A persistência do baixo nível dos reservatórios está arranhando os resultados até mesmo de companhias que vinham registrando ganhos com a venda de energia no mercado de curto prazo, a preços bastante elevados. A Cesp, que vinha faturando alto com essa estratégia, viu seu lucro cair 88% no primeiro trimestre em relação a um ano antes, para R$ 104,1 milhões, de acordo com balanço publicado na noite de sextafeira.
A receita líquida da estatal paulista caiu pela metade no período, para R$ 779,6 milhões. O tombo foi causado principalmente pela redução na energia vendida no âmbito da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) que concentra as liquidações no mercado spot. Essa rubrica, que tinha garantido faturamento líquido de R$ 875,6 milhões no começo do ano passado, rendeu apenas R$ 36,3 milhões entre janeiro e março deste ano.
O problema foi o déficit de geração hídrica, o chamado GSF sigla que tem assombrado os geradores desde o ano passado. Pelas regras atuais do setor, a diferença entre a garantia física das usinas e a energia efetivamente despachada é rateada entre todos os componentes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), mediante compras de energia no mercado de curto prazo. Tratase de uma espécie de condomínio para dividir os riscos hidrológicos de cada projeto.
Com a falta de chuvas, no entanto, esse risco, que era desprezível quando se observava todo o sistema, passou a causar estragos. A diferença entre a garantia física das usinas e a energia produzida passou de 3,9% no primeiro trimestre de 2014 para expressivos 21,7% no começo deste ano. Assim, mesmo com energia disponível para vender, a Cesp conseguiu apenas compensar em parte o rombo causado pelo risco hidrológico.
De acordo com a companhia, a produção de energia elétrica nas cinco usinas que ainda estão sob sua concessão caiu 21,7% em relação aos três primeiros meses de 2014, para 7,1 mil gigawattshora (MWh). O volume gerado ficou 10,6% abaixo da garantia física dos projetos. "A produção atende ao comando do Operador Nacional do Sistema (ONS) e refletiu a decisão de reduzir a geração hidráulica como forma de proteção dos níveis dos
reservatórios", disse a direção da Cesp no relatório que acompanha as demonstrações financeiras.
A Copel, por outro lado, ainda se beneficiou da energia não contratada junto a distribuidoras e disponível para a venda no mercado de curto prazo. A estatal paranaense encerrou o primeiro trimestre com lucro de R$ 470 milhões, com queda de 19,4% na comparação anual. Apesar do recuo, o resultado surpreendeu positivamente o
mercado, por conta da estratégia de alocação de energia. Mesmo com o déficit de geração elevado do sistema, as vendas líquidas na CCEE somaram R$ 994,1 milhões, alta de 32,4% na comparação anual.
Além disso, a empresa de beneficiou da venda de energia da usina termelétrica de Araucária, que vem sendo acionada em período integral em meio à crise hídrica que atinge o país. Refletindo o balanço, as ações preferenciais classe B (PNB, sem direito a voto) da estatal paranaense tiveram forte alta de 3,79% no pregão de sextafeira, cotadas a R$ 34,77. O Credit Suisse elevou a recomendação dos papéis de "venda" para "manutenção".
O impacto distinto do déficit hídrico sobre o balanço das geradoras é uma das principais razões pelas quais o setor não entra em acordo sobre uma proposta conjunta junto ao governo para tentar resolver a questão. Enquanto aquelas que estão completamente contratadas junto as distribuidoras registram perdas, algumas, com energia disponível para vender, ainda tem ganhos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) disse que encaminhará proposta até o fim do mês.
No ano passado, o setor de geração como um todo gastou cerca de R$ 20 bilhões para cobrir a falta de energia em relação às garantias da ordem de 10%. Para este ano, a expectativa é que déficit chegue a 20% e os gastos bilionários se repitam, mesmo com a redução no teto do preço do mercado de curto prazo.
A persistência do baixo nível dos reservatórios está arranhando os resultados até mesmo de companhias que vinham registrando ganhos com a venda de energia no mercado de curto prazo, a preços bastante elevados. A Cesp, que vinha faturando alto com essa estratégia, viu seu lucro cair 88% no primeiro trimestre em relação a um ano antes, para R$ 104,1 milhões, de acordo com balanço publicado na noite de sextafeira.
A receita líquida da estatal paulista caiu pela metade no período, para R$ 779,6 milhões. O tombo foi causado principalmente pela redução na energia vendida no âmbito da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) que concentra as liquidações no mercado spot. Essa rubrica, que tinha garantido faturamento líquido de R$ 875,6 milhões no começo do ano passado, rendeu apenas R$ 36,3 milhões entre janeiro e março deste ano.
O problema foi o déficit de geração hídrica, o chamado GSF sigla que tem assombrado os geradores desde o ano passado. Pelas regras atuais do setor, a diferença entre a garantia física das usinas e a energia efetivamente despachada é rateada entre todos os componentes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), mediante compras de energia no mercado de curto prazo. Tratase de uma espécie de condomínio para dividir os riscos hidrológicos de cada projeto.
Com a falta de chuvas, no entanto, esse risco, que era desprezível quando se observava todo o sistema, passou a causar estragos. A diferença entre a garantia física das usinas e a energia produzida passou de 3,9% no primeiro trimestre de 2014 para expressivos 21,7% no começo deste ano. Assim, mesmo com energia disponível para vender, a Cesp conseguiu apenas compensar em parte o rombo causado pelo risco hidrológico.
De acordo com a companhia, a produção de energia elétrica nas cinco usinas que ainda estão sob sua concessão caiu 21,7% em relação aos três primeiros meses de 2014, para 7,1 mil gigawattshora (MWh). O volume gerado ficou 10,6% abaixo da garantia física dos projetos. "A produção atende ao comando do Operador Nacional do Sistema (ONS) e refletiu a decisão de reduzir a geração hidráulica como forma de proteção dos níveis dos
reservatórios", disse a direção da Cesp no relatório que acompanha as demonstrações financeiras.
A Copel, por outro lado, ainda se beneficiou da energia não contratada junto a distribuidoras e disponível para a venda no mercado de curto prazo. A estatal paranaense encerrou o primeiro trimestre com lucro de R$ 470 milhões, com queda de 19,4% na comparação anual. Apesar do recuo, o resultado surpreendeu positivamente o
mercado, por conta da estratégia de alocação de energia. Mesmo com o déficit de geração elevado do sistema, as vendas líquidas na CCEE somaram R$ 994,1 milhões, alta de 32,4% na comparação anual.
Além disso, a empresa de beneficiou da venda de energia da usina termelétrica de Araucária, que vem sendo acionada em período integral em meio à crise hídrica que atinge o país. Refletindo o balanço, as ações preferenciais classe B (PNB, sem direito a voto) da estatal paranaense tiveram forte alta de 3,79% no pregão de sextafeira, cotadas a R$ 34,77. O Credit Suisse elevou a recomendação dos papéis de "venda" para "manutenção".
O impacto distinto do déficit hídrico sobre o balanço das geradoras é uma das principais razões pelas quais o setor não entra em acordo sobre uma proposta conjunta junto ao governo para tentar resolver a questão. Enquanto aquelas que estão completamente contratadas junto as distribuidoras registram perdas, algumas, com energia disponível para vender, ainda tem ganhos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) disse que encaminhará proposta até o fim do mês.
No ano passado, o setor de geração como um todo gastou cerca de R$ 20 bilhões para cobrir a falta de energia em relação às garantias da ordem de 10%. Para este ano, a expectativa é que déficit chegue a 20% e os gastos bilionários se repitam, mesmo com a redução no teto do preço do mercado de curto prazo.