O clima poderá turbinar a produção global de soja e milho nesta safra 2015/16, que está em fase de plantio no Hemisfério Norte. É ano de El Niño, e o fenômeno deverá durar ao menos até a primavera do Hemisfério Sul, conforme indicou ontem o escritório de meteorologia do governo australiano. Se confirmada a tendência, aponta estudo da consultoria FCStone, as colheitas em grandes "celeiros" como EUA, Brasil e Argentina, para os quais as perspectivas já são em geral favoráveis, poderão ser ainda mais beneficiadas.
Já na reta final de semeadura, as lavouras americanas deverão continuar a receber fortes chuvas entre junho e julho, época em que os produtores do MeioOeste costumam temer por secas prolongadas. Há risco de estiagem apenas no sudeste do cinturão de grãos, mas provavelmente sem impacto expressivo sobre a produção total.
Assim, no caso dos EUA o El Niño tende a ter reflexos mais moderados, ainda que positivos, na produção de soja e milho.
No Brasil, em contrapartida, o efeito do fenômeno deverá ser "forte", segundo a FCStone, tanto no caso da soja como no do milho. Durante o verão, o El Niño costuma provocar chuvas em parte do Centro-Oeste e no Sul do país, o que deverá garantir "umidade suficiente, evitando secas localizadas". O único ponto crítico tende a ser no Rio Grande do Sul, que poderá receber chuvas excessivas caso o fenômeno seja muito
intenso.
Mesmo a "safrinha" de milho poderá ser beneficiada. Embora seja cultivada entre o outono e o inverno no país, o El Niño normalmente provoca mais chuvas nas áreas produtoras do CentroSul e eleva as temperaturas na região, diminuindo o risco de geadas precoces.
A produção argentina de soja e milho também poderá ser beneficiada pelo El Niño. Isso porque o fenômeno causa precipitações abundantes ao longo do desenvolvimento da safra nos polos agrícolas do país, o que poderá beneficiar a produtividade das lavouras. A FCStone estima que o efeito nas lavouras da Argentina também será "forte", mas ressalta que "o impacto nos preços será amenizado pela baixa participação [do país] na produção [mundial], especialmente de milho".
No caso da China, que importa soja e milho mas que tem uma grande produção doméstica do cereal , as plantações poderão ser prejudicadas pelo fenômeno. Enquanto no norte do país o El Niño costuma provocar seca, no sul está associado a alagamentos, o que deverá resultar em produtividades menores em ambas as regiões. O mercado da soja deverá acusar mais esse golpe, já que "uma produção menor da oleaginosa poderá aumentar as importações [chinesas], que já são muito elevadas", diz a consultoria.
Ao fim e ao cabo, contudo, o efeito negativo do fenômeno sobre a produção chinesa deverá ser mais do que compensado pelos reflexos positivos nos EUA e na América do Sul. A FCStone avalia que o El Niño reforça a tendência de preços da soja abaixo da média na safra 2015/16, enquanto no milho a tendência é de baixa limitada.
O clima poderá turbinar a produção global de soja e milho nesta safra 2015/16, que está em fase de plantio no Hemisfério Norte. É ano de El Niño, e o fenômeno deverá durar ao menos até a primavera do Hemisfério Sul, conforme indicou ontem o escritório de meteorologia do governo australiano. Se confirmada a tendência, aponta estudo da consultoria FCStone, as colheitas em grandes "celeiros" como EUA, Brasil e Argentina, para os quais as perspectivas já são em geral favoráveis, poderão ser ainda mais beneficiadas.
Já na reta final de semeadura, as lavouras americanas deverão continuar a receber fortes chuvas entre junho e julho, época em que os produtores do MeioOeste costumam temer por secas prolongadas. Há risco de estiagem apenas no sudeste do cinturão de grãos, mas provavelmente sem impacto expressivo sobre a produção total.
