Mesmo otimista com a recuperação do setor, a organização da 24ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética (Fenasucro) não espera crescimento dos negócios na edição deste ano, que ocorrerá entre 23 e 26 de agosto, em Sertãozinho (SP). A expectativa é movimentar, assim como no ano passado, R$ 2,8 bilhões.
A explicação é que, apesar do aumento do consumo de etanol no país e da exportação de açúcar, as usinas - principalmente da região Centro-Sul - ainda estão se reorganizando e promovendo manutenções em equipamentos, que deixaram de ser feitas nos últimos anos. Investimento mesmo, só a partir de 2017.
“A tendência é de o setor pagar as dívidas e recuperar o crédito. As usinas com operações encerradas devem voltar a moer. A Fenasucro será o marco zero, onde vamos conseguir identificar e mensurar o tamanho dessa reviravolta que o mercado já começou a sofrer”, diz Paulo Montabone, gerente comercial da feira.
Montabone explica que o público alvo da Fenasucro é o investidor brasileiro. Entretanto, diante da crise econômica nacional, as rodadas de negócios internacionais devem continuar se destacando. Em 2015, visitantes de 30 países estiveram no evento e a expectativa é que, este ano, o número seja maior.
“Estamos fazendo um trabalho em 43 países, onde identificamos potenciais plantações de cana-de-açúcar. Existem greenfields [projetos] de usinas aprovados na África e na América Central. Então, estão sendo feitas missões em diversos países, convidando esses possíveis industriais e governos”, afirma.
Montabone diz que nem mesmo a retirada preliminar do açúcar e do etanol do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, criticada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), deve prejudicar a expectativa de negociações com o mercado exterior.
Isso porque, a escassez global de açúcar deve se acentuar após prejuízos registrados na produção da Tailândia, por exemplo, provocados pelo clima seco. Maior consumidor mundial do mesmo produto, a Índia também deve produzir cerca de 11,7% menos na safra desse ano.
“Na bolsa de valores, o açúcar está bem cotado e as exportações estão em níveis elevados. O açúcar vai ser consumido. Isso não muda, independente de qualquer tratado. Pode ser que tenha alguns atalhos, mas o produto vai ser exportado”, diz o gerente da Fenasucro.
Mudança de governo
O afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e as primeiras medidas adotadas pelo presidente interino, Michel Temer (PMDB), também sinalizam que as conversas com o governo federal devem avançar, segundo avaliação de Montabone.
O gerente da feira cita que as reivindicações do setor sucroenergético já vinham sendo atendidas gradativamente pela União e pelo governo estadual, e isso deve se intensificar, garantindo a recuperação do setor nesta safra.
Montabone cita como exemplo o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, de 25% para 27%, e a reinstituição da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, ambas as medidas em vigor desde fevereiro desse ano.
“O ministro da Agricultura, Blairo Maggi [PP], é do Mato Grosso, um estado que tem se destacado pelas novas plantas de cana. Acredito que isso é uma visão positiva: saber que uma pessoa do mercado está nos representando. Não temos outra saída a não ser ter esperança”, afirma.
Espaço
Realizada em Sertãozinho, a Fenasucro apresenta equipamentos e insumos voltados para toda a agroindústria da cana-de-açúcar, desde preparo do solo, plantio e colheita, até o transporte, a produção de açúcar e etanol, e o aproveitamento dos subprodutos.
"O layout da feira esse ano é de um evento compacto, com o objetivo de unir o setor agrícola e industrial. Essa convergência desses setores da usina é importante na parte tecnológica. Nós convidamos faculdades, vários 'professores pardais' para participar", afirma o gerente.
Montabone diz que 450 empresas já confirmaram presença, o que representa 90% do total de expositores. Além dos estandes espalhados por 75 mil metros quadrados, o evento promove discussões e rodadas de negócios para diferentes setores da cadeia produtiva.
“A feira tende a ser melhor do que no ano passado. Mesmo assim, estamos sendo otimistas em manter a mesma projeção porque sabemos que não há nenhum greenfield [projeto] aprovado para construção de novas usinas. Manutenção ainda é a palavra de ordem”, diz.
