Foco na safra 18/19
25/04/2018
Agronegócio
POR: Revista Canavieiros
Por: Diana Nascimento
A safra 17/18 de cana-de-açúcar terminou e enquanto os números finais são contabilizados nada fica parado eos esforços se voltam para a nova safra, ou seja, a 18/19.
De acordo com o diretor técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Antônio de Pádua Rodrigues, a avaliação da safra 17/18 está dentro da expectativa.
A surpresa, no entanto, foi a qualidade da matéria-prima. "Tivemos 3,5 quilos a mais de produto por tonelada de cana processada e mesmo que haja uma redução em relação a safra anterior, ficaremos na faixa de 596 milhões de toneladas. A safra 17/18 teve dois momentos, um açucareiro e outro voltado para o etanol. O primeiro momento foi uma safra bem açucareira, onde as empresas venderam bem o açúcar porque tinham o compromisso de entregar a produção, priorizando a produção de açúcar até setembro. A partir de setembro, quando os compromissos já estavam cumpridos, o produtor ou ficava no spot do açúcar onde os preços eram baixos ou iam para o etanol", afirma Pádua.
Com a mudança de preços da gasolina no Brasil, onde a Petrobras passou a praticar preços diários, o Governo, necessitando de recursos, faz um aumento nos tributos da gasolina, mais do que fez no etanol. "Num primeiro momento eles foram iguais, mas depois o Governo reduziu em R$ 0,10 e isso aumentou a competitividade do etanol", ressalta Pádua.
Os dois cenários fizeram com que o preço final do ATR este ano, divulgado no final de março, seja corrigido em função da curva de comercialização. "A curva de comercialização do etanol este ano será diferente de todos os anos porque de abril a setembro houve uma comercialização num volume muito menor e com preço menor, enquanto que, de setembro a outubro, foi maior e com preço bem melhor. Isso vai impactar, sem dúvida alguma, a formação do preço final do Consecana. Tivemos o momento da produção e o da comercialização", enfatiza Pádua.
Diante desses altos e baixos, se deram bem as empresas que foram disciplinadas na política de fixação de preços das exportações de açúcar e que alteraram o mix de produção na hora certa aumentando o mix alcoólico, conseguindo condições físicas e financeiras para carregar estoques de etanol para a entressafra, além de ter sido mais um ano onde ter ou não ter cogeração de energia a partir da biomassa fez toda diferença.
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), acredita que, do ponto de vista econômico, a safra 17/18 tenha sido uma das melhores nos últimos anos. Isso porque teve uma concentração maior de açúcares e a redução de alguns custos fundamentais como transporte e outros. "No sentido de custos, ela foi positiva e, no sentido de preços, foi razoável", resume.
Caio atenta para a seca mais intensa, que melhorou a qualidade da cana, mas que obviamente atrasa o canavial para a safra seguinte. "O canavial ainda precisa crescer para ser colhido e já estamos no início da nova safra', lembra.
Até agora, os dados relativos à safra 17/18, de acordo com a RPA Consultoria, mostram que pelos resultados acumulados até o mês de fevereiro da safra 2017/2018, que terminou em 31 de março, pode-se prever que o Brasil está terminando sua segunda safra com redução de produção de cana em relação à safra anterior. "O recorde foi na safra 2015/2016 e, de lá pra cá, só caímos. Desta vez, praticamente regredimos a produção da safra 2014/2015", salienta o consultor e diretorda consultoria, Ricardo Pinto.
De acordo com o executivo, isso é fruto da área de colheita de cana no Brasil que se reduziu junto com a continuidade das baixas produtividades agrícolas dos nossos canaviais. "A única coisa que melhorou foi o teor de ATR da cana, que subiu 1,3% na cana do Centro-Sul em relação à safra 2016/2017", pontua ao dizer que mesmo com a menor produção de açúcar no Brasil, o mundo continua produzindo superávits desta commodity, o que pressiona seus preços para baixo. "Certamente que uma melhora dos preços do açúcar incentivará a renovação dos nossos canaviais, que estão bem envelhecidos, bem como melhores tratos na cana-soca. Estou otimista e acredito que isso deverá ocorrer ainda em 2018, talvez mais para o final do ano."
Ao contrário do informado pela IEA (Instituto de Economia Agrícola) que menciona um incremento de produtividade, no Estado de São Paulo, de 2%, ou 80,4 t/ha, Pinto afirma que com base no levantamento sistemático realizado pelo Datacana, da empresa Consulcana, a produtividade agrícola dos canaviais do Estado de São Paulo caiu de 78,5 t/ha na safra 2016/2017 para 78,3 t/ha nesta safra 2017/2018.
"O que cresceu foi o ATR, que foi de 130,2 para 133,76 kg/t cana. Na minha opinião, este incremento de ATR se deveu a menos chuvas durante o período de colheita neste ano em relação ao ano passado e também a uma safra mais curta em 2017", disse.
Segundo o último levantamento de safra de cana-de-açúcar efetuado pela CONAB em dezembro de 2017, nesta safra houve redução de área colhida de cana tanto no estado de São Paulo (4,6%), como na região Centro-Sul (3,5%) e no Brasil (3,4%).
Destaques
O sócio da consultoria MB Agro, Alexandre Figliolino, conta que a safra 17/18 teve ingredientes muito interessantes que, com certeza, apontarão para uma dispersão de resultados das unidades poucas vezes vista.
Com relação à produtividade, ele diz que merece destaque a recuperação de mais de dois pontos no ATR por tonelada de cana. Porém, em relação ao TCH, os números da região Centro-Sul apontam para uma ligeira redução em função, principalmente, do envelhecimento do canavial, do efeito maléfico da colheita mecânica, incidências de pragas e doenças e de ausência de tratos culturais naqueles grupos que atravessam dificuldades econômicas.
Ao falarmos sobre produtividade agrícola, Pinto destaca as regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, que apresentaram índices superiores à média do Estado de São Paulo, bem como o Estado de Goiás, que cresceu 17,2% sua produtividade agrícola obtida na safra anterior.
Já em ATR, os destaques também foram as regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, no Estado de São Paulo, mas também os Estados do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
"Assim, em síntese, no tocante à produção de açúcar por hectare (TAH), índice que une TCH com ATR, tivemos destaque para Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Goiás, em ordem decrescente de resultados obtidos", afirma o consultor da RPA Consultoria.
Safra 18/19
De acordo com Pádua, ainda é difícil ter uma previsão para a safra 18/19."Eu não vejo a oferta de cana muito diferente em relação à safra que terminamos agora. Deverá ser muito parecida e dependerá também do que será moído em março do ano que vem, pois esse é o complemento da safra", frisa.
Para Caio, projetar a nova safra no meio das chuvas de março é algo complicado. "É muito importante saber o que o mês de abril nos reserva, pelo menos. Claro que o mês de maio é fundamental, como foi e se não fosse o maio de 2017, a quebra de safra seria muito maior. Para projetar, algumas coisas são claras. Como o plantio foi pequeno no ano passado, estamos colhendo uma área de produtividade mais alta menor e como consequência houve o envelhecimento do canavial", avalia.
A soma desses fatores juntamente com a questão dos preços ruins, principalmente do açúcar, apresenta dois indicadores importantes, segundo Caio. O primeiro é que a safra será menor em termos de produção final e o outro será a consequência do comportamento da arbitragem do produtor. "Se o mix for muito mais alcooleiro do que precisa ser, a gente não só atende o mercado como pode proporcionar alguma recuperação de preço no mercado internacional do açúcar devido a saída do Brasil em 5 ou 6 milhões de toneladas de açúcar. Essa é a síntese que podemos fazer até agora", enfatiza.
Do ponto de vista de área de colheita, a nova safra não deverá ter alterações. Pádua salienta que a área a ser colhida será a mesma e o que pode aumentar ou diminuir é a questão da produtividade. "É uma safra que deve ter um pouco mais de cana de 18 meses. Na safra passada tivemos um percentual baixo. Somando cana de primeiro corte, de ano, de ano e meio e de inverno, o total foi de 13% no ano passado. Este ano deve ficar em torno de 15%, ou seja, tem mais cana nova, mas ainda é um canavial envelhecido e isso não deve representar um incremento na oferta de cana", pondera.
