Fazer mais com menos

05/05/2015 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital - Revista Canavieiros
Ao assumir a presidência da Academia Nacional de Agricultura, no final de março, o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, conhecido como Caio Carvalho, afirmou que o agronegócio mostra grande capacidade de sobrevivência e tem uma resiliência formidável. “Veja o caso da cana-de-açúcar, que é uma cadeia produtiva que continua sofrendo muito apesar de tudo”, alegou o executivo, que também é
presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio).
A Academia Nacional de Agricultura é uma entidade pertencente à SNA (Sociedade Nacional da Agricultura) e tem como missão estudar, discutir e opinar sobre questões de interesse técnico, jurídico e econômico nas áreas do agronegócio, alimentação e meio ambiente. Carvalho sucede no comando da entidade o ex--ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. 
Em sua posse, o engenheiro agrônomo fez uma análise sobre as mudanças na geopolítica mundial, afetada, sobretudo, pela volta dos Estados Unidos como grandes produtores de energia e também de alimentos, fato que pode comprometer as perspectivas de crescimento do Brasil. Ele também abordou os sistemas 
protecionistas de vários países que trazem as mais variadas dificuldades para o produtor brasileiro.
Para ele, a crise atual da economia brasileira afeta muito o agronegócio. “O primeiro impacto tem a ver com a questão de consumo, que sinaliza a inexistência de estoques, queda de preços, além de perdas nos mercados nacional e internacional. O segundo é a dificuldade de acesso a crédito, no volume e no custo.
Essas são as duas questões que nos afligem”, comentou o engenheiro agrônomo durante cerimônia, que marcou também o ingresso da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, na Academia. Na ocasião, o ex-ministro da Agricultura e Fazenda Antônio Delfim Netto também foi homenageado.
Confira entrevista completa com o novo presidente da Academia Nacional de Agricultura:
Caio Carvalho
Revista Canavieiros: Quais são seus objetivos como novo presidente da
Academia Nacional de Agricultura?
Caio Carvalho: Dar sequência aos trabalhos em andamento, focados no acompanhamento das políticas públicas essenciais ao agronegócio, caracterizados
na documentação enviada aos candidatos quando da eleição para Presidente da República. Sem dúvida alguma, a melhoria nas relações das entidades de classe nacionais no agronegócio é fundamental para governança deste setor.
Revista Canavieiros: Com 118 anos, a SNA é a mais antiga instituição brasileira voltada para a defesa e promoção do setor rural. Quais são os desafios que a entidade deverá ter nos próximos anos?
Caio Carvalho: Além do monitoramento das políticas essenciais, entendemos que trabalhar a imagem do setor junto ao meio urbano é condição essencial para a
valorização do agronegócio nacional.
Revista Canavieiros: Embora o agronegócio tenha se desenvolvido muito e mantenha a sua importância no desempenho da economia nacional, ainda sofre com um deficit de
comunicação. Na sua opinião, o que deve ser feito para que a população entenda a “língua do campo”?
Caio Carvalho: Nesse século XXI, as grandes mudanças que se notam estão na ruptura tecnológica da questão energética, no crescimento populacional global com efetivos ganhos de renda, no processo de urbanização rápido e, como diferencial e se somando à retomada geopolítica da energia pelos Estados Unidos da América, a questão das redes sociais e a velocíssima comunicação no meio urbano.
Desse modo, trabalhar a questão
das informações e da mídia através do
acompanhamento e ativa participação
nas redes sociais, será essencial para o
melhor entendimento do meio rural. 
Revista Canavieiros: A infraestrutura do Brasil é um dos principais gargalos do agronegócio. Que ajustes são necessários para resolver este problema?
Caio Carvalho: Todos os diagnósticos já foram feitos e são conhecidos. O Brasil não fez a lição de casa nos investimentos necessários em logística e infraestrutura e, ao mesmo tempo, expandiu de forma espetacular a oferta de produtos do agronegócio. Atingimos o limite. Hoje, o agronegócio não se expandirá se não ocorrer o efetivo investimento e as realizações das obras de logística e infraestrutura do Brasil. Afinal, a nova realidade geográfica da produção de grãos, caracterizada no Estado de Mato Grosso, e a região conhecida como MAPITOBA requerem estradas, hidrovia, ferrovia e portos adequados,
além do armazenamento ampliado nas propriedades agrícolas. 
Revista Canavieiros: A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, afirmou, recentemente, que é necessário o Brasil ter uma “Lei de Política Agrícola”, como existe nos Estados Unidos e na Europa. Qual é a sua análise sobre o tema?
Caio Carvalho: Conforme relatado na primeira pergunta, uma lei agrícola com visão de médio e longo prazos, incluindo questões chave ao desenvolvimento do agronegócio, é, de fato, fundamental. Elogios à ministra pela visão.
Revista Canavieiros: A atual crise da economia brasileira afeta o agronegócio e impacta o consumo e o acesso a crédito. Como reverter esse quadro, na sua visão?
Caio Carvalho: Esse quadro é parte da grave crise por que passa o País, que inclui não somente a questão do crédito, mas, principalmente, o recuo nos investimentos no Brasil, incluído nisso o capital estrangeiro. Além das medidas em curso coordenadas pelo ministro Levy, o chamado “corte na carne” com a redução dos ministérios (incríveis 39) é questão chave para acelerar a retomada do Brasil que queremos.
Revista Canavieiros: Na sua análise, quais são os desafios que o agronegócio enfrentará nos próximos anos?
Caio Carvalho: A dificuldade de acesso a crédito, o ciclo de baixos preços das  commodities e a atual realidade da contaminação do ambiente político com o ambiente empresarial.
Revista Canavieiros: E o setor sucroenergético? Há uma luz no final do túnel para o segmento?
Caio Carvalho: As últimas medidas do retorno da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) no âmbito federal e o bom exemplo do governo de Minas Gerais com a redução do ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação) do etanol e o aumento do ICMS da gasolina, são importantes medidas que, se atingirem níveis adequados, poderão de fato trazer a recuperação do setor.
Revista Canavieiros: Conforme apontam especialistas, para atender ao crescimento da população do mundo, será preciso ampliar a produção de alimentos em 60% até
2050 e o Brasil será o responsável por 40% do total desse incremento. O senhor acredita que o País possa atender essa demanda?
Caio Carvalho: Do ponto de vista físico e a capacidade produtiva do produtor brasileiro, não tenho a menor dúvida. O que faltam são as condições essenciais da redução do Custo Brasil e de efetiva prioridade ao agronegócio.
Revista Canavieiros: Em sua posse, o senhor afirmou ser fundamental o trabalho pela sustentabilidade do agronegócio e que essa função cabe às entidades de classe. O que a SNA pode fazer no sentido de contribuir para um crescimento constante e sustentável da produção nos próximos anos?
Caio Carvalho: Tanto a SNA como a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a SRB (Sociedade Rural Brasileira) e outras entidades devem atuar efetivamente no sentido de ter foco nas ações que visem à sustentável expansão de oferta do agronegócio. Isso requer competência em governança, que inclui não apenas o relacionamento com os poderes públicos, mas, sobretudo, na busca de eficiência que se resume no lema de “fazer mais com menos”. 
Ao assumir a presidência da Academia Nacional de Agricultura, no final de março, o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, conhecido como Caio Carvalho, afirmou que o agronegócio mostra grande capacidade de sobrevivência e tem uma resiliência formidável. “Veja o caso da cana-de-açúcar, que é uma cadeia produtiva que continua sofrendo muito apesar de tudo”, alegou o executivo, que também é presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio).

