Custo financeiro e perfil de risco
20/06/2019
Agronegócio
POR: Revista Canavieiros
* Oswaldo Junqueira Franco
Você certamente já sabe que “receita menos custo é igual ao lucro”. Dentre seus variados custos, podemos destacar dois grandes grupos: os custos operacionais e os custos financeiros.
Apesar de todo o sucesso e ganhos de produtividade ao longo dos últimos 40 anos, o Agronegócio vem assistindo a um aumento dos custos operacionais. Esses são imediatamente percebidos pelos produtores por estarem diretamente ligados à produção. Mas e os custos financeiros?
A principal fonte de recursos ao Agronegócio vinha sendo o “Crédito Rural”, que oferecia juros subsidiados pelo Tesouro Nacional para adequar custos financeiros a uma realidade de juros altos. Com que objetivo? Para garantir a produção de alimentos, que é estratégica e possui altos riscos intrínsecos de natureza climática, biológica e fisiológica que resultam em margens apertadas.
Nos últimos anos, observamos uma queda das taxas de juros, com a taxa Selic atualmente em 6.5% ao ano. Com isso, o “Crédito Rural” perdeu seu grande diferencial e atratividade. Além disso, temos hoje um cenário de contas públicas deterioradas, reduzindo a capacidade do governo de subsidiar o agronegócio.
Dentre as principais fontes de financiamento ao agronegócio, destacamos os bancos, as cooperativas (de produção e crédito), as tradings, e as companhias de fertilizantes e de defensivos. Desses agentes, os bancos são os de maior aversão ao risco, o que é natural, já que não atuam diretamente na cadeia produtiva do agronegócio. Após a crise de 2008, os bancos estão submetidos a muitas restrições regulatórias quanto às suas bases e uso de capital. Com a concentração bancária que tivemos no Brasil, essas instituições financeiras têm escolhido criteriosamente seus clientes.
Num setor onde poucos já se encontram suficientemente capacitados para acessar fontes alternativas de financiamentos, tais como os mercados de capitais e de private equity, o que o produtor pode fazer para ter acesso aos recursos necessários para aumentar a produtividade e entregar ao mundo a produção que ele demanda? A resposta é: melhorar o seu perfil de risco.
Melhores perfis de risco, conhecidos e classificados como rating ou score, reduzem o capital mínimo alocado nas operações de crédito. Portanto, para taxas iguais, o tomador de menor risco “consome” menos capital, resultando em um maior retorno para o emprestador, numa conta simples, de dividir a receita da operação pelo capital.
Portanto, em um cenário de competição dos bancos pelos melhores clientes, ao melhorar seu perfil de risco você abre espaço para negociar taxas mais baixas. A curto prazo, isso melhora sua relação com os seus atuais financiadores. E, a longo prazo, irá capacitá-lo para acessar outras fontes de recursos, a custos adequados e necessários a uma maior eficiência na sua atividade.
*Oswaldo Junqueira Franco é economista pela FEARP-USP, MBA em Finanças Corporativas pelo IBMEC e atua como consultor de gestão especializado no Agronegócio