Evento virtual discute as plantas daninhas em cana-de-açúcar

Cana-de-Açúcar POR: Fernanda Clariano

O 19º Herbishow abordou com criatividade e dinamismo as ferramentas para o setor enfrentar as plantas daninhas

Uma das maiores preocupações na cultura da cana-de-açúcar é controlar as plantas daninhas. O prejuízo causado por elas pode chegar até 85% na soqueira e 100% na cana-planta.

Este ano, diante dos desafios da pandemia da Covid-19, o Grupo Idea inovou na realização da 19ª edição do Seminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cultura da Cana-de-açúcar, o Herbishow. O evento aconteceu de forma totalmente diferente, onde especialistas do setor e profissionais de empresas participaram de forma virtual levando conhecimento, informações técnicas e ferramentas para um manejo eficiente em painéis que variaram de entrevistas em estilo talk show a telejornais.

Além de palestras, o Herbishow 2020 contou também com um ambiente de feira virtual, onde os participantes puderam baixar materiais, assistir a vídeos, acompanhar uma programação de palestras e conversar com os representantes das empresas patrocinadoras do evento: Adama, Bayer, Corteva, FMC, Ihara, Sumitomo Chemical, Syngenta e UPL.

“Procuramos produzir um evento agradável e de qualidade utilizando uma plataforma extremamente moderna num formato inteiramente inovador. Para isso, propiciamos aos produtores de cana-de-açúcar e profissionais ligados ao setor muito mais do que conhecimento técnico, estamos apresentando uma nova forma de aprendizado com soluções para o cotidiano”, disse o CEO do Grupo Idea, Dib Nunes.

Diante da complexidade, principalmente das particularidades do manejo de plantas daninhas dentro do sistema de produção de cana-de-açúcar no Brasil, compreender a dinâmica dos herbicidas no ambiente mais do que nunca é fundamental para que haja evolução no setor e avanço nas recomendações.

Dib Nunes – CEO do Grupo Idea

Para o pesquisador da Esalq/Usp, Pedro Christoffoleti, uma das informações mais valiosas no planejamento de manejo de plantas daninhas de uma unidade de produção de grande porte é a caracterização da infestação em termos das espécies de ocorrência e principalmente com o grau de infestação. “Com essa informação é possível que possamos estimar a importância de cada espécie dentro do sistema de produção e também quais são os talhões problemáticos e os que exigem maior atenção, além dos talhões que precisam de recomendação específica”. No entanto, de acordo com Christoffoleti, da forma convencional que hoje é feita, trabalhosa e onerosa, demanda muito tempo e precisa ser otimizada. Ainda segundo o pesquisador, outra informação fundamental em uma unidade de produção é conhecer a eficácia dos tratamentos herbicidas utilizados na última safra. “Essa informação ajuda o produtor na tomada de decisão de qual tratamento utilizar na próxima safra. No entanto, até o momento não existem metodologias em larga escala que proporcionem uma visão ampla com o tratamento utilizado na safra anterior. A forma como hoje se faz é através de visitas periódicas do gerente de tratos culturais, dos supervisores de campo que de uma forma objetiva avaliam os tratamentos”. Porém, de acordo com Christoffoleti, para resolver essa problemática, é necessário o desenvolvimento de uma tecnologia que faça um levantamento rápido e fidedigno da situação momentânea de infestação de plantas daninhas em todos os talhões da unidade de produção, com a possibilidade de análise dos diversos fatores que afetam essas infestações. “Este levantamento deve ter a flexibilidade de você utilizar os dados de análise, inclusive caracterizar os diversos tratamentos utilizados”.

Já o sócio-diretor da empresa Agroanalítica, Weber Valério, destacou dentre os assuntos por ele abordados, os efeitos do manejo de planta daninha em usinas que deixam de fazer aplicações em condições adversas e as acumulam no final do ano e também como isso impacta, principalmente, em seletividade do canavial. “Atualmente priorizamos as aplicações na cultura sem folhas buscando uma seletividade. Se começar a cortar as aplicações nas situações de condições climáticas mais adversas, certamente as áreas vão acumular, teremos pós-emergência da cultura e certamente as injúrias ocorrerão”. Valério ressaltou que antes de paralisar a aplicação é bom questionar se foram tomadas todas as medidas necessárias para que se possa minimizar as perdas durante a pós-aplicação. “Logicamente que em algumas situações não tem jeito, com umidade baixa e velocidade de vento acima de 10 km por hora tem que paralisar, mas antes é preciso fazer a lição de casa e ver o que é possível ser feito no equipamento”.

