Fim das queimadas, verticalização da produção e necessidade de condomínios e consórcios entre pequenos e médios produtores rurais.

30/01/2013 Colunista POR: Revista Canavieiros - Ed79 - janeiro de 2013
No Estado de São Paulo, a anunciada antecipação do fim das queimadas preparatórias para a colheita da cana-de-açúcar, dos anos de 2021 e 2031 para os anos de 2014 e 2017 em áreas mecanizadas e não mecanizadas, respectivamente, prevista no Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético avençado entre o Estado de São Paulo e o setor produtivo (unidades industriais e fornecedores de cana) em 2007, se concretiza ano a ano.
De acordo com dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 65,2% da cana estadual já é colhida sem o emprego do fogo. Segundo o instituto, em 2007 apenas 34,2% da área tinha sido colhida sem a queimada.
“De acordo com um balanço divulgado pela Unica em dezembro, se for levada em consideração a cana plantada pelas usinas, sem contar os canaviais dos fornecedores, o índice de mecanização no Estado já chegou a 87%.
A região de Ribeirão Preto, uma das maiores produtoras, é a que tem o maior índice de mecanização, 94% (Folha de S.Paulo, 7/1/13)” 
Esses números frios, amenizam a pressão da sociedade sobre o setor, aumentando, porém, a temperatura com relação a verticalização da produção e a consequente necessidade do pequeno e médio produtor rural enfrentar esta nova realidade, o que demandará mais do que ajuda financeira para aquisição de máquinas colhedeiras, mas também uma mudança de postura técnica e de planejamento na sistematização de sua lavoura.
Como advogado da Canaoeste, tenho sido muito procurado por unidades industriais que, preocupadas com os seus pequenos e médios fornecedores de cana, pedem auxílio para ajudar na sensibilização destes para com o problema, bem como saber informações do que o Estado pode fazer para ajudar, haja vista que já vislumbram não terem condições de prestar tal serviço a todos, até mesmo em razão da dificuldade técnica de sistematização da lavoura sem escala de produção.
 
AQUELE QUE NÃO SE ADEQUAR À NOVA REALIDADE, PORTANTO, 
ESTARÁ FORA DO SEGMENTO.
AQUELE QUE NÃO SE ADEQUAR À NOVA REALIDADE, PORTANTO, 
ESTARÁ FORA DO SEGMENTO.

Então, para o pequeno e médio fornecedor de cana que quiser continuar neste segmento, há a necessidade de unir forças com o(s) vizinho(s), (i) visando sistematizar as suas lavouras conjuntamente de forma a torná-las tecnicamente viáveis para a colheita mecanizada (escala de produção) através de máquina própria ou de terceiros; (ii) unir-se em sistema de consórcio ou condomínios para aquisição da estrutura necessária à realização da colheita mecanizada (colheitadeira transbordo, caminhão oficina, caminhão bombeiro, contratação de mão de obra especializada, etc.).
Já não se trata mais de um alerta, pois o tempo para isso já se foi e não volta mais. Agora, mais do que nunca, é hora do pequeno e médio fornecedor de cana mudar de postura para agir e produzir conforme os anseios da sociedade e, para esta transição, busque informações em sua associação de classe que, certamente, estará apta a informá-lo como proceder.