Defasagem da gasolina deixa rombo de US$ 22 bi
17/10/2014
Combustível
POR: Mauro Zafalon – Folha de São Paulo
Uma das necessidades do setor sucroalcooleiro era uma correção dos preços internos da gasolina com base nos do petróleo comercializado no mercado externo.
Os valores internos de negociações da gasolina vinham com uma defasagem de preços em relação aos externos desde 2011, quando o governo decidiu pelo fim da paridade dos preços praticados internamente com os externos.
A queda do petróleo no exterior praticamente elimina a necessidade desse ajuste, por ora, mas o estrago na caixa da Petrobras e dos produtores foi grande desde o período em que o governo adotou essa política.
A perda potencial de receitas da Petrobras, devido à não atualização dessa paridade, é estimada em US$ 12 bilhões pelo mercado, considerado o mês de agosto de 2011, quando terminou essa equivalência, até igual período deste ano.
A perda foi de US$ 0,10 por litro, atingindo R$ 0,20, com base em um câmbio médio de R$ 2,00 para o período.
Essas perdas se estenderam também para o etanol, cujas receitas ficaram ainda menores devido à retirada de R$ 0,28 por litro da Cide.
O resultado foi que a soma das perdas potenciais do etanol hidratado e do anidro ficou próxima de US$ 9,9 bilhões – R$ 19,8 bilhões.
Os preços artificiais da gasolina inibem uma recuperação das margens do etanol, que só passa a ser atrativo quando inferior a 70% do derivado de petróleo.
A Petrobras terá um alívio com o fim desse descasamento dos preços internos e externos, mas o setor sucroalcooleiro continuará penalizado, ainda, pela retirada dos R$ 0,28 por litro da Cide.
O barril de petróleo tipo Brent foi negociado nesta quinta-feira (16) a US$ 85,82, com alta de 2% em relação ao dia anterior, quando considerado o contrato de dezembro.
Esse valor registra queda, no entanto, de 23% ante outubro de 2013. Já o contrato de novembro do petróleo negociado em Nova York esteve em US$ 82,70 por barril, com alta de 1% no dia, mas queda acumulada de 17% em 12 meses.