No ano passado, a biomassa da cana--de-açúcar gerou 19,4 TWh, o equivalente para abastecer quase 10 milhões de residências, e cresceu 21% em relação ao ano anterior, além de poupar o equivalente a 13% da água dos reservatórios dos Submercados Sudeste e Centro-Oeste, afirmou Zilmar de Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), durante a Bio Energy Conference, V Seminário CEISE Br/UNICA sobre bioeletricidade, realizada durante a Fenasucro & Agrocana 2015.
Ao apresentar a palestra “Momento Atual da Bioeletricidade no Setor Sucroenergético”, Souza ressaltou que a bioeletricidade teve uma evolução importante nos últimos cinco anos dentro da matriz energética. “De capacidade instalada entre 2011 a 2015, nós tivemos um acréscimo de 5.107 megawatts na nossa matriz, advindos da biomassa, quase metade de uma usina Belo Monte”, afirmou. Outro dado relevante foi o crescimento da participação da biomassa para a rede. “Em 2014, influenciado por preços mais convidativos do mercado de curto prazo, geramos para a rede 60% e o alto consumo representou 40% do que geramos. Foi a primeira vez na história do setor que ele gerou mais energia para a rede do que para o alto consumo”, destacou.
Apesar da biomassa ganhar cada vez mais relevância na matriz energética, o executivo lembrou que há necessidade de leilões específicos para justificar investimentos futuros. “Recentemente a presidente Dilma Rousseff e o ministro de Minas e Energia mostraram o que o Governo espera dos investidores em energia para o horizonte 2015 – 2018. A grata surpresa foi o papel da biomassa nesta apresentação. O Governo quer estimular a contratação no intervalo entre
4 mil e 5 mil megawatts instalados até 2018 e isso resgatou ou mostra a importância que o Governo Federal traduz para a biomassa em geral”, afirmou, dizendo que se contratados os 5 mil megawatts, significaria acrescentar quase
20 bilhões em investimentos até 2018.
Embora as oportunidades existam, Souza manifestou preocupação em relação ao futuro. “Um setor que já chegou a acrescentar 12% de uma Itaipu em um ano na rede elétrica, por enquanto, olhando para 2018, vai acrescentar apenas 66 megawatts. Mas se somarmos o horizonte entre 2015 e 2018, teremos 1192 megawatts. Isso é preocupante se a intenção é acrescentar 5 mil MW”, disse ele, ressaltando que os leilões já contrataram até 2018, o que inibe os investimentos necessários para atender a demanda. “Teoricamente não tem demanda superior até 2018, o próximo leilão que acontecerá no dia 29 de janeiro de 2016 vai contratar para 2021”, finalizou.
Para Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE Br, a "energia é a solução para o setor sucroenergético e quem não está fazendo cogeração de energia está fora do cenário competitivo".
Ao explanar durante o evento, o executivo ressaltou o estudo sobre retrofit feito pela entidade e associados, que mostrou que 70% das caldeiras existentes têm mais de 30 anos e são ineficientes diante de tanta tecnologia disponível. O estudo foi entregue para representantes de todas as esferas governamentais e visa buscar soluções para o acesso ao crédito, principal problema enfrentado atualmente para a realização da manutenção, já que com dificuldades financeiras muitas usinas não têm garantia para conseguir recursos.
"Se conseguirmos fazer o retrofit vamos impulsionar a cadeia produtiva de base", afirmou Tonielo Filho, dizendo que o setor ainda deve passar por um grande processo de capacitação tecnológica para a recuperação plena, entretanto, ainda há uma grande expectativa para a entressafra deste ano com o aumento da demanda. “Os investimentos na inovação e tecnologia do setor devem ser os grandes aliados nesse processo, que tem no retrofit o aumento da cogeração de energia, que hoje é feito apenas 14,5% do potencial total brasileiro”.
“O Contexto Energético e a Bioenergia no Brasil e no Mundo” foi o tema da palestra de Décio Luiz Gazzoni, pesquisador da EMBRAPA e consultor do
BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Segundo ele, a taxa de investimentos em fontes renováveis está aquecida no mercado internacional, principalmente, em países emergentes como os que possuem programas de incentivo para mudanças nas matrizes energéticas. “As externalidades são de tal ordem que a sociedade questiona crescentemente a continuidade de uma matriz energética predominantemente baseada em energia fóssil”, disse.
O especialista apontou que há uma forte tendência à adoção de biocombustível em substituição aos derivados de petróleo em mercados com alta escala de consumo como o da aviação.
Em relação ao mercado interno, o coordenador do Departamento de cana--de-açúcar e agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tiago Quintela Giuliani, declarou que o Governo Federal estuda a adoção de leilões específicos para o setor sucroenergético em razão das particularidades envolvendo a produção, o que possibilitará maior competitividade e incentivo para a consolidação do Mercado nacional. Giuliani apresentou a palestra “Biomassa Agrícola para a Geração de Energia”, na ocasião.
