Tarcisio Angelo Mascarim
Tenho chamado a atenção, em meus artigos, sobre a omissão do governo quanto à importância que o etanol representa para o Brasil, tanto econômica como ambiental. Infelizmente, até agora não foram adotadas políticas públicas adequadas para a retomada do desenvolvimento do setor sucroenergético.
Para refletir, compartilho com vocês duas publicações da mídia. Uma delas é o artigo do professor da USP, José Goldemberg, publicado no O Estado de S. Paulo, do dia 18 de março de 2013, com o título "Uma oportunidade histórica perdida?". Na mesma data, o Jornal do Brasil publicou uma matéria intitulada "Obama anuncia grande investimento em energia alternativa".
O meu apelo é para que a presidente, sua equipe e todos os membros do Congresso Nacional (deputados federais e senadores) leiam estas matérias, a fim de se conscientizarem da real importância do etanol para o Brasil e para o mundo.
Do artigo do professor José Goldemberg, destaco os seguintes pontos:
"A História está cheia de exemplos de que uma escolha errada tem consequências funestas e uma escolha certa produz milagres. O grande desafio é fazer as escolhas certas - e o próprio conceito de 'governar' significa escolher entre as opções disponíveis. O governo brasileiro, em pleno regime militar, fez em 1975 uma escolha de grande sucesso, que foi lançar o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), o único combustível, existente até hoje, capaz de substituir a gasolina em grandes quantidades, com as características que todos desejam: ser economicamente competitiva e renovável, isto é, sem os problemas que caracterizam os combustíveis fósseis. O programa sofreu muitos tropeços ao longo dos últimos 35 anos, mas sobreviveu. E chegou a substituir 50% da gasolina que seria consumida no País se ele não existisse. (...) Além disso, a produtividade em litros de álcool produzidos por hectare da tecnologia em uso no Brasil tem aumentado sistematicamente em cerca de 3% ao ano desde 1980, o que é realmente extraordinário. Novos ganhos de produtividade são ainda possíveis. Não é preciso esperar pela segunda geração para competir. (...) Para não perder a oportunidade histórica de liderar a adoção do etanol da cana-de-açúcar como substituto da gasolina no mundo, o governo brasileiro precisa, contudo, remover com urgência os obstáculos que estão asfixiando a sua produção, no momento, como o congelamento do preço da gasolina desde 2007, o que viola as mais elementares regras de uma economia de mercado. (...) As dificuldades que o setor enfrenta agora, entretanto, são de âmbito nacional e só o governo federal pode resolvê-las. Ao fazê-lo, ele estaria tomando uma decisão histórica: hoje mais energia renovável é produzida como o etanol do que com qualquer outra opção - eólica, fotovoltaica, geotérmica ou solar. O programa brasileiro de etanol não representa o passado, mas o futuro."
Da matéria do Jornal do Brasil, destaco: "(...) A autossuficiência energética e o desenvolvimento de energias alternativas garantirão, de acordo com o presidente (Obama), o crescimento econômico e a segurança do país. (...) Hoje há poucas áreas mais promissoras para a criação de emprego e crescimento da nossa economia que o investimento em energia americana, disse Obama."
Antes de encerrar este artigo, apresento alguns parâmetros de desempenho industrial desde o início do Proálcool (1975) até 2013 (fonte: CNI, pág. 55, Brasília), para reforçar a afirmativa do professor José Goldemberg de que: “Não é preciso esperar pela segunda geração para competir”.
A capacidade de moagem, com o mesmo conjunto de moendas, passou de 5.500 para 15.000 ton. cana/dia; o tempo de fermentação passou de 24 para 6 a 8 horas; a produção de etanol passou de 66 para 87 litros/ton. cana; a extração do caldo passou de 93 para 97/98%; o consumo de vapor passou de 600 para 320 kg. vapor/ton. cana moída; capacidade da caldeira passou de 60 para 400 ton. vapor/hora; pressão da caldeira passou de 21 para 100 a 120 bar; o excedente para a venda de energia em uma usina de etanol de 12.000 TCD, que era nulo em 1975, foi para 50.7 MW; excedente para a venda de energia em uma usina de etanol de 12.000 TCD com 50/100% de palha, que era nulo em 1975, foi para 84/112 MW.
Finalizando, apelo novamente a leitura dessas matérias pelos que governam nosso País, a fim de adotarem políticas públicas adequadas para a ressurreição do nosso ETANOL, para que ele possa ajudar no desenvolvimento econômico e ambiental brasileiro.
Sobre a realidade atual do setor sucroenergético, cabem dois ditados: “o pior cego é aquele que não quer ver” e “a inteligência humana tem limites, mas, infelizmente, a burrice não tem”.
