Por: Fernanda Clariano
Com o tema “Desafios e oportunidades para o Brasil no próximo biênio; Motivação e resultados”, a Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred reuniram na tarde de 21 de novembro, no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP gerentes das cooperativas e da associação (matriz e filiais) com o objetivo de informar, conscientizar e manter a equipe estimulada para o próximo ano, além de proporcionar um momento de descontração no ambiente de trabalho. O evento reuniu mais de 200 profissionais e contou com o apoio da Bayer.
A abertura do encontro aconteceu com a palavra do presidente executivo da Copercana e presidente da Canaoeste, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, que falou sobre o momento atribulado no país especialmente na questão política, do ano difícil para o setor sucroenergético etambém destacoua importância de poder reunir os gerentes em um evento rico em informações. “Diariamente conversamos com produtores associados e cooperados que nos questionam e querem saber a nossa opinião sobre o momento em que estamos vivendo no país, na política, na economia, quais as nossas perspectivas e por isso é importante estarmos bem informados. Neste sentido, realizamos ano a ano este encontro, no qual buscamos trazer palestrantes renomados com bastante riqueza de informações e nos sentimos muito felizes por poder reunir todos os nossos gerentes para aprender e também descontrair”, disse Ortolan.
O encontro contou com importante palestra proferida pelo jornalista e economista Luís Artur Nogueira, que discorreu sobre o tema “Quando o Brasil voltará a crescer? Desa?os e oportunidades no biênio 2019-2020”, onde fez um resumo sobre o Governo Temer além do impacto para o Brasil da guerra comercial entre China e os Estados Unidos e as expectativas para o novo Governo.
Por meio de uma apresentação totalmente interativa, descontraída e inovadora, Nogueira permitiu que, por meio de equipamentos de controles remotos, os presentes pudessem participar da palestra respondendo a enquetes e também definindo os temas a serem abordados.
Nogueira resumiu em quatro momentos o que aconteceu no Brasil nos últimos dois-três anos que explica a situação econômica difícil pela qual o país tenta superar neste momento. Primeiro, o impeachment da ex-presidente da República, Dilma Rousseff. Segundo, Michel Temer assume a presidência num mandato curto e que por muito pouco não denuncia o famoso episódio das gravações de Joesley Batista no palácio do Jaburú. Terceiro, Lula o principal líder político do país que liderava as pesquisas eleitorais, é condenado e preso. Quarto, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, que provavelmente há alguns anos ninguém apostaria que seria presidente da República, se elege.
“Por trás desses quatro momentos está a constatação de que o problema do Brasil é muito mais político do que econômico. Então, se superamos a crise política, e acredito que a eleição foi uma grande oportunidade, a economia vai voltar a crescer com força e eu não tenho dúvida”, afirmou.
Sobre a economia no mundo
Tudo o que acontece no mundo de certa forma afeta o Brasil e tem fatos importantes ocorrendo. De acordo com informações do FMI (Fundo Monetário Internacional), citadas por Nogueira em sua apresentação, o mundo vai crescer em média este ano e em 2019 - 3.7%, um bom crescimento médio para o mundo puxado principalmente por China e Estados Unidos. Esse crescimento já foi maior, há seis meses o mesmo FMI projetava 4%. “O mundo está desacelerando por conta da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Este é um ponto que preocupa muito porque essa guerra comercial entre dois gigantes, pode até ser boa para o Brasil, por estar exportando muita soja por conta disso, mas no longo prazo pode ser ruim para o mundo e, se é ruim para o mundo, obviamente é ruim para o Brasil”, observou Nogueira.
Ainda segundo ele, quando se têm as duas maiores economias brigando gera dois efeitos. “O primeiro é positivo, gera oportunidade para outros países venderem como é o caso do Brasil. Como a China sobretaxa a soja americana, o Brasil está vendendo mais soja para a China, e isso é ótimo. O problema é que em um segundo momento se tem duas economias gigantes uma sobretaxando a outra – o mundo inteiro vai crescer menos. Se o mundo cresce menos, o Brasil se beneficia menos do crescimento mundial, ou seja, nos atrapalha porque o Brasil é um grande exportador de minério de ferro, e precisamos do mundo crescendo bastante”.
Brasil
Para Nogueira, a crise política e a incerteza eleitoral travaram a economia do país em 2018. “Eu não tenho dúvida de que este ano de 2018 foi um ano que jogamos infelizmente na lata do lixo. Estamos crescendo de 1 a 1,5%, mas poderíamos tranquilamente crescer no patamar de 3%, dado o que aconteceu no início do Governo Temer. O único problema foi uma crise política, um Governo com uma série de denúncias e uma incerteza eleitoral. Esses dois fatores travaram a economia e infelizmente desperdiçamos um bom crescimento econômico para este ano”, comentou.
Governo de Michel Temer
Um Governo curto e problemático baseado em reformas estruturais e escândalos de corrupção, com baixa popularidade, mas com força no Congresso.
“O Temer queria entrar para a história como um presidente que faria todas as reformas sobre as quais ouvimos falar há décadas. Ele conseguiu aprovar muita coisa - aprovou a Reforma Trabalhista, a Nova Lei do Petróleo, a proposta da PEC dos gastos públicos, a Nova Lei do Ensino Médio, aprovou e está em fase final o Cadastro Positivo. Porém, não conseguiu aprovar, por exemplo, a Simplificação Tributária e a Reforma da Previdência”, observou Nogueira.
Governo de Jair Bolsonaro
Segundo Nogueira, Bolsonaro vai tentar governar com base em bancada ao invés de governar com partidos. “Bolsonaro vai governar com bancadas, a famosa bancada BBB (Boi, Bala e Bílbia), que é a bancada rural, a bancada segurança e a bancada evangélica e com isso ele vai quebrar essa lógica. De qualquer forma acredito que a reforma política seria bem
-vinda e ele disse em campanha que tentaria fazer a reforma, inclusive acabando com a reeleição – vamos ver se ele vai ter força e coragem para fazer”.
De acordo com a opinião de 36,2% dos gerentes presentes no evento, a maior dificuldade do presidente eleito Jair Bolsonaro será obter governabilidade no Governo.
O que aprendemos com as eleições?
- Os eleitores rejeitaram políticos envolvidos na Lava-Jato e os políticos tradicionais foram derrotados nas urnas. Além disso, os eleitores demonstraram que algumas bandeiras levantadas por Bolsonaro eram muito importantes, por exemplo: violência, segurança pública e geração de empregos. “O Bolsonaro empunhou bem essas bandeiras e, portanto, gerou uma enorme expectativa – a população tem expectativa de que ele vai entregar um país mais seguro, menos violento, portanto, um país com muito menos desemprego – é uma expectativa ousada, uma expectativa bem grande”.
Projeções econômicas biênio 19/20
PIB em 2018: 1% a 1,5% (metade do que seria possível)
PIB em 2019/20: 2% a 3% (com agenda reformista)
Próxima década (média): 2% a 4% (PIB potencial do Brasil)
Inflação: de 4% nos próximos dois anos
Juros básicos: em alta, mas sem retornar aos dois dígitos
Um pouco de motivação
O palestrante Cláudio Luvizotti foi responsável pela parte motivacional do encontro. Em sua apresentação falou sobre o segredo de se manter motivado e adotar atitudes positivas. Segundo ele, atitudes geram emoções e é preciso oferecer uma experiência de valor para o cliente. “O compromisso em ser excelente é o verdadeiro sentido de uma vida extraordinária. A motivação está intimamente associada ao fator da atitude, a um fator que mobiliza a uma ação. Uma empresa, a partir do momento que coloca um plano para seu time, irá buscar recursos motivacionais para o seu cumprimento”, afirmou.
Luvizzotti falou sobre a importância do evento. “Esse é um momento de grande comemoração. Primeiro pelo fato de você tirar suas lideranças dos seus postos para reunir num único espaço, isso é digno de excelência porque se a empresa não tem excelência não é possível tirar essas pessoas dos postos. Segundo, significa que a empresa tem responsabilidade não só com seus liderados como também com todos os seus cooperados que, por meio da excelência do serviço, é a extensão de um processo de qualidade e excelência. E terceiro, está associado com a visão de futuro, porque o que gerentes estão aprendendo nada mais é do que o combustível necessário para levar essa locomotiva tão potente, tão bem acabada, tão desenvolvida durante tantos anos em direção à conquista de resultados extraordinários”, destacou.
Parceria
Por mais um ano a Bayer se fez presente como apoiadora no evento. Na ocasião, o diretor comercial da região central, Ivan Moreno, fez uma apresentação falando sobre como os princípios do cooperativismo estão alinhados com as inovações, da união de vários pequenos e médios para criar relevância no mercado e para a distribuição de renda. Moreno também falou sobre o momento que a empresa está passando, destacando a recente aquisição da Monsanto.
“Estamos muito felizes com essa aquisição, a nossa intenção é estar sempre inovando em pesquisa e desenvolvimento para trazer o que há de melhor para o mercado. E, poder ser um parceiro da Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred não apenas neste evento, mas no dia a dia, nos enche de satisfação”, ressaltou Moreno.
“A Bayer está conosco em vários eventos que realizamos ao longo do ano sempre colaborando e também trazendo boas informações sobre os seus produtos, o que ela pode fazer pelo setor e a contribuição que ela dá aos produtores. E essa é uma parceria forte que pretendemos preservar ao longo dos anos”, afirmou o presidente executivo da Copercana e presidente da Canaoeste,Manoel Carlos de Azevedo Ortolan.
“Este encontro é de grande valia para os gerentes e importante porque traz sempre grande aprendizado para todos e eu gostaria de agradecer a Bayer que por meio da parceria que temos há anos contribuiu para a realização deste encontro. Que essa parceria se estenda e que no ano que vem possamos estar juntos novamente”, ponderou o presidente do Conselho de Administração da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo.