Debate sobre as inovações no setor sucroenergético e visita guiada marcaram a Fenasucro & Agrocana 2022

23/09/2022 Noticias POR: FERNANDA CLARIANO

Tempos Modernos - das inovações do canavial aos novos produtos da Cana – foi o debatido na Fenasucro & Agrocana


O debate foi mediado pela jornalista, editora da CanaOnline e criadora do Encontro Cana Substantivo Feminino e contou com a participação de Octavio Valsechi (professor na UFSCar e Coordenador do curso de Pós-graduação em Gestão do Setor Sucroenergético – MTA); Patrícia Marta Matarazzo (produtora de laranja e cana-de-açúcar); Amanda Cardoso Lima (gerente Industrial da Raízen - Unidade Rafard); Márcia Viotto Gonçalves (supervisora de Geotecnologias da Cocal); Sérgio Quassi de Castro (produtor e pesquisador); Inês Janegtiz (mestre na área agrícola canavieira);Norberto Bellodi (ex-diretor superintendente da Usina Santa Adélia – atual integrante do Conselho Administrativo da empresa) e Raffaella Rossetto – (pesquisadora científica do IAC)

 

No dia 16 de agosto, a CanaOnline, juntamente com o Cana Substantivo Feminino, realizou o encontro “Tempos modernos – das inovações do canavial aos novos produtos da cana” e reuniu no auditório Zanini, pesquisadores e profissionais de usina para debater as inovações agrícolas, industriais e administrativas que compõe a nova realidade do setor sucroenergético nacional como novo manejo nutricional, variedades mais modernas e responsivas, irrigação, máquinas automatizadas, drones sobrevoando os canaviais, aperfeiçoamento do manejo biológico, softwares e geotecnologias no suporte da gestão, modernização dos processos industriais, diversificação de produtos, ganhos com a descarbonização da produção, ESG, certificações, maior participação feminina e valorização dos colaboradores. O evento integrou a programação oficial da Fenasucro & Agrocana.

Na abertura do encontro, a Pesquisadora Científica do IAC (Instituto Agronômico) e chefe do Núcleo de Pesquisa de Jaú do IAC, Raffaella Rossetto, falou sobre a importância de tratar os solos das propriedades rurais como patrimônios, pois serão eles os grandes responsáveis pelo sucesso ou derrocada da cultura ali implantada. “Temos que ter o máximo de cuidado com nossos solos, recuperando-os quando estão depauperados, e melhorando-os sempre que possível.” Segundo ela, o setor copiou modelos europeus de preparo de solo, quando na verdade precisaria criar suas próprias formas de trabalho, uma vez que as condições locais diferem das encontradas no velho continente.

Em suas 35 unidades espalhadas por São Paulo, Minas G erais, Goiás e M ato G rosso, a R aízen produz muito mais do que açúcar e etanol. Segundo a gerente Industrial da Unidade Rafard, Amanda Cardoso Lima, a economia circular adotada já permite que os resíduos dos processos (torta de filtro, vinhaça, palha e bagaço) se tornem insumos para a produção de novos produtos, como etanol de segunda geração (E2G), biogás, biometano e bioeletricidade. “Nada mais é desperdiçado”, afirmou.

Ainda durante sua fala, Amanda comentou os planos de expansão da Raízen para os próximos anos. Até 2024, a companhia espera estar com quatro plantas de E2G em operação nas seguintes unidades: Costa Pinto (já inaugurada), Bonfim (Guariba/SP), Barra Bonita (Barra Bonita/SP) e Univalem (Valparaíso/SP). A capacidade de cada nova planta será de 82 milhões de litros. “Lembrando que essa produção extra de etanol será possível sem que seja necessário plantar um hectare a mais de cana-de-açúcar, pois utilizaremos o bagaço para produção do biocombustível.” Já a vinhaça e a torta de filtro - muito utilizadas para fertirrigar e adubar os canaviais, respectivamente – agora são matérias-primas para a geração de bioeletricidade e também de biometano, um gás renovável que serve como substituto do gás natural, diesel ou gás liquefeito de petróleo (GLP), com potencial para reduzir em mais de 90% as emissões diretas de gases de efeito estufa.


Amanda: “A Raízen não possui mais usinas, mas bioparques de energia”

 


Bellodi: “A biorrefinaria vai existir, e o mundo precisa dela”

 

Já o ex-diretor superintendente da Usina Santa Adélia e atual integrante do Conselho Administrativo da empresa, Norberto Bellodi, comentou na ocasião que na década de 1970, parecia um sonho produzir mais do que apenas açúcar e etanol a partir da cana. Cinquenta anos depois, já é possível afirmar que esse sonho virou realidade. “Hoje já vemos o biogás avançando com rentabilidade. A Raízen está investindo no Etanol de Segunda Geração (E2G) e no biometano. Sem falar da bioeletricidade que já se tornou um produto fixo do portfólio da maioria das unidades sucroenergéticas. É a biorrefinaria muito mais próxima de nós”. Após o debate, os participantes visitaram a feira com paradas em alguns estandes exemplificando tecnologias dirigidas ao setor. Na ocasião visitaram o estande da Copercana.