Em compasso de espera
14/09/2012
Açúcar
POR: Revista Dinheiro Rural
Para as empresas que exportam açúcar, o mar não está para peixe. No mês passado, o valor médio do quilo do açúcar na bolsa de Nova York era de US$ 0,40, ante US$ 0,61 no mesmo período de 2011. O ano começou bem, mas a partir de maio as cotações começaram a cair. "Em agosto, os valores definitivamente ficaram abaixo do esperado pelo mercado", diz Amaryllis Romano, da consultoria Tendências, de São Paulo.
Segundo Amaryllis, a explicação para a queda de 34% nos últimos 12 meses é a previsão de um volume elevado da produção mundial da commodity, que deve ser superior a 174 milhões de toneladas na safra 2012/2013, contra um consumo previsto de 163 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). Com as quedas nas cotações desde maio, quando o quilo do açúcar era de US$ 0,44, a média de preços para 2012 no mercado internacional deve ficar abaixo da do ano passado, de US$ 0,59 o quilo.
No momento, para pressionar ainda mais os preços internacionais, os estoques mundiais estão bem abastecidos, com 33 milhões de toneladas de açúcar. Mas há um detalhe nessa história que pode ajudar os produtores até meados de dezembro, mês em que concluem a venda da safra. Por problemas climáticos, as produções de índia, Rússia e Brasil podem não se confirmar. Em vista disso, Amaryllis recomenda aos agricultores que ainda não venderam toda a produção aguardar uma melhor definição do cenário. "O momento é de calma e de manter o sangue-frio, mesmo com a baixa atual", diz Amaryllis.
De acordo com a economista, o relatório do Usda tem considerado a perspectiva inicial dos países produtores de açúcar, sem levar em conta as perdas que já começaram a ser contabilizadas. Para o Brasil, por exemplo, o Usda trabalha com a expectativa de 509 milhões de toneladas no Centro-Sul, na safra 2012/2013. No entanto, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar já começou a trabalhar com uma expectativa menor, de 505 milhões de toneladas.
"Como já estamos sabendo que a Rússia e a índia também podem não colher o esperado, a oferta e a demanda podem ficar justas e pressionar as cotações", diz Amaryllis. Caso esse cenário seja confirmado, os preços irão subir de setembro a dezembro. "O preço do açúcar não ficará mais baixo do que o mercado apurou em agosto", afirma a consultora. Em outras palavras: é hora de esperar para ver que bicho vai dar.