(Tarcisio Angelo Mascarim é secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e presidente do SIMESPI - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras)
Tarcisio Angelo Mascarim
Tenho chamado a atenção, em meus artigos, sobre a omissão do governo quanto à importância que o etanol representa para o Brasil, tanto econômica como ambiental. Infelizmente, até agora não foram adotadas políticas públicas adequadas para a retomada do desenvolvimento do setor sucroenergético.
Para refletir, compartilho com vocês duas publicações da mídia. Uma delas é o artigo do professor da USP, José Goldemberg, publicado no O Estado de S. Paulo, do dia 18 de março de 2013, com o título "Uma oportunidade histórica perdida?". Na mesma data, o Jornal do Brasil publicou uma matéria intitulada "Obama anuncia grande investimento em energia alternativa".
O meu apelo é para que a presidente, sua equipe e todos os membros do Congresso Nacional (deputados federais e senadores) leiam estas matérias, a fim de se conscientizarem da real importância do etanol para o Brasil e para o mundo.
Do artigo do professor José Goldemberg, destaco os seguintes pontos:
"A História está cheia de exemplos de que uma escolha errada tem consequências funestas e uma escolha certa produz milagres. O grande desafio é fazer as escolhas certas - e o próprio conceito de 'governar' significa escolher entre as opções disponíveis. O governo brasileiro, em pleno regime militar, fez em 1975 uma escolha de grande sucesso, que foi lançar o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), o único combustível, existente até hoje, capaz de substituir a gasolina em grandes quantidades, com as características que todos desejam: ser economicamente competitiva e renovável, isto é, sem os problemas que caracterizam os combustíveis fósseis. O programa sofreu muitos tropeços ao longo dos últimos 35 anos, mas sobreviveu. E chegou a substituir 50% da gasolina que seria consumida no País se ele não existisse. (...) Além disso, a produtividade em litros de álcool produzidos por hectare da tecnologia em uso no Brasil tem aumentado sistematicamente em cerca de 3% ao ano desde 1980, o que é realmente extraordinário. Novos ganhos de produtividade são ainda possíveis. Não é preciso esperar pela segunda geração para competir. (...) Para não perder a oportunidade histórica de liderar a adoção do etanol da cana-de-açúcar como substituto da gasolina no mundo, o governo brasileiro precisa, contudo, remover com urgência os obstáculos que estão asfixiando a sua produção, no momento, como o congelamento do preço da gasolina desde 2007, o que viola as mais elementares regras de uma economia de mercado. (...) As dificuldades que o setor enfrenta agora, entretanto, são de âmbito nacional e só o governo federal pode resolvê-las. Ao fazê-lo, ele estaria tomando uma decisão histórica: hoje mais energia renovável é produzida como o etanol do que com qualquer outra opção - eólica, fotovoltaica, geotérmica ou solar. O programa brasileiro de etanol não representa o passado, mas o futuro."
Da matéria do Jornal do Brasil, destaco: "(...) A autossuficiência energética e o desenvolvimento de energias alternativas garantirão, de acordo com o presidente (Obama), o crescimento econômico e a segurança do país. (...) Hoje há poucas áreas mais promissoras para a criação de emprego e crescimento da nossa economia que o investimento em energia americana, disse Obama."
Antes de encerrar este artigo, apresento alguns parâmetros de desempenho industrial desde o início do Proálcool (1975) até 2013 (fonte: CNI, pág. 55, Brasília), para reforçar a afirmativa do professor José Goldemberg de que: “Não é preciso esperar pela segunda geração para competir”.
A capacidade de moagem, com o mesmo conjunto de moendas, passou de 5.500 para 15.000 ton. cana/dia; o tempo de fermentação passou de 24 para 6 a 8 horas; a produção de etanol passou de 66 para 87 litros/ton. cana; a extração do caldo passou de 93 para 97/98%; o consumo de vapor passou de 600 para 320 kg. vapor/ton. cana moída; capacidade da caldeira passou de 60 para 400 ton. vapor/hora; pressão da caldeira passou de 21 para 100 a 120 bar; o excedente para a venda de energia em uma usina de etanol de 12.000 TCD, que era nulo em 1975, foi para 50.7 MW; excedente para a venda de energia em uma usina de etanol de 12.000 TCD com 50/100% de palha, que era nulo em 1975, foi para 84/112 MW.
Finalizando, apelo novamente a leitura dessas matérias pelos que governam nosso País, a fim de adotarem políticas públicas adequadas para a ressurreição do nosso ETANOL, para que ele possa ajudar no desenvolvimento econômico e ambiental brasileiro.
Sobre a realidade atual do setor sucroenergético, cabem dois ditados: “o pior cego é aquele que não quer ver” e “a inteligência humana tem limites, mas, infelizmente, a burrice não tem”.
(Tarcisio Angelo Mascarim é secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e presidente do SIMESPI - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras)