajuste fiscal que inclua medidas para assegurar a sustentabilidade do sistema de aposentadorias e nova onda de reformas estruturais.
Para a entidade, se as incertezas sobre futuras políticas forem resolvidas mais rapidamente e um consenso por reformas for alcançado, a confiança pode voltar rapidamente e o Brasil pode mesmo ter crescimento em 2017. Mas se o confronto político se aprofundar, pode empurrar a instabilidade também para 2018, dificultando ainda mais a adoção de reformas necessárias para o país retomar o crescimento econômico.
No momento, com mais contração da economia, a inflação vai continuar a cair e se aproximar da meta de 6,5%. A expectativa é de que a taxa Selic continuará em 14,25% até o fim do ano, mas ele vê espaço para levar a taxa a 12,75% até o fim de 2017.
Enquanto o déficit fiscal nominal está acima de 10% do PIB e o déficit primário superior 2%, a OCDE alerta que pode ocorrer mais quebra na arrecadação. Nota que a redução de isenções tributárias não foi completamente implementada. Destaca que os gastos continuam em tendência de alta, enquanto continua baixa a eficiência no uso do dinheiro público.
Estima que o Brasil tem um "colchão forte" de reservas internacionais de US$ 351 bilhões para enfrentar um retorno da volatilidade nos mercados com a normalização dos juros nos Estados Unidos. Porém, alerta que riscos adicionais podem vir do lado das empresas, onde os efeitos da profunda recessão "estão se tornando cada vez mais visíveis". Lembra que as falências estão aumentando entre empresas de todo tamanho e os calotes podem crescer.
A OCDE nota que no Brasil somente o crescimento das exportações continuam sólidas, graças a uma taxa de câmbio mais competitiva. As importações devem continuar caindo com a baixa da demanda doméstica.
Considera que maior desvalorização do real poderia ajudar exportadores, mas também causar dificuldades para as empresas endividadas, mesmo se quase metade do débito em moeda estrangeira tem " hedge" ou é sustentado por renda das exportações. Para a OCDE, uma maior desaceleração da China, destino para muitas commodities brasileiras, pode também reduzir o crescimento do Brasil.
Globalmente, a nova projeção da OCDE é mais pessimista do que as divulgadas por outras entidades internacionais. A expansão global só será de 3%, valor 0,3 ponto percentual menor que a projeção de fevereiro. Os Estados Unidos crescem 1,8% em vez dos 2,4% previstos antes. Mas a União Europeia e o Japão crescem ligeiramente mais que o previsto há dois meses.
A OCDE conclama as autoridades a agir rapidamente "para quebrar a armadilha do baixo crescimento". Insiste na importância de uso maior de política fiscal, ou seja, mais gastos públicos onde for possível, aproveitando inclusive as baixas taxas de juros nos países desenvolvidos. Nota que os empresários tem pouco incentivo para investir, diante da demanda insuficiente no mercado doméstico e na economia global.
Em termos per capita, o potencial das economias ricas para crescer foi cortado pela metade para menos de 1%, e a queda nos países emergentes é "dramaticamente similar". Com isso, serão necessários 70 anos, em vez de 35, para dobrar o padrão de vida.
Na avaliação da OCDE, a aprovação do Brexit, ou saída do Reino Unido da União Europeia (UE), enfraquecerá a demanda das economias do velho continente e afetará o resto do mundo, podendo reduzir em 0,6% o PIB do Brasil e das outras economias do Briics (Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul) em 2018. A entidade aponta como um dos maiores riscos geopolíticos atualmente um voto favorável ao Brexit pelos britânicos no referendo previsto para 23 de junho. "Resultaria em volatilidade adicional considerável nos mercados financeiros e um amplo período de incertezas sobre desenvolvimento futuro de políticas, com consequências negativas substanciais para a GrãBretanha, a UE e o resto do mundo", avalia entidade em relatório.
A economia brasileira deve encolher 4,3% este ano, a maior baixa entre as maiores economias, e a profunda recessão vai continuar também em 2017, projeta a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em relatório sobre as perspectivas econômicas globais que divulga hoje em Paris. Para a entidade, a enorme incerteza política e as revelações em curso de corrupção no Brasil estão minando a confiança dos consumidores e empresários e provocando a persistente contração da demanda doméstica.
As projeções são mais pessimistas que aquelas do Fundo Monetário Internacional (FMI), feitas em abril, que previam contração de 3,8% do PIB neste ano e variação zero em 2017. Nas duas previsões, o Brasil se destaca pelo pior desempenho entre as maiores economias do mundo. Somente a Rússia se aproxima um pouco, com contração de 1,7% este ano mas crescimento de 0,5% no ano que vem.
