Expansão de startups no Brasil vem contribuindo com o desenvolvimento da gestão do agronegócio

23/03/2017 Agronegócio POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 128
O 1º Censo AgTech Startups Brasil mostrou que nos últimos três anos o número de empresas de tecnologia para a agricultura teve um aumento considerável. O levantamento identificou que antes de 2013 apenas 12% das 75 startups que participaram do estudo existiam e que houve uma grande aceleração em aberturas de novos negócios de 2014 para cá. O mapeamento, inédito e realizado através de uma parceria entre a ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) e o AgTech Garage, apresentou também o perfil dessas startups, suas áreas de atuação, fontes de investimento e problemas e desafios do setor.
“O censo teve como objetivo mapear o setor de tecnologia aplicada ao agronegócio e gerar informações que contribuam com o desenvolvimento da cadeia de inovação no campo”, explicou o prof. dr. Mateus Mondin, do Departamento de Genética da ESALQ/USP, e coordenador da pesquisa ao lado de José Augusto Tomé, gestor do Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo do AgTech Garage e Hermes Nonino, Membro do Conselho Consultivo do AgTech Garage. O profissional apresentou os dados durante sua participação no Seminário Inovações no setor sucroenergético realizado em dezembro, na cidade piracicabana.
A pesquisa mostrou que o Estado de São Paulo possui 50% do total de startups de AgTech do Brasil, sendo que desse universo, 50% fica em Piracicaba-SP, região que abriga 19% do total de empresas de base tecnológica para a agricultura do Brasil. Outras 18% dessas empresas estão em Minas Gerais; 24% se encontram nos estados do Sul do Brasil e 8% espalhadas pelo Brasil. Como também que entre os principais problemas encontrados por essas pequenas empresas estão a falta de investimentos em empresas no estágio inicial e o baixo número de investidores privados, como fundos e aceleradoras.
Uma grande parte dessas pequenas empresas tem soluções para equipamentos de inteligência e hardware; agricultura de precisão, software para gestão e tecnologias de suporte à decisão e apresentam soluções para os mercados de soja (49%); milho (46%), cana (41%) e café (32%). Possuem um número médio de 3 a 7 funcionários e 54% dos fundadores têm algum tipo de pós-graduação. Já em relação à faixa etária, a divisão é de 12% de 21 a 25 anos; 26% de 26 a 30 anos; 43% de 31 a 40 anos e o grupo com mais de 41 anos compreende 16%.
Pedaços de doçura
Um exemplo de investimentos em startups que tem dado certo e vem ganhando até mesmo o mercado internacional é a Energia da Terra – Cana Bacana. Com profissões ligadas à cadeia sucroenergética, os empresários Ernest Saraiva Petty; Giulianno Ripoli Perri; Marco Lorenzzo Ripoli; Ricardo Arantes Cotrim e Ernest Sicoli Petty resolveram inovar e apresentar um produto inédito no mercado, apesar de usar como matéria-prima, uma cultura muito conhecida no Brasil, a cana-de-açúcar. Para isso, criaram em 2015, a startup que atua no segmento de alimentação saudável produzindo e comercializando pedaços de cana-de-açúcar 100% natural prontos para consumo.
Com fábrica instalada na Vila Mariana, na Capital paulista, a startup tem capacidade de produção atual de 20 mil unidades/mês, mas como a demanda só cresce, a expansão da planta é certeira. “Como estamos em fase de contratação da automação de parte do processo produtivo para o 1º trimestre de 2017, que certamente proporcionará um ganho de produção bastante significativo, devemos procurar um local maior ano que vem”, explica Marco Lorenzzo Ripoli.
