Estrutura dificulta interesse do Ultra e Raízen pela estatal

05/09/2016 Combustível POR: Valor Econômico
A decisão da Petrobras de vender a fatia majoritária do controle da BR Distribuidora dificulta a vida de duas interessadas: Ultra e Raízen, a associação entre Cosan e Shell. É uma questão de formato, pois o interesse nos ativos da Petrobras existe por parte de ambas.
A concentração de mercado que resultaria da união entre a BR e qualquer uma dessas concorrentes dificilmente passaria pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Qualquer das combinações resultaria em concentração de quase 60% do mercado.
A questão das marcas também é um desafio extra a ambas para co-controlar a BR. A Petrobras quer fortalecer a marca BR, e não o contrário. Ultra e Raízen têm suas próprias bandeiras, Ipiranga e Shell, e também trabalham pelo aumento de valor desses nomes.
A Petrobras está decidida a vender perto de 51% do capital votante da BR Distribuidora, desde que fique com a maioria do capital total, de 60% a 75% do negócio. Ultra e Raízen não conseguem participar em tal estrutura.
Fontes na Petrobras que acompanham de perto o processo disseram ao Valor que Rubens Ometto, controlador da Cosan, dona da Raízen junto com a Shell, tem ido à estatal, com firme interesse, tentar convencer a diretoria a vender parte dos ativos da distribuidora.
O empresário Paulo Cunha, do grupo Ultra, disse publicamente ter apetite semelhante, quando o plano ainda era levar a BR Distribuidora à BM&FBovespa em 2015.
Ometto e Cunha deixaram clara a disposição em pagar prêmio pelos ativos, de forma a serem competitivos em suas propostas. A diferença entre eles é que Ometto tem se esforçado para ser ouvido, conforme apurou o Valor. Já Cunha está como espectador, ainda que não menos interessado. Consultadas, Raízen e Ultra preferiram não comentar o assunto. Fontes que acompanham o tema de perto na estatal, porém, alegam que os valores sinalizados são baixos.
A BR Distribuidora foi um dos primeiros ativos que a Petrobras decidiu colocar à venda desde que aprovou um projeto de desinvestimentos de US$ 15 bilhões, no ano passado, para ser concretizado até o fim deste ano. O modelo para a venda da BR tem sofrido diversas modificações. No início, o plano era a abertura de capital, com uma oferta secundária de ações. Em seguida, vender até 25% do negócio.
Em julho, o conselho de administração da Petrobras decidiu pela alienação de 51% do capital votante da controlada, na tentativa de obter um valor maior pelo negócio. Fontes que acompanham o processo relatam que a decisão ampliou o interesse. Mas o processo de venda ainda não começou.
Com esse modelo, a Petrobras espera obter entre R$ 2,5 bilhões e R$ 4 bilhões por até 40% da BR, considerando um intervalo de oito a dez vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e a pesada dívida da empresa, a maior entre as concorrentes, de R$ 12 bilhões já líquida da posição em caixa. O valor final depende da independência que o comprador tiver.
Apesar de melhorar o interesse pela BR, a decisão da venda de fatia controladora não elimina desafios como a dívida R$ 5,4 bilhões que a Eletrobras tem com a empresa. Além disso, a Petrobras entende que o nome BR possui um valor que será colocado à disposição do sócio e, portanto, precisa ser remunerada por isso. A estatal quer ainda manter o controle sobre seu uso. Há também o debate sobre as lojas de conveniência BR Mania.
A despeito da quantidade de desafios, o Valor apurou que a Petrobras quer aprovar o modelo final na diretoria nos próximos quinze dias. Depois, a questão será, mais uma vez, submetida ao conselho de administração. Daí então é que o "teaser", ou alerta de venda, será disparado aos potenciais interessados pelo banco coordenador do processo, o Citi. As propostas vinculantes, de qualquer forma, só chegarão em 2017.
A falta de foco da gestão e a demora na venda têm levado a BR a perder participação de mercado (confira reportagem BR perde mercado para redes de bandeira branca), ou seja, valor. A BR perdeu 3,5 pontos percentuais de sua fatia líder, quase uma Ale, que foi há pouco adquirida por R$ 2,1 bilhões pelo Ultra.
A opção de vender fatia majoritária na BR está baseada na crença, pela Petrobras, que o modelo oferece três frentes de retorno. A primeira é a venda do controle, para uma co-participação, com prêmio. A segunda é a manutenção de uma fatia maior no capital total, que permitirá acesso à melhoria do retorno de uma gestão privada. Por fim, a terceira é a venda de ações, em potencial abertura de capital, quando os ganhos de eficiência e a melhoria na governança estiverem em evidência. 
