Ferrovial e operadora mexicana desistem do leilão de aeroportos

16/02/2017 Logística POR: Valor Econômico
Uma das maiores operadoras internacionais de infraestrutura, a gigante espanhola Ferrovial desistiu de participar do leilão de quatro aeroportos no Brasil, marcado para o dia 16 de março. 
O grupo espanhol fez um estudo do potencial de exploração dos terminais, mas avalia que há uma abundância de ativos em oferta pelo mundo atualmente e escolheu outras prioridades no curto prazo. Segundo fontes ligadas à empresa, a decisão não tem relação com o baixo desempenho da economia brasileira nos últimos anos, nem com a dificuldade de encontrar parceiros para a formação de consórcio no país.
"Há outros projetos mais atrativos, com nome e sobrenome, e a nossa capacidade de investimento não é infinita. Seríamos incapazes de oferecer uma proposta suficientemente competitiva no leilão de março", afirmou um executivo com trânsito na Ferrovial e que tem acompanhado o processo de concessões no Brasil. De acordo com ele, a decisão vale só para esse certame e a empresa tem interesse nas próximas licitações de rodovias, bem como na área de transmissão de energia e outros aeroportos que sejam privatizados mais adiante.
Não se trata de um fenômeno isolado. O Grupo Aeroportuário del Pacífico (GAP) também jogou a toalha e resolveu não apresentar nenhuma proposta na nova rodada de concessões, conforme apurou o Valor. À frente de 12 aeroportos no México (com destaque para Guadalajara) e um na Jamaica, os mexicanos do GAP tinham interesse especial em Fortaleza e em Florianópolis. Além dos dois terminais, Salvador e Porto Alegre estão sendo oferecidos em março.
A disputa marcaria a primeira incursão do GAP no Brasil, em parceria com um grupo local. No entanto, a discrepância entre as projeções de movimentação de passageiros nos editais e os números reais desestimulou os mexicanos, que não veem margem de retorno atrativo para os dois ativos no curto e médio prazos.
Diante da crise vivida pelas principais construtoras brasileiras, que tiveram executivos presos pela Operação Lava­Jato e esvaziaram o caixa por causa de acordos de leniência, o governo Michel Temer aposta em atrair mais investidores estrangeiros para as próximas concessões. Uma das grandes esperanças era justamente a presença da Ferrovial e outros espanhóis.
A Ferrovial opera quatro aeroportos no Reino Unido, incluindo Heathrow, o maior de Londres. Ao todo, são 89 milhões de passageiros por ano. Administra ainda 27 rodovias, com uma malha de 1.920 quilômetros, em dez países ­ como Estados Unidos, Portugal e Colômbia. Nas duas rodadas anteriores de privatizações de aeroportos, fechou parceria com a Queiroz Galvão. O consórcio deu lances na disputa por Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Confins (MG).
Outros grupos espanhóis ainda são dúvida para o leilão. A estatal Aena, que tem 49% do capital negociado em bolsa e opera 61 aeroportos em quatro países, informou ao Valor que estuda os projetos oferecidos pelo governo brasileiro, mas ainda não definiu se apresentará alguma proposta.
Enquanto isso, a OHL ­ que vendeu as estradas no Brasil para a Arteris ­ entrou com pedido de impugnação dos editais na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Alegando atraso na publicação na versão em inglês dos documentos e apontando vários problemas, como ausência de informações técnicas "essenciais" para a formulação de propostas, a OHL queria o adiamento por 30 dias do certame. O pedido foi negado.
A desistência da Ferrovial e da GAP emagrece a concorrência, que pode ficar ainda mais desfalcada se as demais espanholas seguirem pelo mesmo caminho, mas não deve ser lida como um prenúncio de fracasso do leilão.
Outros estrangeiros, como a argentina Corporación América e a francesa Vinci, continuam de olho nos ativos. A alemã Avialliance, provavelmente em consórcio com o Pátria Investimentos, também vem analisando os aeroportos. Há expectativa no governo quanto à entrada da Fraport. Entre os grupos brasileiros, quem mais tem demonstrado apetite é a CCR, que opera Confins em parceria com a Zurich.
Para minimizar o risco para estrangeiros e incentivar a captação de financiamento em moeda forte, o governo fechou uma proposta de "seguro cambial" nas próximas concessões de aeroportos. Esse mecanismo inovador foi colocado em consulta pública, aberta na semana passada, por um período de dez dias.
