Da Rússia, da Ucrânia e do Agronegócio do Brasil

10/03/2022 Colunista POR: José Mario Paro - produtor rural


José Mario Paro - produtor rural

 

Venho acompanhando com interesse o atual conflito na Europa, envolvendo Rússia e Ucrânia, importantes produtores de grãos.
Por serem potenciais concorrentes do nosso agronegócio, creio ser do interesse dos produtores conhecer a evolução deste enfrentamento.
Em razão disto, compartilho um resumo das informações a que tenho tido acesso.

Ucrânia - país da Europa Oriental com território de 603.548 km², correspondentes a 66,3548 milhões de hectares, com 44,113 milhões de habitantes.
Sua capital Kiev está distante 11.000km da cidade de São Paulo.
Para efeito de comparação: o Brasil tem 8,5 milhões de km² de território, equivalentes a 850 milhões de hectares e 210 milhões de habitantes. Um km² corresponde a 100 hectares.
A Ucrânia dispõe de duas situações excepcionais, que a distinguem  dos demais países da Europa: posição geográfica estratégica, especialmente para a Rússia e extensas áreas planas, de solo escuro, ricos em matéria orgânica e de alta fertilidade, sendo há muito considerada o celeiro da Europa.
Sua agricultura vem sendo modernizada e hoje produz e exporta trigo, milho, girassol, cevada, aveia, centeio. Vem expandindo o plantio de soja.
É o 4º maior exportador mundial de milho, atrás dos Estados Unidos, Brasil e Argentina e responde por praticamente 50% da produção mundial de óleo de girassol.

Rússia - tem a maior extensão de terras do planeta: 17,130 milhoes de km² correspondentes a 1,713 bilhões de hectares, com população de 144,10 milhões de habitantes.
É grande exportadora de fosfato e potássio, dos quais somos importadores.
Tem modernizado sua agricultura e pecuária, já alcançando a autossuficiência em proteínas animais.
É exportadora de trigo e tem aumentado o plantio de soja.
Vale ressaltar que a situação que vem ocorrendo na Rússia diz muito sobre o meio ambiente do planeta: devido ao aquecimento global, o gelo das regiões da  Sibéria vem recuando em direção ao Ártico, liberando novas áreas agricultáveis que permitirão aumentar a produção de alimentos.

Conclusão - independentemente do resultado do conflito em que estão envolvidas, teremos na Ucrânia e na Rússia potenciais concorrentes ao nosso agronegócio, em especial na soja, milho e proteína animais.
A política de exportação destes dois países está voltada para a China, Oriente Médio e países Árabes, que não por acaso, são grandes importadores do nosso agronegócio.
Atualmente competimos com os Estados Unidos e Argentina. Estaremos preparados para enfrentar estes dois novos concorrentes, que merecem respeito!
Esta é uma questão a ser resolvida num futuro próximo.