Após apostarem no mercado sucroalcooleiro do Brasil, multinacionais desenvolvedoras de tecnologia para etanol celulósico tentam driblar a aversão de usineiros ao investimento em greenfield (novas unidades) em meio a um cenário de insegurança do setor. Empresas como a suíça Clariant e a dinamarquesa Novozymes peregrinam atrás de parceiros no País para vender sua técnica de transformação da biomassa da cana-de-açúcar em biocombustível.
Também conhecido como "de segunda geração", essa tipo de etanol é apontado por muitos como alternativa para ampliar a produção do álcool no Brasil, sem ter de investir diretamente em aumento da área e de matéria-prima, por conta do aproveitamento de resíduos como, por exemplo, a palha e o bagaço da cana. Alguns estudos apontam para redução de custo de até 10% na produção do etanol 2G se comparado ao produto convencional.
Apesar das vantagens do etanol celulósico, o custo elevado da enzima, utilizada no processo de hidrólise para a quebra das estruturas da biomassa, ainda é pouco convidativo para empresários do negócio. De acordo com o gerente de Desenvolvimento de Negócios para Biomassa no Brasil da Novozymes, Ricardo Gentil Blandy, o custo da enzima pode variar entre 35% a 50% do custo final de produção. "O que assusta os usineiros no Brasil é o tamanho do investimento, que ainda é alto, pois é um mercado em formação", afirma.
Outra empresa estrangeira que batalha para conquistar parcerias no País é a Clariant. Desenvolvedora da tecnologia batizada de "Sunliquid", testada em escala comercial na Europa, a empresa estima investimento necessário de US$100 milhões para erguer uma unidade capaz de produzir cerca de 75 milhões de litros de etanol. Até o momento, a companhia não fechou nenhum negócio na área.
Em junho, durante um painel sobre o tema no evento Ethanol Summit, o maior encontro do setor sucroalcooleiro, promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), usineiros questionaram representantes das empresas de biotecnologia sobre a restrição do investimento a grandes companhias, por causa da necessidade de desembolsos generosos. "Assim que conseguirmos ter mais clientes, os custos vão caindo, pois vamos aprendendo a produzir mais barato", avalia Blandy.
Ao Broadcast, um executivo do setor afirmou que, "apesar das aparentes vantagens (doetanol celulósico), será necessário esperar a primeira produção comercial para se ter ideia dos reais ganhos". Outro empresário disse que "esse é o momento de cortar custos e acertar a produção, não de se arriscar".
Em construção
Dos projetos anunciados para etanol de segunda geração, a Novozymes tem participação na unidade pioneira, que está sendo construída pela Granbio em Barra de São Miguel (AL), com previsão de inauguração no primeiro trimestre do ano que vem. Com investimento total de R$ 350 milhões, a usina terá capacidade de produzir 82 milhões de litros de etanol por ano. Segundo a Novozymes, a expectativa é de que outra parceria seja anunciada até o final deste ano.
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) também deve concluir sua planta em 2014, com total de recursos de R$ 350 milhões. Com tecnologia própria do CTC, a unidade vai operar junto à Usina São Manoel, no interior de São Paulo. De acordo com o centro, por 12 a 18 meses, a usina deve permanecer funcionando em fase de demonstração.
Duas gigantes do setor, a Raízen (joint venture entre Shell e Cosan) e Petrobras também têm investimento para o etanol de segunda geração reservado, porém as empresas ainda não revelaram detalhes dos projetos. A unidade da Raízen é aguardada para o final do ano que vem e a da Petrobras, para 2015. Recentemente, o chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, afirmou que o banco avalia financiamento para as duas companhias.
Kellen Moraes
Após apostarem no mercado sucroalcooleiro do Brasil, multinacionais desenvolvedoras de tecnologia para etanol celulósico tentam driblar a aversão de usineiros ao investimento em greenfield (novas unidades) em meio a um cenário de insegurança do setor. Empresas como a suíça Clariant e a dinamarquesa Novozymes peregrinam atrás de parceiros no País para vender sua técnica de transformação da biomassa da cana-de-açúcar em biocombustível.
Também conhecido como "de segunda geração", essa tipo de etanol é apontado por muitos como alternativa para ampliar a produção do álcool no Brasil, sem ter de investir diretamente em aumento da área e de matéria-prima, por conta do aproveitamento de resíduos como, por exemplo, a palha e o bagaço da cana. Alguns estudos apontam para redução de custo de até 10% na produção do etanol 2G se comparado ao produto convencional.
Apesar das vantagens do etanol celulósico, o custo elevado da enzima, utilizada no processo de hidrólise para a quebra das estruturas da biomassa, ainda é pouco convidativo para empresários do negócio. De acordo com o gerente de Desenvolvimento de Negócios para Biomassa no Brasil da Novozymes, Ricardo Gentil Blandy, o custo da enzima pode variar entre 35% a 50% do custo final de produção. "O que assusta os usineiros no Brasil é o tamanho do investimento, que ainda é alto, pois é um mercado em formação", afirma.
Outra empresa estrangeira que batalha para conquistar parcerias no País é a Clariant. Desenvolvedora da tecnologia batizada de "Sunliquid", testada em escala comercial na Europa, a empresa estima investimento necessário de US$100 milhões para erguer uma unidade capaz de produzir cerca de 75 milhões de litros de etanol. Até o momento, a companhia não fechou nenhum negócio na área.
Em junho, durante um painel sobre o tema no evento Ethanol Summit, o maior encontro do setor sucroalcooleiro, promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), usineiros questionaram representantes das empresas de biotecnologia sobre a restrição do investimento a grandes companhias, por causa da necessidade de desembolsos generosos. "Assim que conseguirmos ter mais clientes, os custos vão caindo, pois vamos aprendendo a produzir mais barato", avalia Blandy.
Ao Broadcast, um executivo do setor afirmou que, "apesar das aparentes vantagens (doetanol celulósico), será necessário esperar a primeira produção comercial para se ter ideia dos reais ganhos". Outro empresário disse que "esse é o momento de cortar custos e acertar a produção, não de se arriscar".
Em construção
Dos projetos anunciados para etanol de segunda geração, a Novozymes tem participação na unidade pioneira, que está sendo construída pela Granbio em Barra de São Miguel (AL), com previsão de inauguração no primeiro trimestre do ano que vem. Com investimento total de R$ 350 milhões, a usina terá capacidade de produzir 82 milhões de litros de etanol por ano. Segundo a Novozymes, a expectativa é de que outra parceria seja anunciada até o final deste ano.
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) também deve concluir sua planta em 2014, com total de recursos de R$ 350 milhões. Com tecnologia própria do CTC, a unidade vai operar junto à Usina São Manoel, no interior de São Paulo. De acordo com o centro, por 12 a 18 meses, a usina deve permanecer funcionando em fase de demonstração.
Duas gigantes do setor, a Raízen (joint venture entre Shell e Cosan) e Petrobras também têm investimento para o etanol de segunda geração reservado, porém as empresas ainda não revelaram detalhes dos projetos. A unidade da Raízen é aguardada para o final do ano que vem e a da Petrobras, para 2015. Recentemente, o chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, afirmou que o banco avalia financiamento para as duas companhias.
Kellen Moraes