De saída da bolsa, Tereos estuda opções para financiar atividades

19/08/2016 Geral POR: Valor
No relatório divulgado em agosto, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a produção norte-americana em 384,92 milhões de toneladas de milho em 2016/2017.
O volume é maior que as 369,33 milhões de toneladas estimadas anteriormente (julho).
Em relação à safra passada, quando foram colhidas 345,49 milhões de toneladas, a produção este ano deverá ser 11,4% maior. São 39,43 milhões de toneladas a mais.
Segundo o USDA, 74,0% das lavouras estão em condições ótimas ou excelentes, 19,0% em condições medianas e 7,0% em condições ruins. O clima foi favorável nas últimas semanas.
A situação está melhor que na safra passada, quando neste momento 69,0% das lavouras estavam em condições ótimas ou excelentes, 21,0% em condições medianas e 10,0% em condições ruins.
As revisões para cima das produções norte-americanas e dos estoques mundiais em 2016/2017 pressionaram para baixo os preços no mercado internacional.
Daqui para frente, as atenções continuam voltadas ao clima nos Estados Unidos. As previsões indicam possibilidade de chuvas acima da média em importantes regiões produtoras do país.
Às vésperas de concretizar sua despedida da BM&FBovespa, a sucroalcooleira Tereos, terceira maior produtora de açúcar do Brasil, busca agora alternativas para financiar suas atividades. Em entrevista ao Valor, Jacyr Costa Filho, diretor da Região Brasil da Tereos, afirmou que entre as opções estão o mercado de dívida, além da própria geração de caixa a partir da otimização das operações da empresa.
Segundo o executivo, o baixo nível de liquidez que as ações da Tereos vinham apresentando na bolsa em 2015, que levou os papéis a serem negociados abaixo de R$ 1, inibia a captação no mercado de capitais. Atualmente, 30% do capital da companhia é aberto. 
O grupo francês já lançou mão em junho de uma emissão de sênior notes na Europa que foi considerada um sucesso, segundo Costa, uma vez que o interesse foi quatro vezes superior ao volume de recursos captado, de € 400 milhões. "Ainda não está nos planos fazer uma nova emissão, mas nada impede que isso possa voltar a ocorrer", afirmou. 
A aposta mais forte, porém, é na própria otimização do desempenho operacional, que já vem gerando caixa para a companhia, segundo Costa Filho. As receitas obtidas com os negócios de açúcar, etanol e amido ao redor do mundo também devem ser utilizadas para continuar desalavancando a empresa. "Estamos esperando uma forte geração de caixa para reduzir o endividamento", previu. 
No primeiro trimestre da safra 2016/17, a Tereos Internacional registrou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 368 milhões, quase duas vezes a mais do que no mesmo período da safra passada, e uma margem Ebitda de 15%, ante 6,3% no mesmo período da última temporada. Diante dessa melhora, a companhia saiu de um prejuízo de R$ 222 milhões no primeiro trimestre da safra passada para um lucro líquido de R$ 38 milhões no primeiro trimestre da safra atual. 
Segundo Costa, o ganho de margem reflete um plano de reestruturação que a Tereos tem implementado em seu negócio de amidos na Europa, com fusão de algumas atividades com as operações de açúcar e etanol, o que tem gerado "forte redução de custo". 
No Brasil, a companhia também planeja implementar um plano de ajustes semelhante. O executivo não divulgou metas, mas garantiu que há projetos em estudo "para melhorar a produtividade e maximizar a receita que envolvem maior flexibilidade operacional". 
Outra estratégia para ampliar os ganhos no país é sustentar sua posição no mercado interno, para onde é vendido 45% do açúcar produzido pela Tereos. "Se mantivermos o volume vendido aqui no país já é importante, porque o mercado industrial tem sofrido", afirmou.
Por Camila Souza Ramos