Desacordo sobre estoque adia decisão sobre importação de café

16/12/2016 Agronegócio POR: Valor
Uma divergência em relação aos números dos estoques de café conilon no Brasil foi a razão para o governo recuar, pelo menos por enquanto, da decisão de autorizar a importação de café robusta pelas indústrias do país. Enquanto um levantamento realizado pelo deputado capixaba Evair de Melo (PV¬ES), a partir de visitas a mais de 20 armazéns, cooperativas, indústrias e exportadores do Espírito Santo, maior produtor de conilon, estima que o estoque está em torno de 4,5 milhões a 5,5 milhões de sacas, o Ministério da Agricultura estima que há 2 milhões a 2,5 milhões de sacas, de acordo com posição de estoques em dezembro. As indústrias de café solúvel e de torrado e moído afirmam que enfrentam escassez de oferta de conilon no mercado em razão da quebra da safra no Espírito Santo, e por isso solicitaram ao governo a importação de robusta. O Ministério da Agricultura havia recomendado à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a autorização da importação de café robusta, e o tema entraria na pauta de reunião de ontem do Gecex, órgão técnico ligado à Camex. Mas, pressionada diante dos números de estoques apresentados pelos cafeicultores, a Pasta recuou, como informou o Valor. Ontem, a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do ministério pediu à Gecex para retirar da pauta a recomendação inicial para importação de café robusta por um período determinado. E suspender a deliberação até a próxima reunião, em 15 de janeiro. A intenção é fazer um novo levantamento sobre os estoques até essa data. Na quarta¬feira, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ao Valor que, caso os números do ministério ¬ levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ¬ estejam corretos, a Pasta voltará a recomendar a importação de 200 mil sacas mensais de café robusta por um período pré¬determinado. "Aceitamos refazer todo o levantamento de estoques e se os números que eles [entidades de cafeicultores] apontam não existirem, eles mesmos estariam dispostos a aceitar uma importação para salvar a indústria brasileira", afirmou o ministro. Considerando os números levantados pela Conab, de estoques entre 2 milhões e 2,5 milhões de sacas de conilon, não haveria oferta suficiente para atender a demanda da indústria de café torrado e moído e de solúvel pelos próximos quatro meses, até o início da colheita de conilon, avalia o diretor do Departamento de Café, Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Sílvio Farnese. Segundo ele, o consumo de conilon gira em torno de 800 mil sacas de por mês, em média. Assim, seriam necessárias cerca de 3,2 milhões de sacas para atender a demanda do período. "Pelos nossos cálculos faltariam 1,2 milhão de sacas de café conilon para abastecer a indústria", disse Farnese. O deputado Evair de Melo, que tem feito forte pressão sobre o governo nos últimos dias, em nome dos cafeicultores capixabas, disse que haverá reunião, na próxima terça¬feira com representantes de federações, da CNA, do governo capixaba e da Conab para começar a fazer "um pente¬fino para precisar melhor o tamanho" dos estoques de conilon no país. "Vamos provar ao ministério que o setor produtivo do Espírito Santo é quem está com a razão e que não há nenhuma necessidade de importar café", afirmou.
Por Cristiano Zaia
Uma divergência em relação aos números dos estoques de café conilon no Brasil foi a razão para o governo recuar, pelo menos por enquanto, da decisão de autorizar a importação de café robusta pelas indústrias do país. Enquanto um levantamento realizado pelo deputado capixaba Evair de Melo (PV¬ES), a partir de visitas a mais de 20 armazéns, cooperativas, indústrias e exportadores do Espírito Santo, maior produtor de conilon, estima que o estoque está em torno de 4,5 milhões a 5,5 milhões de sacas, o Ministério da Agricultura estima que há 2 milhões a 2,5 milhões de sacas, de acordo com posição de estoques em dezembro. As indústrias de café solúvel e de torrado e moído afirmam que enfrentam escassez de oferta de conilon no mercado em razão da quebra da safra no Espírito Santo, e por isso solicitaram ao governo a importação de robusta. O Ministério da Agricultura havia recomendado à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a autorização da importação de café robusta, e o tema entraria na pauta de reunião de ontem do Gecex, órgão técnico ligado à Camex. Mas, pressionada diante dos números de estoques apresentados pelos cafeicultores, a Pasta recuou, como informou o Valor. Ontem, a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do ministério pediu à Gecex para retirar da pauta a recomendação inicial para importação de café robusta por um período determinado. E suspender a deliberação até a próxima reunião, em 15 de janeiro. A intenção é fazer um novo levantamento sobre os estoques até essa data. Na quarta¬feira, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ao Valor que, caso os números do ministério ¬ levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ¬ estejam corretos, a Pasta voltará a recomendar a importação de 200 mil sacas mensais de café robusta por um período pré¬determinado. "Aceitamos refazer todo o levantamento de estoques e se os números que eles [entidades de cafeicultores] apontam não existirem, eles mesmos estariam dispostos a aceitar uma importação para salvar a indústria brasileira", afirmou o ministro. Considerando os números levantados pela Conab, de estoques entre 2 milhões e 2,5 milhões de sacas de conilon, não haveria oferta suficiente para atender a demanda da indústria de café torrado e moído e de solúvel pelos próximos quatro meses, até o início da colheita de conilon, avalia o diretor do Departamento de Café, Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Sílvio Farnese. Segundo ele, o consumo de conilon gira em torno de 800 mil sacas de por mês, em média. Assim, seriam necessárias cerca de 3,2 milhões de sacas para atender a demanda do período. "Pelos nossos cálculos faltariam 1,2 milhão de sacas de café conilon para abastecer a indústria", disse Farnese. O deputado Evair de Melo, que tem feito forte pressão sobre o governo nos últimos dias, em nome dos cafeicultores capixabas, disse que haverá reunião, na próxima terça¬feira com representantes de federações, da CNA, do governo capixaba e da Conab para começar a fazer "um pente¬fino para precisar melhor o tamanho" dos estoques de conilon no país. "Vamos provar ao ministério que o setor produtivo do Espírito Santo é quem está com a razão e que não há nenhuma necessidade de importar café", afirmou.
Por Cristiano Zaia