De Olho no Material Escolar: O projeto ganhando forças

21/01/2021 Agricultura POR: Fernanda Clariano

A movimentação de lideranças do agro

É de suma importância que os professores contem para as futuras gerações a verdadeira história do desenvolvimento brasileiro no qual o agro é fundamental, que o material oferecido a eles como bagagem contenha informações pautadas em fatos e não em mitos. E é esse o objetivo dos pais envolvidos no grupo “De Olho no Material Escolar”, que cada vez mais vem ganhando forças e contando com o apoio de lideranças do setor, como o professor e produtor rural Xico Graziano. “Conheci algumas mães agricultoras da região de Barretos no interior de São Paulo e elas estavam se reunindo com um grupo de dirigentes e professoras das escolas dos seus filhos porque percebiam uma deformação no ensino. O que as crianças de 7/8 anos de idade estavam aprendendo nas salas de aula não condizia com a realidade da agricultura. Analisei as apostilas e achei impressionante, pois apresentam um conteúdo que nada tem a ver, era muito passado, falando dos escravos, não conta nada do presente. Um livro didático carregado de um peso histórico, de uma ideia preconceituosa contra o produtor rural. A partir disso gravei um vídeo que rodou o Brasil e passei a receber apostilas de vários colégios”.

De acordo com Graziano, o material didático analisado por ele apresentava inverdades sobre o agro que são repassadas em sala de aula para as crianças. “Existem problemas na agricultura e na história, mas dar aula hoje sobre o passado e não dizer que é o agronegócio do Brasil que está alimentando o povo, que as pessoas vivem melhor, vivem mais, é uma grande injustiça. Por que isso não está escrito nas apostilas? Por que só falam mal e propagam as mazelas, não mostram as virtudes do agro? Precisamos nos unir e lutar contra essa desinformação. Estão doutrinando as crianças com as mazelas do campo. Não podemos aceitar isso e temos que reagir”.

Graziano se juntou ao professor de agronegócios da FGV, Marcos Fava Neves, e os dois estão focados neste assunto. Juntos estão produzindo um texto com contribuições para o material didático das escolas. “A intenção é entrarmos nesse jogo da informação e oferecer também um conteúdo mostrando que existem atualmente temas importantíssimos como, por exemplo, a agricultura 4.0; a agricultura altamente tecnológica; a utilização de drones na agricultura, que é algo atual e que certamente interessaria às crianças.

Graziano: “A pior praga do agronegócio é a desinformação”

Mostrar como as máquinas funcionam na agricultura do Brasil e do mundo, ao invés de ficar contando sobre o latifúndio do passado, transmitir para as crianças o que é o agro tecnológico, que é o agro hoje que alimenta bilhões de pessoas pelo mundo afora. Queremos oferecer também material didático para que elas possam entender a realidade do setor”.    

 “Me senti incomodado com algumas partes das apostilas dos materiais didáticos que são usados com as crianças e jovens do ensino médio e estou envolvido nesse assunto porque já há algum tempo isso vem me incomodando. Eu acho que é preciso ter mais proximidade, convidar  as classes e os professores, principalmente de história, geografia e filosofia, para visitarem as empresas, ter maior disseminação de palestras nas escolas, ministradas por pessoas envolvidas no agro, e a revisão imediata desses materiais, baseada em quatro pontos importantes: não pode haver generalizações; coisas antigas; ideologia porque o ensino é ciência, e trazer respeito para essa que é a atividade mais importante da sociedade brasileira, que tem a admiração mundial, a produção sustentável de alimentos”, pontuou Fava Neves.

Fava Neves: “É preciso haver mais proximidade de representantes do agro na educação”

O ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, considera inaceitável a maneira ideológica como o agro é tratado nesses livros didáticos. “A agricultura e a pecuária são fontes de renda, e meio de vida para milhões de pequenos produtores assentados, além disso, a agricultura e a pecuária pagam tributos, geram divisas para o Brasil e isso é inaceitável.  A ideologia do Brasil tem que ser uma só, a ideologia do desenvolvimento. Recebi de um grupo de mães um conteúdo de material didático que está sendo distribuído nas escolas.

O material gerou indignação nestas mães porque, sinceramente, é inaceitável, por vim carregado de inverdades e injustiças. O material didático entregue nas escolas associa a agricultura e a pecuária no Brasil a tudo quanto é mazela, desmatamento, queimada das florestas, trabalho escravo, perseguição ao índio. O conteúdo didático no Brasil tem que dar importância à nossa agricultura, apontar os seus erros e as suas falhas sim, mas tem que exaltar o papel dela no passado, no presente e o que ela pode garantir no futuro. O Ministério da Agricultura, o próprio governo, tem que bater firme nisso, tirar esses livros de circulação. Não podemos permitir que as nossas crianças tenham um ensino onde começam a aprender e ter entendimento das coisas criminalizando o setor que salva e vai salvar o Brasil daqui para frente. Precisa de ação e não de discursos”, comentou Rebelo.

Rebelo “O conteúdo didático no Brasil tem que exaltar a nossa agricultura”