Encontro de eficientes

07/12/2017 Noticias Copercana POR: Revista Canavieiros
Por: Marino Guerra

Uma das últimas ponderações feitas pelo jornalista Carlos Alberto Sardenberg durante sua palestra no VI Encontro de Gerentes do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred foi de que ele roda o Brasil todo em eventos e enxerga um país muito eficiente e diante do caos político atual, espera que nas próximas eleições representantes desse “tipo de gente” triunfem.

Ao falar isso, para um público formado por mais de 200 profissionais que estabelecem alguma liderança dentro da Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred (representantes desse exército de eficientes, por suas capacitações), ele tentou despertar de um sono profundo a importância em se participar de forma mais ativa da vida política do país daqueles que não apenas o sustentam, mas que através de suas lideranças, passe aos seus subordinados a visão de que as instituições públicas não podem mais ser dominadas pelos que insistem em preconizar o jeitinho ou a lei de Gerson (campanha da década de 70 onde o homônimo e campeão do mundo pela Seleção Brasileira estrelou um comercial de televisão de uma marca de cigarros com o jargão “Eu gosto de levar vantagem em tudo, certo?”).

Como a peça posterior da engrenagem de um relógio, a visão do também palestrante Zeca de Mello (ex-padre e professor da fundação Dom Cabral) sobre liderança se encaixou perfeitamente ao comentário do jornalista.

Na visão dele, a verdadeira liderança precisa ser baseada na confiança, ou seja, o líder consegue ter seguidores realmente fiéis e empenhados em seus comandos, não quando esses sentem medo dele, mas quando passam a ter confiança nele. E para isso é preciso conseguir desenvolver uma complexa inteligência, a de ser corajoso em momentos de calmaria, ou seja, a de saber mexer no time ainda enquanto ele está ganhando, antes dos adversários descobrirem o ponto fraco.

Então se as pessoas eficientes conseguirem desenvolver com o mesmo talento profissional o seu lado político e também evoluir sob o ponto de vista de liderança, dificilmente a trupe de horrores instalada em Brasília ocupará o palco principal da política nacional.

Um raio cai duas vezes no mesmo lugar?


Em sua apresentação, Sardemberg relembrou de como era o cenário do país antes da entrada de Fernando Henrique Cardoso como ministro da fazenda do governo Itamar Franco, quando em 1992, depois da queda de Collor, o então vice assumiu em uma crise econômica muito parecida com o pós-Dilma (inflação + recessão), mas com um agravante, já que na época o Brasil não contava com uma moeda com o mínimo de perenidade, foram cinco diferentes na era redemocratizada (do período da ditadura até 1986 era o cruzeiro, depois veio o cruzado que durou até 1989, quando entrou em circulação os cruzados novos, onde um ano depois se transformou em cruzeiro novamente e em 1993 virou cruzeiros reais antecedendo o real, que dura até hoje).

Com o cenário absolutamente catastrófico, não havia um ministro da fazenda que parava no cargo, foram três (Gustavo Krause Gonçalves Sobrinho, Paulo Roberto Haddad e Eliseu Resende) de 2 de outubro de 1992 até 19 de maio de 1993, quando um bondoso raio caiu em Brasília e iluminou, sabe-se lá Deus de que maneira, o confuso presidente mineiro a tirar o então ministro das Relações Exteriores e aloca-lo na Fazenda e esse nome não era de nenhum catedrático em economia ou finanças, mas de um sociólogo, que acertou a economia de tal maneira e virou duas vezes presidente da República, vencendo os dois pleitos no primeiro turno, cravando o seu nome na história do país através das suas iniciais, FHC.

Para o apresentador da CBN, agora era a hora de surgir um novo FHC, porém o tempo para as eleições é curto e a polarização cada vez maior torna o surgimento de um salvador da pátria, pelo menos como foi o Fernando Henrique Cardoso praticamente impossível. O que ainda dá tempo é o aparecimento de um novo Emmanuel Macron, presidente da França eleito em 2016 depois de uma surpreendente arrancada em um cenário político onde também os favoritos eram radicais de esquerda e direita.

Dilma e Mantega, estragos similares à Hiroshima e Nagasaki


Não era necessária a presença de um jornalista do porte do âncora da Globo News para dizer que durante os 8 anos de governo FHC a coerência da política econômica foi a principal marca, mesmo enfrentando diversas crises internacionais (México em 1995, Tigres Asiáticos 1997, Rússia em 1998 e 2001, Argentina em 2001 e os atentados de 11 de setembro no mesmo ano) e também internas, a pior delas em 1999 quando o Banco Central abandonou o regime de câmbio fixo e passou a operar com o câmbio flutuante.