Segundo o empresário, eles buscaram em uma empresa de germoplasma no interior de SP, as variedades mais indicadas para o projeto. “Precisávamos cruzar três elementos fundamentais: maciez, suculência e disponibilidade no campo”, contou, afirmando que o ineditismo foi um dos maiores desafios enfrentados até agora e o processo produtivo está em fase de registro patente.
“Desde o princípio tivemos muita dificuldade, uma vez que o assunto era novo tanto para nós quanto para nossos parceiros. Para atingirmos os atuais 30 dias de validade sem refrigeração e conservantes, foi necessário muito estudo, além de testes laboratoriais. Era preciso conter a fermentação da cana de açúcar, logo uma composição de ações foi desenhada para que o objetivo fosse alcançado”, explicou. Atualmente, os produtos são oferecidos em embalagens de 60 gramas, nos sabores limão, abacaxi e natural, além da “Cana da Turma da Mônica", uma opção saudável e divertida indicada para o lanche das crianças.
Sucesso já comprovado no campo
A Strider é outro exemplo de startup que vem tendo sucesso. Iniciando suas atividades em 2014, hoje basicamente já se consolidou como empresa no mercado de agrotecnologia, faturando, em 2016, 2,5 vezes mais do que 2015 e registrando 137 novos clientes em sua carteira, sendo que 76% (104) deste número apostou pela primeira vez em tecnologia da Informação para o agronegócio.
Esse crescimento possibilitou a expansão do negócio para além das fronteiras - hoje a empresa está presente em cinco países: Brasil, EUA, México, Bolívia e Austrália, monitorando mais de 500 fazendas que aplicam suas ferramentas sobre um território de mais de um milhão de hectares. “Isso num contexto de digitalização do campo, que levou a empresa a ser reconhecida internacionalmente pelo THRIVE Top 50” contou Luiz Tangari, sócio-fundador e
CEO da empresa. Segundo o executivo, a perspectiva é que o faturamento este ano seja três vezes superior ao de 2016. Para isso, planeja investir um montante de R$ 4 milhões em novas tecnologias e expansões de serviços, ao longo do ano. “2016 foi um ano delicado para o agronegócio, com menor volume de chuvas, dólar flutuante e aumento no preço dos insumos, o que nos fez trabalhar muito para captarmos novos clientes.
Foram mais de 800 mil quilômetros rodados, quase 11 mil contatos em fazendas
e mais de 1032 técnicos treinados em campo pela própria Strider, mostrando os ganhos de um investimento em TI, fazendo uso de tecnologia sofisticada, com uso de tablets, satélites, redes de rádio, sensores, rastreadores e modelos climáticos”, explica Tangari.
De acordo com o CEO, só no ano passado, a empresa treinou mais de 1200 pessoas nas fazendas, com mais de três milhões de pontos de monitoramento coletados e processados pela plataforma, além de mais de 300 mil aplicações de defensivos registradas. “O trabalho da Strider fez com que nossos clientes atingissem, em 2016, 43% menos aplicações fora do plano e 40% menos de aplicações de choque nas lavouras”, pontua.