Adriano Oliveira
Mesmo otimista com a recuperação do setor, a organização da 24ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética (Fenasucro) não espera crescimento dos negócios na edição deste ano, que ocorrerá entre 23 e 26 de agosto, em Sertãozinho (SP). A expectativa é movimentar, assim como no ano passado, R$ 2,8 bilhões.
A explicação é que, apesar do aumento do consumo de etanol no país e da exportação de açúcar, as usinas - principalmente da região Centro-Sul - ainda estão se reorganizando e promovendo manutenções em equipamentos, que deixaram de ser feitas nos últimos anos. Investimento mesmo, só a partir de 2017.
“A tendência é de o setor pagar as dívidas e recuperar o crédito. As usinas com operações encerradas devem voltar a moer. A Fenasucro será o marco zero, onde vamos conseguir identificar e mensurar o tamanho dessa reviravolta que o mercado já começou a sofrer”, diz Paulo Montabone, gerente comercial da feira.
Montabone explica que o público alvo da Fenasucro é o investidor brasileiro. Entretanto, diante da crise econômica nacional, as rodadas de negócios internacionais devem continuar se destacando. Em 2015, visitantes de 30 países estiveram no evento e a expectativa é que, este ano, o número seja maior.
“Estamos fazendo um trabalho em 43 países, onde identificamos potenciais plantações de cana-de-açúcar. Existem greenfields [projetos] de usinas aprovados na África e na América Central. Então, estão sendo feitas missões em diversos países, convidando esses possíveis industriais e governos”, afirma.
Montabone diz que nem mesmo a retirada preliminar do açúcar e do etanol do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, criticada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), deve prejudicar a expectativa de negociações com o mercado exterior.
Isso porque, a escassez global de açúcar deve se acentuar após prejuízos registrados na produção da Tailândia, por exemplo, provocados pelo clima seco. Maior consumidor mundial do mesmo produto, a Índia também deve produzir cerca de 11,7% menos na safra desse ano.
“Na bolsa de valores, o açúcar está bem cotado e as exportações estão em níveis elevados. O açúcar vai ser consumido. Isso não muda, independente de qualquer tratado. Pode ser que tenha alguns atalhos, mas o produto vai ser exportado”, diz o gerente da Fenasucro.
Mudança de governo
O afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e as primeiras medidas adotadas pelo presidente interino, Michel Temer (PMDB), também sinalizam que as conversas com o governo federal devem avançar, segundo avaliação de Montabone.
O gerente da feira cita que as reivindicações do setor sucroenergético já vinham sendo atendidas gradativamente pela União e pelo governo estadual, e isso deve se intensificar, garantindo a recuperação do setor nesta safra.
Montabone cita como exemplo o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, de 25% para 27%, e a reinstituição da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, ambas as medidas em vigor desde fevereiro desse ano.
“O ministro da Agricultura, Blairo Maggi [PP], é do Mato Grosso, um estado que tem se destacado pelas novas plantas de cana. Acredito que isso é uma visão positiva: saber que uma pessoa do mercado está nos representando. Não temos outra saída a não ser ter esperança”, afirma.
Espaço
Realizada em Sertãozinho, a Fenasucro apresenta equipamentos e insumos voltados para toda a agroindústria da cana-de-açúcar, desde preparo do solo, plantio e colheita, até o transporte, a produção de açúcar e etanol, e o aproveitamento dos subprodutos.
"O layout da feira esse ano é de um evento compacto, com o objetivo de unir o setor agrícola e industrial. Essa convergência desses setores da usina é importante na parte tecnológica. Nós convidamos faculdades, vários 'professores pardais' para participar", afirma o gerente.
Montabone diz que 450 empresas já confirmaram presença, o que representa 90% do total de expositores. Além dos estandes espalhados por 75 mil metros quadrados, o evento promove discussões e rodadas de negócios para diferentes setores da cadeia produtiva.
“A feira tende a ser melhor do que no ano passado. Mesmo assim, estamos sendo otimistas em manter a mesma projeção porque sabemos que não há nenhum greenfield [projeto] aprovado para construção de novas usinas. Manutenção ainda é a palavra de ordem”, diz.
Adriano Oliveira