Ao abordar “A Bioeletricidade e o Suprimento Energético no Estado de São Paulo”, João Carlos de Souza Meirelles, secretário de Energia do Estado de São Paulo, pontuou os avanços do setor energético brasileiro e o potencial para a geração de energia limpa. Na ocasião, apresentou ainda um novo projeto para aumentar o uso de cana-de-açúcar na matriz energética. Segundo dados apresentados, 34 usinas localizadas na região nordeste do Estado, compreendendo os municípios de Franca-SP, Ribeirão Preto-SP, Barretos-SP e Catanduva-SP, podem produzir energia suficiente para abastecer três municípios do tamanho de Sertãozinho-SP, desde que recebam incentivos e investimentos.
Durante o evento, Meirelles assinou protocolo de intenções para produção de gás biometano a partir da vinhaça da cana-de-açúcar.
O protocolo viabiliza a distribuição de gás biometano, produzido por meio da vinhaça para a região de Itápolis- SP, onde está localizada a Irmãos Malosso. O protocolo de intenções contou com a assinatura da Usina Irmãos Malosso, da GásBrasiliano, Consórcio CSO e do Governo do Estado de São Paulo.
A GásBrasiliano, que participou pela primeira vez da Fenasucro, levou um ônibus Scania, com motor dedicado a biometano (bio GNV) e GNV (Gás Natural Veicular) para a feira. O Scania Citywide Euro 6 é o primeiro ônibus movido a GNV a circular pelo Brasil. No Brasil, desde 2014, o ônibus, fabricado na Suécia, possui 15 metros de comprimento, dois eixos direcionais, capacidade para até 120 passageiros e é capaz de reduzir as emissões de poluentes em até 90%.
O evento contou ainda com a palestra “Uso do Sorgo como Opção de Matéria Prima para Bioenergia”, explanada por representante da NexSteppe, e as “Soluções para Trituração e Recolhimento da Palha da Cana”, mostrada por representante da Vermeer Brasil. Já “O Potencial da Bioeletricidade: Oportunidades e Desafios” foi abordado por Antonio Gilberto Gallati, diretor da TGM Turbinas; o "Mercado e Perspectivas na Produção de Pellets para Energia", por Dorival Garicia, presidente da ABIPEL (Associação Brasileira das Indústrias de Pellets), e a “Bioeletricidade e sua Relevância como Geração Distribuída”, por Ricardo Takemitsu Simabuku, assessor da Agência Nacional de Energia Elétrica.
No ano passado, a biomassa da cana--de-açúcar gerou 19,4 TWh, o equivalente para abastecer quase 10 milhões de residências, e cresceu 21% em relação ao ano anterior, além de poupar o equivalente a 13% da água dos reservatórios dos Submercados Sudeste e Centro-Oeste, afirmou Zilmar de Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), durante a Bio Energy Conference, V Seminário CEISE Br/UNICA sobre bioeletricidade, realizada durante a Fenasucro & Agrocana 2015.
Ao apresentar a palestra “Momento Atual da Bioeletricidade no Setor Sucroenergético”, Souza ressaltou que a bioeletricidade teve uma evolução importante nos últimos cinco anos dentro da matriz energética. “De capacidade instalada entre 2011 a 2015, nós tivemos um acréscimo de 5.107 megawatts na nossa matriz, advindos da biomassa, quase metade de uma usina Belo Monte”, afirmou. Outro dado relevante foi o crescimento da participação da biomassa para a rede. “Em 2014, influenciado por preços mais convidativos do mercado de curto prazo, geramos para a rede 60% e o alto consumo representou 40% do que geramos. Foi a primeira vez na história do setor que ele gerou mais energia para a rede do que para o alto consumo”, destacou.
Apesar da biomassa ganhar cada vez mais relevância na matriz energética, o executivo lembrou que há necessidade de leilões específicos para justificar investimentos futuros. “Recentemente a presidente Dilma Rousseff e o ministro de Minas e Energia mostraram o que o Governo espera dos investidores em energia para o horizonte 2015 – 2018. A grata surpresa foi o papel da biomassa nesta apresentação. O Governo quer estimular a contratação no intervalo entre
4 mil e 5 mil megawatts instalados até 2018 e isso resgatou ou mostra a importância que o Governo Federal traduz para a biomassa em geral”, afirmou, dizendo que se contratados os 5 mil megawatts, significaria acrescentar quase
20 bilhões em investimentos até 2018.
Embora as oportunidades existam, Souza manifestou preocupação em relação ao futuro. “Um setor que já chegou a acrescentar 12% de uma Itaipu em um ano na rede elétrica, por enquanto, olhando para 2018, vai acrescentar apenas 66 megawatts. Mas se somarmos o horizonte entre 2015 e 2018, teremos 1192 megawatts. Isso é preocupante se a intenção é acrescentar 5 mil MW”, disse ele, ressaltando que os leilões já contrataram até 2018, o que inibe os investimentos necessários para atender a demanda. “Teoricamente não tem demanda superior até 2018, o próximo leilão que acontecerá no dia 29 de janeiro de 2016 vai contratar para 2021”, finalizou.