Recentemente, a companhia recebeu aporte de US$ 3 milhões, liderado pela Monashees Capital, além de Qualcomm Ventures e Barn Investimentos, e lançou o Strider Space, ferramenta que ajuda o produtor analisar toda a superfície da fazenda sem sair do escritório, monitorando áreas afetadas e ganhando tempo para tomada de decisões. Este novo serviço oferece fotos de satélites de alta precisão, fotografadas diariamente, das quais o agricultor consegue acessar análises de toda a extensão da fazenda. Por meio de algoritmos proprietários, a ferramenta é capaz de apontar anomalias ao avaliar perdas de biomassa em imagens atuais e também aquelas de até dois anos atrás.
Startups que produz e comercializa predadores
A Promip também é uma startup voltada à agricultura, atuando no controle biológico aplicado e manejo integrado de pragas. Fundada em 2006 junto à ESALTec, de Piracicaba-SP, sua Biofábrica e Estação Experimental ficam em Engenheiro Coelho-SP, onde produz e comercializa predadores, que complementam o uso de agroquímicos no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, melhorando a produtividade agrícola.
A startup participa de feiras agrícolas mostrando suas inovações como ocorreu na Showtec 2017, evento realizado entre os dias 18 e 20 de janeiro, em Maracaju-MS. Na feira, a empresa demonstrou suas soluções inovadoras para a aplicação de produtos biológicos em soja, milho, algodão e culturas de alto valor agregado. “Foi uma ótima oportunidade para os produtores rurais do MS conhecerem os benefícios do manejo integrado de pragas e controle biológico a partir das ferramentas oferecidas pela empresa. Uma das novidades que apresentamos foi o Vant, um drone que facilita a aplicação de predadores de pragas na plantação”, explicou Marcelo Poletti, CEO da Promip.
Promovendo economia
Com sede em Campinas-SP, a Agrosmart vem oferecendo benefícios aos agricultores que contrataram a sua solução para suas plantações, proporcionando uma economia de até 60% no consumo de água, 40% no consumo de energia e até 15% no aumento da produtividade. 
A startup iniciou suas atividades em 2014 oferecendo o conceito de cultivo inteligente e fazendas conectadas, com uma plataforma e aplicativo que, em tempo real, monitora mais de dez variações ambientais, como chuva, umidade do solo e outros.
“Acreditamos que o setor sucroalcooleiro vai ser um dos principais demandantes desse tipo de tecnologia, de conectar o campo ao escritório. E a Agrosmart pretende crescer com um pacote desenhado especialmente para usinas integrando o monitoramento de sensores e imagens de satélite para um cultivo mais inteligente”, afirma Mariana Vasconcelos, fundadora da startup junto a Raphael Pizzi e Thales Nicoleti. 
De acordo com Mariana, a Agrosmart já trabalha com algumas usinas, ajudando a diminuir a compactação do solo através do monitoramento com sensores, além dos trabalhos com irrigação e imagens de satélite, monitorando este ano 400 mil hectares.
Já a Agronow é uma startup de mapeamento agrícola que estima, informa e projeta a produtividade agrícola em menos de um minuto. O sistema de mapeamento Agronow tem como principal função fornecer informações atuais ou de safras passadas sobre propriedades rurais, além de fornecer com grande precisão, uma previsão de produtividade para a data de colheita futura.
Com apenas um ano de operação, a empresa tem sede em São José dos Campos-SP, e vem aumentando o seu portfólio, contando atualmente com 43 empresas cadastradas, mais de 700 usuários ativos e já processou mais de 3,2 milhões de hectares pela plataforma. “Estamos atuando dentro do esperado e muito motivados, pois a procura pelos nossos serviços vem crescendo de forma bastante significativa.
 
Hoje, já conseguimos proporcionar uma plataforma mais robusta e completa para os nossos clientes, isso nos mostra que estamos no caminho certo. O próximo passo é planejar nossa expansão, que deve acontecer até o mês de julho”, afirma Antônio Morelli, CEO da Agronow. 
O grande diferencial da solução são as análises baseadas em estudos termodinâmicos, que segundo Morelli, possuem uma maior correlação com os dados de campo, em comparação com as atuais soluções oferecidas no mercado, baseadas apenas em estudo de área foliar. Aliado ao uso de imagens de satélites, sua dinâmica possibilita a emissão de análises a cada 10 dias, podendo chegar a cada cinco dias ou menos sobre a mesma área. A análise pode ser realizada em qualquer lugar do mundo e sobre qualquer cultura, com respostas em até 4 segundos. Atualmente, estão disponíveis as culturas de cana-de-açúcar, pastagem, soja, milho, eucalipto e floresta nativa e, até o final do ano, a base estará pronta para algodão, café, amendoim e citrus.
DATAGRO embarca nesta onda e lança o StartAgro
Em parceria com a Plant Project, uma plataforma de comunicação, eventos e análises do agronegócio, a DATAGRO lançou o StartAgro, o primeiro evento de empreendedorismo AgTech (Tecnologia Aplicada ao Agronegócio) do Brasil, com o objetivo de mostrar o lado tecnológico e inovador da produção agropecuária, incentivando a criação de negócios e aproximando a academia dos investidores.
O encontro aconteceu no final do ano no Campus São Paulo Espaço Google, na Capital paulista, e reuniu startups de tecnologia para o agronegócio, investidores, academia e empresas de agro e de TI. A Startup Farm, aceleradora residente e oficial do Campus, e Rodrigo Iafelice dos Santos, sócio da Ennexas, foram parceiros na realização do evento. "Mais do que um evento, a StartAgro é um projeto de conteúdo multiplataforma destinado a revelar a face mais moderna do agronegócio brasileiro e mundial, a interface do campo com a pesquisa e o empreendedorismo", explicou Luiz Fernando Sá, diretor editorial da Plant Projet. 
De acordo com Sá foi o primeiro evento de uma série que pretendem fazer. “O espírito aqui é estimular a criação de um ecossistema de inovação, de empreendedorismo voltado para o agronegócio. É reunir inovadores, vendedores, produtores, investidores, toda a cadeia, que geralmente se reúne em torno das startups de agronegócio para criar um estímulo para gerar conteúdo que reverbere com novas ideias, novas tecnologias, em um processo positivo”, explicou. “Todo o nosso conteúdo, seja nos canais digitais, seja nos eventos, tem o objetivo de inspirar os empreendedores e mostrar quais são as startups mais inovadoras de AgTech no Brasil e no mundo, sempre com dinamismo e o bom uso das ferramentas multimídia”, completou o jornalista Clayton Melo, líder da Plataforma e Curador da StartAgro.
“É importante aproximar os diferentes participantes do mercado de tecnologia para o agronegócio. Nós temos a academia, empresas de tecnologia, empresas de agronegócio, temos empreendedores que já são do agro e aqueles que vêm de tecnologia, a nossa missão é fomentar este mercado no Brasil que é extremamente relevante para a economia nacional”, analisou.
A programação contou com cinco painéis, com debates entre especialistas do segmento e jovens empreendedores já com empresas consolidadas, que apresentaram na ocasião, suas soluções para seus negócios. Um diálogo com jovens sobre como a nova geração do campo pode acelerar a adoção de novas tecnologias nas lavouras encerrou o evento.
De acordo com Rui Prado, presidente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso) o seu Estado é um pouco diferenciado dos demais estados e até mesmo de outras unidades de federações mundo afora pela importância que ele tem no agronegócio e pelo volume de produção que ele tem também e pelo potencial aumento deste volume de produtos do agronegócio. “Com um pouco mais de 90 milhões de hectares, produz em 9 milhões de hectares quase 10% da soja mundial; é o Estado brasileiro que mais produz grãos, que tem o maior rebanho envolvido do país, chegando perto de 30 milhões de animais, portanto, fazer a gestão de todos esses ativos do agronegócio, levando em conta a situação do país, das condições climáticas e infraestrutura, é um desafio muito grande para o produtor rural, portanto precisamos de soluções tecnológicas para solucionar os problemas e desenvolver mais a agricultura”, alertou.
Prado citou ainda a AgriHub, uma iniciativa da Famato, do Senar – MT (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), lançada em outubro de 2016 com o intuito de ser uma rede de inovação em agricultura que conecta produtores, startups, mentores, empresas, pesquisadores e investidores, criando um ecossistema de inovação e empreendedorismo no agronegócio por meio da adequação de soluções tecnológicas de empresas agro, para resolver problemas do campo.
O evento contou ainda com explanação de Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO; Alexandre Bio Veiga, CEO da AgVali; Antonio Morelli, CEO da Agronow; Julio Cargnino, Diretor de Conteúdo do Canal Rural; Maikon Schiessl, presidente, do comitê AgTech da ABStartups; Mateus Barros, líder comercial da Climate para a América do Sul; Mateus Mondin, presidente do conselho deliberativo da EsalqTec; Rodrigo Iafelice, CEO da Enexxas.
O 1º Censo AgTech Startups Brasil mostrou que nos últimos três anos o número de empresas de tecnologia para a agricultura teve um aumento considerável. O levantamento identificou que antes de 2013 apenas 12% das 75 startups que participaram do estudo existiam e que houve uma grande aceleração em aberturas de novos negócios de 2014 para cá. O mapeamento, inédito e realizado através de uma parceria entre a ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) e o AgTech Garage, apresentou também o perfil dessas startups, suas áreas de atuação, fontes de investimento e problemas e desafios do setor.

 
“O censo teve como objetivo mapear o setor de tecnologia aplicada ao agronegócio e gerar informações que contribuam com o desenvolvimento da cadeia de inovação no campo”, explicou o prof. dr. Mateus Mondin, do Departamento de Genética da ESALQ/USP, e coordenador da pesquisa ao lado de José Augusto Tomé, gestor do Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo do AgTech Garage e Hermes Nonino, Membro do Conselho Consultivo do AgTech Garage. O profissional apresentou os dados durante sua participação no Seminário Inovações no setor sucroenergético realizado em dezembro, na cidade piracicabana.

 
A pesquisa mostrou que o Estado de São Paulo possui 50% do total de startups de AgTech do Brasil, sendo que desse universo, 50% fica em Piracicaba-SP, região que abriga 19% do total de empresas de base tecnológica para a agricultura do Brasil. Outras 18% dessas empresas estão em Minas Gerais; 24% se encontram nos estados do Sul do Brasil e 8% espalhadas pelo Brasil. Como também que entre os principais problemas encontrados por essas pequenas empresas estão a falta de investimentos em empresas no estágio inicial e o baixo número de investidores privados, como fundos e aceleradoras.

 
Uma grande parte dessas pequenas empresas tem soluções para equipamentos de inteligência e hardware; agricultura de precisão, software para gestão e tecnologias de suporte à decisão e apresentam soluções para os mercados de soja (49%); milho (46%), cana (41%) e café (32%). Possuem um número médio de 3 a 7 funcionários e 54% dos fundadores têm algum tipo de pós-graduação. Já em relação à faixa etária, a divisão é de 12% de 21 a 25 anos; 26% de 26 a 30 anos; 43% de 31 a 40 anos e o grupo com mais de 41 anos compreende 16%.

 
Pedaços de doçura

 
Um exemplo de investimentos em startups que tem dado certo e vem ganhando até mesmo o mercado internacional é a Energia da Terra – Cana Bacana. Com profissões ligadas à cadeia sucroenergética, os empresários Ernest Saraiva Petty; Giulianno Ripoli Perri; Marco Lorenzzo Ripoli; Ricardo Arantes Cotrim e Ernest Sicoli Petty resolveram inovar e apresentar um produto inédito no mercado, apesar de usar como matéria-prima, uma cultura muito conhecida no Brasil, a cana-de-açúcar. Para isso, criaram em 2015, a startup que atua no segmento de alimentação saudável produzindo e comercializando pedaços de cana-de-açúcar 100% natural prontos para consumo.

 
Com fábrica instalada na Vila Mariana, na Capital paulista, a startup tem capacidade de produção atual de 20 mil unidades/mês, mas como a demanda só cresce, a expansão da planta é certeira. “Como estamos em fase de contratação da automação de parte do processo produtivo para o 1º trimestre de 2017, que certamente proporcionará um ganho de produção bastante significativo, devemos procurar um local maior ano que vem”, explica Marco Lorenzzo Ripoli.

 
Segundo o empresário, eles buscaram em uma empresa de germoplasma no interior de SP, as variedades mais indicadas para o projeto. “Precisávamos cruzar três elementos fundamentais: maciez, suculência e disponibilidade no campo”, contou, afirmando que o ineditismo foi um dos maiores desafios enfrentados até agora e o processo produtivo está em fase de registro patente.