A decisão da Petrobras de vender a fatia majoritária do controle da BR Distribuidora dificulta a vida de duas interessadas: Ultra e Raízen, a associação entre Cosan e Shell. É uma questão de formato, pois o interesse nos ativos da Petrobras existe por parte de ambas.
A concentração de mercado que resultaria da união entre a BR e qualquer uma dessas concorrentes dificilmente passaria pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Qualquer das combinações resultaria em concentração de quase 60% do mercado.
A questão das marcas também é um desafio extra a ambas para co-controlar a BR. A Petrobras quer fortalecer a marca BR, e não o contrário. Ultra e Raízen têm suas próprias bandeiras, Ipiranga e Shell, e também trabalham pelo aumento de valor desses nomes.
A Petrobras está decidida a vender perto de 51% do capital votante da BR Distribuidora, desde que fique com a maioria do capital total, de 60% a 75% do negócio. Ultra e Raízen não conseguem participar em tal estrutura.
Fontes na Petrobras que acompanham de perto o processo disseram ao Valor que Rubens Ometto, controlador da Cosan, dona da Raízen junto com a Shell, tem ido à estatal, com firme interesse, tentar convencer a diretoria a vender parte dos ativos da distribuidora.
O empresário Paulo Cunha, do grupo Ultra, disse publicamente ter apetite semelhante, quando o plano ainda era levar a BR Distribuidora à BM&FBovespa em 2015.
Ometto e Cunha deixaram clara a disposição em pagar prêmio pelos ativos, de forma a serem competitivos em suas propostas. A diferença entre eles é que Ometto tem se esforçado para ser ouvido, conforme apurou o Valor. Já Cunha está como espectador, ainda que não menos interessado. Consultadas, Raízen e Ultra preferiram não comentar o assunto. Fontes que acompanham o tema de perto na estatal, porém, alegam que os valores sinalizados são baixos.
A BR Distribuidora foi um dos primeiros ativos que a Petrobras decidiu colocar à venda desde que aprovou um projeto de desinvestimentos de US$ 15 bilhões, no ano passado, para ser concretizado até o fim deste ano. O modelo para a venda da BR tem sofrido diversas modificações. No início, o plano era a abertura de capital, com uma oferta secundária de ações. Em seguida, vender até 25% do negócio.
Em julho, o conselho de administração da Petrobras decidiu pela alienação de 51% do capital votante da controlada, na tentativa de obter um valor maior pelo negócio. Fontes que acompanham o processo relatam que a decisão ampliou o interesse. Mas o processo de venda ainda não começou.
Com esse modelo, a Petrobras espera obter entre R$ 2,5 bilhões e R$ 4 bilhões por até 40% da BR, considerando um intervalo de oito a dez vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e a pesada dívida da empresa, a maior entre as concorrentes, de R$ 12 bilhões já líquida da posição em caixa. O valor final depende da independência que o comprador tiver.
Apesar de melhorar o interesse pela BR, a decisão da venda de fatia controladora não elimina desafios como a dívida R$ 5,4 bilhões que a Eletrobras tem com a empresa. Além disso, a Petrobras entende que o nome BR possui um valor que será colocado à disposição do sócio e, portanto, precisa ser remunerada por isso. A estatal quer ainda manter o controle sobre seu uso. Há também o debate sobre as lojas de conveniência BR Mania.
A despeito da quantidade de desafios, o Valor apurou que a Petrobras quer aprovar o modelo final na diretoria nos próximos quinze dias. Depois, a questão será, mais uma vez, submetida ao conselho de administração. Daí então é que o "teaser", ou alerta de venda, será disparado aos potenciais interessados pelo banco coordenador do processo, o Citi. As propostas vinculantes, de qualquer forma, só chegarão em 2017.
A falta de foco da gestão e a demora na venda têm levado a BR a perder participação de mercado (confira reportagem BR perde mercado para redes de bandeira branca), ou seja, valor. A BR perdeu 3,5 pontos percentuais de sua fatia líder, quase uma Ale, que foi há pouco adquirida por R$ 2,1 bilhões pelo Ultra.
A opção de vender fatia majoritária na BR está baseada na crença, pela Petrobras, que o modelo oferece três frentes de retorno. A primeira é a venda do controle, para uma co-participação, com prêmio. A segunda é a manutenção de uma fatia maior no capital total, que permitirá acesso à melhoria do retorno de uma gestão privada. Por fim, a terceira é a venda de ações, em potencial abertura de capital, quando os ganhos de eficiência e a melhoria na governança estiverem em evidência.