Especialistas discutem a consolidação do RenovaBio

11/05/2021 Cana-de-Açúcar POR: FERNANDA CLARIANO

Representantes do setor sucroenergético debateram as oportunidades e cenários do programa de descarbonização do Brasil

 

O Brasil é referência em tecnologia para biocombustíveis e bioenergia no cenário mundial e vem ganhando mais relevância com o RenovaBio, que é considerado um programa capaz de impulsionar toda cadeia produtiva do segmento de bioenergia por meio do compartilhamento da receita entre os participantes como usinas, indústria de base, produtores e os demais elos da cadeia produtiva. O programa cria um marco institucional, que é rastreado pelo processo de descarbonização e beneficiará o biocombustível mais eficiente.

As perspectivas e oportunidades geradas após o primeiro ano do programa federal, tendo como tema ”O RenovaBio como impulsionador da indústria de base do mercado de bioenergia”, foram discutidas durante a webinar, que teve como moderador o diretor-presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Evandro Gussi, e contou com  a participação de representantes de entidades de classe, do governo federal e de empresas com atuação no setor sucroenergético, como o presidente do Cosag (Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp), Jacyr Costa Filho; o chefe do departamento do Complexo Agroalimentar e de Biocombustíveis do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Mauro Arnaud de Queiros Mattoso; o diretor técnico comercial da General Chains, Luís Carlos Bróglio, o diretor técnico comercial da General Chains; o presidente Ceise Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergetico e Biocombustiveis), Luís Carlos Jorge, e o diretor da Fenasucro & Agrocana, Paulo Montabone.

Para o presidente da Unica, o programa trabalha com um processo de elo e a descarbonização criou esse mercado e essa nova riqueza que é compartilhada. Na avaliação de Gussi, o processo do mercado pode gerar mais receita e mais investimentos, logo nutre a indústria de base, fortalece o produtor e impacta os demais setores envolvidos no fornecimento de serviços e produtos.

Paulo Montabone, por sua vez, reforçou que o Brasil é protagonista no mercado bioenergético, atraindo o interesse de outros países que vêm em busca de alternativas, exemplos e soluções.

Na ocasião, o executivo do Cosag, Jacyr Costa Filho mencionou como está vendo a perspectiva do produtor de etanol, os impactos e como esse elo da cadeia e os produtores estão se preparando para a demanda dos biocombustíveis no Brasil e no mundo. Para Costa Filho, o mérito que o RenovaBio trouxe foi dar uma organização para que os produtores analisassem o quanto emitem e quanto deixam de emitir e ver onde se pode melhorar. Na sua avaliação, além do processo de descarbonização, o RenovaBio estimula a geração de novos produtos e inovação em relação à eficiência para conquistar novos mercados. “A indústria está se diversificando, já passou pelo açúcar, etanol, pela cogeração, agora temos o biogás e o CBio. O biogás será um novo produto que trará ganhos importantes no aumento da cogeração, que será um foco de atenção muito grande. Além disso, o crédito de carbono é cotado a 40 euros na Europa. Em relação ao ano passado, quase que dobrou a cotação e ainda tem uma tendência de alta. Isso é uma oportunidade fora do Brasil, já que a Europa estuda a possibilidade de contratação fora do território”, disse o executivo.

O presidente do Ceise Br, Luís Carlos Júnior Jorge, salientou a importância do RenovaBio e segundo ele, o programa chegou no momento certo para salvar a indústria de base e movimentar a cadeia produtiva. “Ao receber os recursos da descarbonização, a usina investirá em novos projetos para aumentar as reduções de carbono e isso irá movimentar a indústria de base, a usina indo bem, a indústria vai bem. Com a consolidação do RenovaBio tudo vai melhorar e os empresários já entenderam que é um caminho sem volta”, afirmou Jorge.

Já o diretor técnico comercial da General Chains, Luís Carlos Bróglio, falou como a indústria de base vê esse movimento e ressaltou que os primeiros impactos já são percebidos pelo setor e que a tendência é o fortalecimento desse movimento. “Já está sendo considerado nos planejamentos de curto e médio prazo como suprir essas demandas por meio de novos equipamentos e treinamento da equipe. Teremos uma reação em cadeia em diversos setores. Em 2021, até março, já foram alcançados 24% da meta do ano e percebemos que isso está com um movimento muito forte no exterior, o que tem gerado muitos negócios”, disse Bróglio.

Reconhecendo o cenário do programa, o chefe do departamento do Complexo Agroalimentar e de Biocombustíveis do BNDES destacou que a instituição possui diversas linhas de financiamento para auxiliar os produtores na renovação de frota e aquisição de equipamentos. De acordo com Mattoso, o programa BNDES RenovaBio irá financiar as empresas com base no potencial no fator de emissão, que se tiver um aumento receberá descontos na taxa aplicada. “Hoje, o projeto consiste em fornecer empréstimos a produtores de biocombustíveis e reduzir a taxa de juros ao longo do período de pagamento caso metas de redução na emissão de dióxido de carbono sejam cumpridas”.