Na noite da última quarta-feira (10), a diretoria do CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis) reuniu-se com gestores de empresas associadas à entidade, para discutir os principais gargalos do setor, a fim de traçar um plano de ações e estratégias.
A reunião foi iniciada com o gerente executivo do CEISE Br, Sebastião Macedo, que apresentou a pauta e comentou sobre as cartas protocoladas à Presidente Dilma, ao BNDES e ao governador Geraldo Alckmin . “O documento foi redigido em nome dos associados à entidade, solicitando a flexibilização de crédito e criação de um fundo garantidor de empréstimos e financiamentos, pelo BNDES e Desenvolve SP”, disse.
O presidente do CEISE Br, Tonielo Filho, ressaltou a importância da integração e participação dos empresários. “O setor precisa se unir, criar uma voz única e forte. Se cada um trabalhar na individualidade, não vamos sair do lugar. O momento pede que a gente “grite” junto, porque só assim o governo vai ouvir nossas reivindicações. Está na hora de deixarmos de ser inimigos, disputando mercado, e fazermos da concorrência, um combustível para o fortalecimento do setor”, advertiu.
O diretor titular do CIESP Sertãozinho, Adézio Marques, complementou a fala do presidente do CEISE Br. “A classe empresarial precisa se movimentar. Os empresários são vistos pelo governo como uma fonte inesgotável de renda, mas já foram sugados ao máximo e por isso precisam mostrar que necessitam de respaldo para poder investir”, disse.
O secretário de Indústria e Comércio de Sertãozinho, Carlos Roberto Liboni, participou da reunião e em consonância com a opinião de outros participantes, exibiu seu ponto de vista sobre a crise da cadeia sucroenergética e ofereceu a posição que representa como interlocutora de demandas do setor, junto à administração municipal.
No final da reunião foram aprovadas as seguintes resoluções:
1 – Criação de Ações que permitam relação de negócios com outros setores, além do setor sucroalcooleiro. Exemplo: Rodadas de Negócios, Intermediação com Setores Estratégicos (Petrobrás, Estaleiros, Forças Armadas, etc.);
2 – Disponibilização e flexibilização de crédito pelo BNDES, Desenvolve SP e demais instituições financeiras, para a indústria de base do setor sucroenergético. Criação de linhas especiais de financiamentos à indústria de bens de capital e que estimulem a retomada dos investimentos na cadeia produtiva canavieira;
3 – Criação de um fundo garantidor de empréstimos e financiamentos, por um período de 18 meses, para tornar factível o acesso destas empresas aos recursos disponíveis no BNDES e demais instituições financeiras no curto prazo;
4 – Diversificação de clientela – campanha publicitária para mostrar que as indústrias de Sertãozinho estão preparadas para atender diversos ramos de atividades;
5 – Verificar hipóteses de Desoneração Tributária para os setores industriais, envolvidos no atendimento da indústria canavieira;
6 – Formalização de um marco regulatório para o setor sucroenergético, para dar garantias aos produtores e trabalhadores, que sirva para estimular um ambiente propício para a retomada dos investimentos na cadeia produtiva canavieira, possibilitando planejamento de demanda. (é evidente que a formalização de marcos regulatórios é algo maior, que requer uma participação mais ampla de entidades, ligadas a cadeia produtiva);
7 – Inserção da bioeletricidade na matriz energética brasileira, criando condições para estabelecer uma política real de preços e definições nas conexões das usinas às redes de distribuição;
8 – Conteúdo nacional para as indústrias brasileiras, que fornecerão os equipamentos e máquinas para a produção do etanol de segunda geração e química verde, com financiamento do BNDES;
9 – Viabilização de projetos para manutenção, modernização e construção de novas usinas;
10 – Solicitar à Prefeitura de Sertãozinho a possibilidade de anistia às empresas, que receberam notificações fiscais relativas ao ISSQN, por serviços de industrialização. Suspender a cobrança do ISS aplicado pelo Fisco Municipal, referente à denominada industrialização por encomenda;
11 – Implantação do Projeto APL (Arranjo Produtivo Local) de Sertãozinho.
Carta de Sertãozinho
Durante a reunião dos industriais de Sertãozinho o secretário municipal da Indústria e Comércio e ex-presidente do CEISE Br lamentou a pouca divulgação da “Carta de Sertãozinho” (transcrita na íntegra abaixo) que mesmo subscrita por Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE Br, não chegou a ser divulgada no site da entidade.
Já a empresária Alessandra Fabíola Bernuzzi Andrade, diretora de Responsabilidade Ambiental da ABIMAQ – Indústria Brasileira de Máquinas e Equipamentos e representante da associada Equipálcool, revelou que nos últimos meses o BNDES provocou várias e reiteradas consultas à entidade buscando informações e sugestões sobre a crise no setor sucroenergético. “As respostas têm sido encaminhadas mas não há nenhum avanço ou anúncio de medida concreta para a retomada dos investimentos”, lamentou.
O jornalista Ronaldo Knack, da associada A&K Editora Ltda., que edita o BrasilAgro, sugeriu que não se perdesse mais tempo em apontar os problemas e nem que fossem discutidas saídas para a crise que é política e resultado da falta de melhor interlocução do setor com o governo federal. “O problema é cíclico e quem acompanha o setor lembra que, de 1997 a 1999, quando o governo federal estava nas mãos do PSDB, também faltou esta interlocução”.
Ele recordou que graças ao movimento “Grito Pelo Emprego e Pela Produção” que surgiu em abril de 1999 e do qual foi um dos principais coordenadores, reunindo trabalhadores e produtores de cana, o então presidente Fernando Henrique Cardoso cedeu e passou a dialogar com as lideranças do setor: “Tivemos que paralisar estradas e promover dezenas de atos de protestos com a distribuição gratuita de etanol para sensibilizar FHC”, relembra.
Ronaldo Knack disse que a crise de agora tem um único personagem principal, que é a presidente Dilma: “Onipotente, autoritária e nem um pouco democrática, ela não se deu conta de que, por birra aos usineiros, de quem afirmou ter sido ‘traída’, prejudica uma cadeia produtiva que emprega 2,5 milhões de brasileiros. Para a retomada dos investimentos no setor, basta colocar em práticas as medidas já sugeridas no âmbito do Plano Brasil Maior, iniciativa do seu Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”.
O jornalista também lamentou que há poucos dias, numa mesma semana, foram realizados dois eventos internacionais em São Paulo com foco no setor sucroenergético, ambos com baixa adesão e sem nenhum prestígio político institucional. “Nenhum dos 39 ministros compareceu o que confirma mais uma vez que a agroenergia, os biocombustíveis e a bioeletricidade estão fora da agenda do governo que aí está”.
Ronaldo Knack também fez um relato dos trabalhos e análises estratégicas que estão sendo desenvolvidas e discutidas através de um grupo de trabalho que reúne dirigentes da Força Sindical (sindicatos de trabalhadores no setor), Orplana (fornecedores de cana), CEISE Br e CIESP (indústrias de base). “Entendemos que a saída para o setor está na criação de uma Frente Parlamentar que atue politicamente em defesa do setor e também da criação de um marco regulatório que estabeleça regras claras a médio e longo prazo com o objetivo de atrair novamente os investidores ao setor”, concluiu.
DIA DO TRABALHO: A CARTA DE SERTÃOZINHO
A cadeia produtiva do setor sucro-energético emprega, diretamente, 2,5 milhões de trabalhadores, reúne cerca de 400 usinas, 80 mil fornecedores de cana e 4 mil indústrias de base, distribuídos em mais de 600 municípios brasileiros, que produzem acima de 5000 ha de cana por ano, e correm o risco de verem suas economias deprimidas no curto prazo.
A ausência do setor produtivo de açúcar e etanol nos planos estratégicos do governo demonstra a omissão das autoridades federais quanto aos riscos que o setor está exposto. Não existe um único plano no governo que contemple reflexões sobre nossas necessidades.
As dificuldades não se restringem aos produtores, mas a toda uma cadeia produtiva, que na região de Sertãozinho representa mais de 1000 empresas, soma mais de 70% do Produto Interno Bruto e supera 55% dos empregos.
Não buscamos subsídios ou proteção, pelo oposto, somos contrários a eles, especialmente os regionais e pontuais que ao invés de resolver os problemas estruturais, aumentam o preconceito ao setor e desmoralizam a comprovada competência da grande maioria dos seus empresários, servindo antes como instrumentos políticos oportunistas.
A falta de políticas claras e previsíveis desorganiza o sistema de preços, que oscilam entre etanol e açúcar em movimentos de manada.
Temos o valor da nossa produção controlado e utilizado como instrumento subordinado à inflação, via preço da gasolina. Preço este que a título de beneficiar a população com um duvidoso equilíbrio de mercado, penaliza um único setor e toda a sua cadeia produtiva.
Não reivindicamos, embora merecedores, royalties como o do petróleo, muito embora representemos mais de 20% da gasolina derivada; e para produzi-la nossos municípios também sofram as dificuldades dos processos industriais, e impactam a vida de um contingente muito mais largo de cidadãos que o dos municípios produtores de petróleo.
Nem queremos sustentação oficial de prejuízos, como a energia produzida pelos parques eólicos e a manutenção das usinas térmicas a diesel. Energia que produz prejuízo mensal de 700 milhões de reais, mesmo que a cogeração de energia a partir do bagaço não consiga preço nos leilões do governo.
O que nós precisamos é do respeito das autoridades pelo trabalho de produzir, o cuidado dos agentes econômicos com o valor que agregamos na matriz energética e nas contas nacionais; e do cuidado especial com a saúde e a perspectiva de toda nossa indústria caudatária, já com enorme comprometimento fiscal e financeiro.
Senão, vejamos :
• 44 usinas deixaram de moer cana nas ultimas duas safras. E mais 10 deixarão de moer na próxima safra;
• 100 mil empregos foram extintos no período;
• A desnacionalização ultrapassa 40% do setor;
• As indústrias da cadeia produtiva não tem encomendas e trabalham a 50% da sua capacidade nominal, enquanto observam a consolidação dos produtores asiáticos;
• Não existem novos projetos como demonstra a carteira de consultas do BNDES;
• O consumo per capita de álcool pelos veículos flex caiu de 1.500 litros/veiculo para 611 litros/veiculo nos últimos 3 anos.
Por isto chamamos a atenção da opinião pública e esperamos que a presidente Dilma Rousseff demonstre sensibilidade para a inserção do setor nas estratégias do governo, possibilitando :
• Aprovação do marco regulatório para o setor que tenha regras claras para o curto e longo prazo;
• Criação de uma Frente Parlamentar no âmbito do Congresso Nacional com foco no setor;
• Conteúdo nacional para as indústrias brasileiras que fornecerão os equipamentos e máquinas para a produção do etanol de segunda geração e química verde com financiamento do BNDES;
• Inserção da bioeletricidade na matriz energética brasileira com leilões por regiões e por fontes;
• Estabilidade no emprego do setor;
• Viabilização de projetos para manutenção, modernização e construção de novas usinas.
Sertãozinho, 28 de abril de 2013
(assinam)
José Alberto Gimenez - Prefeito Municipal
Paulo Pereira da Silva – Presidente Força Sindical Nacional
Carlos Ortiz – Secretário Estadual do Emprego, e Relações do Trabalho
Antonio Vitor - Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação Estado de São Paulo
Rogerio Magrini
Presidente Câmara Municipal de Sertãozinho
Carlos Roberto Liboni - Secretário da Indústria e do Comércio
Geraldo Zanandrea - Presidente da Associação Comercial e Industrial de Sertãozinho
Antonio Tonielo Filho – Presidente do CEISE Br Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis
Laudenir Jardim Junior – Presidente do Clube dos Diretores Logistas
Joanilson Barbosa dos Santos - Presidente da OAB Sertãozinho
Adezio Marques – Diretor Regional do CIESP de Sertãozinho
Claudemir Daniel - Presidente da Associação de Engenharia Sertãozinho
Elio Candido - Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho
José Carlos Canesin – Presidente do Sindicato do Comércio Varejista
Jonathan Faleiros – Presidente do Sindicato dos Comerciários
Na noite da última quarta-feira (10), a diretoria do CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis) reuniu-se com gestores de empresas associadas à entidade, para discutir os principais gargalos do setor, a fim de traçar um plano de ações e estratégias.