Uma das maiores operadoras internacionais de infraestrutura, a gigante espanhola Ferrovial desistiu de participar do leilão de quatro aeroportos no Brasil, marcado para o dia 16 de março. 
O grupo espanhol fez um estudo do potencial de exploração dos terminais, mas avalia que há uma abundância de ativos em oferta pelo mundo atualmente e escolheu outras prioridades no curto prazo. Segundo fontes ligadas à empresa, a decisão não tem relação com o baixo desempenho da economia brasileira nos últimos anos, nem com a dificuldade de encontrar parceiros para a formação de consórcio no país.
"Há outros projetos mais atrativos, com nome e sobrenome, e a nossa capacidade de investimento não é infinita. Seríamos incapazes de oferecer uma proposta suficientemente competitiva no leilão de março", afirmou um executivo com trânsito na Ferrovial e que tem acompanhado o processo de concessões no Brasil. De acordo com ele, a decisão vale só para esse certame e a empresa tem interesse nas próximas licitações de rodovias, bem como na área de transmissão de energia e outros aeroportos que sejam privatizados mais adiante.
Não se trata de um fenômeno isolado. O Grupo Aeroportuário del Pacífico (GAP) também jogou a toalha e resolveu não apresentar nenhuma proposta na nova rodada de concessões, conforme apurou o Valor. À frente de 12 aeroportos no México (com destaque para Guadalajara) e um na Jamaica, os mexicanos do GAP tinham interesse especial em Fortaleza e em Florianópolis. Além dos dois terminais, Salvador e Porto Alegre estão sendo oferecidos em março.
A disputa marcaria a primeira incursão do GAP no Brasil, em parceria com um grupo local. No entanto, a discrepância entre as projeções de movimentação de passageiros nos editais e os números reais desestimulou os mexicanos, que não veem margem de retorno atrativo para os dois ativos no curto e médio prazos.
Diante da crise vivida pelas principais construtoras brasileiras, que tiveram executivos presos pela Operação Lava­Jato e esvaziaram o caixa por causa de acordos de leniência, o governo Michel Temer aposta em atrair mais investidores estrangeiros para as próximas concessões. Uma das grandes esperanças era justamente a presença da Ferrovial e outros espanhóis.
A Ferrovial opera quatro aeroportos no Reino Unido, incluindo Heathrow, o maior de Londres. Ao todo, são 89 milhões de passageiros por ano. Administra ainda 27 rodovias, com uma malha de 1.920 quilômetros, em dez países ­ como Estados Unidos, Portugal e Colômbia. Nas duas rodadas anteriores de privatizações de aeroportos, fechou parceria com a Queiroz Galvão. O consórcio deu lances na disputa por Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Confins (MG).
Outros grupos espanhóis ainda são dúvida para o leilão. A estatal Aena, que tem 49% do capital negociado em bolsa e opera 61 aeroportos em quatro países, informou ao Valor que estuda os projetos oferecidos pelo governo brasileiro, mas ainda não definiu se apresentará alguma proposta.
Enquanto isso, a OHL ­ que vendeu as estradas no Brasil para a Arteris ­ entrou com pedido de impugnação dos editais na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Alegando atraso na publicação na versão em inglês dos documentos e apontando vários problemas, como ausência de informações técnicas "essenciais" para a formulação de propostas, a OHL queria o adiamento por 30 dias do certame. O pedido foi negado.

 
A desistência da Ferrovial e da GAP emagrece a concorrência, que pode ficar ainda mais desfalcada se as demais espanholas seguirem pelo mesmo caminho, mas não deve ser lida como um prenúncio de fracasso do leilão.
Outros estrangeiros, como a argentina Corporación América e a francesa Vinci, continuam de olho nos ativos. A alemã Avialliance, provavelmente em consórcio com o Pátria Investimentos, também vem analisando os aeroportos. Há expectativa no governo quanto à entrada da Fraport. Entre os grupos brasileiros, quem mais tem demonstrado apetite é a CCR, que opera Confins em parceria com a Zurich.
Para minimizar o risco para estrangeiros e incentivar a captação de financiamento em moeda forte, o governo fechou uma proposta de "seguro cambial" nas próximas concessões de aeroportos. Esse mecanismo inovador foi colocado em consulta pública, aberta na semana passada, por um período de dez dias.