Por sua vez, outros emergentes continuam crescendo, como o México com 2,6%, a Colômbia com 2,4%, a Indonésia com 5,2%, a China com 6,5%, a Índia com 7,4% e a África do Sul com 0,7%.
"O panorama político tem um grande impacto no desempenho econômico, e o cenário político é muito difícil no Brasil, com muita incerteza e não temos ideia do que vai acontecer", afirma o economistachefe da divisão Brasil na OCDE, Jens Arnold.
Em relatório que coincide com a primeira participação do ministro José Serra num evento da entidade, em Paris, a OCDE avalia que as profundas divisões políticas afetam as chances de qualquer reforma no curto prazo no Brasil, enquanto a divida pública bruta continua crescendo. Para Arnold, o pacote já anunciado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é importante, mas a dúvida é sobre sua implementação. Ele estima que a melhora na confiança dependerá justamente da capacidade das autoridades em implementar um ajuste fiscal que inclua medidas para assegurar a sustentabilidade do sistema de aposentadorias e nova onda de reformas estruturais.
Para a entidade, se as incertezas sobre futuras políticas forem resolvidas mais rapidamente e um consenso por reformas for alcançado, a confiança pode voltar rapidamente e o Brasil pode mesmo ter crescimento em 2017. Mas se o confronto político se aprofundar, pode empurrar a instabilidade também para 2018, dificultando ainda mais a adoção de reformas necessárias para o país retomar o crescimento econômico.
No momento, com mais contração da economia, a inflação vai continuar a cair e se aproximar da meta de 6,5%. A expectativa é de que a taxa Selic continuará em 14,25% até o fim do ano, mas ele vê espaço para levar a taxa a 12,75% até o fim de 2017.
Enquanto o déficit fiscal nominal está acima de 10% do PIB e o déficit primário superior 2%, a OCDE alerta que pode ocorrer mais quebra na arrecadação. Nota que a redução de isenções tributárias não foi completamente implementada. Destaca que os gastos continuam em tendência de alta, enquanto continua baixa a eficiência no uso do dinheiro público.
Estima que o Brasil tem um "colchão forte" de reservas internacionais de US$ 351 bilhões para enfrentar um retorno da volatilidade nos mercados com a normalização dos juros nos Estados Unidos. Porém, alerta que riscos adicionais podem vir do lado das empresas, onde os efeitos da profunda recessão "estão se tornando cada vez mais visíveis". Lembra que as falências estão aumentando entre empresas de todo tamanho e os calotes podem crescer.
A OCDE nota que no Brasil somente o crescimento das exportações continuam sólidas, graças a uma taxa de câmbio mais competitiva. As importações devem continuar caindo com a baixa da demanda doméstica.
Considera que maior desvalorização do real poderia ajudar exportadores, mas também causar dificuldades para as empresas endividadas, mesmo se quase metade do débito em moeda estrangeira tem " hedge" ou é sustentado por renda das exportações. Para a OCDE, uma maior desaceleração da China, destino para muitas commodities brasileiras, pode também reduzir o crescimento do Brasil.
Globalmente, a nova projeção da OCDE é mais pessimista do que as divulgadas por outras entidades internacionais. A expansão global só será de 3%, valor 0,3 ponto percentual menor que a projeção de fevereiro. Os Estados Unidos crescem 1,8% em vez dos 2,4% previstos antes. Mas a União Europeia e o Japão crescem ligeiramente mais que o previsto há dois meses.
A OCDE conclama as autoridades a agir rapidamente "para quebrar a armadilha do baixo crescimento". Insiste na importância de uso maior de política fiscal, ou seja, mais gastos públicos onde for possível, aproveitando inclusive as baixas taxas de juros nos países desenvolvidos. Nota que os empresários tem pouco incentivo para investir, diante da demanda insuficiente no mercado doméstico e na economia global.
Em termos per capita, o potencial das economias ricas para crescer foi cortado pela metade para menos de 1%, e a queda nos países emergentes é "dramaticamente similar". Com isso, serão necessários 70 anos, em vez de 35, para dobrar o padrão de vida.
Na avaliação da OCDE, a aprovação do Brexit, ou saída do Reino Unido da União Europeia (UE), enfraquecerá a demanda das economias do velho continente e afetará o resto do mundo, podendo reduzir em 0,6% o PIB do Brasil e das outras economias do Briics (Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul) em 2018. A entidade aponta como um dos maiores riscos geopolíticos atualmente um voto favorável ao Brexit pelos britânicos no referendo previsto para 23 de junho. "Resultaria em volatilidade adicional considerável nos mercados financeiros e um amplo período de incertezas sobre desenvolvimento futuro de políticas, com consequências negativas substanciais para a GrãBretanha, a UE e o resto do mundo", avalia entidade em relatório.