Estiagem e plantas daninhas: manejo específico para a cultura de cana-de-açúcar

*Roberto Toledo
**Ana Paula Bonilha
***Bárbara Marcasso Copetti
 
A falta de chuvas por um período prolongado afeta diretamente o desenvolvimento e a produtividade da cana-de-açúcar. Em épocas de estiagem, o canavial apresenta características típicas, como folhas mais secas, menos brotação, colmos mais finos e menor crescimento e geração de carboidratos. O resultado do longo período seco ainda envolve uma difícil reversão dos efeitos causados, mesmo depois da normalização das chuvas.
 
Dessa forma, os produtores precisam se atentar às características físico-químicas dos herbicidas, avaliando solubilidade, volatilidade, residual e fotodecomposição. Por exemplo, soluções que possuem ingredientes ativos com maior solubilidade apresentam controles mais eficazes no manejo de plantas daninhas em épocas secas, pois a molécula depende de uma menor quantidade de água para se tornar ativa no solo. Já produtos que possuem em sua formulação agentes fotoprotetores auxiliam a reduzir as perdas por radiação solar.
 
Outro ponto de atenção na cultura são os danos promovidos pelas plantas daninhas. A cana-de-açúcar tem como principal prejuízo a redução da produtividade, pois essas plantas invasoras podem competir por recursos limitantes do meio (especialmente água, luz e nutrientes), liberar substâncias alelopáticas e, assim, inibir a brotação da cana, hospedar pragas e doenças comuns à cultura ou, ainda, interferir no rendimento da colheita, como no caso de áreas infestadas por cordas-de-viola e mucuna.
 
As plantas daninhas de folhas estreitas e de folhas largas são capazes de diminuir a produtividade dos canaviais de forma drástica. Em cana-soca, a média é de 45%, já em cana-planta, esse índice pode chegar a 80%. Para evitar esse cenário, as boas práticas agrícolas estão entre os principais fatores dos ambientes de produção da cultura da cana-de-açúcar. A correta escolha das formulações, assim como acontece na época de estiagem, é imprescindível.
 
Para as plantas daninhas de folha largas (cordas-de-viola, mucuna-preta), é indicado optar por herbicidas de ação latifolicidas, como sulfentrazone e amicarbazone. Já para as gramíneas de difícil controle (capim-colchão, braquiária, colonião), é necessário optar por herbicidas como hexazinona + clomazone; hexazinona + diurom, isoxaflutole, tebutiurom, dentre outros.
 
É importante se atentar ainda que, independentemente da época do ano, o controle de plantas daninhas é fundamental, uma vez que visa à redução do banco de sementes, para, assim, diminuir a flora infestante da área. Por isso é preciso aplicar o herbicida no momento correto, para evitar que elas cresçam e prejudiquem a cultura de cana-de-açúcar.
 
 
*Roberto Toledo é engenheiro agrônomo, PhD e gerente de Produtos Herbicidas e Cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência;
**Ana Paula Bonilha é engenheira agrônoma, MSc e especialista de Desenvolvimento de Produtos e Mercados Cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência,
***Bárbara Marcasso Copetti é engenheira agrônoma e especialista de Desenvolvimento de Produtos e Mercado Cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência.