Por estar entre os maiores produtores e exportadores de açúcar e etanol do mundo, o Brasil tem um papel essencial no debate mundial sobre o desenvolvimento do setor e a expansão da produção de biocombustíveis.
Em seu retorno ao formato presencial, mas também com transmissão ao vivo, o evento de Abertura de Safra de Cana, Açúcar e Etanol 2022/23, realizado no dia 9 de março, em Ribeirão Preto-SP, pela Datagro em parceria com o Santander, trouxe uma avaliação da safra 2021/22 e as estimativas para 2022/23, além de debates sobre fundamentos do mercado mundial, sustentabilidade do setor, tecnologia na área agrícola, questões sobre financiamento e internacionalização do uso do etanol, bem como a guerra entre Ucrânia e Rússia, um dos assuntos levantados pelas autoridades e executivos na abertura da conferência que foi conduzida pelo presidente da Datagro, Plínio Nastari.
Participaram do evento o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite; o secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Itamar Borges; o presidente da Frente Parlamentar de Valorização do Setor Sucroenergético, deputado federal Arnaldo Jardim; a presidente da Comissão da Agricultura de Câmara, deputada federal Aline Sleutjes; o diretor executivo da Unica, Eduardo Leão, representando a ministra de Agricultura, Tereza Cristina; Cid Caldas, representando o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; Marlon Moraes, representando o secretário de Educação, Rossieli Soares; o subsecretário de Articulação Regional, Patrick Tranjan; o presidente do Sebrae-SP e vice-presidente da Faesp/Senar-SP, Tirso Meirelles; o presidente da Siamig e do FNS (Fórum Nacional Sucroenergético, Mario Campos Filho; a superintendente Executiva Agro Corporate Santander Brasil, Caroline Perestrelo, e o vice-presidente do Corporate Santander Brasil, João de Biase.
Na ocasião, o ministro do Meio Ambiente destacou que o Brasil apresenta diversidade de rotas para descarbonização e que a geração de créditos de carbono verdes, inclusive os vindos do biometano, poderão ser negociados e utilizados na prática como ativos ambientais-financeiros do país. “Poderemos exportar estes créditos”, disse ele.
Já o secretário da Agricultura ressaltou que o agro é prioridade nas políticas públicas de São Paulo. “Atendendo ao pedido do setor, vamos anunciar a cobertura de 100% do CAR (Cadastro Ambiental Rural) de São Paulo. Esse é o passo para alcançarmos 100% no PRA (Programa de Regularização Ambiental)”, afirmou o secretário.
Em meio às incertezas econômicas geradas pela guerra da Ucrânia, o prefeito de Ribeirão Preto comentou sobre as questões do abastecimento de alimentos e energia. “O Brasil tem um enorme potencial, quando falamos sobre nossas características naturais, além do avanço no desenvolvimento tecnológico do agronegócio ao longo dessas últimas décadas, fatores que são capazes de atender essa demanda mundial simultaneamente, produzir alimentos e energia limpa para os brasileiros e os cidadãos do mundo”.
Ao longo do dia, os palestrantes expuseram considerações relevantes sobre do setor sucroenergético em nível nacional e o contexto do mercado no cenário pós-pandêmico.
Nos últimos dois anos, o setor observou movimento de varejo, a primeira queda de consumo de açúcar em 40 anos na indústria, o choque mundial na demanda de combustíveis, entre outros desafios.
O painel “A eficiência e ganho de produtividade”, coordenado por Marcos Landell, indicou ações para recuperar a produtividade e compensar o elevado aumento de custos que está ocorrendo no setor.
Ao comentar as considerações do painel, o presidente da Datagro, Plínio Nastari, chamou a atenção sobre a gravidade da elevação de custos. “Estamos assistindo a verdadeiras guerras em busca de originação de cana e arrendamentos em níveis surpreendentes que têm sido alimentados pelos preços elevados, os quais temos observado nos últimos dois anos. Esses preços têm como fundamento um real desvalorizado, um petróleo em níveis elevados e isto pode não durar para sempre”.
Os participantes do evento também acompanharam o que está ocorrendo na cooperação com a Índia. O Brasil vem tendo uma agenda muito importante servindo de guia e de exemplo não só para a Índia, mas para muitos outros países na América Latina, América Central e Ásia, em relação à sua experiência de etanol. O painel foi moderado por Mário Campos Filho e teve a participação on-line do embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy e do diretor executivo da ISMA - Associação Indiana dos Produtores de Açúcar, Abinash Verma.
Já o painel “Finanças” abordou as novas alternativas, principalmente o Fiagro e a visão do mercado financeiro que incorpora a partir de agora critérios ESG, inclusive para a determinação não só de linhas, mas também de taxas
O que esperar para a safra 22/23?
Os dados da Datagro indicaram que a safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul 2022/23 deve ser de 562 milhões de toneladas, com viés de baixa por vários fatores, dentre eles o climático. Com relação à produção de etanol, espera-se uma alta em contrapartida à safra anterior, alcançando 29,8 bilhões de litros, em relação aos 27,7 bilhões litros produzidos anteriormente e etanol de milho passando de 3,4 para 4,6 bilhões de litros.
De acordo com a consultoria, a produção de açúcar deve alcançar os 33 milhões de toneladas, alta de 2,8% em relação ao ciclo anterior, com 44,7% da matéria-prima destinada para a produção de açúcar. É esperado um superávit de 1,15 milhão de toneladas do adoçante no mercado global em 2022/23, frente um déficit de 1,2 milhão em 2021/22, tendo Brasil e na Índia como os maiores produtores mundiais.
“É uma safra que promete ser difícil por questões climáticas, que já vêm de dois anos anteriores e que indica uma oferta de ATR crescendo de forma limitada num percentual muito abaixo da queda de oferta que observamos em 21/22, quando na região Centro-Sul foi observada uma redução de 14,4%”, disse o presidente da Datagro.
O diretor administrativo e financeiro da Copercana, Giovanni Rossanez, e o superintendente comercial de insumos da Copercana, Frederico Dalmaso, participaram do evento juntamente com o representante do Grupo Agora Sertãozinho, João Victor Tonielo Felício.
Da esquerda para a direita, João Victor, Frederico e Giovanni
Da esquerda para a direita, Giovanni Rossanez, Rodrigo Biagi e Eugênio Flanghe Bertini