Economia global ganha impulso, mas há riscos

22/01/2014 Geral POR: Sergio Lamucci | Valor Econômico
A economia global vai ganhar terreno em 2014 e 2015 e crescer com mais força, em grande parte devido à recuperação dos países desenvolvidos, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI), alertando, contudo, para a existência de riscos ainda importantes - os dois maiores são a ameaça de aumento da volatilidade dos fluxos de capitais nos emergentes, devido ao eventual impacto da redução dos estímulos monetários pelo Federal Reserve, e o perigo de deflação nas economias avançadas, especialmente na zona do euro. Em documento divulgado ontem, a instituição estima que o mundo avançou 3% em 2013 e vai acelerar o ritmo para 3,7% neste ano e 3,9% em 2015.
 
O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, disse que a economia global de fato se fortalece, mas ressalvou que a retomada da atividade é fraca e desigual. "Entre os países avançados, ela é mais forte nos EUA do que na Europa, e mais forte no centro da zona do euro do que no sul da região", disse. "Na maior parte das economias avançadas, o desemprego permanece muito alto, e os riscos de uma piora continuam."
 
Segundo Blanchard, o motivo "básico atrás da recuperação mais forte é que os freios da retomada estão sendo progressivamente relaxados". O peso da consolidação fiscal é menor e o sistema financeiro está lentamente melhorando.
 
Ao comentar as perspectivas para a economia americana, Blanchard disse que o "crescimento parece cada vez mais sólido", com a demanda privada exibindo força. Ele lembrou que o acordo sobre o orçamento entre republicanos e democratas fará com que o ajuste fiscal, que pesou muito sobre o crescimento de 2013, seja mais limitado em 2014. "Esses fatores nos fazem prever o crescimento de 2,8% para 2014, comparado a 1,9% em 2013", disse o economista.
 
A zona do euro, por sua vez, está "virando a esquina da recessão para a retomada", segundo o FMI. Para 2014, o crescimento projetado é de 1% e, para 2015, de 1,4%. As taxas são modestas, mas a boa notícia é que são variações positivas, depois de dois anos de retração. O Fundo estima que, em 2013, a economia da zona do euro tenha encolhido 0,4%. O documento destaca que a recuperação "será desigual".
 
Blanchard disse ainda ver a Eurolândia na zona de perigo", embora ressalte que a projeção é de que todos os países vejam o PIB crescer neste ano. De acordo com ele, há "desdobramentos bons e outros ligeiramente preocupantes" na união monetária. As exportações estão bem em alguns dos países em crise, o que é uma boa notícia. A demanda interna, porém, segue muito fraca, devido aos juros ainda elevados. "Se você quiser tomar dinheiro emprestado em países como Espanha e Portugal, os juros são altos", afirmou Blanchard, observando que isso leva a uma atividade fraca e uma fragilização da situação dos bancos.
 
A atividade também vai ganhar fôlego no Reino Unido. Em 2013, o PIB do país deve ter avançado 1,7%, estima o FMI, destacando o impulso das condições de crédito mais relaxadas e aumento da confiança. Para 2014, o Fundo revisou a sua projeção de uma expansão de 1,8% para 2,4%. Já para 2015, a estimativa é de avanço de 2,2%, acima dos 2% projetados em outubro do ano passado.