Para Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE Br, a "energia é a solução para o setor sucroenergético e quem não está fazendo cogeração de energia está fora do cenário competitivo".
Ao explanar durante o evento, o executivo ressaltou o estudo sobre retrofit feito pela entidade e associados, que mostrou que 70% das caldeiras existentes têm mais de 30 anos e são ineficientes diante de tanta tecnologia disponível. O estudo foi entregue para representantes de todas as esferas governamentais e visa buscar soluções para o acesso ao crédito, principal problema enfrentado atualmente para a realização da manutenção, já que com dificuldades financeiras muitas usinas não têm garantia para conseguir recursos.
"Se conseguirmos fazer o retrofit vamos impulsionar a cadeia produtiva de base", afirmou Tonielo Filho, dizendo que o setor ainda deve passar por um grande processo de capacitação tecnológica para a recuperação plena, entretanto, ainda há uma grande expectativa para a entressafra deste ano com o aumento da demanda. “Os investimentos na inovação e tecnologia do setor devem ser os grandes aliados nesse processo, que tem no retrofit o aumento da cogeração de energia, que hoje é feito apenas 14,5% do potencial total brasileiro”.
“O Contexto Energético e a Bioenergia no Brasil e no Mundo” foi o tema da palestra de Décio Luiz Gazzoni, pesquisador da EMBRAPA e consultor do
BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Segundo ele, a taxa de investimentos em fontes renováveis está aquecida no mercado internacional, principalmente, em países emergentes como os que possuem programas de incentivo para mudanças nas matrizes energéticas. “As externalidades são de tal ordem que a sociedade questiona crescentemente a continuidade de uma matriz energética predominantemente baseada em energia fóssil”, disse.
O especialista apontou que há uma forte tendência à adoção de biocombustível em substituição aos derivados de petróleo em mercados com alta escala de consumo como o da aviação.
Em relação ao mercado interno, o coordenador do Departamento de cana--de-açúcar e agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tiago Quintela Giuliani, declarou que o Governo Federal estuda a adoção de leilões específicos para o setor sucroenergético em razão das particularidades envolvendo a produção, o que possibilitará maior competitividade e incentivo para a consolidação do Mercado nacional. Giuliani apresentou a palestra “Biomassa Agrícola para a Geração de Energia”, na ocasião.
Ao abordar “A Bioeletricidade e o Suprimento Energético no Estado de São Paulo”, João Carlos de Souza Meirelles, secretário de Energia do Estado de São Paulo, pontuou os avanços do setor energético brasileiro e o potencial para a geração de energia limpa. Na ocasião, apresentou ainda um novo projeto para aumentar o uso de cana-de-açúcar na matriz energética. Segundo dados apresentados, 34 usinas localizadas na região nordeste do Estado, compreendendo os municípios de Franca-SP, Ribeirão Preto-SP, Barretos-SP e Catanduva-SP, podem produzir energia suficiente para abastecer três municípios do tamanho de Sertãozinho-SP, desde que recebam incentivos e investimentos.
Durante o evento, Meirelles assinou protocolo de intenções para produção de gás biometano a partir da vinhaça da cana-de-açúcar.
O protocolo viabiliza a distribuição de gás biometano, produzido por meio da vinhaça para a região de Itápolis- SP, onde está localizada a Irmãos Malosso. O protocolo de intenções contou com a assinatura da Usina Irmãos Malosso, da GásBrasiliano, Consórcio CSO e do Governo do Estado de São Paulo.
A GásBrasiliano, que participou pela primeira vez da Fenasucro, levou um ônibus Scania, com motor dedicado a biometano (bio GNV) e GNV (Gás Natural Veicular) para a feira. O Scania Citywide Euro 6 é o primeiro ônibus movido a GNV a circular pelo Brasil. No Brasil, desde 2014, o ônibus, fabricado na Suécia, possui 15 metros de comprimento, dois eixos direcionais, capacidade para até 120 passageiros e é capaz de reduzir as emissões de poluentes em até 90%.
O evento contou ainda com a palestra “Uso do Sorgo como Opção de Matéria Prima para Bioenergia”, explanada por representante da NexSteppe, e as “Soluções para Trituração e Recolhimento da Palha da Cana”, mostrada por representante da Vermeer Brasil. Já “O Potencial da Bioeletricidade: Oportunidades e Desafios” foi abordado por Antonio Gilberto Gallati, diretor da TGM Turbinas; o "Mercado e Perspectivas na Produção de Pellets para Energia", por Dorival Garicia, presidente da ABIPEL (Associação Brasileira das Indústrias de Pellets), e a “Bioeletricidade e sua Relevância como Geração Distribuída”, por Ricardo Takemitsu Simabuku, assessor da Agência Nacional de Energia Elétrica.