A reunião foi iniciada com o gerente executivo do CEISE Br, Sebastião Macedo, que apresentou a pauta e comentou sobre as cartas protocoladas à Presidente Dilma, ao BNDES e ao governador Geraldo Alckmin . “O documento foi redigido em nome dos associados à entidade, solicitando a flexibilização de crédito e criação de um fundo garantidor de empréstimos e financiamentos, pelo BNDES e Desenvolve SP”, disse.
O presidente do CEISE Br, Tonielo Filho, ressaltou a importância da integração e participação dos empresários. “O setor precisa se unir, criar uma voz única e forte. Se cada um trabalhar na individualidade, não vamos sair do lugar. O momento pede que a gente “grite” junto, porque só assim o governo vai ouvir nossas reivindicações. Está na hora de deixarmos de ser inimigos, disputando mercado, e fazermos da concorrência, um combustível para o fortalecimento do setor”, advertiu.
O diretor titular do CIESP Sertãozinho, Adézio Marques, complementou a fala do presidente do CEISE Br. “A classe empresarial precisa se movimentar. Os empresários são vistos pelo governo como uma fonte inesgotável de renda, mas já foram sugados ao máximo e por isso precisam mostrar que necessitam de respaldo para poder investir”, disse.
O secretário de Indústria e Comércio de Sertãozinho, Carlos Roberto Liboni, participou da reunião e em consonância com a opinião de outros participantes, exibiu seu ponto de vista sobre a crise da cadeia sucroenergética e ofereceu a posição que representa como interlocutora de demandas do setor, junto à administração municipal.
No final da reunião foram aprovadas as seguintes resoluções:
1 – Criação de Ações que permitam relação de negócios com outros setores, além do setor sucroalcooleiro. Exemplo: Rodadas de Negócios, Intermediação com Setores Estratégicos (Petrobrás, Estaleiros, Forças Armadas, etc.);
2 – Disponibilização e flexibilização de crédito pelo BNDES, Desenvolve SP e demais instituições financeiras, para a indústria de base do setor sucroenergético. Criação de linhas especiais de financiamentos à indústria de bens de capital e que estimulem a retomada dos investimentos na cadeia produtiva canavieira;
3 – Criação de um fundo garantidor de empréstimos e financiamentos, por um período de 18 meses, para tornar factível o acesso destas empresas aos recursos disponíveis no BNDES e demais instituições financeiras no curto prazo;
4 – Diversificação de clientela – campanha publicitária para mostrar que as indústrias de Sertãozinho estão preparadas para atender diversos ramos de atividades;
5 – Verificar hipóteses de Desoneração Tributária para os setores industriais, envolvidos no atendimento da indústria canavieira;
6 – Formalização de um marco regulatório para o setor sucroenergético, para dar garantias aos produtores e trabalhadores, que sirva para estimular um ambiente propício para a retomada dos investimentos na cadeia produtiva canavieira, possibilitando planejamento de demanda. (é evidente que a formalização de marcos regulatórios é algo maior, que requer uma participação mais ampla de entidades, ligadas a cadeia produtiva);
7 – Inserção da bioeletricidade na matriz energética brasileira, criando condições para estabelecer uma política real de preços e definições nas conexões das usinas às redes de distribuição;
8 – Conteúdo nacional para as indústrias brasileiras, que fornecerão os equipamentos e máquinas para a produção do etanol de segunda geração e química verde, com financiamento do BNDES;
9 – Viabilização de projetos para manutenção, modernização e construção de novas usinas;
10 – Solicitar à Prefeitura de Sertãozinho a possibilidade de anistia às empresas, que receberam notificações fiscais relativas ao ISSQN, por serviços de industrialização. Suspender a cobrança do ISS aplicado pelo Fisco Municipal, referente à denominada industrialização por encomenda;
11 – Implantação do Projeto APL (Arranjo Produtivo Local) de Sertãozinho.