 
A Academia Nacional de Agricultura é uma entidade pertencente à SNA (Sociedade Nacional da Agricultura) e tem como missão estudar, discutir e opinar sobre questões de interesse técnico, jurídico e econômico nas áreas do agronegócio, alimentação e meio ambiente. Carvalho sucede no comando da entidade o ex--ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. 

 
Em sua posse, o engenheiro agrônomo fez uma análise sobre as mudanças na geopolítica mundial, afetada, sobretudo, pela volta dos Estados Unidos como grandes produtores de energia e também de alimentos, fato que pode comprometer as perspectivas de crescimento do Brasil. Ele também abordou os sistemas protecionistas de vários países que trazem as mais variadas dificuldades para o produtor brasileiro.

 
Para ele, a crise atual da economia brasileira afeta muito o agronegócio. “O primeiro impacto tem a ver com a questão de consumo, que sinaliza a inexistência de estoques, queda de preços, além de perdas nos mercados nacional e internacional. O segundo é a dificuldade de acesso a crédito, no volume e no custo.

 
Essas são as duas questões que nos afligem”, comentou o engenheiro agrônomo durante cerimônia, que marcou também o ingresso da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, na Academia. Na ocasião, o ex-ministro da Agricultura e Fazenda Antônio Delfim Netto também foi homenageado.

 
Confira entrevista completa com o novo presidente da Academia Nacional de Agricultura: Caio Carvalho

 
Revista Canavieiros: Quais são seus objetivos como novo presidente da
Academia Nacional de Agricultura?
Caio Carvalho: Dar sequência aos trabalhos em andamento, focados no acompanhamento das políticas públicas essenciais ao agronegócio, caracterizados
na documentação enviada aos candidatos quando da eleição para Presidente da República. Sem dúvida alguma, a melhoria nas relações das entidades de classe nacionais no agronegócio é fundamental para governança deste setor.

 
Revista Canavieiros: Com 118 anos, a SNA é a mais antiga instituição brasileira voltada para a defesa e promoção do setor rural. Quais são os desafios que a entidade deverá ter nos próximos anos?
Caio Carvalho: Além do monitoramento das políticas essenciais, entendemos que trabalhar a imagem do setor junto ao meio urbano é condição essencial para a
valorização do agronegócio nacional.

 
Revista Canavieiros: Embora o agronegócio tenha se desenvolvido muito e mantenha a sua importância no desempenho da economia nacional, ainda sofre com um deficit de comunicação. Na sua opinião, o que deve ser feito para que a população entenda a “língua do campo”?
Caio Carvalho: Nesse século XXI, as grandes mudanças que se notam estão na ruptura tecnológica da questão energética, no crescimento populacional global com efetivos ganhos de renda, no processo de urbanização rápido e, como diferencial e se somando à retomada geopolítica da energia pelos Estados Unidos da América, a questão das redes sociais e a velocíssima comunicação no meio urbano.
Desse modo, trabalhar a questão das informações e da mídia através do
acompanhamento e ativa participação nas redes sociais, será essencial para o
melhor entendimento do meio rural. 

 
Revista Canavieiros: A infraestrutura do Brasil é um dos principais gargalos do agronegócio. Que ajustes são necessários para resolver este problema?
Caio Carvalho: Todos os diagnósticos já foram feitos e são conhecidos. O Brasil não fez a lição de casa nos investimentos necessários em logística e infraestrutura e, ao mesmo tempo, expandiu de forma espetacular a oferta de produtos do agronegócio. Atingimos o limite. Hoje, o agronegócio não se expandirá se não ocorrer o efetivo investimento e as realizações das obras de logística e infraestrutura do Brasil. Afinal, a nova realidade geográfica da produção de grãos, caracterizada no Estado de Mato Grosso, e a região conhecida como MAPITOBA requerem estradas, hidrovia, ferrovia e portos adequados,
além do armazenamento ampliado nas propriedades agrícolas. 

 
Revista Canavieiros: A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, afirmou, recentemente, que é necessário o Brasil ter uma “Lei de Política Agrícola”, como existe nos Estados Unidos e na Europa. Qual é a sua análise sobre o tema?
Caio Carvalho: Conforme relatado na primeira pergunta, uma lei agrícola com visão de médio e longo prazos, incluindo questões chave ao desenvolvimento do agronegócio, é, de fato, fundamental. Elogios à ministra pela visão.

 
Revista Canavieiros: A atual crise da economia brasileira afeta o agronegócio e impacta o consumo e o acesso a crédito. Como reverter esse quadro, na sua visão?
Caio Carvalho: Esse quadro é parte da grave crise por que passa o País, que inclui não somente a questão do crédito, mas, principalmente, o recuo nos investimentos no Brasil, incluído nisso o capital estrangeiro. Além das medidas em curso coordenadas pelo ministro Levy, o chamado “corte na carne” com a redução dos ministérios (incríveis 39) é questão chave para acelerar a retomada do Brasil que queremos.

 
Revista Canavieiros: Na sua análise, quais são os desafios que o agronegócio enfrentará nos próximos anos?
Caio Carvalho: A dificuldade de acesso a crédito, o ciclo de baixos preços das  commodities e a atual realidade da contaminação do ambiente político com o ambiente empresarial.

Revista Canavieiros: E o setor sucroenergético? Há uma luz no final do túnel para o segmento?
Caio Carvalho: As últimas medidas do retorno da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) no âmbito federal e o bom exemplo do governo de Minas Gerais com a redução do ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação) do etanol e o aumento do ICMS da gasolina, são importantes medidas que, se atingirem níveis adequados, poderão de fato trazer a recuperação do setor.

 
Revista Canavieiros: Conforme apontam especialistas, para atender ao crescimento da população do mundo, será preciso ampliar a produção de alimentos em 60% até 2050 e o Brasil será o responsável por 40% do total desse incremento. O senhor acredita que o País possa atender essa demanda?
Caio Carvalho: Do ponto de vista físico e a capacidade produtiva do produtor brasileiro, não tenho a menor dúvida. O que faltam são as condições essenciais da redução do Custo Brasil e de efetiva prioridade ao agronegócio.

 
Revista Canavieiros: Em sua posse, o senhor afirmou ser fundamental o trabalho pela sustentabilidade do agronegócio e que essa função cabe às entidades de classe. O que a SNA pode fazer no sentido de contribuir para um crescimento constante e sustentável da produção nos próximos anos?
Caio Carvalho: Tanto a SNA como a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a SRB (Sociedade Rural Brasileira) e outras entidades devem atuar efetivamente no sentido de ter foco nas ações que visem à sustentável expansão de oferta do agronegócio. Isso requer competência em governança, que inclui não apenas o relacionamento com os poderes públicos, mas, sobretudo, na busca de eficiência que se resume no lema de “fazer mais com menos”.