Dólar forte ameaça ganhos de exportadores de etanol dos EUA sobre o Brasil

15/04/2015 Etanol POR: Bloomberg - Texto extraído do Portal UOL
Nos últimos quatro anos, o título de maior exportador mundial de etanol mudou de mãos três vezes: os EUA o tomaram do Brasil em 2011, perderam-no novamente um ano depois e o recuperaram em 2014.
A quarta mudança do título -- de volta para o Brasil -- já pode estar em curso.
A valorização do dólar está tornando o etanol dos EUA mais caro nos mercados internacionais, enquanto a queda do real, no Brasil, está dando um impulso aos exportadores do país. Os brasileiros estão conquistando vendas no Oriente Médio e muitos dos restantes países da Ásia, que são mercados em crescimento. O dólar chegou a subir 24 por cento em relação ao real em 2015, atingindo o nível mais elevado em 12 anos, e atualmente está em R$ 3,0864, alta de 16 por cento.
"O dólar e a fraqueza do real poderão custar parte das exportações dos EUA", disse Jordan Fife, trader da Biourja Trading LLC em Houston, em entrevista por telefone. "O Golfo Pérsico é o [mercado] com maior oscilação", disse ele.
Os americanos capturaram a coroa das exportações no ano passado em um momento em que os brasileiros, padecendo de uma seca severa que prejudicou a produção, viram as vendas caírem mais de 50 por cento. As remessas para o exterior são fundamentais para os produtores dos EUA, embora tenham respondido por apenas 5,9 por cento das vendas totais em 2014 porque a demanda doméstica está estagnada.
A capacidade de produção de etanol dos EUA se multiplicou quase três vezes na última década na esteira de uma lei de 2005 defendida pelo então presidente George W. Bush para uso do combustível como forma de reduzir a dependência do país em relação ao petróleo estrangeiro. O Padrão de Combustíveis Renováveis dos EUA exigiu que as refinarias misturassem quantidades cada vez maiores de gasolina ao etanol.
Aumento do dólar
O Brasil, que utiliza a cana-de-açúcar para produzir etanol, aumentou as exportações em 16 por cento em janeiro em relação a dezembro, enquanto os EUA, que usam o milho, viram as vendas caírem 9 por cento, segundo dados do governo.
Os brasileiros enviaram etanol para os Emirados Árabes Unidos, terceiro maior mercado dos EUA em 2014, e suas exportações para a Coreia do Sul triplicaram os carregamentos dos EUA para esse país. No ano passado, os EUA exportaram 847,4 milhões de galões (3,207 bilhões de litros) do aditivo de combustível, enquanto os brasileiros enviaram ao exterior apenas 369 milhões (1,3 bilhão de litros).
Com a pulverização do crescimento econômico brasileiro e o aprofundamento de um escândalo político, a moeda provavelmente continuará desvalorizada, mantendo o etanoldo país competitivo no futuro próximo, disse Christoph Berg, diretor-geral da F.O. Licht GmbH, em Ratzeburg, Alemanha, em entrevista por telefone, em março.
Combustível brasileiro
O etanol em São Paulo caiu 19 por cento em termos a dólar neste ano, tornando-o mais barato que em duas das quatro principais regiões dos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg. O combustível custava US$ 1,63 o galão (ou US$ 0,43 o litro) na semana passada em São Paulo, 6 centavos mais barato que o etanol da Costa Oeste dos EUA. Em março, os preços brasileiros atingiram US$ 1,58 o galão (ou US$ 0,41 o litro), nível mais baixo desde julho de 2009.
O impacto do dólar mais forte será "mínimo" no mercado de exportação por causa do aumento do consumo doméstico do Brasil e do custo mais barato da produção nos EUA, disse Bob Dinneen, presidente da Associação de Combustíveis Renováveis dos EUA, com sede em Washington, que representa as empresas americanas produtoras de etanol, em entrevista por telefone no dia 13 de abril.
Os dados das exportações de etanol dos EUA de fevereiro e março ainda não foram disponibilizados pelo Departamento de Energia norte-americano. As informações brasileiras mostram que os embarques do país em fevereiro e março foram 9 por cento e 43 por cento maiores, respectivamente, que no ano anterior.
