Especial Fenasucro e Agrocana - “As lideranças têm que escutar o produtor, a sua base”

05/10/2015 Cana-de-Açúcar POR: Igor Savenhago – Revista Canavieiros – Edição 111
Entre os participantes do encontro, esteve Ênio Jaime Fernandes Júnior, presidente da comissão de cana da CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Confira a entrevista que ele concedeu à Canavieiros
Revista Canavieiros: O setor sucroenergético ainda passa por dificuldades, mas algumas autoridades no assunto têm sinalizado perspectivas de melhora. Quais são suas projeções?
Ênio Jaime Fernandes Júnior: Passamos por um desafio muito duro, com preços muito baixos, clima atrapalhando e certo antagonismo do poder público com o nosso setor. Mas começamos a mudar. A primeira coisa que conseguimos foi a volta da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico), que era importante. 
Os percentuais de álcool na gasolina e na matriz energética brasileira estão melhorando. Estamos ainda longe do ideal, mas tivemos até um clima mais ameno. As vendas de fertilizantes para a cana voltaram a melhorar.
Nada está pronto, mas estamos começando a construir um caminho melhor. Acho que o pior momento já passou e estou com muita esperança de que, daqui para frente, consigamos nos comunicar bem com o setor público e também com a sociedade, mostrando a importância do agro e da cana no resultado do Brasil. 
Revista Canavieiros: Nesse processo de recuperação, qual será o papel do produtor? 
Fernandes: Temos dois grandes desafios.
O produtor tem a consciência de que, num momento de crise, o único caminho é a produtividade. Em tempos de bons preços, ela aumenta muito a sua margem e, em tempos difíceis, diminui a sua dor. Outro fator importante é a comunicação. Esse evento é importante para se possa comunicar para as lideranças o que o produtor quer. As lideranças têm que escutar o produtor, a sua base. 
Quanto mais longe estivermos da base, mas falaremos erroneamente o que é preciso. Temos que realmente representar o produtor, demandar o que ele quer, já que a função de um líder classista não é pôr em prática o que pensa, mas o que a base deseja. Portanto, abrir para a base se comunicar, colocar suas reclamações, é fundamental para construirmos um negócio melhor.
Revista Canavieiros: E essas reivindicações da base estão bem consolidadas?
Fernandes: No Brasil, temos uma dificuldade enorme de falar a mesma linguagem da base. Não é só no setor de cana. Eu navego por vários mares, várias organizações e percebo certo distanciamento. Vejo isso na CNI (Confederação Nacional da Indústria), na Fecomércio. Estamos com uma crise de identidade. Ficamos muito preocupados com visões de longo prazo, mas a primeira estratégia, repito, é escutar a base. Quando a sua base pedir algo que é politicamente ou economicamente inviável, mesmo assim você tem que sentar e explicar a ela os motivos. Do diálogo, podem até mesmo sair ideias que mudem essa concepção do impossível. 
Revista Canavieiros: Então, essa iniciativa da Orplana, de dar voz aos produtores, ouvir exemplos positivos de sobrevivência na crise, deve ser estendida?
Fernandes: Isso deve acontecer não só no setor agro, como também no urbano.
Essa nova visão vai dar sustentação para construirmos um agro melhor.
E se os outros elos da cadeia conseguirem copiar o modelo, com todo mundo tentando se adequar e satisfazer o cliente final, que é o produtor rural, vamos conseguir um país melhor. Essa discussão que está acontecendo aqui também está sendo feita na CNA, na CNI. Os industriais também estão se movendo.
Essa crise, alguma coisa boa ela fez. Perdemos a esperança de ver um político salvador. Essa insatisfação geral está pressionando as lideranças. E a liderança que não se adaptar infelizmente vai ter que abrir espaço. 
Entre os participantes do encontro, esteve Ênio Jaime Fernandes Júnior, presidente da comissão de cana da CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Confira a entrevista que ele concedeu à Canavieiros:


Revista Canavieiros: O setor sucroenergético ainda passa por dificuldades, mas algumas autoridades no assunto têm sinalizado perspectivas de melhora. Quais são suas projeções?
 
Ênio Jaime Fernandes Júnior: Passamos por um desafio muito duro, com preços muito baixos, clima atrapalhando e certo antagonismo do poder público com o nosso setor. Mas começamos a mudar. A primeira coisa que conseguimos foi a volta da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico), que era importante. 
Os percentuais de álcool na gasolina e na matriz energética brasileira estão melhorando. Estamos ainda longe do ideal, mas tivemos até um clima mais ameno. As vendas de fertilizantes para a cana voltaram a melhorar.
Nada está pronto, mas estamos começando a construir um caminho melhor. Acho que o pior momento já passou e estou com muita esperança de que, daqui para frente, consigamos nos comunicar bem com o setor público e também com a sociedade, mostrando a importância do agro e da cana no resultado do Brasil. 


Revista Canavieiros: Nesse processo de recuperação, qual será o papel do produtor? 
Fernandes: Temos dois grandes desafios.
O produtor tem a consciência de que, num momento de crise, o único caminho é a produtividade. Em tempos de bons preços, ela aumenta muito a sua margem e, em tempos difíceis, diminui a sua dor. Outro fator importante é a comunicação. Esse evento é importante para se possa comunicar para as lideranças o que o produtor quer. As lideranças têm que escutar o produtor, a sua base. 
Quanto mais longe estivermos da base, mas falaremos erroneamente o que é preciso. Temos que realmente representar o produtor, demandar o que ele quer, já que a função de um líder classista não é pôr em prática o que pensa, mas o que a base deseja. Portanto, abrir para a base se comunicar, colocar suas reclamações, é fundamental para construirmos um negócio melhor.

 
Revista Canavieiros: E essas reivindicações da base estão bem consolidadas?
 
Fernandes: No Brasil, temos uma dificuldade enorme de falar a mesma linguagem da base. Não é só no setor de cana. Eu navego por vários mares, várias organizações e percebo certo distanciamento. Vejo isso na CNI (Confederação Nacional da Indústria), na Fecomércio. Estamos com uma crise de identidade. Ficamos muito preocupados com visões de longo prazo, mas a primeira estratégia, repito, é escutar a base. Quando a sua base pedir algo que é politicamente ou economicamente inviável, mesmo assim você tem que sentar e explicar a ela os motivos. Do diálogo, podem até mesmo sair ideias que mudem essa concepção do impossível. 

 
Revista Canavieiros: Então, essa iniciativa da Orplana, de dar voz aos produtores, ouvir exemplos positivos de sobrevivência na crise, deve ser estendida?

 
Fernandes: Isso deve acontecer não só no setor agro, como também no urbano.
Essa nova visão vai dar sustentação para construirmos um agro melhor.
E se os outros elos da cadeia conseguirem copiar o modelo, com todo mundo tentando se adequar e satisfazer o cliente final, que é o produtor rural, vamos conseguir um país melhor. Essa discussão que está acontecendo aqui também está sendo feita na CNA, na CNI. Os industriais também estão se movendo.
Essa crise, alguma coisa boa ela fez. Perdemos a esperança de ver um político salvador. Essa insatisfação geral está pressionando as lideranças. E a liderança que não se adaptar infelizmente vai ter que abrir espaço.