O difícil, talvez, será repetir o ATR da safra passada, visto que esse índice se altera ao longo da safra e depende muito do clima, pois se for muito seco pode subir e se for chuvoso pode cair.
"A única coisa que eu diria que é previsível é o aumento na oferta de etanol devido a redução na produção de açúcar e também na importação de etanol. No entanto, as exportações continuam. Se não vier a oferta de etanol importado ocorrida no ano anterior, aí será mais caldo para etanol e menos caldo para açúcar. O quanto vai ser, dependerá muito da dinâmica da safra. As nossas indústrias têm uma capacidade instalada que pega a flexibilidade dos meses de julho, agosto e setembro. Quando o ATR fica alto, tem-se uma moagem diária que aloca a fabricação de açúcar e etanol e a flexibilidade se dará no primeiro e no último terço de safra. Vamos acompanhar o que irá acontecer no primeiro terço de safra, que tende a ser mais alcooleiro e, dependendo de sua intensidade, dará para precisar quanto iremos reduzir de açúcar e quanto iremos aumentar de etanol", orienta Pádua.
Heranças da safra 17/18
Contudo, algumas características da safra 17/18 podem influenciar a safra 18/19. Uma delas é que os canaviais continuam envelhecendo em função da baixa porcentagem de renovação que está sendo realizada, o que se configura numa herança ruim. Paralelamente, em função dos preços ruins de açúcar para as usinas e do ATR via Consecana para os fornecedores de cana, há uma forte busca por corte de gastos, o que implica em tratos culturais que não são necessariamente os ideais. "Mais uma herança ruim. Talvez o fato da próxima safra também ser curta, como a 2017/2018, possibilitem termos uma cana novamente rica em ATR. Esta poderia ser a herança boa", pontua Pinto.
Ele também acredita em uma produtividade agrícola pelo menos 1% menor e teor de ATR similar, com área de colheita também um pouco menor. "Uma redução de pelo menos 10 milhões de toneladas de cana na safra brasileira, bem como uma importante guinada no mix para etanol", ressalta ainda o consultor.
Para Figliolino, a safra 18/19 se mostra extremamente desafiadora. "Sem dúvida, os baixos níveis de preço do açúcar agravados agora por uma superprodução indiana é o fator mais negativo e o que nos induz a crer numa safra muito alcooleira com mix por volta de 41% na média da safra. A cogeração promete de novo ser um diferencial importante, pois os preços de energia devem ser elevados em função do baixo nível dos reservatórios das principais hidrelétricas do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste", avalia.
Os preços, no entanto, devem continuar deprimidos, mantendo na maioria da safra uma melhor remuneração para o etanol. Outro ponto a considerar é que os níveis de preço do açúcar devem provocar uma piora do ambiente de crédito, tornando os bancos bem mais seletivos.
Os pontos de atenção devem estar voltados para o preparo de solo, tratos culturais, CTT e comercialização, pois nunca é demais lembrar que o setor é tomador de preços e é fundamental ter competitividade em custos, sendo que o custo agrícola é o maior deles. Outra recomendação é vender ou fixar preços nos melhores momentos.
Indagado se o uso de MPB deverá crescer na safra 18/19, Pinto explica que o MPB vem crescendo junto com o plantio por meiosi, já que o plantio comercial com MPB em área total é muito caro. "Nesta condição, ainda vejo crescimento do uso do MPB, mesmo com a porcentagem de renovação dos canaviais ainda permanecendo baixa frente ao ideal", acrescenta.
Figliolino também diz que o uso do MPB na meiosi é uma inovação que veio para ficar. "Além de ser um forte indutor de redução de custos do plantio, provoca uma melhora significativa na qualidade dos plantios pela melhor qualidade das mudas e menor incidência de falhas", justifica.
Sobre as novas variedades, Pinto destaca que este é um assunto bastante polêmico, pois as variedades de cana tinham um preço relativamente baixo, às vezes até gratuito, no passado e agora passaram a ser um custo relevante da produção de cana no Brasil.
Para ele, sem dúvida, só as variedades não conseguirão melhorar a produtividade agrícola de nossos canaviais, como os números têm mostrado. Elas demandam que os demais fatores importantes, como nutrição, chuvas, controle de pragas e doenças, compactação do solo etc, estejam equilibrados.
"O orçamento agrícola das usinas e produtores hoje é um cobertor curto, bem curto. Se cobrimos uma parte menos frágil do corpo, podemos continuar com frio. Assim, cada um deve conhecer bem suas partes mais frágeis para serem cobertas. Tenho observado que, na maioria das usinas e produtores, para se chegar a uma produtividade média da ordem de 85 t/ha em 5 cortes, o plantel varietal não é uma das partes mais frágeis do corpo deles", esclarece o diretor da RPA Consultoria.
Pinto analisa que ainda há ótimas oportunidades de redução de custos agrícolas, seja em usinas, seja em produtores de cana, principalmente no CTT (Colheita, Transbordo e Transporte) de cana. "Acredito que é fundamental buscar produtividades agrícolas muito maiores do que as que estamos obtendo. E para se pensar em aumentar as produtividades agrícolas de forma bem relevante, ou seja, pensar em produtividades acima de 120 t/ha, somente investindo em irrigação plena e nos princípios da CIAP (Cana Irrigada de Altíssima Produtividade)", sugere.
Pádua completa ainda que não vê desafios do ponto de vista de produção ou processo para a safra 18/19. Para o executivo, o setor nunca terá problema com a quantidade de cana. "Sempre teremos espaço para o nosso mercado, seja açúcar no mercado interno, seja açúcar para exportação, seja etanol anidro, seja etanol hidratado. Destino para o nosso produto tem. O preço vai depender do que irá acontecer no mercado internacional, de petróleo e com o câmbio. A Petrobras não irá alterar a política de preço diário e a questão do tributo não deve ter alterações", elenca.
Impactos do Renovabio
Segundo Pádua, o grande foco agora é mais institucional e chama-se RenovaBio. "Precisamos ter a definição das metas do programa, qual será o mercado de combustível do Ciclo Otto e ciclo diesel em 2030, qual será a participação dos biocombustíveis tanto no ciclo Otto quanto no ciclo Diesel e como o governo irá definir as metas de redução. É um processo mais de transição, de definição de políticas de longo prazo", argumenta.
Os efeitos reais do RenovaBio, de acordo com Pinto, somente serão perceptíveis quando ele estiver funcionando efetivamente, o que deverá acontecer somente a partir de 2020. "Contudo, como em Economia as expectativas geram muitos efeitos e os agentes econômicos buscam precificar antecipadamente as expectativas, acredito que o RenovaBio já esteja gerando efeitos positivos para o setor sucroenergético brasileiro", menciona.
Estes efeitos estão mais vinculados a reversão da completa estagnação dos investimentos tanto nas usinas como nas indústrias e empresas que fornecem produtos e serviços para as usinas e produtores de cana.
O setor aguarda com grande expectativa a regulamentação do programa RenovaBio que promete ser um marco divisório no setor pelas suas características de forte indutor de aumento de produtividade e eficiência do uso de fatores de produção na atividade. "O programa implicará em mudança importante nas questões de controle tanto por parte de usinas como por parte de fornecedores, afim de poder demonstrar às certificadoras os progressos na redução de emissões de carbono por unidade de produto fabricada", pontua Figliolino.
Abertura de safra
No dia 14 de março, o Espaço Golf, em Ribeirão Preto, foi palco para a conferência Abertura de Safra de Cana 2018/19. O evento, realizado pela consultoria Datagro em parceria com a Marsh Corretagem de Seguros e Gerenciamento de Riscos e com o Banco Santander, reuniu empresários, executivos de usinas, produtores, fornecedores de cana e lideranças políticas para debater os desafios e apresentar análises para a atual safra de cana.
Durante a sua apresentação, o presidente da Datagro, Plínio Nastari, comentou que tivemos um 2017 abaixo da média de chuvas no Centro-Sul. "Não temos previsão de chuva para a região Sudeste até o dia 25/03. Esse é um momento crítico e o mês de abril também é porque a chuva de abril é muito importante para a determinação do volume de cana a ser processada", disse na ocasião.
Já na região Nordeste, os meses de janeiro e fevereiro foram chuvosos. No entanto, o índice ainda está abaixo da média, embora esteja chovendo mais na região, o que leva a prever uma safra 18/19 um pouco melhor do que a anterior.
Nastari frisou que as intenções de renovação de canavial para 18/19 estão abaixo de 14% e sem perspectiva de recuperação da idade média do canavial, o que não é desejável.
O mix de produção atual demonstra a capacidade que a indústria tem de se adaptar. A variação para o etanol, mais para o hidratado, em uma faixa de 50 a 59,2% mostra que o setor tem investido em flexibilidade industrial.
O presidente da Datagro salientou que o consumo de hidratado está alto. "Em janeiro de 2018, o consumo médio foi de 1,38 bilhão de litros em uma situação de preços remuneradores. A relação de preço tem dado sustentação e escoamento para a produção. Com isso, o consumo de gasolina A ficou mais baixo e a participação do etanol no Ciclo Otto cresceu para 41,2% em gasolina equivalente", esclareceu.
Segundo dados da consultoria, a safra 17/18 no Centro-Sul encerrará em 31 de março de 2018 com oferta de produto entre 0,9% e 1,0% acima da oferta do ano anterior (ATR). A produção de açúcar deve encerrar próxima de 36,06 milhões de toneladas no Centro-Sul e 2,53 milhões de toneladas no Norte-Nordeste.
"O mix de açúcar na região Centro-Sul será de 42,9%, influenciado pela alta no consumo de hidratado e ao quadro de superávit no balanço mundial", analisou Nastari.
O etanol total deve chegar a 26,15 bilhões de litros no Centro-Sul e 1,74 bilhão de litros no Norte-Nordeste. Já o etanol de milho deve encerrar com 525 milhões de litros, versus 234 milhões de litros no ano anterior.
Sobre as perspectivas para a safra 18/19, a consultoria prevê uma menor oferta de cana no Centro-Sul e forte mix para o etanol, indicando uma produção de açúcar de 31,6 milhões de toneladas no Centro-Sul.
Na visão de Nastari, a qualidade dos canaviais do Centro-Sul será afetada por colmos curtos, falhas de brotação, infestação de mato e pragas e baixo risco de florescimento.
Ainda na região, a produção de açúcar deve cair de 36,06 milhões de toneladas para 31,6 milhões, com viés de baixa.
Para o Norte-Nordeste, a perspectiva é de repetir moagem, com mix fortemente alcooleiro (2,5 milhões de toneladas de açúcar e 1,78 bilhão de litros de etanol).
A safra 18/19 deve ser de 577 milhões de toneladas no Centro-Sul, uma queda de 5,2% ante as 580 milhões de toneladas na primeira estimativa, realizada em novembro de 2017. A atual safra deve ficar entre 596 e 598 milhões de toneladas. Já no Norte-Nordeste, a estimativa para a safra 18/19 é de uma moagem de 44 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
"O etanol de milho deve crescer para 830 milhões de litros e vemos novos projetos entrando em operação ao longo dos próximos dois anos. O consumo de etanol combustível (anidro + hidratado) deve crescer para 27,4 bilhões de litros (em 17/18 foi 26,38 bilhões de litros).", disse Nastari.
Com esses números do Brasil, o mercado mundial de açúcar continua pressionado por aumentos expressivos de produção na Índia, UE, Tailândia e Paquistão.
De acordo com a análise do professor da FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo), Marcos Fava Neves, a safra será mais voltada para a produção de etanol, o que é importante para tirar açúcar do mercado mundial e aproveitar a oportunidade com o preço da gasolina mais cara, advindo do petróleo mais alto. "Outro fato importante dessa safra é reconquistar o mercado de etanol que, de certa maneira, estávamos perdendo em virtude de ter priorizado o açúcar nos últimos anos", conclui.