Assim, no caso dos EUA o El Niño tende a ter reflexos mais moderados, ainda que positivos, na produção de soja e milho.
No Brasil, em contrapartida, o efeito do fenômeno deverá ser "forte", segundo a FCStone, tanto no caso da soja como no do milho. Durante o verão, o El Niño costuma provocar chuvas em parte do Centro-Oeste e no Sul do país, o que deverá garantir "umidade suficiente, evitando secas localizadas". O único ponto crítico tende a ser no Rio Grande do Sul, que poderá receber chuvas excessivas caso o fenômeno seja muito
intenso.
Mesmo a "safrinha" de milho poderá ser beneficiada. Embora seja cultivada entre o outono e o inverno no país, o El Niño normalmente provoca mais chuvas nas áreas produtoras do CentroSul e eleva as temperaturas na região, diminuindo o risco de geadas precoces.
A produção argentina de soja e milho também poderá ser beneficiada pelo El Niño. Isso porque o fenômeno causa precipitações abundantes ao longo do desenvolvimento da safra nos polos agrícolas do país, o que poderá beneficiar a produtividade das lavouras. A FCStone estima que o efeito nas lavouras da Argentina também será "forte", mas ressalta que "o impacto nos preços será amenizado pela baixa participação [do país] na produção [mundial], especialmente de milho".
No caso da China, que importa soja e milho mas que tem uma grande produção doméstica do cereal , as plantações poderão ser prejudicadas pelo fenômeno. Enquanto no norte do país o El Niño costuma provocar seca, no sul está associado a alagamentos, o que deverá resultar em produtividades menores em ambas as regiões. O mercado da soja deverá acusar mais esse golpe, já que "uma produção menor da oleaginosa poderá aumentar as importações [chinesas], que já são muito elevadas", diz a consultoria.
Ao fim e ao cabo, contudo, o efeito negativo do fenômeno sobre a produção chinesa deverá ser mais do que compensado pelos reflexos positivos nos EUA e na América do Sul. A FCStone avalia que o El Niño reforça a tendência de preços da soja abaixo da média na safra 2015/16, enquanto no milho a tendência é de baixa limitada.
Além de destacar os possíveis reflexos da ocorrência do El Niño sobre a produção de grãos de países como Estados Unidos, Brasil, Argentina e China (ver matéria El Niño pode favorecer colheitas de grãos), o estudo da consultoria FCStone também lembra que o fenômeno climático costuma ter efeitos deletérios sobre a produção de cana, e consequentemente sobre a oferta de açúcar, em diversas regiões do planeta.
No caso do Brasil, que lidera a oferta mundial da commodity, o fenômeno pode provocar chuvas durante o inverno na região CentroSul, que, se confirmadas, tendem a atrapalhar a colheita da matériaprima, diminuir a capacidade de processamento e, ainda, reduzir a concentração de açúcares nas plantas por conta da maior umidade no solo.
No entanto, a consultoria pondera que, para que isso influencie o mercado de forma expressiva, "seria necessário um volume muito grande de chuvas durante a temporada mais seca do ano, devido a um El Niño muito intenso, para prejudicar significativamente a produção de açúcar".
O fenômeno também altera o clima no Sudeste Asiático, reduzindo o regime de chuvas tanto na Índia como na Tailândia, também importantes produtores mundiais de açúcar, e limitando a produtividade dos canaviais.
Porém, a correlação entre menos precipitações e produção reduzida não é direta, uma vez que os dois países conseguem manter produtividades elevadas apesar de monções irregulares. Em ambos, o fenômeno deverá ter reflexos "moderados" sobre a produção, segundo a consultoria.
A FCStone ressalta, ainda, que embora o fenômeno possa reduzir a produção de açúcar nesta safra, o movimento poderá não se traduzir em preços imediatamente mais elevados. No ano passado, as especulações em torno da possibilidade de ocorrência de El Niño provocaram forte reação no mercado, mas sua não concretização derrubou as cotações.