Carta de Sertãozinho
Durante a reunião dos industriais de Sertãozinho o secretário municipal da Indústria e Comércio e ex-presidente do CEISE Br lamentou a pouca divulgação da “Carta de Sertãozinho” (transcrita na íntegra abaixo) que mesmo subscrita por Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE Br, não chegou a ser divulgada no site da entidade.
Já a empresária Alessandra Fabíola Bernuzzi Andrade, diretora de Responsabilidade Ambiental da ABIMAQ – Indústria Brasileira de Máquinas e Equipamentos e representante da associada Equipálcool, revelou que nos últimos meses o BNDES provocou várias e reiteradas consultas à entidade buscando informações e sugestões sobre a crise no setor sucroenergético. “As respostas têm sido encaminhadas mas não há nenhum avanço ou anúncio de medida concreta para a retomada dos investimentos”, lamentou.
O jornalista Ronaldo Knack, da associada A&K Editora Ltda., que edita o BrasilAgro, sugeriu que não se perdesse mais tempo em apontar os problemas e nem que fossem discutidas saídas para a crise que é política e resultado da falta de melhor interlocução do setor com o governo federal. “O problema é cíclico e quem acompanha o setor lembra que, de 1997 a 1999, quando o governo federal estava nas mãos do PSDB, também faltou esta interlocução”.
Ele recordou que graças ao movimento “Grito Pelo Emprego e Pela Produção” que surgiu em abril de 1999 e do qual foi um dos principais coordenadores, reunindo trabalhadores e produtores de cana, o então presidente Fernando Henrique Cardoso cedeu e passou a dialogar com as lideranças do setor: “Tivemos que paralisar estradas e promover dezenas de atos de protestos com a distribuição gratuita de etanol para sensibilizar FHC”, relembra.
Ronaldo Knack disse que a crise de agora tem um único personagem principal, que é a presidente Dilma: “Onipotente, autoritária e nem um pouco democrática, ela não se deu conta de que, por birra aos usineiros, de quem afirmou ter sido ‘traída’, prejudica uma cadeia produtiva que emprega 2,5 milhões de brasileiros. Para a retomada dos investimentos no setor, basta colocar em práticas as medidas já sugeridas no âmbito do Plano Brasil Maior, iniciativa do seu Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”.
O jornalista também lamentou que há poucos dias, numa mesma semana, foram realizados dois eventos internacionais em São Paulo com foco no setor sucroenergético, ambos com baixa adesão e sem nenhum prestígio político institucional. “Nenhum dos 39 ministros compareceu o que confirma mais uma vez que a agroenergia, os biocombustíveis e a bioeletricidade estão fora da agenda do governo que aí está”.
Ronaldo Knack também fez um relato dos trabalhos e análises estratégicas que estão sendo desenvolvidas e discutidas através de um grupo de trabalho que reúne dirigentes da Força Sindical (sindicatos de trabalhadores no setor), Orplana (fornecedores de cana), CEISE Br e CIESP (indústrias de base). “Entendemos que a saída para o setor está na criação de uma Frente Parlamentar que atue politicamente em defesa do setor e também da criação de um marco regulatório que estabeleça regras claras a médio e longo prazo com o objetivo de atrair novamente os investidores ao setor”, concluiu.
DIA DO TRABALHO: A CARTA DE SERTÃOZINHO
A cadeia produtiva do setor sucro-energético emprega, diretamente, 2,5 milhões de trabalhadores, reúne cerca de 400 usinas, 80 mil fornecedores de cana e 4 mil indústrias de base, distribuídos em mais de 600 municípios brasileiros, que produzem acima de 5000 ha de cana por ano, e correm o risco de verem suas economias deprimidas no curto prazo.
A ausência do setor produtivo de açúcar e etanol nos planos estratégicos do governo demonstra a omissão das autoridades federais quanto aos riscos que o setor está exposto. Não existe um único plano no governo que contemple reflexões sobre nossas necessidades.
As dificuldades não se restringem aos produtores, mas a toda uma cadeia produtiva, que na região de Sertãozinho representa mais de 1000 empresas, soma mais de 70% do Produto Interno Bruto e supera 55% dos empregos.
Não buscamos subsídios ou proteção, pelo oposto, somos contrários a eles, especialmente os regionais e pontuais que ao invés de resolver os problemas estruturais, aumentam o preconceito ao setor e desmoralizam a comprovada competência da grande maioria dos seus empresários, servindo antes como instrumentos políticos oportunistas.
A falta de políticas claras e previsíveis desorganiza o sistema de preços, que oscilam entre etanol e açúcar em movimentos de manada.
Temos o valor da nossa produção controlado e utilizado como instrumento subordinado à inflação, via preço da gasolina. Preço este que a título de beneficiar a população com um duvidoso equilíbrio de mercado, penaliza um único setor e toda a sua cadeia produtiva.
Não reivindicamos, embora merecedores, royalties como o do petróleo, muito embora representemos mais de 20% da gasolina derivada; e para produzi-la nossos municípios também sofram as dificuldades dos processos industriais, e impactam a vida de um contingente muito mais largo de cidadãos que o dos municípios produtores de petróleo.
Nem queremos sustentação oficial de prejuízos, como a energia produzida pelos parques eólicos e a manutenção das usinas térmicas a diesel. Energia que produz prejuízo mensal de 700 milhões de reais, mesmo que a cogeração de energia a partir do bagaço não consiga preço nos leilões do governo.
O que nós precisamos é do respeito das autoridades pelo trabalho de produzir, o cuidado dos agentes econômicos com o valor que agregamos na matriz energética e nas contas nacionais; e do cuidado especial com a saúde e a perspectiva de toda nossa indústria caudatária, já com enorme comprometimento fiscal e financeiro.
Senão, vejamos :
• 44 usinas deixaram de moer cana nas ultimas duas safras. E mais 10 deixarão de moer na próxima safra;
• 100 mil empregos foram extintos no período;
• A desnacionalização ultrapassa 40% do setor;
• As indústrias da cadeia produtiva não tem encomendas e trabalham a 50% da sua capacidade nominal, enquanto observam a consolidação dos produtores asiáticos;
• Não existem novos projetos como demonstra a carteira de consultas do BNDES;
• O consumo per capita de álcool pelos veículos flex caiu de 1.500 litros/veiculo para 611 litros/veiculo nos últimos 3 anos.
Por isto chamamos a atenção da opinião pública e esperamos que a presidente Dilma Rousseff demonstre sensibilidade para a inserção do setor nas estratégias do governo, possibilitando :
• Aprovação do marco regulatório para o setor que tenha regras claras para o curto e longo prazo;
• Criação de uma Frente Parlamentar no âmbito do Congresso Nacional com foco no setor;
• Conteúdo nacional para as indústrias brasileiras que fornecerão os equipamentos e máquinas para a produção do etanol de segunda geração e química verde com financiamento do BNDES;
• Inserção da bioeletricidade na matriz energética brasileira com leilões por regiões e por fontes;
• Estabilidade no emprego do setor;
• Viabilização de projetos para manutenção, modernização e construção de novas usinas.
Sertãozinho, 28 de abril de 2013
(assinam)
José Alberto Gimenez - Prefeito Municipal
Paulo Pereira da Silva – Presidente Força Sindical Nacional
Carlos Ortiz – Secretário Estadual do Emprego, e Relações do Trabalho
Antonio Vitor - Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação Estado de São Paulo
Rogerio Magrini
Presidente Câmara Municipal de Sertãozinho
Carlos Roberto Liboni - Secretário da Indústria e do Comércio
Geraldo Zanandrea - Presidente da Associação Comercial e Industrial de Sertãozinho
Antonio Tonielo Filho – Presidente do CEISE Br Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis
Laudenir Jardim Junior – Presidente do Clube dos Diretores Logistas
Joanilson Barbosa dos Santos - Presidente da OAB Sertãozinho
Adezio Marques – Diretor Regional do CIESP de Sertãozinho
Claudemir Daniel - Presidente da Associação de Engenharia Sertãozinho
Elio Candido - Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho
José Carlos Canesin – Presidente do Sindicato do Comércio Varejista
Jonathan Faleiros – Presidente do Sindicato dos Comerciários