Mario Parker
Nos últimos quatro anos, o título de maior exportador mundial de etanol mudou de mãos três vezes: os EUA o tomaram do Brasil em 2011, perderam-no novamente um ano depois e o recuperaram em 2014.
A quarta mudança do título -- de volta para o Brasil -- já pode estar em curso.
A valorização do dólar está tornando o etanol dos EUA mais caro nos mercados internacionais, enquanto a queda do real, no Brasil, está dando um impulso aos exportadores do país. Os brasileiros estão conquistando vendas no Oriente Médio e muitos dos restantes países da Ásia, que são mercados em crescimento. O dólar chegou a subir 24 por cento em relação ao real em 2015, atingindo o nível mais elevado em 12 anos, e atualmente está em R$ 3,0864, alta de 16 por cento.
"O dólar e a fraqueza do real poderão custar parte das exportações dos EUA", disse Jordan Fife, trader da Biourja Trading LLC em Houston, em entrevista por telefone. "O Golfo Pérsico é o [mercado] com maior oscilação", disse ele.
Os americanos capturaram a coroa das exportações no ano passado em um momento em que os brasileiros, padecendo de uma seca severa que prejudicou a produção, viram as vendas caírem mais de 50 por cento. As remessas para o exterior são fundamentais para os produtores dos EUA, embora tenham respondido por apenas 5,9 por cento das vendas totais em 2014 porque a demanda doméstica está estagnada.
A capacidade de produção de etanol dos EUA se multiplicou quase três vezes na última década na esteira de uma lei de 2005 defendida pelo então presidente George W. Bush para uso do combustível como forma de reduzir a dependência do país em relação ao petróleo estrangeiro. O Padrão de Combustíveis Renováveis dos EUA exigiu que as refinarias misturassem quantidades cada vez maiores de gasolina ao etanol.
Aumento do dólar
O Brasil, que utiliza a cana-de-açúcar para produzir etanol, aumentou as exportações em 16 por cento em janeiro em relação a dezembro, enquanto os EUA, que usam o milho, viram as vendas caírem 9 por cento, segundo dados do governo.
Os brasileiros enviaram etanol para os Emirados Árabes Unidos, terceiro maior mercado dos EUA em 2014, e suas exportações para a Coreia do Sul triplicaram os carregamentos dos EUA para esse país. No ano passado, os EUA exportaram 847,4 milhões de galões (3,207 bilhões de litros) do aditivo de combustível, enquanto os brasileiros enviaram ao exterior apenas 369 milhões (1,3 bilhão de litros).
Com a pulverização do crescimento econômico brasileiro e o aprofundamento de um escândalo político, a moeda provavelmente continuará desvalorizada, mantendo o etanoldo país competitivo no futuro próximo, disse Christoph Berg, diretor-geral da F.O. Licht GmbH, em Ratzeburg, Alemanha, em entrevista por telefone, em março.
Combustível brasileiro
O etanol em São Paulo caiu 19 por cento em termos a dólar neste ano, tornando-o mais barato que em duas das quatro principais regiões dos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg. O combustível custava US$ 1,63 o galão (ou US$ 0,43 o litro) na semana passada em São Paulo, 6 centavos mais barato que o etanol da Costa Oeste dos EUA. Em março, os preços brasileiros atingiram US$ 1,58 o galão (ou US$ 0,41 o litro), nível mais baixo desde julho de 2009.
O impacto do dólar mais forte será "mínimo" no mercado de exportação por causa do aumento do consumo doméstico do Brasil e do custo mais barato da produção nos EUA, disse Bob Dinneen, presidente da Associação de Combustíveis Renováveis dos EUA, com sede em Washington, que representa as empresas americanas produtoras de etanol, em entrevista por telefone no dia 13 de abril.
Os dados das exportações de etanol dos EUA de fevereiro e março ainda não foram disponibilizados pelo Departamento de Energia norte-americano. As informações brasileiras mostram que os embarques do país em fevereiro e março foram 9 por cento e 43 por cento maiores, respectivamente, que no ano anterior.
Mario Parker