 
“Desde o princípio tivemos muita dificuldade, uma vez que o assunto era novo tanto para nós quanto para nossos parceiros. Para atingirmos os atuais 30 dias de validade sem refrigeração e conservantes, foi necessário muito estudo, além de testes laboratoriais. Era preciso conter a fermentação da cana de açúcar, logo uma composição de ações foi desenhada para que o objetivo fosse alcançado”, explicou. Atualmente, os produtos são oferecidos em embalagens de 60 gramas, nos sabores limão, abacaxi e natural, além da “Cana da Turma da Mônica", uma opção saudável e divertida indicada para o lanche das crianças.

 
Sucesso já comprovado no campo

 
A Strider é outro exemplo de startup que vem tendo sucesso. Iniciando suas atividades em 2014, hoje basicamente já se consolidou como empresa no mercado de agrotecnologia, faturando, em 2016, 2,5 vezes mais do que 2015 e registrando 137 novos clientes em sua carteira, sendo que 76% (104) deste número apostou pela primeira vez em tecnologia da Informação para o agronegócio.

 
Esse crescimento possibilitou a expansão do negócio para além das fronteiras - hoje a empresa está presente em cinco países: Brasil, EUA, México, Bolívia e Austrália, monitorando mais de 500 fazendas que aplicam suas ferramentas sobre um território de mais de um milhão de hectares. “Isso num contexto de digitalização do campo, que levou a empresa a ser reconhecida internacionalmente pelo THRIVE Top 50” contou Luiz Tangari, sócio-fundador e CEO da empresa. Segundo o executivo, a perspectiva é que o faturamento este ano seja três vezes superior ao de 2016. Para isso, planeja investir um montante de R$ 4 milhões em novas tecnologias e expansões de serviços, ao longo do ano. “2016 foi um ano delicado para o agronegócio, com menor volume de chuvas, dólar flutuante e aumento no preço dos insumos, o que nos fez trabalhar muito para captarmos novos clientes.
 
Foram mais de 800 mil quilômetros rodados, quase 11 mil contatos em fazendas
e mais de 1032 técnicos treinados em campo pela própria Strider, mostrando os ganhos de um investimento em TI, fazendo uso de tecnologia sofisticada, com uso de tablets, satélites, redes de rádio, sensores, rastreadores e modelos climáticos”, explica Tangari.

 
De acordo com o CEO, só no ano passado, a empresa treinou mais de 1200 pessoas nas fazendas, com mais de três milhões de pontos de monitoramento coletados e processados pela plataforma, além de mais de 300 mil aplicações de defensivos registradas. “O trabalho da Strider fez com que nossos clientes atingissem, em 2016, 43% menos aplicações fora do plano e 40% menos de aplicações de choque nas lavouras”, pontua.

 
Recentemente, a companhia recebeu aporte de US$ 3 milhões, liderado pela Monashees Capital, além de Qualcomm Ventures e Barn Investimentos, e lançou o Strider Space, ferramenta que ajuda o produtor analisar toda a superfície da fazenda sem sair do escritório, monitorando áreas afetadas e ganhando tempo para tomada de decisões. Este novo serviço oferece fotos de satélites de alta precisão, fotografadas diariamente, das quais o agricultor consegue acessar análises de toda a extensão da fazenda. Por meio de algoritmos proprietários, a ferramenta é capaz de apontar anomalias ao avaliar perdas de biomassa em imagens atuais e também aquelas de até dois anos atrás.

 
Startups que produz e comercializa predadores

 
A Promip também é uma startup voltada à agricultura, atuando no controle biológico aplicado e manejo integrado de pragas. Fundada em 2006 junto à ESALTec, de Piracicaba-SP, sua Biofábrica e Estação Experimental ficam em Engenheiro Coelho-SP, onde produz e comercializa predadores, que complementam o uso de agroquímicos no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, melhorando a produtividade agrícola.

 
A startup participa de feiras agrícolas mostrando suas inovações como ocorreu na Showtec 2017, evento realizado entre os dias 18 e 20 de janeiro, em Maracaju-MS. Na feira, a empresa demonstrou suas soluções inovadoras para a aplicação de produtos biológicos em soja, milho, algodão e culturas de alto valor agregado. “Foi uma ótima oportunidade para os produtores rurais do MS conhecerem os benefícios do manejo integrado de pragas e controle biológico a partir das ferramentas oferecidas pela empresa. Uma das novidades que apresentamos foi o Vant, um drone que facilita a aplicação de predadores de pragas na plantação”, explicou Marcelo Poletti, CEO da Promip.

 
Promovendo economia

 
Com sede em Campinas-SP, a Agrosmart vem oferecendo benefícios aos agricultores que contrataram a sua solução para suas plantações, proporcionando uma economia de até 60% no consumo de água, 40% no consumo de energia e até 15% no aumento da produtividade. 
 
A startup iniciou suas atividades em 2014 oferecendo o conceito de cultivo inteligente e fazendas conectadas, com uma plataforma e aplicativo que, em tempo real, monitora mais de dez variações ambientais, como chuva, umidade do solo e outros.

 
“Acreditamos que o setor sucroalcooleiro vai ser um dos principais demandantes desse tipo de tecnologia, de conectar o campo ao escritório. E a Agrosmart pretende crescer com um pacote desenhado especialmente para usinas integrando o monitoramento de sensores e imagens de satélite para um cultivo mais inteligente”, afirma Mariana Vasconcelos, fundadora da startup junto a Raphael Pizzi e Thales Nicoleti. 

 
De acordo com Mariana, a Agrosmart já trabalha com algumas usinas, ajudando a diminuir a compactação do solo através do monitoramento com sensores, além dos trabalhos com irrigação e imagens de satélite, monitorando este ano 400 mil hectares.

 
Já a Agronow é uma startup de mapeamento agrícola que estima, informa e projeta a produtividade agrícola em menos de um minuto. O sistema de mapeamento Agronow tem como principal função fornecer informações atuais ou de safras passadas sobre propriedades rurais, além de fornecer com grande precisão, uma previsão de produtividade para a data de colheita futura.

 
Com apenas um ano de operação, a empresa tem sede em São José dos Campos-SP, e vem aumentando o seu portfólio, contando atualmente com 43 empresas cadastradas, mais de 700 usuários ativos e já processou mais de 3,2 milhões de hectares pela plataforma. “Estamos atuando dentro do esperado e muito motivados, pois a procura pelos nossos serviços vem crescendo de forma bastante significativa.
 
Hoje, já conseguimos proporcionar uma plataforma mais robusta e completa para os nossos clientes, isso nos mostra que estamos no caminho certo. O próximo passo é planejar nossa expansão, que deve acontecer até o mês de julho”, afirma Antônio Morelli, CEO da Agronow. 

 
O grande diferencial da solução são as análises baseadas em estudos termodinâmicos, que segundo Morelli, possuem uma maior correlação com os dados de campo, em comparação com as atuais soluções oferecidas no mercado, baseadas apenas em estudo de área foliar. Aliado ao uso de imagens de satélites, sua dinâmica possibilita a emissão de análises a cada 10 dias, podendo chegar a cada cinco dias ou menos sobre a mesma área. A análise pode ser realizada em qualquer lugar do mundo e sobre qualquer cultura, com respostas em até 4 segundos. Atualmente, estão disponíveis as culturas de cana-de-açúcar, pastagem, soja, milho, eucalipto e floresta nativa e, até o final do ano, a base estará pronta para algodão, café, amendoim e citrus.
 
DATAGRO embarca nesta onda e lança o StartAgro

 
Em parceria com a Plant Project, uma plataforma de comunicação, eventos e análises do agronegócio, a DATAGRO lançou o StartAgro, o primeiro evento de empreendedorismo AgTech (Tecnologia Aplicada ao Agronegócio) do Brasil, com o objetivo de mostrar o lado tecnológico e inovador da produção agropecuária, incentivando a criação de negócios e aproximando a academia dos investidores.

 
O encontro aconteceu no final do ano no Campus São Paulo Espaço Google, na Capital paulista, e reuniu startups de tecnologia para o agronegócio, investidores, academia e empresas de agro e de TI. A Startup Farm, aceleradora residente e oficial do Campus, e Rodrigo Iafelice dos Santos, sócio da Ennexas, foram parceiros na realização do evento. "Mais do que um evento, a StartAgro é um projeto de conteúdo multiplataforma destinado a revelar a face mais moderna do agronegócio brasileiro e mundial, a interface do campo com a pesquisa e o empreendedorismo", explicou Luiz Fernando Sá, diretor editorial da Plant Projet. 

 
De acordo com Sá foi o primeiro evento de uma série que pretendem fazer. “O espírito aqui é estimular a criação de um ecossistema de inovação, de empreendedorismo voltado para o agronegócio. É reunir inovadores, vendedores, produtores, investidores, toda a cadeia, que geralmente se reúne em torno das startups de agronegócio para criar um estímulo para gerar conteúdo que reverbere com novas ideias, novas tecnologias, em um processo positivo”, explicou. “Todo o nosso conteúdo, seja nos canais digitais, seja nos eventos, tem o objetivo de inspirar os empreendedores e mostrar quais são as startups mais inovadoras de AgTech no Brasil e no mundo, sempre com dinamismo e o bom uso das ferramentas multimídia”, completou o jornalista Clayton Melo, líder da Plataforma e Curador da StartAgro.

 
“É importante aproximar os diferentes participantes do mercado de tecnologia para o agronegócio. Nós temos a academia, empresas de tecnologia, empresas de agronegócio, temos empreendedores que já são do agro e aqueles que vêm de tecnologia, a nossa missão é fomentar este mercado no Brasil que é extremamente relevante para a economia nacional”, analisou.

 
A programação contou com cinco painéis, com debates entre especialistas do segmento e jovens empreendedores já com empresas consolidadas, que apresentaram na ocasião, suas soluções para seus negócios. Um diálogo com jovens sobre como a nova geração do campo pode acelerar a adoção de novas tecnologias nas lavouras encerrou o evento.

 
De acordo com Rui Prado, presidente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso) o seu Estado é um pouco diferenciado dos demais estados e até mesmo de outras unidades de federações mundo afora pela importância que ele tem no agronegócio e pelo volume de produção que ele tem também e pelo potencial aumento deste volume de produtos do agronegócio. “Com um pouco mais de 90 milhões de hectares, produz em 9 milhões de hectares quase 10% da soja mundial; é o Estado brasileiro que mais produz grãos, que tem o maior rebanho envolvido do país, chegando perto de 30 milhões de animais, portanto, fazer a gestão de todos esses ativos do agronegócio, levando em conta a situação do país, das condições climáticas e infraestrutura, é um desafio muito grande para o produtor rural, portanto precisamos de soluções tecnológicas para solucionar os problemas e desenvolver mais a agricultura”, alertou.

 
Prado citou ainda a AgriHub, uma iniciativa da Famato, do Senar – MT (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), lançada em outubro de 2016 com o intuito de ser uma rede de inovação em agricultura que conecta produtores, startups, mentores, empresas, pesquisadores e investidores, criando um ecossistema de inovação e empreendedorismo no agronegócio por meio da adequação de soluções tecnológicas de empresas agro, para resolver problemas do campo.

O evento contou ainda com explanação de Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO; Alexandre Bio Veiga, CEO da AgVali; Antonio Morelli, CEO da Agronow; Julio Cargnino, Diretor de Conteúdo do Canal Rural; Maikon Schiessl, presidente, do comitê AgTech da ABStartups; Mateus Barros, líder comercial da Climate para a América do Sul; Mateus Mondin, presidente do conselho deliberativo da EsalqTec; Rodrigo Iafelice, CEO da Enexxas.