Na visão de Sardenberg o primeiro mandato de Lula pode ser considerado como o terceiro de seu antecessor, ou talvez ainda mais conservador, devido a formação da equipe econômica montada pelo então ministro da fazenda Antônio Palocci Filho. Para se ter ideia, dentre os membros havia o Joaquim Levy, que foi economista-chefe do Ministério do Planejamento na gestão tucana e iniciou o primeiro mandato petista como secretário do Tesouro Nacional, mais tarde, e de forma camicase, ele assumiu a pasta máxima da economia nacional depois que Lula, Dilma e Mantega estouraram pelo menos três bombas atômicas.

As três armas bélicas que trouxeram o país para a mais profunda e mais longa crise de sua história recente foram cuidadosamente manipuladas a partir da reeleição de Lula pelo então ministro Guido Mantega, onde teve sua fabricação iniciada através da construção de uma falsa economia que dava certo, através de assistencialismo às classes mais baixas, a ilusão do dinheiro fácil que viria do pré-sal e o patrocínio a um grupo muito seleto de patrocinadores de campanha que mais tarde ficariam conhecidos como as “supercampeãs”.

O trabalho foi suficiente para o ex-sindicalista conseguir eleger sua sucessora, porém a partir do momento que tomou o poder, sabendo que mundo estava em severa crise (bolha imobiliária americana e quebra de alguns países da Zona do Euro) ela simplesmente apertou o botão vermelho ao permitir, ou exigir, uma política de juros baixos em uma economia que já demonstrava estar em recessão e inflação galopante. 

Bum. Quebra da Petrobras, desemprego recorde, perda de notas de investimentos, quebras, suicídios, centrão, desgaste das instituições, impeachment, estados falidos, crescimento de facções criminosas.

A recuperação no Japão se deu através do “Milagre Econômico Japonês”, onde todo o segmento envolvido com as grandes empresas do país se uniram em grupos chamados “Keiretsu” e que ainda contou com a colaboração dos sindicatos e o Governo para focar de maneira interna em um forte desenvolvimento. Se olhar com uma lupa, é possível achar algumas semelhanças entre o plano nipônico e o RenovaBio.

Crescimento, o mundo ajuda


Sobre o cenário econômico atual do país, o jornalista apresentou diversos índices que comprovam a existência de uma recuperação, consistente, embora ela seja espalhada (não são todos os setores que já enxergam uma luz no fim do túnel), moderada (todos os números mostram ainda curtas variações positivas ao longo de seu tempo referência) e frágil (o caso da delação do Joesley Batista foi exemplar, estremeceram boa parte dos índices que são medidos diariamente).

Contudo, na visão do palestrante, o principal responsável por esse pequeno alívio nos números tupiniquins é o mundo, que desde 2010 apresenta crescimento, sendo a perspectiva para esse ano evoluir em 3,55%, inclusive países vizinhos como Peru (3,9%), Colômbia (2%), México (2,3%) e Chile (1,6%) fazendo que o ambiente de negócios fique menos pesado até em economias como a nossa.
 
Ele também cita algumas atitudes tomadas pelo Governo Temer, muito parecidas com as do FHC, que também começam a influenciar na melhoria do quadro, entre elas estão: Redução dos Juros (com responsabilidade), reforma trabalhista, ajuste fiscal (união e estados), concessões, privatizações e reorganização do governo (Petrobras é um exemplo, onde a estatal está vendendo diversos ativos que não fazem parte do seu negócio direto, produzir petróleo, adquiridos sem planejamento e critérios durante as insanidades febris do Governo Dilma).

Entretanto, o grande legado deixado pelo governo do PMDB até agora é com certeza a implantação do teto de gastos públicos, antes dela o governo elevava a saída de recursos anualmente, não importando índices como a inflação ou o desempenho da economia, depois da lei, os gastos só poderão crescer proporcionalmente à inflação daquele ano. Acabou a farra, em anos de crescimento os governantes terão que se contentar em ver os seus governados crescendo e terá que se contentar com a estrutura, que é bem inchada, atual, fazendo com que a longo prazo o estado diminua sua influência.

Doença ainda não curada


O grande vírus causador da fraqueza que sempre acaba com qualquer tentativa de progresso e evolução do país se chama corrupção, a escolha pelo crescimento econômico pessoal através de negociatas focadas principalmente em recursos advindos do gigantesco e lento estado, ao invés de pensar no ganho através do trabalho, do empreendedorismo, da produtividade, é segundo o âncora, é o maior desfio do Brasil.

