Depois não fala que eu não avisei...

03/07/2015 Cana-de-Açúcar POR: Antonio Cesar Salibe, presidente executivo da UDOP – Revista Canavieiros – edição 109
Muito se tem discutido sobre o futuro dos combustíveis líquidos e como as economias e os países de todo o mundo estão trabalhando suas estratégias para médio e longo prazos no que tange ao energético que movimentará o futuro próximo, e sua garantia de suprimento. Recordo-me, por exemplo, da apresentação de um representante do MME (Ministério de Minas e Energia) durante o Ethanol Summit de 2013, há exatos dois anos, com o tema “Viabilizando o crescimento: medidas de longo prazo para o setor sucroenergético”.
Na oportunidade, este representante do MME destacou ao público perplexo de empresários do setor que para 2022 o governo trabalhava com a ideia de crescimento de gasolina importada para atender à demanda crescente de veículos no País, de 3,4 bilhões de litros que eram importados em 2013, para 23,5 bilhões de litros em 2022, um salto próximo a sete vezes o que o País já importava do derivado do petróleo. 
Ao final da apresentação, esse mesmo executivo demonstrava ainda que o atendimento dessa demanda crescente, que poderia chegar a 30 bilhões de litros em 2022, se somada ao crescimento projetado da produção de etanol, seria suprido pelo combustível que representasse uma melhor economicidade.
Passados dois anos desse prognóstico, hoje percebemos muito bem que os números reescalonados dessa equação mostram que os impactos da recessão porque passa o Brasil interferiram diretamente no futuro dos combustíveis do ciclo Otto. O próprio MME já trabalha com projeções de 26 bilhões de litros de gasolina equivalente, conforme apresentação recente do ministro Eduardo Braga.
O grande problema é que em 2013, enquanto o governo deixava em branco qual seria o combustível que preencheria essa “nova” demanda, hoje já há uma certeza: o etanol, na atual condição de crise, não conseguirá atender a esta nova demanda e a produção de gasolina, talvez por erro de estratégia do próprio governo, está estagnada há anos. Então, pergunto: será que estamos preparados para importar até 2022 o equivalente a mais de 20 bilhões de litros de gasolina, fora o que já importamos hoje? Vou além: quanto vai custar à balança comercial do País a importação desse combustível? E quem vai pagar por ele?
Numa análise até mais aprofundada, podemos questionar, inclusive, se o Brasil está preparado para receber essa gasolina e fazê-la chegar aos centros de distribuição e consumo. Temos portos suficientes para essa demanda? 
Dutos e ferrovias ociosas ou em construção, para levar este combustível dos portos aos centros de distribuição, ou ainda rodovias preparadas para um fluxo crescente de caminhões-tanque necessários para esse escoamento? 
Quando defendemos que energia é estratégica, é disso que estamos falando. Num país sério, as decisões sobre energia são estrategicamente colocadas em pauta e a história recente já nos mostrou como este ponto faz toda a diferença.
Não distante me recordo também quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a inauguração da usina de biodiesel do Grupo Bertin, na cidade paulista de Lins, exaltava a tecnologia de ponta da Petrobras, que tinha capacidade de buscar petróleo numa profundidade tão grande que ele temia que qualquer dia junto à broca trariam um “japonesinho” para a superfície brasileira e que hoje percebemos tratar-se de mera propaganda, uma vez que toda essa tecnologia não nos tornou menos dependentes do petróleo externo.
E ainda, na mesma inauguração, Lula finalizava, sob aplausos extasiados, que milho era para encher o papo de galinha e que etanol era a energia do futuro, produzido no Brasil com cana-de-açúcar, abundante e em franca expansão, num claro ataque aos nossos irmãos norte-americanos que engatinhavam, à época, na produção de etanol de milho.
Pois bem! Hoje, os “bobinhos” da terra do Tio Sam, com sua visão estratégica, produzem mais que o dobro do etanol brasileiro, ainda usando o milho, e avançam, a passos largos, rumo ao etanol de segunda geração, deixando-nos para trás com toda nossa expertise. 
Falar de combustíveis sem planejar o futuro é dar um tiro no pé e abater, num só golpe, tanto a galinha quanto os ovos de ouro. Vejam o exemplo da energia elétrica, que incentivada pelo governo foi amplamente subsidiada no passado recente e hoje se tornou o próprio tendão de Aquiles do governo, pressionando a inflação que tem teimosamente fugido da meta e que tira o sono de milhões de brasileiros.
Quem sabe se o setor bioenergético não tivesse sido incentivado com políticas mais claras, sem o represamento artificial dos preços da gasolina, que solapou o emprego de milhares de brasileiros nas dezenas de usinas fechadas com a atual crise, não pudéssemos, neste momento, estar comemorando o crescimento vertiginoso desse setor gerador de renda e de divisas nos milhares de municípios direta ou indiretamente envolvidos com esta cadeia.
Talvez o governo não estaria, igualmente, preocupado com o futuro dos combustíveis do País, e os brasileiros, que ainda não estão cientes dessa crise que se avizinha a cada dia, poderiam até continuar dormindo sossegados sabendo que não faltará combustível para o abastecimento de seu automóvel comprado com o suor de seu trabalho e que pode vir a sucatear, se nada for feito a tempo.
E agora José? O que será de nosso País? Depois não digam que eu não avisei...
Muito se tem discutido sobre o futuro dos combustíveis líquidos e como as economias e os países de todo o mundo estão trabalhando suas estratégias para médio e longo prazos no que tange ao energético que movimentará o futuro próximo, e sua garantia de suprimento. Recordo-me, por exemplo, da apresentação de um representante do MME (Ministério de Minas e Energia) durante o Ethanol Summit de 2013, há exatos dois anos, com o tema “Viabilizando o crescimento: medidas de longo prazo para o setor sucroenergético”.
Na oportunidade, este representante do MME destacou ao público perplexo de empresários do setor que para 2022 o governo trabalhava com a ideia de crescimento de gasolina importada para atender à demanda crescente de veículos no País, de 3,4 bilhões de litros que eram importados em 2013, para 23,5 bilhões de litros em 2022, um salto próximo a sete vezes o que o País já importava do derivado do petróleo. 
Ao final da apresentação, esse mesmo executivo demonstrava ainda que o atendimento dessa demanda crescente, que poderia chegar a 30 bilhões de litros em 2022, se somada ao crescimento projetado da produção de etanol, seria suprido pelo combustível que representasse uma melhor economicidade.
Passados dois anos desse prognóstico, hoje percebemos muito bem que os números reescalonados dessa equação mostram que os impactos da recessão porque passa o Brasil interferiram diretamente no futuro dos combustíveis do ciclo Otto. O próprio MME já trabalha com projeções de 26 bilhões de litros de gasolina equivalente, conforme apresentação recente do ministro Eduardo Braga.
O grande problema é que em 2013, enquanto o governo deixava em branco qual seria o combustível que preencheria essa “nova” demanda, hoje já há uma certeza: o etanol, na atual condição de crise, não conseguirá atender a esta nova demanda e a produção de gasolina, talvez por erro de estratégia do próprio governo, está estagnada há anos. Então, pergunto: será que estamos preparados para importar até 2022 o equivalente a mais de 20 bilhões de litros de gasolina, fora o que já importamos hoje? Vou além: quanto vai custar à balança comercial do País a importação desse combustível? E quem vai pagar por ele?
Numa análise até mais aprofundada, podemos questionar, inclusive, se o Brasil está preparado para receber essa gasolina e fazê-la chegar aos centros de distribuição e consumo. Temos portos suficientes para essa demanda? 
Dutos e ferrovias ociosas ou em construção, para levar este combustível dos portos aos centros de distribuição, ou ainda rodovias preparadas para um fluxo crescente de caminhões-tanque necessários para esse escoamento? 
Quando defendemos que energia é estratégica, é disso que estamos falando. Num país sério, as decisões sobre energia são estrategicamente colocadas em pauta e a história recente já nos mostrou como este ponto faz toda a diferença.

