As usinas de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil possivelmente não conseguirão moer o volume projetado de 590 milhões de toneladas da safra 2015/16, caso o fenômeno climático El Niño se desenvolva na intensidade que está se prevendo, disseram fontes da indústria e meteorologistas.
Há uma forte probabilidade neste ano de que o El Niño ocorra de forma mais intensa, o que normalmente significa um volume maior de chuvas no Sul do país e menos precipitação no Norte.
"Um forte El Niño é provável, pelo menos até o fim de 2015", disse Corey Cherr, líder da área de Agricultura e Pesquisa Climática da Thomson Reuters Lanworth.
Para a safra de cana, mais chuva significa dificuldade de colheita, já que as máquinas não conseguem entrar nos campos, e problemas com a quantidade de açúcar nas plantas.
A região centro-sul, que concentra cerca de 90 por cento da produção de cana do Brasil, já registrou um mês de maio mais úmido. As chuvas ficaram de 30 a 40 por cento acima da média em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, segundo a Somar Meteorologia.
"As nossas simulações vem mostrando que nos próximos meses as chuvas devem ficar acima da média", disse o meteorologista Tiago Robles, da Somar.
Segundo dados da Unica, o desempenho do setor na primeira quinzena de maio já foi prejudicado. A moagem no período ficou 26,5 por cento abaixo da registrada um ano antes, com a produção de açúcar caindo cerca de 36 por cento e a de etanol, 22 por cento.
"Esse é um tema bastante relevante no momento", disse Julio Maria Borges, diretor da consultoria especializada Job Economia.
Ainda que as chuvas possam melhorar a condição de parte da safra que ainda está se desenvolvendo, potencialmente elevando os volumes para a parte final do ano, as usinas talvez não consigam processar esses volumes, que ficariam nos campos para a próxima safra.
"Quando começa a ter mais chuva, o tempo disponível para moagem diminui. Então as usinas operam por menos tempo e vão processar menos cana", disse Celso Torquato Junqueira Franco, presidente da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), entidade que reúne usinas no Oeste Paulista.
Segundo ele, se a situação vista em maio ocorrer em outros meses, as usinas terão que estender o período de moagem para além de novembro, quando normalmente elas estariam parando.
O setor tem uma capacidade nominal de 650 milhões de toneladas, observou Borges.
Mas muitas empresas reduziram suas programações, algumas até mesmo paralisando unidades, devido à baixa lucratividade nos últimos anos.
Franco, que também é diretor executivo da usina Pioneiros, do grupo Santa Adélia, disse que o impacto do El Niño poderia ser mais sério se a safra tivesse um perfil mais açucareiro, já que a umidade reduz o conteúdo de açúcar da cana.
Mas esse não é o caso, com as usinas direcionando mais cana para a produção de etanol também neste ano, visando atender a maior demanda local.
Segundo ele, o único lado positivo na situação é um eventual efeito sobre os preços do açúcar, que poderiam subir com uma menor produção no Brasil.
Os preços do açúcar estão atualmente perto dos menores níveis em seis anos na Bolsa de Nova York, devido a um excedente global do produto.
"O El Niño é a única coisa no momento que pode reverter um cenário de preços depressivos", disse Borges
As usinas de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil possivelmente não conseguirão moer o volume projetado de 590 milhões de toneladas da safra 2015/16, caso o fenômeno climático El Niño se desenvolva na intensidade que está se prevendo, disseram fontes da indústria e meteorologistas.
Há uma forte probabilidade neste ano de que o El Niño ocorra de forma mais intensa, o que normalmente significa um volume maior de chuvas no Sul do país e menos precipitação no Norte.
"Um forte El Niño é provável, pelo menos até o fim de 2015", disse Corey Cherr, líder da área de Agricultura e Pesquisa Climática da Thomson Reuters Lanworth.
Para a safra de cana, mais chuva significa dificuldade de colheita, já que as máquinas não conseguem entrar nos campos, e problemas com a quantidade de açúcar nas plantas.
A região centro-sul, que concentra cerca de 90 por cento da produção de cana do Brasil, já registrou um mês de maio mais úmido. As chuvas ficaram de 30 a 40 por cento acima da média em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, segundo a Somar Meteorologia.
"As nossas simulações vem mostrando que nos próximos meses as chuvas devem ficar acima da média", disse o meteorologista Tiago Robles, da Somar.
Segundo dados da Unica, o desempenho do setor na primeira quinzena de maio já foi prejudicado. A moagem no período ficou 26,5 por cento abaixo da registrada um ano antes, com a produção de açúcar caindo cerca de 36 por cento e a de etanol, 22 por cento.
"Esse é um tema bastante relevante no momento", disse Julio Maria Borges, diretor da consultoria especializada Job Economia.
Ainda que as chuvas possam melhorar a condição de parte da safra que ainda está se desenvolvendo, potencialmente elevando os volumes para a parte final do ano, as usinas talvez não consigam processar esses volumes, que ficariam nos campos para a próxima safra.
"Quando começa a ter mais chuva, o tempo disponível para moagem diminui. Então as usinas operam por menos tempo e vão processar menos cana", disse Celso Torquato Junqueira Franco, presidente da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), entidade que reúne usinas no Oeste Paulista.
Segundo ele, se a situação vista em maio ocorrer em outros meses, as usinas terão que estender o período de moagem para além de novembro, quando normalmente elas estariam parando.
O setor tem uma capacidade nominal de 650 milhões de toneladas, observou Borges.
Mas muitas empresas reduziram suas programações, algumas até mesmo paralisando unidades, devido à baixa lucratividade nos últimos anos.
Franco, que também é diretor executivo da usina Pioneiros, do grupo Santa Adélia, disse que o impacto do El Niño poderia ser mais sério se a safra tivesse um perfil mais açucareiro, já que a umidade reduz o conteúdo de açúcar da cana.
Mas esse não é o caso, com as usinas direcionando mais cana para a produção de etanol também neste ano, visando atender a maior demanda local.
Segundo ele, o único lado positivo na situação é um eventual efeito sobre os preços do açúcar, que poderiam subir com uma menor produção no Brasil.
Os preços do açúcar estão atualmente perto dos menores níveis em seis anos na Bolsa de Nova York, devido a um excedente global do produto.
"O El Niño é a única coisa no momento que pode reverter um cenário de preços depressivos", disse Borges