Como exemplos claros dessa falta de ética escancarada, ele citou três notícias recentes: O primeiro é o caso do deputado Celso Jacob (PMDB-RJ), condenado em regime semiaberto e, consequentemente, dorme todas as noites no presídio da Papuda. O problema é o fato dele receber um auxílio moradia (benefício para cuidar das custas do sono dos legisladores federais) de R$ 4,2 mil. O segundo é a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, que foi à justiça pedir o acúmulo dos salários de desembarcadora aposentada (R$ 30,4 mil mensais) mais os vencimentos por comandar o Ministério, no mesmo valor. Como o teto constitucional é de R$ 33,7 mil por mês, ela alega receber apenas R$ 3,3 mil para executar seu cargo no Governo, chegando a classificar o seu trabalho como “escravo” por essa remuneração (só que ela não colocou na conta benefícios como carro, jatinho e cartão corporativo). Para fechar, o caso do “personal trainer” do TRT-BA (Tribunal Regional do Trabalho), onde foi aberta uma licitação para a contratação de tal profissional, de primeiro nível, para prestar serviços aos magistrados e funcionários do fórum.

Exemplos macabros como esses expõe a realidade de um setor público no qual a preocupação pela preservação e bom uso do dinheiro é achincalhada pelos profissionais responsáveis em fazer bom uso dele, aí a importância do interesse do lado eficiente da força em saber escolher os comandantes desse barco de aloprados e gastões.

Novos analfabetos


Os valores e concepções de vida que as novas gerações trazem para o mercado de trabalho é altamente perceptível, cada vez mais os ambientes corporativos passam a valorizar questões humanas deixando de lado o foco estritamente no material. Com isso, o ex-padre e professor da Fundação Dom Cabral, Zeca de Mello, em palestra também realizada durante o VI Encontro de Gerentes, define quem serão os próximos analfabetos e essa legião não estará ligada com conhecimentos linguísticos ou matemáticos, mas com a capacidade de aprender, desaprender e reaprender.

Segundo ele, todo esse processo só poderá ser assimilado se o indivíduo saber entender os ensinamentos de duas grandes professoras: A crise, uma mestra rígida e amarga que forçará o profissional abandonar sua zona de conforte e rever constantemente como é o processo de trabalho dele. A segunda pedagoga é muito mais dócil e, consequentemente, agradável, são as crianças, a capacidade delas de se admirar com tudo, querer curtir todas as novidades até a exaustão e logo depois ter à disposição de conhecer novas coisas, serão determinantes para se pertencer ao grupo das novas mentes notáveis em uma sociedade.

Com essa percepção, os grandes QIs (Quociente de Inteligência) serão preteridos se comparados com as grandes Inteligências Emocionais, ou seja, quem souber expressar ternura e afeto e lidar com a inveja, rancor e angústias, criará empatia (as pessoas confiarão em solicitar ajuda pois, em momentos específicos, também pedirão para serem auxiliadas, da mesma maneira reconhecerão problemas e falhas dos outros, pois se colocarão no lugar deles), a habilidade mais admirada por toda sociedade moderna.   

Muito mais que aspirina


Grande parceira da Copercana e também de todo o setor canavieiro, a Bayer acreditou na proposta do evento (desenvolver e estimular o senso crítico dos participantes e fazer com que eles repliquem para todo o seu ambiente, não só profissional, mas também social, ideias e pensamentos que influenciem de alguma maneira na evolução do senso-comum da sociedade), e também contribuiu através da apresentação onde mostrou um pouco de como funciona uma das empresas mais respeitadas do globo, proferida pelo seu gerente de marketing de cana, João Paulo Pivetta.

Conhecida como ser a inventora da aspirina, a Bayer é hoje uma empresa mundial com mais de 150 anos, que atua na pesquisa e desenvolvimento de soluções para curar problemas de saúde dos humanos, de seus alimentos (agropecuária) e até mesmo de seus melhores amigos (saúde animal para cães e gatos).
Dentro do segmento agro, a empresa alemã trabalha dividida em três pilares específicos: desenvolvimento de sementes (no caso da cana-de-açúcar o seu plantio), proteção (herbicidas, fungicidas, inseticidas e tratamento de sementes) e saúde ambiental.

O seu último lançamento relacionado à cultura canavieira é o Alion, herbicida que possui como principal característica ter um efeito residual prolongado, ou seja, por ser pré-emergente, na maioria dos casos, é necessária apenas uma aplicação, reduzindo custos operacionais e tempo com eventuais segundas ou até mesmo terceiras aplicações.