Enquanto as facções político partidárias brincam de dança das cadeiras e de passar anel; se locupletam pelos egopoderes; e elegem o voto democrático como a ditadura da manipulação da população; um dos setores da maior relevância para a economia, o meio ambiente, e uma atração positiva do foco internacional para o país sofre no meio de uma “pororoca” de desinteresses e de postergação de decisões vitais.
Os fatos falam por si só: desde 2009, foram fechadas 44 usinas sucroalcooleiras. Para este ano – 2014, adicionamos 12 com altíssima probabilidade de encerrar suas operações. O faturamento bruto anual é superado pela dívida média das empresas. E cerca de 20% da receita comprometida com o pagamento de juros.
As empresas produtoras de bens de capital destinados ao setor revelam queda de 50% nas vendas, desde 2010, e perdendo mais de 50 mil empregos. Neste momento não há um único pedido de usina nova em carteira. As cidades canavieiras perdem arrecadação, deterioram comércio e serviços, e apresentam gastos crescentes com saúde pública. E, as grandes organizações no ramo sucroenergético apresentam disposição de deixar o setor.
Isso significa que estamos numa faixa, num momento do tempo de: ou realizamos uma grande virada, ou nos extinguimos. O singular dessa dramaturgia social-econômica-financeira; é o fato de estar ocorrendo num período onde a produção de gasolina é insuficiente no atendimento à demanda interna, estimulada pelo consumo de veículos e com previsão desse estado de coisas por vários anos.
A questão que nos resta é: temos chances de fazer uma “grande virada” nesse diagnóstico real? O Brasil tem sido rico em seguir crescendo, mesmo aos trancos e barrancos, mesmo em condições rústicas e rudes, e de maneira fenomenal, com todos os nossos problemas seguirmos inseridos dentre as 10 maiores economias planetárias, o 4º maior produtor de alimentos do mundo!
Num encontro dos maiores empresários e empresas sediadas no país, dentre diversos outros setores dos negócios, no mês de março de 2014, a opinião de seus CEO’s com relação ao futuro próximo foi: 42% irão aumentar o investimento no país; 36% manter; 44% esperam que seus segmentos de negócios cresçam acima da média, e 22% muito acima da média. E sobre a maior ênfase na gestão das companhias, três fatores formam uma constante absoluta: produtividade, vendas e expansão.
Eu poderia ler Vendas + Expansão, como uma coisa só: mais vendas onde já estou e vendas novas em áreas onde ainda não estou. Portanto um ingrediente vital das Grandes Viradas está sempre depositado na vontade íntima, no vigor, e no otimismo nato dos empreendedores. Apesar de cenários de crescimento de PIB baixo, a força empreendedora está presente nas emoções dos executivos. Logo, uma Grande Virada no sucroenergético pode não ser apenas um desejo deste colunista e sim um olhar atento para outros ângulos significativos do negócio de etanol brasileiro.
Apesar de todo cenário de evidente e justa preocupação, temos fatos motivadores: a safra 2013 de cana de açúcar atingiu record histórico, o que viabilizou o retorno da mistura de 25% de etanol na gasolina. Isso permitiu reduzir em 6,5 bilhões de litros as importações do combustível. O setor atuou ainda reduzindo em US$ 5 bilhões o déficit da balança de petróleo e derivados. O ramo evitou ainda um prejuízo adicional superior a US$ 1 bilhão com a importação de gasolina.
Por quais caminhos podemos asfaltar uma Grande Virada sucroenergética? A UNICA, e sua Presidenta Beth Farina, apontam frequentemente a necessidade de medidas emergenciais como: 1 – completar o programa de desoneração do PIS-COFINS; 2 – aumentar a mistura do etanol na gasolina para 27,5%. Uma agenda para retomar investimentos segue na pauta do setor, como: a) definir objetivos claros para a participação do etanol na matriz de combustíveis; b) um programa de saneamento de usinas para buscar o salvamento de pelo menos 40% delas. c) reestabelecer e manter o diferencial tributário favorável ao etanol, perdido com a eliminação do CIDE (contribuição de intervenção no domínio econômico sobre combustíveis) sobre a gasolina; e d) ampliar os programas que incentivam a inovação tecnológica e os biocombustíveis de novas gerações.
