Empréstimo e crise internacional podem melhorar situação de usinas em Alagoas

09/07/2016 Cana-de-Açúcar POR: Cada Minuto
A crise econômica que assola o país, principalmente a partir dos últimos meses de 2014, acertou o setor sucroalcooleiro anos antes, gerando grande desemprego no estado. No entanto, as expectativas quanto à próxima safra são boas, tanto por conta das chuvas, da produção, como também dos recursos injetados por meio de empréstimos internacionais.
Segundo o economista Cícero Péricles, do ano passado para cá, notícias dão conta de um novo cenário para o setor sucroenergético. As chuvas foram boas e a safra deste ano, a 2016/2017, deverá ser maior. As previsões da Conab são no sentido de que o setor deverá moer, em Alagoas, 18 milhões de toneladas de cana, 12% mais que a safra passada. Péricles afirmou ainda que os preços estão melhores, tanto para o etanol como para o açúcar, provocando uma recuperação setorial.
Esta expectativa viabilizou a tomada de um empréstimo junto a um banco suíço, o Swiss Bank, com o aval do Fundo Garantidor de Exportações. Cícero Péricles explicou: “como as usinas alagoanas exportam para os Estados Unidos dentro do convênio chamado de Cota Preferencial Americana, com preço mais alto, há uma garantia real de pagamento. Nesta última safra, 18 usinas alagoanas enviaram açúcar para os Estados Unidos dentro desse convênio”.
O empréstimo de US$ 500 milhões, equivalente a 1,7 bilhão de reais, será ofertado às 42 usinas nordestinas que exportam para os Estados Unidos. Este empréstimo servirá para as usinas pagarem seus débitos com os fornecedores e realizar investimentos, principalmente na parte agrícola.
Para o economista, este empréstimo é importante porque a agricultura é um setor muito sensível ao crédito antecipado para poder financiar seus investimentos na produção, no custeio de seus tratos culturais, no plantio de suas safras futuras. Essa combinação de preços mais altos, clima favorável e empréstimo internacional, podem garantir uma recuperação, ainda que lenta, do setor em Alagoas.
Boas expectativas ainda não geram novos empregos
O setor é o mais importante gerador de empregos em Alagoas, e esta crise – sem precedentes – que começou por intempéries climáticas, passou por instabilidade internacional, controle de preços do combustível e hoje afunda junto com a economia brasileira, precisa se recuperar para manter os empregados e gerar novas vagas.
O economista Cícero Péricles explicou que a crise no setor vem desde a década passada e se deve a uma combinação de seca que se abateu no Nordeste e derrubou a produção regional, coincidindo com um período de preços baixos no álcool, no mercado interno, devido aos preços controlados da gasolina, e aos preços também pouco remuneradores no mercado internacional, para onde vão 70% da produção regional. Ou seja, queda na produção com redução de preços tanto do açúcar como do etanol.
A crise afetou financeiramente as empresas do setor, que, na sua maioria, tinham se endividado na expectativa de um mercado que crescia em ritmo forte no começo dos anos 2000, tanto pelos bons preços internacionais como pela ampliação da frota de carro flex-fuel, com possibilidades de mais consumo de etanol. Essa dívida justifica e explica a quebra de várias empresas e a ida para recuperação judicial de outras unidades.
Segundo a coordenadora do Observatório do Trabalho, Ana Milani, o ciclo de geração de emprego se apresenta menor neste ano de 2016 que no ciclo anterior. “Isto é reflexo da queda na produção da cana em abril 2016 se comparada com o mesmo período do ano anterior (-8,08%), levando a uma queda na produção da safra. Esta contração se reflete no menor saldo de movimentações de emprego formal”.
Sindicato dos Trabalhadores não vislumbra fim da crise
Em Alagoas, pelo menos cinco usinas já não moeram na safra 2015/2016, restando 19. O fechamento das indústrias e em consequência as demissões em massa afetam regiões inteiras no Estado. Os problemas gerados aos trabalhadores vão desde os mais básicos até os mais complexos, que tem início com a falta de recursos para aquisição de bens de consumo básico.
Para o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar do Estado de Alagoas (STIA/AL), não há como vislumbrar um fim para a crise que hoje traz recessão à economia brasileira, foram muitos os trabalhadores que perderam seus empregos e que passaram a vida toda no trabalho rural e hoje precisam se apegar à esperança.
A política econômica de Dilma Rousseff autorizou as indústrias do setor sucroenergético a contraírem empréstimos internacionais. Esta medida deveria injetar nas empresas alagoanas cerca de 300 milhões de dólares, cerca de um bilhão de reais. No entanto, apesar do otimismo, os trabalhadores rurais ainda não sentiram os benefícios desses recursos.
“Existe a liberação de créditos, mas temos que esperar o momento certo para dizer que os trabalhadores estão sendo beneficiados. No campo ideológico tudo está bem, mas temos que ver o trabalhador ser readmitido de suas funções, ganhando em dia, tendo seus vencimentos mais valorizados, aí sim podemos falar em melhoras”, disse a assessoria do STIA/AL.
Tentando diminuir os efeitos da crise, muitos trabalhadores aceitaram a redução de jornada e consequente redução de um já tão baixo salário. Outros que dependiam completamente do corte da cana ou de outro trabalho relacionado às usinas, hoje se veem procurando emprego em diferentes ramos, como o comércio, saindo do campo para as cidades e contribuindo para agravar diversos outros problemas sociais, com o êxodo rural.
“Outra opção é trabalhar em outros estados onde há crise, mas ainda conseguem absorve alguma mão de obra mais específica, com salários mais aceitáveis”, mencionou. Um caso emblemático tem sido o dos trabalhadores das usinas do Grupo João Lyra que estão passando por processos judiciais de falência e não pagaram os débitos trabalhistas.
Uma pequena parte dos ex-trabalhadores da Usina Guaxuma, em Coruripe, se apossou de parte das terras e está morando e vivendo do que planta nas terras que anteriormente era exclusiva da monocultura da cana-de-açúcar.
A alternativa que parecia vir dando algum alento para aquelas famílias, segundo o STIA/AL vem sendo desfeita. “Os trabalhadores já estão sendo retirados da usina e há uma transação em curso que deve se dar até o fim do mês. Defendemos a contratação desse pessoal, em tempo, que nos posicionamos em favor da legalidade. Esperamos que as negociações sejam realizadas de forma célere e que os trabalhadores retomem para indústria o quanto antes”, disse a assessoria.
GranBio anuncia retorno de produção
Após interromper suas atividades para ajustes de equipamento e de processos de produção, a GranBio relata que seus trabalhos na usina Bioflex serão retomadas em outubro, segundo anunciou o vice-presidente de novos negócios, Alan Hiltner. A empresa retornará transformando bagaço de cana em etanol de segunda geração (2G).
A empresa com capacidade para produzir 82 milhões de litros de etanol celulósico por ano, em 2015 só produziu 4 milhões, sendo esse um dos principais motivos para a paralisação. No entanto, o vice-presidente avalia que até 2018 os custos de produção do 2G devem se igualar ou até mesmo ficar abaixo dos de primeira geração (1G), fabricado da forma tradicional, a partir do caldo de cana.
O pleno funcionamento da empresa representa mais de mil empregos diretos e indiretos na indústria. 
A crise econômica que assola o país, principalmente a partir dos últimos meses de 2014, acertou o setor sucroalcooleiro anos antes, gerando grande desemprego no estado. No entanto, as expectativas quanto à próxima safra são boas, tanto por conta das chuvas, da produção, como também dos recursos injetados por meio de empréstimos internacionais.
Segundo o economista Cícero Péricles, do ano passado para cá, notícias dão conta de um novo cenário para o setor sucroenergético. As chuvas foram boas e a safra deste ano, a 2016/2017, deverá ser maior. As previsões da Conab são no sentido de que o setor deverá moer, em Alagoas, 18 milhões de toneladas de cana, 12% mais que a safra passada. Péricles afirmou ainda que os preços estão melhores, tanto para o etanol como para o açúcar, provocando uma recuperação setorial.
Esta expectativa viabilizou a tomada de um empréstimo junto a um banco suíço, o Swiss Bank, com o aval do Fundo Garantidor de Exportações. Cícero Péricles explicou: “como as usinas alagoanas exportam para os Estados Unidos dentro do convênio chamado de Cota Preferencial Americana, com preço mais alto, há uma garantia real de pagamento. Nesta última safra, 18 usinas alagoanas enviaram açúcar para os Estados Unidos dentro desse convênio”.

O empréstimo de US$ 500 milhões, equivalente a 1,7 bilhão de reais, será ofertado às 42 usinas nordestinas que exportam para os Estados Unidos. Este empréstimo servirá para as usinas pagarem seus débitos com os fornecedores e realizar investimentos, principalmente na parte agrícola.
Para o economista, este empréstimo é importante porque a agricultura é um setor muito sensível ao crédito antecipado para poder financiar seus investimentos na produção, no custeio de seus tratos culturais, no plantio de suas safras futuras. Essa combinação de preços mais altos, clima favorável e empréstimo internacional, podem garantir uma recuperação, ainda que lenta, do setor em Alagoas.
Boas expectativas ainda não geram novos empregos
O setor é o mais importante gerador de empregos em Alagoas, e esta crise – sem precedentes – que começou por intempéries climáticas, passou por instabilidade internacional, controle de preços do combustível e hoje afunda junto com a economia brasileira, precisa se recuperar para manter os empregados e gerar novas vagas.
O economista Cícero Péricles explicou que a crise no setor vem desde a década passada e se deve a uma combinação de seca que se abateu no Nordeste e derrubou a produção regional, coincidindo com um período de preços baixos no álcool, no mercado interno, devido aos preços controlados da gasolina, e aos preços também pouco remuneradores no mercado internacional, para onde vão 70% da produção regional. Ou seja, queda na produção com redução de preços tanto do açúcar como do etanol.

