Em 2019, Embrapa devolveu R$ 12,00 por real investido para o agro nacional

07/07/2020 Agricultura POR: Marino Guerra

Ministra Tereza Cristina ao lado do presidente da Embrapa, Celso Moretti, em visita na unidade de recursos genéticos e biotecnologia

Resultados e planejamento mostram lado inovador da estatal

No mês de abril a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) completou 47 anos e como já é uma tradição há mais de 20 anos, foi apresentado o seu balanço social do ano anterior, que na ocasião, em decorrência das políticas de distanciamento social geradas pelo coronavírus, ocorreu através de videoconferência.

Dentre os números revelados pelo atual presidente, Celso Moretti, o de maior destaque foi o retorno à sociedade sobre o investimento, ou seja, para cada real investido pelo estado foi retornado para a agropecuária brasileira cerca de R$ 12,00. O que na soma dá o montante de R$ 46 bilhões de lucro social.

Esse valor é calculado com base nos impactos econômicos gerados pela implementação de 160 projetos de tecnologias diferentes e 220 cultivares que já são cultivadas nas mais variadas lavouras.

O mandatário salientou que o foco da empresa não deve mudar no corrente ano, assim os principais pilares de trabalho da organização deverão ficar entre a agricultura digital (drones, sensores, internet das coisas, plataformas, entre outros), bioeconomia (formas alternativas principalmente de adubação), sistemas integrados (como o clássico sistema lavoura, pecuária e floresta) e edição genômica (lançamento de variedades e trabalho com animais).

Sobre as principais soluções tecnológicas de 2019, no evento, a empresa destacou oito projetos que serão resumidos a seguir.

BiomaPhos: Inoculante líquido para o tratamento de sementes ou aplicação via jato dirigido no sulco de semeadura do milho, de forma que suas bactérias possam se multiplicar e colonizar a rizosfera da planta.

Neste processo, as cepas produzem diferentes ácidos orgânicos que em contato com as raízes das plantas solubilizam o fósforo ligado ao cálcio, alumínio e ferro. Além disso ele atua para a disponibilização do nutriente presente na matéria orgânica do solo.

Diante essa ação, é lógico pensar, em alguns casos, que pode ser possível a redução da adubação fosfatada. Ainda por cima, deixando sua eficiência mais evidente nos manejos com fosfatos de rocha ou pela mistura de fontes solúveis.

Quem faz plantio direto, e por isso tem no solo alto teor de material orgânico, também pode colher bons resultados com a tecnologia.

Aperfeiçoamento do Sisteminha: Solução tecnológica para a criação de peixes focado no baixo custo de investimento inicial através da adoção de um processo de recirculação e filtragem.

Apropriada para pequenos espaços (a partir de 100 m2) o tanque pode ser construído artesanalmente e utilizados uma grande variedade de materiais (madeira, papelão, palha, pedra, pneu, alvenaria, entre outros).

Desenvolvido para a piscicultura, ao longo do tempo (o projeto foi lançado em 2011), foram desenvolvidos outros módulos sempre adotando o mesmo princípio, produzir num espaço mínimo e com baixo custo, assim hoje é possível trabalhar com 15 tipos de produção diferentes, sendo elas, além dos peixes: ovos de galinha, frango de corte, minhocas, vegetal (hortaliças, chás, temperos, frutíferas, entre outras), composto, ovos de codorna, porquinhos da Índia, aquaponia, larvas de moscas, ruminantes, suínos, biodigestor, sistema de tratamento de água potável e carvoaria artesanal.

Sequenciamento do genoma do tambaqui: O projeto cujo objetivo é através do domínio do conjunto das informações genéticas produzir alevinos com qualidade da carne superior e ganho de peso.

Outra funcionalidade do trabalho é o serviço de identificação se as matrizes da espécie são puras ou híbridas (fruto de cruzamento com outros peixes) e se possuem algum grau de parentesco entre si.

A adoção da tecnologia é importante, pois estudos apontam que o cruzamento entre parentes próximos do tambaqui (meios-irmãos, irmãos ou primos) pode causar perdas de até 25% dos alevinos, e de 30% de produção dos que sobreviverem ao longo da fase de engorda.

