Embarque de açúcar do Brasil deve se recuperar em outubro
25/10/2012
Açúcar
POR: Valor Econômico
Atrasadas até setembro, as exportações de açúcar do Brasil devem se recuperar até o fim deste mês, após chuvas que atrapalharam a moagem de cana e os embarques no Centro-Sul, região que responde por 90% da produção de cana do país. Segundo estimativas da trading inglesa Czarnikow, o mês de outubro deve ser encerrado com a exportação de 2,892 milhões de toneladas da commodity, número que, se confirmado, será 20% maior do que o realizado no mesmo mês do ano passado.
A estimativa da trading inglesa, que neste ano vai originar 1,5 milhão de toneladas de açúcar no Brasil, leva em consideração as exportações já realizadas em outubro (2,326 milhões de toneladas) e a previsão de embarques nos portos do país - 565,8 mil toneladas.
O diretor da Czarnikow Brasil, Tiago Medeiros, explica que a trading não trabalha com o cenário de a exportação brasileira da commodity recuar. A previsão é que serão embarcadas até o fim desta safra brasileira 25,9 milhões de toneladas do produto, sendo 23,3 milhões da região Centro-Sul.
"Praticamente toda a produção de açúcar da atual safra está vendida no mercado físico. O que ocorre é que os embarques serão feitos de forma mais diluída ao longo dos próximos meses", diz Luís Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar, a maior comercializadora de açúcar e etanol do país. A companhia prevê originar no Brasil 6,5 milhões de toneladas da commodity. Para o Centro-Sul, a Copersucar estima embarques de 22,8 milhões de toneladas.
A grande decepção das exportações foi o mercado chinês. A expectativa é que importassem por volta de 3 milhões de toneladas de açúcar do Brasil, mas o número até agora não chega a 2 milhões de toneladas, segundo Ana Carolina Ferraz, gerente de pesquisa da Czarnikow.
Mas a boa surpresa, continua Ana Carolina, veio da Índia, que há dois anos não importava o produto, diante de uma boa safra interna. A diferença de preços (spread) entre o açúcar bruto e o branco superou US$ 100 por tonelada, que é o spread mínimo para compensar à refinaria a importação de bruto e o seu refino, conforme explica a especialista. Assim, a indústria indiana importou o produto do Brasil, e o mesmo fizeram outros refinadores, como os de Dubai e da Indonésia.
Somente a Índia comprou em torno de 500 mil toneladas de açúcar das usinas brasileiras. Em torno de 400 mil toneladas já foram embarcadas entre maio e setembro, e outras 108 mil toneladas estão programadas para outubro.
Também a Indonésia, que no ano passado importou do Brasil próximo de 600 mil toneladas de açúcar entre maio e outubro, deve registrar no mesmo intervalo deste ano importação de cerca de 1 milhão de toneladas. A maior parte, 670 mil toneladas, já foi embarcada até setembro e outras 320 mil toneladas seguirão nas próximas semanas.
Assim como a exportação, a produção de açúcar no Centro-Sul do país segue atrasada. No acumulado da safra até a 1ª quinzena de outubro atingiu 26,790 milhões de toneladas, 3,74% abaixo do fabricado no mesmo intervalo do ciclo anterior, segundo União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).