 
A crise afetou financeiramente as empresas do setor, que, na sua maioria, tinham se endividado na expectativa de um mercado que crescia em ritmo forte no começo dos anos 2000, tanto pelos bons preços internacionais como pela ampliação da frota de carro flex-fuel, com possibilidades de mais consumo de etanol. Essa dívida justifica e explica a quebra de várias empresas e a ida para recuperação judicial de outras unidades.

 
Segundo a coordenadora do Observatório do Trabalho, Ana Milani, o ciclo de geração de emprego se apresenta menor neste ano de 2016 que no ciclo anterior. “Isto é reflexo da queda na produção da cana em abril 2016 se comparada com o mesmo período do ano anterior (-8,08%), levando a uma queda na produção da safra. Esta contração se reflete no menor saldo de movimentações de emprego formal”.

 
Sindicato dos Trabalhadores não vislumbra fim da crise

 
Em Alagoas, pelo menos cinco usinas já não moeram na safra 2015/2016, restando 19. O fechamento das indústrias e em consequência as demissões em massa afetam regiões inteiras no Estado. Os problemas gerados aos trabalhadores vão desde os mais básicos até os mais complexos, que tem início com a falta de recursos para aquisição de bens de consumo básico.

 
Para o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar do Estado de Alagoas (STIA/AL), não há como vislumbrar um fim para a crise que hoje traz recessão à economia brasileira, foram muitos os trabalhadores que perderam seus empregos e que passaram a vida toda no trabalho rural e hoje precisam se apegar à esperança.

 
A política econômica de Dilma Rousseff autorizou as indústrias do setor sucroenergético a contraírem empréstimos internacionais. Esta medida deveria injetar nas empresas alagoanas cerca de 300 milhões de dólares, cerca de um bilhão de reais. No entanto, apesar do otimismo, os trabalhadores rurais ainda não sentiram os benefícios desses recursos.

 
“Existe a liberação de créditos, mas temos que esperar o momento certo para dizer que os trabalhadores estão sendo beneficiados. No campo ideológico tudo está bem, mas temos que ver o trabalhador ser readmitido de suas funções, ganhando em dia, tendo seus vencimentos mais valorizados, aí sim podemos falar em melhoras”, disse a assessoria do STIA/AL.

 
Tentando diminuir os efeitos da crise, muitos trabalhadores aceitaram a redução de jornada e consequente redução de um já tão baixo salário. Outros que dependiam completamente do corte da cana ou de outro trabalho relacionado às usinas, hoje se veem procurando emprego em diferentes ramos, como o comércio, saindo do campo para as cidades e contribuindo para agravar diversos outros problemas sociais, com o êxodo rural.

 
“Outra opção é trabalhar em outros estados onde há crise, mas ainda conseguem absorve alguma mão de obra mais específica, com salários mais aceitáveis”, mencionou. Um caso emblemático tem sido o dos trabalhadores das usinas do Grupo João Lyra que estão passando por processos judiciais de falência e não pagaram os débitos trabalhistas.

 
Uma pequena parte dos ex-trabalhadores da Usina Guaxuma, em Coruripe, se apossou de parte das terras e está morando e vivendo do que planta nas terras que anteriormente era exclusiva da monocultura da cana-de-açúcar.

 
A alternativa que parecia vir dando algum alento para aquelas famílias, segundo o STIA/AL vem sendo desfeita. “Os trabalhadores já estão sendo retirados da usina e há uma transação em curso que deve se dar até o fim do mês. Defendemos a contratação desse pessoal, em tempo, que nos posicionamos em favor da legalidade. Esperamos que as negociações sejam realizadas de forma célere e que os trabalhadores retomem para indústria o quanto antes”, disse a assessoria.

 
GranBio anuncia retorno de produção

 
Após interromper suas atividades para ajustes de equipamento e de processos de produção, a GranBio relata que seus trabalhos na usina Bioflex serão retomadas em outubro, segundo anunciou o vice-presidente de novos negócios, Alan Hiltner. A empresa retornará transformando bagaço de cana em etanol de segunda geração (2G).

 
A empresa com capacidade para produzir 82 milhões de litros de etanol celulósico por ano, em 2015 só produziu 4 milhões, sendo esse um dos principais motivos para a paralisação. No entanto, o vice-presidente avalia que até 2018 os custos de produção do 2G devem se igualar ou até mesmo ficar abaixo dos de primeira geração (1G), fabricado da forma tradicional, a partir do caldo de cana.

 
O pleno funcionamento da empresa representa mais de mil empregos diretos e indiretos na indústria.