Tambaqui, peixe ganha cada vez mais mercado, principalmente o asiático

Uva sem sementes BRS Vitória: Quem frequenta a sessão de hortifrúti dos supermercados já deve ter reparado na uva sem sementes, ela é o resultado do time de melhoramento genético da Embrapa.

Como se adapta bem ao cultivo em todas as regiões do país, seu uso está permitindo uma expansão na produção de uva de mesa, criando um corredor que vai desde as fazendas do Vale do Rio São Francisco, no Nordeste, até as áreas de agricultura familiar do Sul.

Drawback: Regime aduaneiro especial, para suínos e frangos, que consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos utilizados em produto exportado.

Sua mecânica funciona, pois, ao incentivar as exportações, em decorrência da redução do custo de produção, parte dela é retirada do mercado interno, favorecendo também aqueles criadores que vendem dentro do país, o que fortalece toda cadeia.

Cultivar BRS 5601RR: Depois de um longo período, a Embrapa volta a lançar uma variedade de soja. Cultivar precoce e de alto potencial produtivo, ela se destaca por ser resistente ao acamamento, isso em razão de seu porte ereto e estrutura de planta média.

Plataforma AgroAPI: Local onde podem ser encontrados dados e modelos agropecuários gerados pela Embrapa destinados às empresas, instituições públicas ou privadas e startups. Com a finalidade de criação de softwares, sistemas web e aplicativos, sua principal finalidade é a redução de custo e tempo de desenvolvimento.

O acesso é realizado de forma virtual, por meio de APIs (Interface de Programação de Aplicativos) o que permite a automatização da comunicação entre sistemas diferentes de forma rápida e segura.

Cultivar de capim elefante BRS Kurumi: A cultivar tem alto potencial de produção de forragem com excelentes características nutricionais, direcionado especialmente ao produtor de leite, que consegue intensificar a produção com menor custo em concentrado.

Recomendado seu uso em biomas de Mata Atlântica e Cerrado, ela tem como principal destaque a elevada relação folha/colmo.

Lançamentos

A ocasião do aniversário também foi pretexto para a estatal mostrar que não está parada destacando o lançamento de seis novos projetos.

Cultivar BRS Mandobi: A primeira cultivar brasileira de amendoim forrageiro propagada por sementes, recomendada em consórcio com gramíneas para os biomas Amazônia e Mata Atlântica.

Cultivar BRS 5804RR: Voltada para a região mais fria do Brasil ela se destaca pela resistência a podridão radicular, uma das principais doenças que atinge sojicultores do sul do país.

Cultivar BRS Morena: A novidade nessa variedade de gergelim é a película marrom avermelhada, o que lhe dá o status de “gourmet” e agrega valor nos mais exigentes mercados mundiais da semente.

Maçã, morango e pêssego com sistema de diagnóstico virtual: Software interativo que realiza de forma rápida o diagnóstico de pragas, doenças e distúrbios fisiológicos. Denominado Uzum Web o sistema é uma alternativa gratuita à disposição dos produtores.

Consórcio de soja com gramíneas na recuperação de áreas degradadas: Criado no Tocantins, e já replicado para o Matopiba, o manejo é direcionado para áreas com limitações hídricas mais severas ao ponto de reduzir a janela de plantio e com alto risco de veranicos durante o período de desenvolvimento da cultura.

Variedade de gergelim desenvolvida pela Embrapa agrega valor e abre mercados mundo afora por ser considerada “gourmet”

GeoMatopiba: Plataforma interativa que disponibiliza dados espaciais da região que compreende a fronteira agrícola formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Concebida para complementar o GeoWeb Matopiba, sistema lançado em 2015, ela dará aos usuários a possibilidade de utilizar painéis interativos de navegação guiada sobre diversos temas como: produção agropecuária, crédito rural, empregos formais e tecnologias da Embrapa.

Todos os projetos citados na reportagem é só um pouco da importância fundamental que a Embrapa tem não só para a história do desenvolvimento do Brasil como uma potência agro, mas que ela é uma protagonista trazendo inovações em cada região do país, não importando o tamanho do produtor.

Projeto Carne Carbono Neutro é uma forma de recompensar os produtores que adotam o sistema de produção lavoura-pecuária-floresta, mais um projeto com o DNA da Embrapa