O otimismo do setor agrícola com a colheita desta safra, a 2016/17, que já se iniciou em algumas regiões do país, produziu efeitos positivos e mais concretos para o crédito bancário nos últimos meses. Em dezembro passado, o volume desembolsado pelos bancos alcançou R$ 17,5 bilhões, alta de 6% sobre igual mês de 2015, segundo dados do Banco Central. Com esse desempenho de dezembro, os financiamentos pelo setor rural cresceram pelo terceiro mês consecutivo, diferentemente dos primeiros meses desta safra (iniciada em julho), quando a demanda por crédito, sobretudo para custeio, havia perdido força principalmente após o Banco do Brasil ter concedido R$ 10,3 bilhões no primeiro semestre de 2016 a título de pré¬custeio.
Esse montante liberado pelo BB distribuiu melhor a procura por esses financiamentos ao longo do ano, fazendo com que os produtores não precisassem tanto de custeio no início da atual safra ¬ em 2015, o BB não conseguira garantir recursos para o pré¬custeio. Em dezembro, os empréstimos para operações de custeio aumentaram 7,5%, para R$ 10 bilhões, e os destinados à comercialização cresceram quase 50%, para R$ 3,1 bilhões, num reflexo do maior uso das Letras do Agronegócio (LCA), principalmente pelas agroindústrias. No caso dos investimentos, houve uma queda pontual em dezembro, de 16%, para R$ 4,2 bilhões, após cinco meses de alta. Mesmo assim, os números mostram um ritmo maior nos desembolsos de financiamento pela agricultura empresarial, que emprestou R$ 15,5 bilhões em dezembro de 2016, quase 8% acima de igual mês do ano anterior. Já os empréstimos no âmbito do Pronaf, a taxas de juros reais negativas, para a agricultura familiar, somaram R$ 2 bilhões, montante estável em relação a dezembro do ano anterior. "O custeio em dezembro tirou o atraso dos meses anteriores, com o bom desempenho dos bancos privados e cooperativos", afirma o consultor Ivan Wedekin, ex¬secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Enquanto as contratações de crédito rural nas instituições privadas cresceram 50%, para R$ 4,8 bilhões em dezembro, nos bancos cooperativos a alta foi de 12,5%. Movimento contrário ao que ocorreu nos bancos públicos, que concederam R$ 10,7 bilhões no último mês do ano passado, 5,3% abaixo de igual período do ciclo anterior. Só o Banco do Brasil viu seus desembolsos caírem 8,3%, para R$ 8,8 bilhões na mesma comparação. Considerando o acumulado da safra 2016/17 até dezembro, o volume de crédito rural continua em queda, mas em ritmo menor do que em meses anteriores. Nos seis primeiros meses deste ciclo, o montante liberado somou R$ 85,8 bilhões, 4% menos do que no mesmo período da temporada passada. Essa queda chegou a ser de 16% considerando apenas os dois primeiros meses da safra, julho e agosto. De julho a dezembro, os empréstimos para custeio alcançaram R$ 51,8 bilhões, 11,3% menos do que em igual intervalo da safra anterior. A queda também se deve à oferta de recursos para pré¬custeio pelo BB no primeiro semestre e o endividamento de produtores devido à quebra na safra passada. Mas as contratações para investimento seguem em ritmo firme e somaram R$ 18 bilhões nesse período. Apenas o Moderfrota, linha de crédito para máquinas agrícolas a juros mais baixos, já atingiu R$ 4,2 bilhões em financiamentos de um total de R$ 5 bilhões disponibilizados pelo Plano Safra. Essa grande demanda, inclusive, levou o governo a negociar um aporte de mais R$ 2,5 bilhões para a linha, remanejando recursos do Plano Safra.
Por Cristiano Zaia
O otimismo do setor agrícola com a colheita desta safra, a 2016/17, que já se iniciou em algumas regiões do país, produziu efeitos positivos e mais concretos para o crédito bancário nos últimos meses. Em dezembro passado, o volume desembolsado pelos bancos alcançou R$ 17,5 bilhões, alta de 6% sobre igual mês de 2015, segundo dados do Banco Central. Com esse desempenho de dezembro, os financiamentos pelo setor rural cresceram pelo terceiro mês consecutivo, diferentemente dos primeiros meses desta safra (iniciada em julho), quando a demanda por crédito, sobretudo para custeio, havia perdido força principalmente após o Banco do Brasil ter concedido R$ 10,3 bilhões no primeiro semestre de 2016 a título de pré¬custeio.
Esse montante liberado pelo BB distribuiu melhor a procura por esses financiamentos ao longo do ano, fazendo com que os produtores não precisassem tanto de custeio no início da atual safra ¬ em 2015, o BB não conseguira garantir recursos para o pré¬custeio. Em dezembro, os empréstimos para operações de custeio aumentaram 7,5%, para R$ 10 bilhões, e os destinados à comercialização cresceram quase 50%, para R$ 3,1 bilhões, num reflexo do maior uso das Letras do Agronegócio (LCA), principalmente pelas agroindústrias. No caso dos investimentos, houve uma queda pontual em dezembro, de 16%, para R$ 4,2 bilhões, após cinco meses de alta. Mesmo assim, os números mostram um ritmo maior nos desembolsos de financiamento pela agricultura empresarial, que emprestou R$ 15,5 bilhões em dezembro de 2016, quase 8% acima de igual mês do ano anterior. Já os empréstimos no âmbito do Pronaf, a taxas de juros reais negativas, para a agricultura familiar, somaram R$ 2 bilhões, montante estável em relação a dezembro do ano anterior. "O custeio em dezembro tirou o atraso dos meses anteriores, com o bom desempenho dos bancos privados e cooperativos", afirma o consultor Ivan Wedekin, ex¬secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Enquanto as contratações de crédito rural nas instituições privadas cresceram 50%, para R$ 4,8 bilhões em dezembro, nos bancos cooperativos a alta foi de 12,5%. Movimento contrário ao que ocorreu nos bancos públicos, que concederam R$ 10,7 bilhões no último mês do ano passado, 5,3% abaixo de igual período do ciclo anterior. Só o Banco do Brasil viu seus desembolsos caírem 8,3%, para R$ 8,8 bilhões na mesma comparação. Considerando o acumulado da safra 2016/17 até dezembro, o volume de crédito rural continua em queda, mas em ritmo menor do que em meses anteriores. Nos seis primeiros meses deste ciclo, o montante liberado somou R$ 85,8 bilhões, 4% menos do que no mesmo período da temporada passada. Essa queda chegou a ser de 16% considerando apenas os dois primeiros meses da safra, julho e agosto. De julho a dezembro, os empréstimos para custeio alcançaram R$ 51,8 bilhões, 11,3% menos do que em igual intervalo da safra anterior. A queda também se deve à oferta de recursos para pré¬custeio pelo BB no primeiro semestre e o endividamento de produtores devido à quebra na safra passada. Mas as contratações para investimento seguem em ritmo firme e somaram R$ 18 bilhões nesse período. Apenas o Moderfrota, linha de crédito para máquinas agrícolas a juros mais baixos, já atingiu R$ 4,2 bilhões em financiamentos de um total de R$ 5 bilhões disponibilizados pelo Plano Safra. Essa grande demanda, inclusive, levou o governo a negociar um aporte de mais R$ 2,5 bilhões para a linha, remanejando recursos do Plano Safra.
Por Cristiano Zaia