Florescimento e a isoporização podem trazer prejuízos aos canaviais

10/03/2017 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital, Revista Canavieiros – edição 128
Consultor explica que os processos têm época para serem evitados e dá dicas aos produtores para não perderem produtividade das suas lavouras Alguns fenômenos que ocorrem ao longo da safra podem prejudicar a produtividade dos canaviais, como o florescimento e a isoporização, fatores que podem provocar perdas de peso, de ATR, e dificultar a industrialização.
“No processo de formação da inflorescência, inicialmente deve ser detectado o período em que ocorre o estímulo para que o meristema apical se modifique (se diferencie), deixando de produzir folhas e colmos, passando a formar a inflorescência. “Este período é dependente da variedade, do clima da região e das mudanças climáticas que ocorrem em diferentes anos agrícolas”, afirma o consultor Oswaldo Alonso.
Segundo ele, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste do Brasil e no Estado do Paraná, o estímulo e diferenciação meristemática para florescer pode ocorrer durante fevereiro e março, surgindo as florescências nos meses de maio, junho
e até julho. “O tempo de estímulo, para que o meristema apical se diferencie em gema floral, dependente da latitude e variedade, é de 18 a 21 dias”, diz, explicando que a inflorescência ou panícula da cana-de-açúcar é chamada de flecha, bandeira ou flor, apresentando tamanho, cor e formas dependentes das diferentes espécies e variedades. A panícula tem origem na gema apical, sendo, pois, prolongamento do último entrenó dos colmos.
O florescimento resulta em prejuízos aos produtores de cana, tais como: paralização do crescimento vegetativo, com perda de produtividade agrícola; nas primeiras semanas os colmos perdem sacarose, devido ao processo indutivo, formação e senescência das panículas; bem como, após a completa formação das inflorescências, os canaviais devem ser colhidos, evitando perdas de produtividade agrícola e qualidade. “Perdas pelo florescimento e isoporização tendem a ser, normalmente, mais pronunciados em soqueiras que em canaviais de 1º corte, face as reduções mais pronunciadas de produtividade no decorrer da safra”, ressalta o especialista, lembrando, porém, que o florescimento em cana-de-açúcar é fenômeno normal e indispensável para perpetuação das variedades nos programas de melhoramento genético.
Alonso afirma que é possível interferir no processo de florescimento empregando variedades não, ou pouco floríferas ou reguladores vegetais. “O seu controle pode ser efetuado, conhecendo-se um complexo de fatores interferentes, tais como: latitudes (exemplificando, em Sertãozinho é de 21° LatSul), fotoperíodo (horas de insolação durante o período entre fevereiro e março), temperatura, umidade (chuvas) entre os dias 13 a 28 fevereiro (pela ordem, Nova Olinda-MT a Capivari-SP e Maringá-PR) até 20-21 março (Equinócio, Equi = horas de dia igual às de noite)” explica.
As favoráveis condições de fotoperíodos para o florescimento acontecem nas regiões equatoriais do globo, onde se têm 12 horas de luz e 12 horas de escuro
e com pequenas variações de temperaturas. 
A latitude é outro fator importante neste processo. “Máximos efeitos indutivos (até duas vezes no mesmo ano agrícola) mesmo em variedades (pouco) suscetíveis a flechamento, em regiões canavieiras de latitudes menores que 10°
Sul ou Norte. Enquanto que, em latitudes próximas de 23°30’ Sul, o florescimento tem sido raro. Associe-se outro fator geográfico, o da altitude, que em áreas canavieiras de mesma latitude, os canaviais ficam sujeitos a maior florescimento à medida que há elevação de a altitude”, informa Alonso, completando “logo, a intensidade de florescimento é inversamente proporcional à latitude de cultivo das variedades.
A área sucroenergética do Estado de São Paulo situa-se entre 20 a 23°30’ Lat
Sul com períodos indutíveis ao florescimento de 20 a 23 dias. Menos frequentes na região Oeste, as maiores probabilidades de indução floral podem ocorrer na faixa Centro-Norte do Estado” diz. No entanto, o consultor lembra que, nas condições paulistas, o fator controlador da grande variabilidade de florescimento não se deve somente ao fotoperíodo, uma vez que a temperatura também exerce muita importância, notadamente as noturnas.
“Sendo 18°C a temperatura noturna de referência. Mais de 10 dias, contínuos ou não, com temperaturas noturnas inferiores a 18°C inibiriam totalmente o florescimento”, afirma, citando a UFSCar-Araras-SP, com período indutivo favorável naquele local entre 25 de fevereiro a 20 de março, onde durante muitos anos foram efetuados estudos sobre fatores climáticos (chuvas, temperaturas) e diferentes intensidades anuais de florescimentos com a variedade NA 56-79, estabeleceram a equação abaixo, como função para detectar a possibilidade de florescimento: L = 1,263 - 0,06764*x1-0,02296*x2; onde, x1 - número de noites com temperatura mínima 18°C, e x2 - número de dias com temperatura máxima 31°C durante o período indutivo; e quando L < 0, indica florescimento e L > 0, indica não florescimento. (PEREIRA e colaboradores).
“Embora seja uma função térmica obtida em Araras, com a NA 56-79 e há 30 anos, ela tem sido muito bem referenciada e utilizada em trabalhos de pesquisas e Monitoramentos da Indução Floral, por fornecedoras de insumos, Unidades Produtoras e Associações-Cooperativas de Produtores de Cana”, elucida.
De acordo com o consultor, o efeito da umidade do solo e do ambiente é marcante, uma vez que deficiência hídrica durante o período de indução floral tem atrasado, ou mesmo, reduzido o florescimento. Em áreas irrigáveis, a suspensão da irrigação contribui para inibir este processo. 
Já a isoporização e perda de potássio e nitrogênio pelo sistema radicular tem sido atribuída à fase pós-florescimento, com consequentes perdas em produtividade e qualidade agrícola, capacidade e de extração de açúcar pelas moendas ou difusores. “Pesquisadores tem apontado redução de quase 20% de caldo extraído em colmos florescidos que mesmo com ligeiro acréscimo de sacarose aparente, resulta em ser menor em razão do aumento do teor de fibra”, afirma. Existem vários métodos de controle do florescimento, destes, os mais práticos são redução de irrigação e pelo emprego de reguladores vegetais, sendo estes últimos os mais empregados.
“Há também variedades relutantes ao florescimento, mas que apresentam até forte isoporização, como é o caso da RB 867515, ainda a mais cultivada. A relação custo-benefício de emprego de reguladores vegetais é muito alto nesta variedade, mesmo desconsiderando o fato de não florescer. Além disso, é há o benefício de melhor e mais rápida brotação das soqueiras, principalmente pelas colheitas mecanizadas”, ressalta o profissional.
“Os técnicos da Canaoeste e Copercana, com extensa experiência em recomendações de reguladores ou inibidores de florescimento, poderão orientar produtores quanto aos mais requisitados e seus modos e épocas de emprego”, conclui o consultor, lembrando que a Canaoeste estará, com apoios da STAB e Centro de Cana-IAC, monitorando as condições climáticas e probabilidades de florescimento e isoporização, que serão divulgadas a partir do início de março.
Consultor explica que os processos têm época para serem evitados e dá dicas aos produtores para não perderem produtividade das suas lavouras Alguns fenômenos que ocorrem ao longo da safra podem prejudicar a produtividade dos canaviais, como o florescimento e a isoporização, fatores que podem provocar perdas de peso, de ATR, e dificultar a industrialização.
“No processo de formação da inflorescência, inicialmente deve ser detectado o período em que ocorre o estímulo para que o meristema apical se modifique (se diferencie), deixando de produzir folhas e colmos, passando a formar a inflorescência. “Este período é dependente da variedade, do clima da região e das mudanças climáticas que ocorrem em diferentes anos agrícolas”, afirma o consultor Oswaldo Alonso.
Segundo ele, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste do Brasil e no Estado do Paraná, o estímulo e diferenciação meristemática para florescer pode ocorrer durante fevereiro e março, surgindo as florescências nos meses de maio, junho e até julho. “O tempo de estímulo, para que o meristema apical se diferencie em gema floral, dependente da latitude e variedade, é de 18 a 21 dias”, diz, explicando que a inflorescência ou panícula da cana-de-açúcar é chamada de flecha, bandeira ou flor, apresentando tamanho, cor e formas dependentes das diferentes espécies e variedades. A panícula tem origem na gema apical, sendo, pois, prolongamento do último entrenó dos colmos.
 
O florescimento resulta em prejuízos aos produtores de cana, tais como: paralização do crescimento vegetativo, com perda de produtividade agrícola; nas primeiras semanas os colmos perdem sacarose, devido ao processo indutivo, formação e senescência das panículas; bem como, após a completa formação das inflorescências, os canaviais devem ser colhidos, evitando perdas de produtividade agrícola e qualidade. “Perdas pelo florescimento e isoporização tendem a ser, normalmente, mais pronunciados em soqueiras que em canaviais de 1º corte, face as reduções mais pronunciadas de produtividade no decorrer da safra”, ressalta o especialista, lembrando, porém, que o florescimento em cana-de-açúcar é fenômeno normal e indispensável para perpetuação das variedades nos programas de melhoramento genético.
Alonso afirma que é possível interferir no processo de florescimento empregando variedades não, ou pouco floríferas ou reguladores vegetais. “O seu controle pode ser efetuado, conhecendo-se um complexo de fatores interferentes, tais como: latitudes (exemplificando, em Sertãozinho é de 21° LatSul), fotoperíodo (horas de insolação durante o período entre fevereiro e março), temperatura, umidade (chuvas) entre os dias 13 a 28 fevereiro (pela ordem, Nova Olinda-MT a Capivari-SP e Maringá-PR) até 20-21 março (Equinócio, Equi = horas de dia igual às de noite)” explica.
As favoráveis condições de fotoperíodos para o florescimento acontecem nas regiões equatoriais do globo, onde se têm 12 horas de luz e 12 horas de escuro
e com pequenas variações de temperaturas. 
A latitude é outro fator importante neste processo. “Máximos efeitos indutivos (até duas vezes no mesmo ano agrícola) mesmo em variedades (pouco) suscetíveis a flechamento, em regiões canavieiras de latitudes menores que 10° Sul ou Norte. Enquanto que, em latitudes próximas de 23°30’ Sul, o florescimento tem sido raro. Associe-se outro fator geográfico, o da altitude, que em áreas canavieiras de mesma latitude, os canaviais ficam sujeitos a maior florescimento à medida que há elevação de a altitude”, informa Alonso, completando “logo, a intensidade de florescimento é inversamente proporcional à latitude de cultivo das variedades.
 
A área sucroenergética do Estado de São Paulo situa-se entre 20 a 23°30’ Lat Sul com períodos indutíveis ao florescimento de 20 a 23 dias. Menos frequentes na região Oeste, as maiores probabilidades de indução floral podem ocorrer na faixa Centro-Norte do Estado” diz. No entanto, o consultor lembra que, nas condições paulistas, o fator controlador da grande variabilidade de florescimento não se deve somente ao fotoperíodo, uma vez que a temperatura também exerce muita importância, notadamente as noturnas.
 
“Sendo 18°C a temperatura noturna de referência. Mais de 10 dias, contínuos ou não, com temperaturas noturnas inferiores a 18°C inibiriam totalmente o florescimento”, afirma, citando a UFSCar-Araras-SP, com período indutivo favorável naquele local entre 25 de fevereiro a 20 de março, onde durante muitos anos foram efetuados estudos sobre fatores climáticos (chuvas, temperaturas) e diferentes intensidades anuais de florescimentos com a variedade NA 56-79, estabeleceram a equação abaixo, como função para detectar a possibilidade de florescimento: L = 1,263 - 0,06764*x1-0,02296*x2; onde, x1 - número de noites com temperatura mínima 18°C, e x2 - número de dias com temperatura máxima 31°C durante o período indutivo; e quando L < 0, indica florescimento e L > 0, indica não florescimento. (PEREIRA e colaboradores).
“Embora seja uma função térmica obtida em Araras, com a NA 56-79 e há 30 anos, ela tem sido muito bem referenciada e utilizada em trabalhos de pesquisas e Monitoramentos da Indução Floral, por fornecedoras de insumos, Unidades Produtoras e Associações-Cooperativas de Produtores de Cana”, elucida.
De acordo com o consultor, o efeito da umidade do solo e do ambiente é marcante, uma vez que deficiência hídrica durante o período de indução floral tem atrasado, ou mesmo, reduzido o florescimento. Em áreas irrigáveis, a suspensão da irrigação contribui para inibir este processo. 
Já a isoporização e perda de potássio e nitrogênio pelo sistema radicular tem sido atribuída à fase pós-florescimento, com consequentes perdas em produtividade e qualidade agrícola, capacidade e de extração de açúcar pelas moendas ou difusores. “Pesquisadores tem apontado redução de quase 20% de caldo extraído em colmos florescidos que mesmo com ligeiro acréscimo de sacarose aparente, resulta em ser menor em razão do aumento do teor de fibra”, afirma. Existem vários métodos de controle do florescimento, destes, os mais práticos são redução de irrigação e pelo emprego de reguladores vegetais, sendo estes últimos os mais empregados.
“Há também variedades relutantes ao florescimento, mas que apresentam até forte isoporização, como é o caso da RB 867515, ainda a mais cultivada. A relação custo-benefício de emprego de reguladores vegetais é muito alto nesta variedade, mesmo desconsiderando o fato de não florescer. Além disso, é há o benefício de melhor e mais rápida brotação das soqueiras, principalmente pelas colheitas mecanizadas”, ressalta o profissional.

“Os técnicos da Canaoeste e Copercana, com extensa experiência em recomendações de reguladores ou inibidores de florescimento, poderão orientar produtores quanto aos mais requisitados e seus modos e épocas de emprego”, conclui o consultor, lembrando que a Canaoeste estará, com apoios da STAB e Centro de Cana-IAC, monitorando as condições climáticas e probabilidades de florescimento e isoporização, que serão divulgadas a partir do início de março.