Desta forma, um lado da Grande Virada no setor, parte de acordos de bom senso na relação da governança público e privada com o ramo. Por outro, no hemisfério mais voltado aos aspectos controláveis do etanolbusiness, com certeza, a luta permanente pela produtividade ao longo de todo processo, bem como a competência de vendas, mantendo ações inteligentes de marketing e de relações com os canais de distribuição, são e continuarão sendo fundamentais.
Isso por si só pede projetos educacionais e de formação perene de recursos humanos ao longo de toda cadeia produtiva. Fora isso, no cenário megamacro, surgem as alternativas do gás de xisto, altamente estimuladas por interesses de geopolítica e de barateamento considerável dos preços da energia nos países desenvolvidos. Isso nos conecta novamente com uma agenda de Presidência da República, onde o executivo brasileiro, com o país, permanentemente bombardeado pelas demandas ambientais e sustentáveis, terá uma bela oportunidade de marketing pró-ativo em toda essa questão sócio-ambiental, estratégica, energética, militar e de soberania nacional.
Quer dizer, na cereja do bolo agroenergético, uma bela e legítima questão de “estado”. Mas, fora isso, que a CIDE incide gravemente na equação desse negócio do etanol, isso INCIDE. Uma CIDE zerada representa perda de receita nos municípios e estados, e perda de receita para investimentos em infraestrutura e transporte (71% da arrecadação da CIDE). Quer dizer, compromete o conceito de “agrossociedade”, onde agronegócio não é só agro e não é apenas negócio. É muito mais, é qualidade de vida e engajamento de toda a sociedade no seu entorno. Ah reino dos impostos! Ah desperdícios no Custo Brasil. Sou otimista, um dia isso tudo vai mudar, e melhorar! Por enquanto, vamos à luta, sem ela não existe “Grande Virada” (Prof. Dr. José Luiz Tejon é coordenador de agronegócio da ESPM, diretor vice-presidente de Comunicação do CCAS – Conselho Científico para a Agricultura Sustentável;
Enquanto as facções político partidárias brincam de dança das cadeiras e de passar anel; se locupletam pelos egopoderes; e elegem o voto democrático como a ditadura da manipulação da população; um dos setores da maior relevância para a economia, o meio ambiente, e uma atração positiva do foco internacional para o país sofre no meio de uma “pororoca” de desinteresses e de postergação de decisões vitais.
Os fatos falam por si só: desde 2009, foram fechadas 44 usinas sucroalcooleiras. Para este ano – 2014, adicionamos 12 com altíssima probabilidade de encerrar suas operações. O faturamento bruto anual é superado pela dívida média das empresas. E cerca de 20% da receita comprometida com o pagamento de juros.
As empresas produtoras de bens de capital destinados ao setor revelam queda de 50% nas vendas, desde 2010, e perdendo mais de 50 mil empregos. Neste momento não há um único pedido de usina nova em carteira. As cidades canavieiras perdem arrecadação, deterioram comércio e serviços, e apresentam gastos crescentes com saúde pública. E, as grandes organizações no ramo sucroenergético apresentam disposição de deixar o setor.
Isso significa que estamos numa faixa, num momento do tempo de: ou realizamos uma grande virada, ou nos extinguimos. O singular dessa dramaturgia social-econômica-financeira; é o fato de estar ocorrendo num período onde a produção de gasolina é insuficiente no atendimento à demanda interna, estimulada pelo consumo de veículos e com previsão desse estado de coisas por vários anos.
A questão que nos resta é: temos chances de fazer uma “grande virada” nesse diagnóstico real? O Brasil tem sido rico em seguir crescendo, mesmo aos trancos e barrancos, mesmo em condições rústicas e rudes, e de maneira fenomenal, com todos os nossos problemas seguirmos inseridos dentre as 10 maiores economias planetárias, o 4º maior produtor de alimentos do mundo!
