Custos mais altos ameaçam maior rentabilidade da safra 2016/17

29/02/2016 Cana-de-Açúcar POR: Celso Torquato Junqueira Franco é presidente da UDOP
A safra 2016/17 de cana-de-açúcar deve começar a ser colhida mais cedo nesta temporada. Os analistas ainda discutem se esta será ou não a temporada da virada para o setor sucroenergético, uma vez que é esperada uma moagem maior que a comparada com a safra passada, e uma possível melhor rentabilidade, tanto no etanol como do açúcar. Todavia, acredito que a propalada melhor remuneração esbarra em alguns fatores:
Os custos mais elevados de alguns insumos usados pela cadeia sucroenergética, principalmente, os insumos agrícolas atrelados ao dólar, devem ameaçar a melhor remuneração do setor.
É fato que devemos ter uma remuneração um pouco melhor para o açúcar e para o etanol, porém, tivemos alguns insumos que apresentaram reajustes superiores a 100%, o que vai forçar muitas unidades a adequarem seus processos visando a otimização de seus custos e um eventual aumento na rentabilidade.
Outro fator relevante para uma virada de mesa do setor, que não deve ocorrer ainda nesta safra, é que algumas usinas com maior nível de endividamento têm pesado comprometimento na geração de caixa, agravada pela alta da taxa de juros internos e pela correção da taxa de câmbio.
Assim, não vejo esta temporada como a safra em que vamos assistir à uma redução drástica de endividamento e retomada de novos investimentos. No máximo, o que podemos assistir é algumas unidades pensando em aquisições de algumas operações, mas não na construção de novas plantas.
Já em termos de rendimento agrícola devemos esperar uma melhora. Contando com o benefício do clima, as usinas esperam uma boa oferta de cana para a safra 2016/17. Assim, a maior parte das unidades anteciparam a data de início de safra, algumas para o mês de março e o restante para início de abril. Com mais dias de processamento, o setor terá maior capacidade de processamento de cana em relação à safra 2015/16.
O clima em 2015 foi bastante favorável, as canas brotaram muito bem, apesar de algumas regiões apresentarem comprometimento no trato cultural ou no volume de plantio, mas nossa expectativa é de que sejam processadas, ao menos, 620 milhões de toneladas na região Centro/Sul do Brasil na safra 16/17.
O canavial mais velho, em decorrência de uma redução nas reformas de algumas áreas, ocasionado pela falta de dinheiro, foi compensado, de certa forma, pelas chuvas favoráveis e nem mesmo o sacrifício de algumas áreas, com pisoteio de soqueira pela mecanização pesada na última temporada, mais úmida, deve derrubar as produtividades.
Na minha visão, o que vai determinar o volume de cana a ser processado nesta próxima safra será o limite operacional das indústrias, que obviamente é influenciado pelo clima. Se tivermos um ano mais chuvoso, como parece que promete pelo menos no primeiro semestre, pode haver um prejuízo no processamento, e aí a safra se estender até dezembro e até sobrar cana novamente, mas ao que tudo indica, nós devemos ter um ano melhor do que no ano passado no geral em termos de chuva.
Outra questão comumente levantada pela mídia é o fato desta nova safra ser mais açucareira que a anterior. Mas este ponto também merece uma reflexão.
A safra 2015/16 foi uma safra alcooleira, o máximo de etanol possível de se produzir foi feito. Em 2016, acredito que teremos uma provável migração desse volume adicional para o açúcar, uma vez que o mercado externo está com um pequeno déficit mundial e o Brasil deve ser o responsável por cobrir esse déficit. Mas é um volume não muito grande, devido aos elevados estoques mundiais de açúcar, o que fará com que tenhamos, uma vez mais, uma safra mais alcooleira que açucareira.
A tendência do setor, no entanto, é continuar suprindo o mercado interno de etanol anidro, de etanol hidratado e cobrir as oportunidades de crescimento do mercado mundial do açúcar.
A safra 2016/17 de cana-de-açúcar deve começar a ser colhida mais cedo nesta temporada. Os analistas ainda discutem se esta será ou não a temporada da virada para o setor sucroenergético, uma vez que é esperada uma moagem maior que a comparada com a safra passada, e uma possível melhor rentabilidade, tanto no etanol como do açúcar. Todavia, acredito que a propalada melhor remuneração esbarra em alguns fatores:

Os custos mais elevados de alguns insumos usados pela cadeia sucroenergética, principalmente, os insumos agrícolas atrelados ao dólar, devem ameaçar a melhor remuneração do setor.
É fato que devemos ter uma remuneração um pouco melhor para o açúcar e para o etanol, porém, tivemos alguns insumos que apresentaram reajustes superiores a 100%, o que vai forçar muitas unidades a adequarem seus processos visando a otimização de seus custos e um eventual aumento na rentabilidade.
Outro fator relevante para uma virada de mesa do setor, que não deve ocorrer ainda nesta safra, é que algumas usinas com maior nível de endividamento têm pesado comprometimento na geração de caixa, agravada pela alta da taxa de juros internos e pela correção da taxa de câmbio.
Assim, não vejo esta temporada como a safra em que vamos assistir à uma redução drástica de endividamento e retomada de novos investimentos. No máximo, o que podemos assistir é algumas unidades pensando em aquisições de algumas operações, mas não na construção de novas plantas.
Já em termos de rendimento agrícola devemos esperar uma melhora. Contando com o benefício do clima, as usinas esperam uma boa oferta de cana para a safra 2016/17. Assim, a maior parte das unidades anteciparam a data de início de safra, algumas para o mês de março e o restante para início de abril. Com mais dias de processamento, o setor terá maior capacidade de processamento de cana em relação à safra 2015/16.
O clima em 2015 foi bastante favorável, as canas brotaram muito bem, apesar de algumas regiões apresentarem comprometimento no trato cultural ou no volume de plantio, mas nossa expectativa é de que sejam processadas, ao menos, 620 milhões de toneladas na região Centro/Sul do Brasil na safra 16/17.
O canavial mais velho, em decorrência de uma redução nas reformas de algumas áreas, ocasionado pela falta de dinheiro, foi compensado, de certa forma, pelas chuvas favoráveis e nem mesmo o sacrifício de algumas áreas, com pisoteio de soqueira pela mecanização pesada na última temporada, mais úmida, deve derrubar as produtividades.
Na minha visão, o que vai determinar o volume de cana a ser processado nesta próxima safra será o limite operacional das indústrias, que obviamente é influenciado pelo clima. Se tivermos um ano mais chuvoso, como parece que promete pelo menos no primeiro semestre, pode haver um prejuízo no processamento, e aí a safra se estender até dezembro e até sobrar cana novamente, mas ao que tudo indica, nós devemos ter um ano melhor do que no ano passado no geral em termos de chuva.

Outra questão comumente levantada pela mídia é o fato desta nova safra ser mais açucareira que a anterior. Mas este ponto também merece uma reflexão.

 
A safra 2015/16 foi uma safra alcooleira, o máximo de etanol possível de se produzir foi feito. Em 2016, acredito que teremos uma provável migração desse volume adicional para o açúcar, uma vez que o mercado externo está com um pequeno déficit mundial e o Brasil deve ser o responsável por cobrir esse déficit. Mas é um volume não muito grande, devido aos elevados estoques mundiais de açúcar, o que fará com que tenhamos, uma vez mais, uma safra mais alcooleira que açucareira.
A tendência do setor, no entanto, é continuar suprindo o mercado interno de etanol anidro, de etanol hidratado e cobrir as oportunidades de crescimento do mercado mundial do açúcar.