Um canavial bem formado sem a presença de plantas daninhas pode garantir ao produtor o máximo de produtividade e, de acordo com o consultor na área de herbicidas e diretor executivo da Agrocon, Marcelo Nicolai, uma boa dessecação é indispensável. “Muitas pessoas tendem a não fazer a dessecação e isso é um erro, pois a formação do canavial depende muito de uma boa dessecação. Logo após a implementação do canavial, a aplicação em pós-plantio é fundamental e deve ocorrer o mais próximo possível do plantio para que não tenham plantas brotadas nem de matos e nem de cana. Obviamente haverá situações em que a planta daninha já terá germinado, porém não emergido. Nesse sentido, são necessárias ferramentas herbicidas capazes de controlar essa planta em pós-inicial”. Nicolai ainda ressaltou que a aplicação de pós-quebra lombo deve ser complementação do pós-plantio. “O pós-quebra lombo é uma operação indispensável, muitas vezes faço um PPI na área também no sentido de diminuir a infestação do banco de sementes”.

Christoffoleti: “O manejo de plantas daninhas tem que ser feito de forma eficaz, seletiva e com sustentabilidade econômica e ambiental”

Já o sócio-diretor da empresa Agroanalítica, Weber Valério, destacou dentre os assuntos por ele abordados, os efeitos do manejo de planta daninha em usinas que deixam de fazer aplicações em condições adversas e as acumulam no final do ano e também como isso impacta, principalmente, em seletividade do canavial. “Atualmente priorizamos as aplicações na cultura sem folhas buscando uma seletividade. Se começar a cortar as aplicações nas situações de condições climáticas mais adversas, certamente as áreas vão acumular, teremos pós-emergência da cultura e certamente as injúrias ocorrerão”. Valério ressaltou que antes de paralisar a aplicação é bom questionar se foram tomadas todas as medidas necessárias para que se possa minimizar as perdas durante a pós-aplicação. “Logicamente que em algumas situações não tem jeito, com umidade baixa e velocidade de vento acima de 10 km por hora tem que paralisar, mas antes é preciso fazer a lição de casa e ver o que é possível ser feito no equipamento”.

Um canavial bem formado sem a presença de plantas daninhas pode garantir ao produtor o máximo de produtividade e, de acordo com o consultor na área de herbicidas e diretor executivo da Agrocon, Marcelo Nicolai, uma boa dessecação é indispensável. “Muitas pessoas tendem a não fazer a dessecação e isso é um erro, pois a formação do canavial depende muito de uma boa dessecação. Logo após a implementação do canavial, a aplicação em pós-plantio é fundamental e deve ocorrer o mais próximo possível do plantio para que não tenham plantas brotadas nem de matos e nem de cana. Obviamente haverá situações em que a planta daninha já terá germinado, porém não emergido. Nesse sentido, são necessárias ferramentas herbicidas capazes de controlar essa planta em pós-inicial”. Nicolai ainda ressaltou que a aplicação de pós-quebra lombo deve ser complementação do pós-plantio. “O pós-quebra lombo é uma operação indispensável, muitas vezes faço um PPI na área também no sentido de diminuir a infestação do banco de sementes”.

Nicolai: “Estamos vivendo um momento onde fazer algo coerente é pertinente para manter a unidade do setor”

Os mitos e os fatos sobre os efeitos da palha foram mencionados pelo pesquisador Edivaldo Domingues Velini. O profissional destacou como mito que os efeitos da palha são alelopáticos; a capacidade de ser carregado de palha pela água de chuva é uma característica do ingrediente ativo; apenas herbicidas muito solúveis poderão ser utilizados em cana crua; os persistentes no solo serão sempre persistentes se aplicados sobre a palha e, aumentando o volume de aplicação, aumenta a deposição do herbicida no solo sob a palha.

Ao pontuar os fatos sobre os efeitos da palha, Velini salientou que ela pode ser tão efetiva quanto os herbicidas para controlar plantas daninhas como também pode estimular a sua germinação; precisa ser distribuída uniformemente no campo e em quantidade adequada para controlar plantas daninhas sensíveis; a colhedora pode contribuir na dispersão de sementes de plantas daninhas e a palha controla a perda de água.

Tendo em vista as várias informações apresentadas durante todo o evento, acrescentamos a avaliação do professor da Unesp de Botucatu, Caio Carbonari. Para ele, assim como é importante compreender a dinâmica dos herbicidas no ambiente, é possível interferir nessa dinâmica dos herbicidas dentro do sistema de produção de cana-de-açúcar diante dos desafios que a produção de cana impõe ao uso de herbicidas de pré-emergência. “É possível, por exemplo, por meio de formulações adequadas e de alta qualidade, melhorar a dinâmica de passagem do herbicida pela palha, reduzir a fotodegradação, diminuir drasticamente a volatilização, até mesmo interferir na dinâmica do herbicida no solo controlando a liberação e, com isso, reduzir as perdas e estender o residual de ação de um herbicida”.

Velini: “A situação que estamos vivendo mostra claramente a importância da ciência e da inovação”