Num encontro dos maiores empresários e empresas sediadas no país, dentre diversos outros setores dos negócios, no mês de março de 2014, a opinião de seus CEO’s com relação ao futuro próximo foi: 42% irão aumentar o investimento no país; 36% manter; 44% esperam que seus segmentos de negócios cresçam acima da média, e 22% muito acima da média. E sobre a maior ênfase na gestão das companhias, três fatores formam uma constante absoluta: produtividade, vendas e expansão.
Eu poderia ler Vendas + Expansão, como uma coisa só: mais vendas onde já estou e vendas novas em áreas onde ainda não estou. Portanto um ingrediente vital das Grandes Viradas está sempre depositado na vontade íntima, no vigor, e no otimismo nato dos empreendedores. Apesar de cenários de crescimento de PIB baixo, a força empreendedora está presente nas emoções dos executivos. Logo, uma Grande Virada no sucroenergético pode não ser apenas um desejo deste colunista e sim um olhar atento para outros ângulos significativos do negócio de etanol brasileiro.
Apesar de todo cenário de evidente e justa preocupação, temos fatos motivadores: a safra 2013 de cana de açúcar atingiu record histórico, o que viabilizou o retorno da mistura de 25% de etanol na gasolina. Isso permitiu reduzir em 6,5 bilhões de litros as importações do combustível. O setor atuou ainda reduzindo em US$ 5 bilhões o déficit da balança de petróleo e derivados. O ramo evitou ainda um prejuízo adicional superior a US$ 1 bilhão com a importação de gasolina.
Por quais caminhos podemos asfaltar uma Grande Virada sucroenergética? A UNICA, e sua Presidenta Beth Farina, apontam frequentemente a necessidade de medidas emergenciais como: 1 – completar o programa de desoneração do PIS-COFINS; 2 – aumentar a mistura do etanol na gasolina para 27,5%. Uma agenda para retomar investimentos segue na pauta do setor, como: a) definir objetivos claros para a participação do etanol na matriz de combustíveis; b) um programa de saneamento de usinas para buscar o salvamento de pelo menos 40% delas. c) reestabelecer e manter o diferencial tributário favorável ao etanol, perdido com a eliminação do CIDE (contribuição de intervenção no domínio econômico sobre combustíveis) sobre a gasolina; e d) ampliar os programas que incentivam a inovação tecnológica e os biocombustíveis de novas gerações.
Desta forma, um lado da Grande Virada no setor, parte de acordos de bom senso na relação da governança público e privada com o ramo. Por outro, no hemisfério mais voltado aos aspectos controláveis do etanolbusiness, com certeza, a luta permanente pela produtividade ao longo de todo processo, bem como a competência de vendas, mantendo ações inteligentes de marketing e de relações com os canais de distribuição, são e continuarão sendo fundamentais.
Isso por si só pede projetos educacionais e de formação perene de recursos humanos ao longo de toda cadeia produtiva. Fora isso, no cenário megamacro, surgem as alternativas do gás de xisto, altamente estimuladas por interesses de geopolítica e de barateamento considerável dos preços da energia nos países desenvolvidos. Isso nos conecta novamente com uma agenda de Presidência da República, onde o executivo brasileiro, com o país, permanentemente bombardeado pelas demandas ambientais e sustentáveis, terá uma bela oportunidade de marketing pró-ativo em toda essa questão sócio-ambiental, estratégica, energética, militar e de soberania nacional.
Quer dizer, na cereja do bolo agroenergético, uma bela e legítima questão de “estado”. Mas, fora isso, que a CIDE incide gravemente na equação desse negócio do etanol, isso INCIDE. Uma CIDE zerada representa perda de receita nos municípios e estados, e perda de receita para investimentos em infraestrutura e transporte (71% da arrecadação da CIDE). Quer dizer, compromete o conceito de “agrossociedade”, onde agronegócio não é só agro e não é apenas negócio. É muito mais, é qualidade de vida e engajamento de toda a sociedade no seu entorno. Ah reino dos impostos! Ah desperdícios no Custo Brasil. Sou otimista, um dia isso tudo vai mudar, e melhorar! Por enquanto, vamos à luta, sem ela não existe “Grande Virada” (Prof. Dr. José Luiz Tejon é coordenador de agronegócio da ESPM, diretor vice-presidente de Comunicação do CCAS – Conselho Científico para a Agricultura Sustentável;