Não distante me recordo também quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a inauguração da usina de biodiesel do Grupo Bertin, na cidade paulista de Lins, exaltava a tecnologia de ponta da Petrobras, que tinha capacidade de buscar petróleo numa profundidade tão grande que ele temia que qualquer dia junto à broca trariam um “japonesinho” para a superfície brasileira e que hoje percebemos tratar-se de mera propaganda, uma vez que toda essa tecnologia não nos tornou menos dependentes do petróleo externo.
E ainda, na mesma inauguração, Lula finalizava, sob aplausos extasiados, que milho era para encher o papo de galinha e que etanol era a energia do futuro, produzido no Brasil com cana-de-açúcar, abundante e em franca expansão, num claro ataque aos nossos irmãos norte-americanos que engatinhavam, à época, na produção de etanol de milho.
Pois bem! Hoje, os “bobinhos” da terra do Tio Sam, com sua visão estratégica, produzem mais que o dobro do etanol brasileiro, ainda usando o milho, e avançam, a passos largos, rumo ao etanol de segunda geração, deixando-nos para trás com toda nossa expertise. 

Falar de combustíveis sem planejar o futuro é dar um tiro no pé e abater, num só golpe, tanto a galinha quanto os ovos de ouro. Vejam o exemplo da energia elétrica, que incentivada pelo governo foi amplamente subsidiada no passado recente e hoje se tornou o próprio tendão de Aquiles do governo, pressionando a inflação que tem teimosamente fugido da meta e que tira o sono de milhões de brasileiros.
Quem sabe se o setor bioenergético não tivesse sido incentivado com políticas mais claras, sem o represamento artificial dos preços da gasolina, que solapou o emprego de milhares de brasileiros nas dezenas de usinas fechadas com a atual crise, não pudéssemos, neste momento, estar comemorando o crescimento vertiginoso desse setor gerador de renda e de divisas nos milhares de municípios direta ou indiretamente envolvidos com esta cadeia.
Talvez o governo não estaria, igualmente, preocupado com o futuro dos combustíveis do País, e os brasileiros, que ainda não estão cientes dessa crise que se avizinha a cada dia, poderiam até continuar dormindo sossegados sabendo que não faltará combustível para o abastecimento de seu automóvel comprado com o suor de seu trabalho e que pode vir a sucatear, se nada for feito a tempo.

E agora José? O que será de nosso País? Depois não digam que eu não avisei...